3I ATLAS – Tudo o que você precisa saber sobre o cometa interestelar!

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Este episódio é um oferecimento de “A Segunda 
Aurora”, mais detalhes ao final do vídeo. Logo após os primeiros segundos do Big Bang, os quarks 
rapidamente se uniram em trios, formando prótons e nêutrons, mas durante muito tempo o Universo 
foi isso aí: uma gigantesca “sopa” de prótons, nêutrons, elétrons e neutrinos que não se 
organizavam em átomos porque o calor ainda era grande demais. Quando isto aconteceu, 
380 mil anos depois, ocorreu um gigantesco “flash” que ainda é detectável até hoje, nós o 
batizamos como “Radiação Cosmológica de Fundo”, foi a primeira evidência que obtivemos de 
que o Big Bang realmente aconteceu. Os átomos formados durante o “flash” eram os mais simples, 
hidrogênio e hélio… E durante muito tempo o Universo era constituído apenas por eles. Foi com 
o aparecimento das primeiras estrelas que outros elementos químicos começaram a surgir, primeiro em 
suas fornalhas nucleares, onde são fundidos todos aqueles anteriores ao ferro… E depois, durante 
a morte daquelas estrelas, naqueles instantes extremamente energéticos, onde é sintetizado 
praticamente todo o resto dos elementos nucleares, aqueles que formam a Terra, os seres vivos e 
você. Espalhada pelas nebulosas que habitavam, esta matéria formou novas estrelas e seus sistemas 
solares, época em que o que mais acontecia nestes gigantescos discos eram colisões catastróficas, 
que espalhavam planetesimais, asteroides e cometas por todos os lados. Estes corpos celestes estão 
até hoje, vagando por entre as estrelas sem um sistema para chamar de seu… Já conhecemos um 
deles com alguma intimidade, o famoso Oumuamua, que nos visitou em 2017… E hoje vamos descobrir 
outro, um que ainda está entrando na vizinhança, e que nos próximos meses promete nos revelar 
bem mais segredos do que seu esguio “primo”: o 3I ATLAS, um cometa que, literalmente, veio 
das estrelas! Nosso novo visitante interestelar entrou no Sistema Solar pela constelação do 
Sagitário, o que surpreendeu os astrônomos, afinal ela está razoavelmente distante da 
constelação de Hércules, direção para onde o Sol e seus oito planetas caminham durante sua 
translação em torno do centro da galáxia. É como estar em um carro correndo em uma estrada e ser 
atingido por um mosquito na janela do motorista, ele precisaria voar muito rápido para isto… 
E realmente o 3I ATLAS é um cometa bem veloz, voltaremos a falar sobre sua velocidade mais à 
frente. É na constelação do Sagitário, também, que está o centro da galáxia, o que indica que, 
muito provavelmente, o 3I ATLAS se formou em um sistema estelar mais antigo do que o nosso. É no 
núcleo das galáxias onde surgiram as primeiras estrelas, afinal lá a densidade de matéria 
é maior do que na periferia, onde estamos. Quando analisamos as estrelas próximas ao núcleo 
da Via Láctea, percebemos que sua metalicidade, ou seja, a quantidade de elementos químicos 
mais pesados nelas é menor do que a média, indicando que elas se formaram nas primeiras 
nebulosas, onde a predominância de hidrogênio e hélio era muito maior… Há estrelas mais jovens 
no centro da galáxia, claro, mas como o novo cometa veio daquela região, talvez sua composição 
seja bem diferente da dos cometas que temos aqui no Sistema Solar, o que por si só é motivo para 
o estudarmos com a maior profundidade possível. Não dá, porém, para mandarmos uma sonda atrás 
dele, exatamente por conta de sua velocidade. Com a tecnologia atual, ela jamais seria capaz 
de alcançar o 3I ATLAS. Em primeiro de julho, quando foi descoberto, o cometa viajava a 61 
quilômetros por segundo, velocidade que deve subir até 68 quilômetros por segundo no 
periélio, a maior aproximação do Sol… Isto não apenas indica que ele 
veio de fora do Sistema Solar, afinal nada que tenha nascido por aqui 
conseguiria alcançar esta velocidade a uma distância tão grande da nossa estrela… 
…como não seríamos capazes de alcançá-lo com a tecnologia que dominamos atualmente. A 
New Horizons, sonda que mais ganhou velocidade após o lançamento que já fizemos, distanciou-se da 
Terra a apenas 16,26 quilômetros por segundo. O 3I ATLAS é excepcionalmente rápido, para você ter 
uma noção, o Oumuamua, no espaço interestelar, viaja a 26,33 quilômetros por segundo. Mesmo para 
alcançar o Oumuamua, com as tecnologias atuais, precisaríamos fazer estilingues gravitacionais 
para acelerar nossas sondas, manobras que demoram meses para ocorrer, tempo que não tivemos naquela 
oportunidade… E que não teremos agora, também, com o bem mais veloz 3I ATLAS. Não dá para chegar 
perto, mas nós poderemos observá-lo à distância, todos os telescópios tanto na Terra quanto no 
espaço já possuem boa parte de seu tempo de observação reservado para a passagem do cometa 
interestelar pelo Sistema Solar interior. Mesmo distante, porém, nós já sabemos bastante sobre 
ele, desta vez tivemos sorte e o captamos ainda em sua aproximação, o 3I ATLAS será muito 
mais bem documentado do que o Oumuamua. Antes de mais nada, este cenário, que consumiu 
os animais preferidos de toda criança nerd, é carta completamente fora do baralho. A maior 
aproximação do cometa com a Terra vai ser a 1,8 unidade astronômica, quase duas vezes a distância 
do nosso planeta ao Sol, 700 vezes mais longe do que a Lua está daqui. Ele entrou no Sistema Solar 
em uma órbita com excentricidade em torno de seis. É uma órbita MUITO excêntrica… Para você 
ter uma ideia, a da Terra em torno do Sol, uma órbita praticamente redonda, tem 
uma excentricidade de 0,0167. A da Lua é ligeiramente mais excêntrica, 0,0549, mas como 
você pode ver, praticamente redonda também… Qualquer objeto com excentricidade maior 
do que 1 está em uma órbita hiperbólica, o que significa que tem velocidade suficiente para 
escapar da atração do Sol. Como a excentricidade do 3I ATLAS é 6, a maior já registrada, sabemos 
que esta oportunidade de o estudar é única, ele jamais voltará a nos visitar. Uma das coisas 
que faremos é observar mudanças periódicas em seu brilho para tentar compreender seu formato, 
fizemos isto com o Oumuamua, a variação de seu brilho indicou sua forma, parecida com um 
charuto. O 3I ATLAS, porém, é um cometa, o que significa que ele ejeta gases, assim como o 67P 
Churyumov Gerasimenko que você vê nestas fotos, ou seja, dificilmente saberemos seu formato, já 
que ele está envolto em sua cabeleira… Mas dá para conhecer sua rotação notando a periodicidade 
de suas rajadas de gases. Objetos irregulares, como cometas e asteroides, costumam 
apresentar variações de brilho periódicas, afinal tudo o que está no espaço, de alguma 
maneira, gira. Quanto mais irregulares, maiores estas variações. É observando a curva de 
luz que podemos deduzir a forma aproximada de um cometa ou asteroide e a periodicidade de suas 
rotações. A curva de luz do 3I ATLAS é bem mais regular do que a do Oumuamua, o que indica que seu 
formato deve ser mais próximo ao de uma esfera… Mesmo assim, nós já descobrimos sua velocidade 
de rotação graças ao monitoramento de dois telescópios do Observatório de Las Cumbres, que 
ficam no Havaí: o cometa demora 16 horas para dar uma volta em torno de si, um “dia” bem mais curto 
do que o que temos aqui, na Terra. Curiosamente, ele é muito brilhante, o mais luminoso dos 
três objetos interestelares que já detectamos, o que indica que seu núcleo não deve ser dos 
menores: estima-se que ele tenha, pelo menos, dez quilômetros de diâmetro, o que o faria ser, 
no mínimo, doze vezes maior do que o Oumuamua. Por isso não é de surpreender que, mesmo à 
distância em que foi detectado, 4,5 Unidades Astronômicas, mais ou menos 670 milhões de 
quilômetros, o 3I ATLAS já apresentava tanto a cabeleira quanto uma pequena cauda. É uma pena, 
porém, que ele vá passar tão distante da Terra, o cometa não será visível nem a olho nu, nem a 
observadores munidos de binóculos, sua magnitude máxima visto daqui será em torno de onze, sendo 
que objetos com magnitude seis já não são mais visíveis a olho nu, a magnitude é uma grandeza 
decrescente… Nós temos, porém, sondas espalhadas pelo Sistema Solar que estarão bem mais próximas 
dele! Há três sondas americanas orbitando Marte, além de uma dos Emirados Árabes e outra da China, 
todas as cinco em posições bem mais favoráveis para observar o 3I ATLAS. A Juno, que está em 
órbita de Júpiter, também poderia observá-lo, mas é improvável que a NASA a comande para 
fazer isto por conta do pouco combustível que lhe resta e dos problemas para controlar 
os propulsores que a missão vem enfrentando. A Psyche vai passar a meia Unidade Astronômica do 
cometa, e a Juice, que está a caminho de Júpiter, mais perto ainda, 0,33 Unidade Astronômica… Mas 
ambas estão em modo dormente a caminho de seus alvos, acordá-las para observar o 3I ATLAS poderia 
comprometer suas missões, então elas também não devem ser utilizadas. O Hubble já está de olho no 
cometa, em 21 de julho ele fez estas imagens dele, e em novembro deve voltar a observá-lo para fazer 
uma espectroscopia ultravioleta. As observações mais esperadas, porém, são a do James Webb, que 
tem espectrômetros muito mais sofisticados do que os do Hubble. Ele deve fazer imagens do 3I 
ATLAS ainda neste agosto e depois em dezembro, e a esperança será a de que ele consiga captar 
monóxido de carbono, dióxido de carbono e amônia em sua cauda. Porque água, já captamos. Certamente 
a maior parte do 3I ATLAS é composta por água, assim como os cometas daqui do Sistema Solar, 
o que indica que ele também surgiu em uma área distante de sua estrela, e deve ter sido 
ejetado de seu sistema ao interagir com algum gigante gasoso ou com a própria estrela em si. Sua 
cauda é avermelhada, assim como a do 2I Borisov, o primeiro cometa intergalático que avistamos, 
indicando que sua composição deve ser parecida com a de objetos transnetunianos como Plutão, que é 
desta cor graças à presença de moléculas orgânicas em sua superfície. Isto é interessantíssimo 
porque, além de confirmar mais uma vez a presença de moléculas orgânicas no espaço interestelar, 
as do 3I ATLAS seriam as mais velhas de que já ouvimos falar, afinal a idade estimada do 
cometa está entre 7,6 e 14 bilhões de anos, bem mais velho do que os 4,6 bilhões de anos do 
Sistema Solar… Ou seja, nosso amigo interestelar seria mais uma indicação de que a vida deve ser 
abundante na galáxia. Conhecer melhor o 3I ATLAS, portanto, é conhecer um pouco melhor a nós 
mesmos, todas estas pequenas pecinhas, somadas, ajudam a montar o enorme quebra-cabeças que é a 
origem da vida. E o futuro deste tipo de pesquisa parece ainda mais promissor… O próprio Vera 
Rubin conseguiu visualizá-lo em um de seus testes, e quando estiver completamente operacional, 
certamente vai encontrar vários outros objetos interestelares. Como a Comet Interceptor deve ser 
lançada nos próximos anos, é bem possível que, em breve, uma de nossas sondas se encontre com uma 
destas relíquias da formação da Via Láctea… O que fará com que nós, que viemos da poeira de uma 
nebulosa da nossa galáxia, descubramos como esta poeira pode se transformar… Em seres capazes 
de questionar sua própria origem! Eu e a Ana nos casamos em março de 2020, uma semana antes da 
pandemia fechar os aeroportos pelo mundo. Nós conseguimos fazer a viagem da Lua de Mel por pura 
sorte, o resort onde ficamos foi se esvaziando enquanto ainda estávamos por lá e nós voltamos 
no último avião que vinha para o Brasil… Mesmo assim, foi a melhor viagem que já fizemos na vida. 
Por isso, agora, cinco anos depois, nós resolvemos voltar ao mesmo resort para comemorar… Desta 
vez com um pouco mais de calma… E muito mais bem-vestidos! Eu ainda não conhecia a Insider em 
2020, o que me fez notar que todas estas camisetas aí já viraram pijama há anos… Afinal, o algodão 
desbota e deteriora com as lavagens muito mais rápido do que os tecidos tecnológicos da Insider! 
(VAI MOV) Você sabia que a Insider garante que as Tech T-Shirts não desbotam nada por, pelo menos, 
dois anos? Tecidos tecnológicos podem ser mais caros do que o algodão, mas eles valem seu preço! 
Eu mesmo já uso Insider há, pelo menos, três anos, e NENHUMA das minhas Tech T-Shirts desbotou até 
hoje, pelo contrário, elas parecem que acabaram de chegar da fábrica. Juntando a isto o fato 
de elas desamassarem rapidamente quando as colocamos no corpo e que o tecido tem tratamento 
antibacteriano… E você entende por que a marca é uma das mais bem-sucedidas no país! E fazendo sua 
compra no período entre os dias 11 e 25 de agosto, se ultrapassar 399 reais, você ganha uma meia 
Spectrum Socks Low… E se passar de 599 reais, leva um boné! Legal, né? Clicando neste link o 
cupom SOMOSBREVES já vai aparecer no seu carrinho, te dando um mínimo de 15 por cento de desconto. Eu 
conferiria as Tech T-Shirts de manga longa, afinal os dias não andam tão quentes assim… E também a 
calça Futureform, que consegue ser elegante como uma calça social… E confortável como um moletom! 
Dá uma conferida lá! Quer saber quais evidências sobre a abiogênese, a formação da vida a partir 
de elementos inanimados, nós já conhecemos? Assista a este vídeo! Estes foram os seguidores 
e membros que colaboraram com o crescimento do canal nesta semana! Se você gostou do que viu, 
considere apertar o botão de seguir agora! Eu sou o Juliano Righetto, e você acabou de assistir 
a mais um “somos míopes porque somos breves”!

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