Pare de CORRER ATRÁS e consiga o que você quer: o poder do DESAPEGO
0A vida é engraçada e às vezes as coisas que você mais queria só aparecem quando você para de correr atrás delas. Quando você vive desesperado em busca de algo, amor, sucesso, dinheiro, aprovação, parece que essas coisas fogem de você. Mas no momento em que você realmente aceita que tudo bem eu ainda não ter isso, aí parece que essas coisas finalmente chegam às suas mãos. É como se a vida tivesse um senso de humor esquisito. E isso é algo que sabedorias milenares, como o budismo e o estoicismo, já nos diziam. Esse é o poder do desapego. Mas desapegar não significa não se importar ou não valorizar alguma coisa. Desapegar significa apenas você abandonar uma postura de carência, de dependência emocional na sua vida e adotar uma postura de curiosidade e de interesse. Não importa o que aconteça. Em vez de viver carente, desejando tapar um buraco emocional dentro de você com dinheiro, amor, carreira, sucesso, aprovação ou seja lá o que for, desapegar é você aceitar que a maioria das coisas não está no seu controle. Mas seja lá o que aconteça, você pode conduzir a sua vida com curiosidade, sempre aprendendo para se tornar alguém cada vez melhor. Infelizmente, o nosso cérebro tende a nos manter insatisfeitos, desejando aquilo que nós não temos. O desapego não acontece naturalmente, ele exige dedicação. Mas no momento que você substituir essa sua carência pela curiosidade para aprender e se aprimorar, tudo na sua vida vai mudar. No vídeo de hoje, eu vou te explicar a arte e a ciência do desapego, para que você seja cada vez mais dono de si mesmo e viva uma vida verdadeiramente sua. [Música] Há alguns anos atrás, eu fui até a casa de um grande amigo meu chamado Alexandre. Ele tinha acabado de adotar um gato de estimação. O nome desse gato é Fabrício. Quando eu era criança, eu sempre tive cachorro em casa, então eu nunca tinha convivido com gatos. É claro, eu já tinha ido à casa de amigos meus que tinham gatos, mas geralmente os gatos ficavam longe de mim, eu ficava longe deles e tudo bem. Só que dessa vez eu resolvi interagir com o gato desse meu amigo. Mas quando eu me aproximei, o Fabrício saiu de perto. Eu tentei me aproximar de novo e ele saiu de perto mais uma vez. Aí eu desencanei, eu desisti e fiquei na varanda conversando com esse meu amigo. E de repente, depois de um tempo que eu tinha desistido de ir atrás do gato, ele apareceu, pulou no meu colo e deitou. E eu fiquei lá fazendo carinho nele. Essa é uma experiência que todos nós já vivemos de um jeito ou de outro. Quando você corre atrás de alguma coisa que você deseja muito, parece que essa coisa foge de você, tal como o Fabrício fugiu de mim. Mas quando você deixa isso quieto, quando você para de correr atrás, parece que essa coisa vem até você. A primeira vista, isso pode parecer esquisito. Afinal, todos nós ouvimos desde criança que para conquistar qualquer tipo de sucesso na vida, sucesso profissional, financeiro, amoroso, você precisa se esforçar muito. E é claro que isso tem sua verdade. Para conquistar qualquer objetivo grandioso na vida, é preciso, sim, dedicação, esforço, construção, trabalho no bom sentido da palavra. Ninguém constrói uma carreira bem-sucedida. sem dedicação e esforço, sem enfrentar muitos tropeços, dores e dificuldades. Ninguém constrói um casamento sem isso. Ninguém constrói conhecimento sem isso. Só para dar alguns exemplos, não existe crescimento sem dor, desconforto e persistência, mas existe um outro lado dessa história. Em 1922, o escritor francês Emil Cuou chamado Maestria de Si, através da autosugestão consciente. Foi nesse livro que ele introduziu uma ideia que acabou ficando muito famosa, a lei do esforço reverso. Na verdade, quem deu esse nome foi um discípulo do Cuê chamado Charl Bodan, mas a ideia original é do Emílio Cué, de fato. Enfim, essa lei ficou famosa porque ela foi popularizada pelo filósofo Allan Watts e mais recentemente pelo escritor Mark Manson. Talvez você já tenha ouvido falar dessa lei no bestseller dele chamado A sutil arte de ligar o Mas afinal, o que é essa tal lei do esforço reverso e o que ela tem a ver com desapego? Eu sou neurocientista e na ciência moderna nós não usamos a palavra lei. Então eu vou mudar esse nome para hipótese do esforço reverso. Esse é um jeito mais científico de falar. E a melhor maneira de você entender isso é com um exemplo prático de uma situação que com certeza você já passou na sua vida. Imagina que amanhã você precisa acordar muito cedo, muito mais cedo do que o normal, porque você tem um compromisso profissional importante. Chega à noite, você tá pensando nesse compromisso, mas você ainda não está com sono. Mesmo sem sono, você resolve deitar, porque você sabe que precisa dormir logo. Afinal, você tem que acordar super cedo amanhã. Você deita na sua cama e começa a se esforçar para dormir. E quanto mais você se esforça, mais tempo você fica acordado. Quanto mais tempo acordado lutando para dormir, mais frustrado você fica. Isso faz você se esforçar ainda mais para dormir. Só que isso vira um ciclo vicioso. Quanto mais você se esforça para dormir, mais você fica acordado, mais você fica frustrado. Isso vai gerando uma grande ansiedade dentro de você, porque você sabe que vai dormir pouco e que precisa acordar cedo. Chega uma hora que você cansa disso. Você aceita que não vai conseguir dormir e desiste de ficar tentando. Você pega um livro, liga o abajur do seu lado e começa a ler. Você para de tentar dormir, de forçar dormir. E aí, tal como o gato pulando no meu colo, de repente, sem esforço nenhum, você pega no sono. O sono é um exemplo perfeito de algo que você simplesmente não consegue forçar. Quanto mais você força, mais acordado você fica. Quanto mais esforço, menos eficiência. Isso é a hipótese do esforço reverso em ação. Existem coisas na vida nas quais mais esforço não significa mais resultado. O sono é um exemplo perfeito, literalmente, porque o sono é a forma mais pura de relaxamento. Dormir bem é relaxar e forçar algo é o oposto de relaxar. O esforço é o oposto do relaxamento. O grande escritor Aldos Huxley explicou isso em um ensaio chamado Conhecimento e Compreensão de 1955. Nas palavras dele existe uma lei do esforço reverso. Quanto mais nós tentamos pela vontade consciente fazer alguma coisa, menos êxito nós teremos. A proficiência e os resultados que ela oferece só chega àeles que dominaram a arte paradoxal de ao mesmo tempo, fazer e não fazer, de combinar relaxamento com atividade. Eis a questão. Para você ter bons resultados na vida, você precisa de um equilíbrio entre esforço e relaxamento, entre atividade e inatividade. Aliás, você aí só está assistindo a este vídeo aqui por causa disso. Semana passada eu estava escrevendo um roteiro para um vídeo aqui no YouTube sobre como a inteligência artificial está emborrecendo as pessoas. E o roteiro estava caminhando até que bem, mas chegou uma hora que eu senti um bloqueio. Eu simplesmente não consegui mais ter boas ideias para continuar esse roteiro. E aí o que eu fiz? Eu me esforcei para escrever mais. Eu forcei e nada saía. Porque criatividade é algo que não adianta forçar. É muito parecido com dormir. Quanto mais você força, piores são seus resultados. Daí eu resolvi simplesmente parar. Eu resolvi desapegar desse roteiro e eu fui tomar um banho. E lá no banho, quando eu não tava pensando em nada específico, eu não estava focando em nada, surgiu uma ideia na minha cabeça, tal como o gato pulando no meu colo. E se eu preparasse um vídeo sobre o desapego e usasse esse exemplo do que eu acabei de viver? E foi exatamente por isso que eu preparei este roteiro do vídeo que você está assistindo agora. Nosso cérebro vive alternando, ele vive mudando o tempo inteiro entre dois modos de funcionamento, dois estados mentais, o modo focado e o modo difuso. O modo focado é quando você coloca toda a sua atenção de maneira consciente em uma tarefa específica. Por exemplo, quando você está estudando, lendo ou assistindo a um filme. Aliás, é o modo focado que você está usando agora para assistir a esse vídeo aqui. O modo difuso é diferente. É quando você relaxa e deixa que as redes cerebrais mais amplas façam conexões. Só que essas redes cerebrais operam meio que em segundo plano, de maneira inconsciente, sem você precisar focar em nada específico. E é nesse vai e vem que o seu cérebro funciona da melhor maneira. Sabe quando você tá se esforçando muito para lembrar alguma coisa, mas você não consegue lembrar de jeito nenhum? Isso é o modo focado em ação. É um foco interno. É você focando dentro da sua mente para procurar uma memória. Você tenta e tenta e se esforça e não consegue lembrar. Daí você desiste e resolve caminhar até a padaria para comprar um pão. E de repente, quando você tá caminhando rumo à padaria, surge aquela lembrança que você não estava conseguindo resgatar. O gato pulou no seu colo. Isso é o modo difuso em ação. Quando você encontra a solução de um problema durante o banho, quando você tem ideias e lembranças enquanto você faz exercícios físicos, enfim, quando a sua mente encontra o que você estava procurando sem você estar focado em nada, isso é o seu cérebro operando em modo difuso, em redes que funcionam de maneira inconsciente e ampla, mas que conversam com a sua consciência justamente quando o modo difuso está em ação. vou deixar o meu cérebro operando em modo difuso e um dia eu vou voltar para esse roteiro e eu vou gravar o vídeo sobre a inteligência artificial emborrecendo as pessoas. Então aguarde. Mas se eu não tivesse desapegado, eu estaria até agora travado nesse roteiro e você não estaria aqui assistindo a esse vídeo. Nos anos 1960, o grande Paul McCartney estava dormindo na casa em que ele morava com a namorada. No meio da noite, ele acordou depois de sonhar com uma melodia. Ele sentou em um piano que ficava embaixo da janela, no canto do quarto, e começou a tocar aquela melodia do sonho. E isso se tornou a música Yesterday dos Beatles que você provavelmente conhece. Em um momento de relaxamento profundo, o sono, o cérebro dele produziu uma ideia, uma melodia que brotou do inconsciente, dialogando com a consciência quando ele acordou, sem forçar, sem esforço, sem atrito. Outro exemplo da hipótese do esforço reverso é nos relacionamentos afetivos, na atração entre você e outras pessoas. Você não consegue forçar alguém a se sentir atraído por você. Aliás, em geral, aquela carência grudenta que faz você ficar forçando o seu desejo sobre a outra pessoa, isso costuma afastar essa pessoa, não atrair. De maneira geral, as pessoas se sentem atraídas por alguém que é seguro e confiante e que demonstra interesse com naturalidade. Quando você é carente ou quando você vive uma dependência emocional, por exemplo, você tem um buraco emocional no seu peito e você vive tentando preencher esse buraco com relações, com a aprovação de outras pessoas. Isso faz você forçar o seu desejo, forçar o seu interesse sobre a outra pessoa. Acontece que a sua tentativa de forçar costuma ser percebida pelas outras pessoas como insegurança, falta de autoconfiança, autoestima baixa. E isso definitivamente não atrai, isso afasta. Se você quiser saber como se livrar da carência e da dependência emocional, nós temos um vídeo inteiro aqui no canal Neurovox sobre isso e você pode assistir tocando aqui agora. Mas você já deve ter conhecido alguém que tenta parecer seguro e confiante, só que essa pessoa só parece forçada. Como disse o escritor Steve Magnes, a verdadeira confiança é quieta, a insegurança é barulhenta. O neuropsiquiatra austríaco Victor Frankel observou que quando você usa o modo focado em excesso, se esforçando muito para conquistar um resultado específico na sua vida ou se esforçando muito para que alguma coisa não aconteça, isso gera um enorme estress dentro de você. aquilo que ele chamou de ansiedade antecipatória. Você fica estressado e ansioso antecipando a possibilidade de não conseguir aquele resultado que você queria ou a possibilidade de acontecer aquilo que você tem medo que aconteça. Isso costuma ser chamado na ciência de antecipação catastrófica. Quando você fica ansioso por antecipar tudo que pode acontecer de errado, de diferente daquilo que você esperava ou gostaria. que acontecesse. Aliás, esse é um sintoma muito comum da depressão e da ansiedade clínica, mas pode acontecer em menor intensidade com todo mundo. Mas quanto mais ansioso você é, mais você costuma sentir isso. E aí, por causa dessa ansiedade antecipatória, você aumenta as chances das coisas darem errado. O clássico livro Em Busca de sentido, ele dá o exemplo de uma pessoa que gagueja em algumas situações, aquela que é chamada de gagueira situacional. Quanto mais essa pessoa se esforça conscientemente para não gaguejar, mais ela acaba gaguejando. É somente quando essa pessoa deixa fluir, sabe, sem focar excessivamente no resultado que ela deseja, ou seja, o resultado de não gaguejar. É somente aí que ela consegue falar sem gaguejar. Segundo Frankel, isso acontece através de dois processos da mente humana, a hiperintenção e a hiperreflexão. E se você prestou atenção a tudo que eu te disse até agora, você já sabe quais são esses dois processos. Mas agora eu vou te explicar de uma forma mais resumida. A hiperintenção é quando você se esforça demais para obter um resultado desejado. Esse esforço faz você ficar tenso e a tensão produz o fracasso. O exemplo perfeito disso é aquele que eu dei no começo do vídeo, o desejo e o esforço intenso de dormir que acaba produzindo insônia. Outro exemplo disso é a pessoa que se esforça muito para parecer segura e confiante para outras pessoas. Isso deixa ela tensa e acaba fazendo com que ela pareça forçada e insegura. Nós temos um vídeo inteiro aqui no canal Neurovox sobre isso, chamado Como ser uma pessoa segura e confiante, que você pode assistir tocando aqui agora. Mas enfim, a hiperintenção é quando você força demais a sua vontade para que algo aconteça. Esse esforço excessivo deixa você tão tenso que bloqueia o seu resultado. Já a hiperreflexão é um pouco diferente. É quando você presta atenção exagerada na sua própria performance. Esse foco exagerado faz você ficar tenso e essa tensão produz o fracasso. Um bom exemplo disso é a timidez. Uma das características mais comuns da pessoa tímida é o automonitoramento excessivo, que em inglês os psicólogos chamam de selfconsciousness. A pessoa tímida fica o tempo inteiro olhando para dentro dela, monitorando ela mesma, refletindo sobre a performance dela. É muito comum na pessoa tímida, quando ela está interagindo com outras pessoas, ela pensar coisas mais ou menos assim: “Será que eu tô fazendo algo de errado? Será que eles estão percebendo que eu tô suando e tremendo? Será que eu tô falando besteira? E por aí vai. Ou seja, ela tem um foco excessivo para dentro de si mesma, uma hiperreflexão sobre a própria performance. O problema é que essa hiperreflexão acaba aumentando as chances de fracasso. Ela acaba falando e fazendo besteira justamente porque ela pensa excessivamente que ela pode estar falando e fazendo besteira. Muitas vezes a hiperintenção e a hiperreflexão acontecem juntas, viu? Mas são dois conceitos diferentes na psicologia do Victor Frankel. Um bom exemplo das duas coisas acontecendo juntas é em uma mulher que deseja muito chegar ao orgasmo em uma relação, mas ela força tanto esse desejo e fica monitorando a si mesma com tanta intensidade que ela acaba não conseguindo. Aliás, esse exemplo do orgasmo feminino é dado pelo próprio Frankel no livro dele, mas a mesma coisa vale para homens que sofrem de impotência sexual psicológica. O cara se esforça muito para performar bem. e fica tão focado no pensamento, mastigando a ideia de que ele precisa performar bem, monitorando o próprio corpo, que ele acaba brochando. Resumindo, hiperintenção é excesso de querer, hiperreflexão é excesso de olhar para dentro. E ambas essas coisas alimentam aquela ansiedade antecipatória. As duas envolvem o sentimento de medo, mas esse medo entra por portas, entre aspas, portas psicológicas diferentes dentro de você. Como disse o Victor Frankle, o medo é a mãe do acontecimento indesejado. Agora você entende todos os exemplos que eu dei até aqui e muitos outros. Quando você está em uma festa, por exemplo, se esforçando muito para se divertir, você provavelmente não vai se divertir tanto quanto se você simplesmente deixasse fluir. Quando você vive tentando buscar a felicidade, você acaba infeliz. Afinal, a própria experiência de se esforçar para ser feliz é uma experiência ruim, porque é uma experiência que afirma para você o tempo inteiro que você não está feliz e por isso você continua buscando a felicidade. Já quando você deixa fluir, a probabilidade de você se sentir feliz aumenta. Esse é o famoso paradoxo da felicidade, também conhecido na ciência como paradoxo do hedonismo. Quanto mais você transforma ser feliz em um objetivo explícito, monitorado, exigente, sabe? Eu preciso ser feliz, eu preciso encontrar felicidade, eu preciso me divertir, eu preciso ter prazer. Quanto mais você faz isso, maior é o risco de você se sentir frustrado, ansioso ou deprimido. A felicidade ou o prazer ou o bem-estar tendem a surgir como subproduto de outras atividades que são significativas para você. e não como resultado de uma caça direta. E daí nós temos o paradoxo da felicidade. Eu já falei sobre esse tema em outro vídeo aqui do canal chamado Não Busque felicidade, torne-se antifrágil, que você pode assistir tocando aqui agora. E se você chegou até aqui neste vídeo, é Mas bora voltar pro nosso tema. E a lição disso tudo que eu te disse até aqui é que deixar fluir tende a ser uma boa estratégia de desapego e isso tende a melhorar os resultados de várias áreas da sua vida. Só que essa ideia é muito mais antiga do que a ciência moderna. Por volta de 500 anos antes de Cristu sábio chamado Lautsu, considerado o pai do taoísmo filosófico, uma antiga filosofia originária da China. Ele é o autor de um livro chamado Tautin, o livro do caminho e da virtude. E nesse livro ele introduz o conceito de Way. W pode ser traduzido como não, nada vazio. E way significa ação, fazer. Ou seja, w significa não fazer, não agir. Os taoístas também usam a frase que é meio paradoxal, way, wi, que significa ação sem ação, agir sem agir. Esse princípio taoísta traz a ideia da ação sem esforço, ação que flui sem esforço. E ele é a base de um conceito da psicologia moderna chamado flow, que nós podemos traduzir pro português como fluxo ou fluir. Esse conceito foi proposto pela primeira vez pelo psicólogo húngaro, cujo nome você vai ver agora. Eu duvido que você consiga pronunciar, mas eu pronuncio para você. Eu tive que colocar no Google para conseguir a primeira vez que eu li muitos anos atrás. é o Mihai Tieng Mihai, que faleceu, infelizmente, recentemente em 2021. Ele tem um livro clássico onde ele explica a ideia de Flow, baseada, claro, nas pesquisas científicas dele. E o nome desse livro é justamente Flow, a psicologia do autodesempenho e da felicidade. Flow é um estado de hiperengajamento. É quando você mergulha em uma atividade de maneira profunda. Nesse mergulho, você se sente extremamente motivado para realizar aquilo que você está fazendo. Você tem uma sensação de controle, só que sem esforço, semelhante ao que os taoístas falavam. É como se você fluísse naquela atividade, sem esforço, mas com controle total, com eficiência máxima. Você perde a consciência de si mesmo. É como se você e aquela coisa que você está fazendo se tornassem um só. Não existe espaço na sua mente durante o flow para você se perguntar coisas como: “A, será que eu estou indo bem? Porque só existe espaço pro seu foco e paraa sua ação, para você realizar aquilo que você está fazendo com eficiência e com controle. O seu foco durante o flow é extremo, é como uma visão de túnel. Você fica inteiramente dedicado àquilo que você está fazendo e não consegue prestar atenção a mais nada. Você perde a noção do tempo durante o estado de flow. E quando esse estado passa, você olha para trás e pensa: “Nossa, eu nem vi o tempo passar”. É o surfista que sente que o mundo desapareceu ao redor dele e que ele, o mar e a prancha se tornaram uma coisa só. É o atleta que percebe o chute simplesmente acontecer antes mesmo dele pensar nesse chute. E ele só toma consciência disso quando ele vê o gol. É o escritor que mergulha nas páginas engatando um parágrafo atrás do outro com máxima eficiência, como se aquele texto estivesse fluindo de uma torneira aberta de uma cachoeira. É você vidrado e preso em um filme tão interessante, tão intelectualmente desafiador, que você nem vê o tempo passar. É o estudante grudado na carteira, mergulhado no discurso de um professor que ele admira. É a noite que passa em um piscar de olhos quando nós estamos apaixonados. É a dançarina que se transforma em dança, o pintor que se transforma em quadro. O professor Mihai viajou pelo mundo todo, perguntando às pessoas quais eram os momentos em que elas mais se sentiam vivas. Em quais momentos você se sente melhor? Em quais momentos você tem o seu melhor desempenho nas coisas que você escolhe fazer? Universalmente, em todas as culturas que ele estudou, ele percebeu que as pessoas relatavam a experiência de Flow. O que ele fez foi descrever e dar um nome a isso, mas lembre-se, os taoístas já falavam disso milhares de anos atrás. Isso é algo da natureza humana. E como eu já expliquei, flow é um estado de hiperengajamento. Mas o que afinal é engajamento na psicologia humana? Para entender isso, você precisa imaginar alguma atividade, alguma coisa que você está fazendo. Bora usar o exemplo de um livro que você está lendo. Esse livro promove um desafio pro seu cérebro. O seu cérebro tem um conjunto de competências para lidar com os desafios que aparecem na frente dele. Só que se o desafio é grande demais para suas competências, você fica ansioso e estressado e você performa mal. O teu desempenho é ruim. Por outro lado, se o desafio é pequeno demais paraas suas competências, você fica entediado e desanimado. E, de forma semelhante, o seu desempenho também se torna ruim. O engajamento acontece quando você encontra desafios alinhados à suas competências. O estado de flow é um estado de hiper engajamento. É quando isso tudo acontece na medida ideal para você. Isso vale para qualquer coisa que você faz. Quando você encontra desafios alinhados à suas competências, você se torna engajado. E quando você tá engajado, você fica motivado, focado, produtivo, eficiente. O seu desempenho é muito bom. Um filme é um desafio. Este vídeo aqui é um desafio. Um livro, um projeto profissional, um encontro amoroso, um flirt com alguém que despertou sua atração, um treino na academia, enfim, qualquer coisa pode ser um desafio para você, mas você só estará engajado quando esse desafio estiver alinhado à suas competências. Mas o que diabos isso tem a ver com desapego? Ora, flow, engajamento, gente, isso é um estado de desapego competente. E justamente por isso é que quando você está engajado, o seu desempenho é excelente e você tem bons resultados. Se você é incompetente, qualquer desafio vai te deixar estressado, ansioso, inseguro. E como toda pessoa é insegura, você vai se tornar excessivamente apegado. Você não flui, não engaja. e consequentemente você terá resultados péssimos. Isso vale paraa vida pessoal, afetiva, profissional, financeira, etc. Lembra do exemplo que eu dei antes de quando você se esforça para parecer confiante e seguro para as outras pessoas? Se você ouviu com muita atenção tudo que eu te disse, você já começou a entender por eu sou tão crítico àquelas técnicas de afirmação positiva e coisa parecida. Você não se torna uma pessoa segura e confiante, brigando com seus pensamentos negativos ou gritando afirmações positivas para si mesmo no espelho. Muito pelo contrário, como nós vimos aqui, a ciência nos mostra que isso pode piorar a situação. Autoconfiança, segurança é algo que surge naturalmente. É algo que flui quando quando você conquista resultados irrefutáveis e tem competência para isso. Resultados que confirmam para você que você é competente e capaz. Resultados que afirmam para você que você realmente é essa pessoa que você diz ser e que você quer ser. Segurança e confiança não é acreditar no seu potencial ou acreditar que você é competente e capaz. Segurança e confiança vem de saber que você é competente, capaz, porque os seus resultados são prova irrefutável disso. Segurança e confiança são fruto da consciência e da admiração que você tem sobre tudo que você enfrentou, tudo que você superou, tudo que você construiu e é capaz de construir na sua vida. Só que toma cuidado. Eu não estou falando necessariamente de grandiosidades, conquistas grandiosas. Eu tô falando das pequenas conquistas diárias, dos resultados de cada pequena escolha da sua vida. É fazer o que você sabe que precisa ser feito em vez de procrastinar. É você cuidando de si mesmo, executando seus planos, cumprindo as promessas que você fez para você mesmo e pros outros. É você sendo fiel à vida que você deseja conquistar, em vez de ceder as tentações e as distrações. Confiança e segurança vem quando você olha no espelho e tem certeza de que hoje você é um pouco melhor do que você era ontem, mais competente do que você era ontem. Se você tá no fundo do poço agora, levantar da sua cama e pedir ajuda é uma conquista. Se você tá se alimentando mal, um dia comendo de maneira saudável é uma conquista. Se você tá sedentário, 10 minutos de caminhada hoje são uma conquista. Se você procrastina os seus estudos, ler 10 páginas é uma conquista. Pequenos passos curtos e firmes. Esse é o caminho para você se tornar competente em todas as áreas da vida. O único caminho para você chegar na sua excelência, valorize as suas pequenas conquistas, os seus pequenos passos, porque só assim você vai conquistar coisas ainda maiores. E isso é fácil, tal como tudo que é grandioso na sua vida, é claro que não. O que não falta por aí é guru de internet prometendo fórmula de enriquecimento rápido e fácil, mudança de vida rápida e fácil, tudo mentira. Mas é gostoso acreditar que você vai conseguir resultados incríveis, mesmo não tendo competência para conquistar esses resultados. Só que eu não tô aqui para te falar o que é gostoso de ouvir. Eu tô aqui para te falar o que você precisa ouvir. Não vai ser rápido e fácil. Se tornar competente demora vai exigir milhares de horas de dedicação da sua parte. Se você não tá preparado para isso, pode esquecer. Tira seu cavalinho da chuva. Como dizia minha avó. Muita gente me pergunta como eu consigo subir em um palco e falar para duas, 3, 5.000 pessoas por du horas trazendo conhecimento científico. Ao mesmo tempo em que eu trago exemplos práticos e brinco com a plateia, tudo com naturalidade, quase ninguém levanta para ir no banheiro, as pessoas ficam atentas, focadas, como que você consegue isso? E meus amigos, a primeira vez que eu sentei em uma cadeira de professor universitário foi quase 20 anos atrás. Você tem noção de quantas dezenas de milhares de horas de aulas e palestras eu já ministrei nessa vida? Lembra de quando você começou a dirigir? Você teve que aprender controle de embreagem na ladeira? No começo você quase tinha uma diarreia de nervoso quando você precisava parar o carro subindo uma ladeira. Você estava lá consciente o tempo inteiro de tudo, dos três pedais, dos retrovisores, do câmbio, do seu próprio nervosismo. Várias vezes o carro morria e você tinha que tentar de novo. E daí depois de centenas ou até de milhares de vezes dirigindo, aprendendo, se aprimorando, construindo competência, você atingiu a maestria e hoje você dirige com tranquilidade, sem pensar, conversando e ouvindo música. Curiosamente, a nossa consciência pode ser inimiga desse estado de maestria. Veja só, quando você ficava plenamente consciente, pensando na embreagem, no freio, no acelerador, nos retrovisores, no câmbio, no seu nervosismo, forçando tua consciência para fazer com que aquilo funcionasse. Enfim, quando a sua consciência estava 100% no comando, você dirigia mal. Conforme você praticou e se tornou competente, a sua consciência começou a compartilhar o comando disso tudo com outros processos do seu cérebro, processos inconscientes. E é aí que mora a maestria. Ela mora em uma dança entre a consciência e o inconsciente, uma valsa harmônica em que cada um dá o melhor de si e você se torna extremamente competente naquilo. É quando a consciência desapega, soltando as rédeas do controle e deixando o inconsciente fazer o papel dele. É aí que você encontra a competência. Se você ficar plenamente consciente de cada detalhe em um espetáculo musical, você não vai apreciar a música. Ela precisa fluir nas suas emoções, no seu inconsciente. Se você ficar plenamente consciente de cada detalhe em uma relação sexual, você brocha ou no mínimo não consegue sentir prazer. É preciso deixar as emoções fluírem através do seu inconsciente. Se você ficar plenamente consciente de tudo que está ao seu redor quando você sobe em um palco para dar uma palestra para 5.000 pessoas, você trava. É preciso maestria, harmonia entre consciente e inconsciente. É preciso fluxo, fluir, engajamento, flow. E como nós vimos, esse engajamento precisa de competência. Só que competência exige dedicação e paciência. Ela não surge da noite pro dia. E talvez nesse momento você vira para mim e pergunta: “Pedro, o que diabos tem a ver competência com desapego?” E olha só, se você está excessivamente apegado a algo ou a alguém, isso significa que você não tem plena competência na sua relação com você mesmo e na sua relação com os outros. Aliás, essa é a minha definição técnica de autoconhecimento. Autoconhecimento é todo conhecimento e todas as ferramentas que permitem a você conquistar excelência na sua relação com você mesmo e com as outras pessoas. Em outras palavras, quando você desenvolve o seu autoconhecimento, você se torna mais competente na sua relação com você mesmo e também com as outras pessoas. você se torna mais dono de si mesmo, você se torna mais protagonista das suas relações e justamente por isso você se torna menos carente, menos dependente, menos apegado. Para pensar nisso. Como é que você pretende conquistar uma pessoa bacana, uma pessoa admirável numa relação amorosa? Se você não tem competência para expressar suas ideias, seus sentimentos com qualidade, com clareza? Como é que você acredita que você vai superar sua timidez, sua insegurança, sua baixa autoestima se você não desenvolver competências necessárias para que você esteja no comando da sua vida emocional? Como é que você espera superar carência e insegurança afetiva se você não tem maestria sobre as suas próprias emoções? E se você não sabe lidar com as coisas ruins que você sente, sabe? com sentimentos de falta, com sentimentos de insuficiência que levam você a esse estado apegado. Autoconhecimento, gente, não é luxo. Autoconhecimento é simplesmente necessário para que você tenha domínio sobre si mesmo e sobre as suas relações. Sem autoconhecimento não existe desapego seguro, eficiente, competente. Quando você não tem autoconhecimento, o seu desapego, na verdade é aquele tipo de joguinho que muita gente faz. Aquela pessoa que se finge desapegada para tentar afetar a outra, porque o desapego seguro de verdade, ele é fruto do autoconhecimento. E eu tenho um curso, um programa completo chamado Projeto primeiro passo prático para você conquistar o desapego confiante e eficiente é você se tornar competente na área em que você deseja desapegar. Esse princípio vale para todas as áreas da vida, tanto pessoal quanto profissional também. Por exemplo, nas relações românticas, quando você é jovem, você tem pouca experiência afetiva, você costuma ser inseguro, forçado, carente, conforme você amadurece, você se torna mais competente na sua relação com você mesmo, na sua relação com as outras pessoas, não só relação afetiva, tá? Mas todo tipo de relação, quanto mais competente você se torna, mais a sua vida afetiva flui naturalmente. Quando você é jovem, quando você não conhece bem a si mesmo, você vive tentando se forçar em coisas que você, na verdade, não gosta para tentar agradar pessoas que não fazem diferença na sua vida. você vive apegado a isso. E aí, conforme você amadurece, desenvolve o seu autoconhecimento e se torna mais competente na sua relação com você mesmo, mais você aprende a dizer não para aquilo que não faz sentido e a dizer sim aquilo que realmente faz diferença positiva na sua vida. Enfim, competência é crucial para que você flua, para que você seja capaz de desapegar de forma eficiente e confiante. Em segundo lugar, eu quero reforçar para você a ideia de aceitação, de aceitar e parar de forçar. Quanto mais você força, pior fica. Quanto mais você corre atrás da pessoa que você deseja, mais ela se afasta. Quanto mais você tenta forçar uma venda, menos você vende. Quanto mais você força para parecer seguro, confiante, mais inseguro e forçado você parece. Você precisa aceitar que nem tudo vai acontecer do jeito que você quer. E tudo bem, tudo bem você ainda não ter encontrado uma pessoa bacana para se relacionar. Tudo bem se você passou por uma decepção amorosa, tudo bem você ainda não ter conquistado os resultados profissionais e financeiros que você deseja. Tudo bem você ainda não ser seguro e confiante como você gostaria. Continua se aprimorando, desenvolvendo seu autoconhecimento, suas competências comportamentais e uma hora você vai chegar lá. Talvez você não consiga fazer essa venda agora. E tudo bem, você aprende, melhora e tenta novamente. Quanto mais você força, pior fica. Aprenda aceitar. Só que isso pode levar você a achar que você simplesmente não deve tentar, não deve lutar, se esforçar. E isso é um erro. O segredo está no caminho do meio, entre o esforço e a aceitação, entre a ação e a não ação, entre o esforço consciente e deixar as ações fluírem. Por um lado, o esforço consciente é crucial para que você se desenvolva e se torneete. Você precisa estudar, aprender, praticar, analisar, reavaliar. Por outro lado, você precisa deixar o seu inconsciente fluir, colocando a consciência de lado, acalmando e relaxando a sua mente, saindo da frente para que tudo que você aprendeu surja naquela dança harmônica entre consciente e inconsciente, que eu te falei. Quando o atleta, o escritor, o professor estão em estado de flow, eles não ficam racionalizando, analisando as coisas dentro da mente, eles simplesmente fluem. A consciência entra em jogo na medida certa, sem impedir que o consciente flua. Quando eu estou lá em cima do palco falando com 5000 pessoas, eu não fico pensando em cada palavra, cada conceito, cada ideia, cada frase. Eu fluo da mesma forma. E esse fluir é um estado de amor pleno por aquilo que nós estamos vivendo. O desapego, por mais contraditório que pareça, faz com que seu amor por uma atividade ou por uma pessoa floreça muito mais, porque ele vai fluir naturalmente sem forçar. Lembre-se do que eu te disse no começo desse vídeo. Desapegar não significa não se importar ou não valorizar alguma coisa. Desapegar significa apenas você abandonar uma postura de carência, de dependência emocional na sua vida e adotar uma postura de curiosidade, de interesse, não importa o que aconteça. Então, em vez de viver carente, desejando tapar um buraco emocional dentro de você, com dinheiro, amor, carreira, sucesso, aprovação ou seja lá o que for, desapegar é você aceitar que a maioria das coisas não está no seu controle, que talvez as coisas não aconteçam do jeito que você deseja, na hora que você deseja, no momento que você deseja, como você deseja que elas aconteçam, mas seja lá o que acontecer, você pode sim conduzir a sua vida com intenção, com curiosidade, sempre aprendendo para se tornar alguém cada vez melhor, cada vez mais competente. Infelizmente, o nosso cérebro tende a nos manter insatisfeitos, desejando aquilo que nós não temos. O desapego não acontece naturalmente. Como você viu aqui no vídeo de hoje, ele exige conhecimento, dedicação. Mas no momento em que você substituir essa sua carência pela curiosidade, pela honesta curiosidade para você aprender, para você se aprimorar, tudo na sua vida vai mudar. O terceiro passo prático para você conquistar o desapego é uma ferramenta que é muito antiga, que é proposta pelos budistas, foi proposta pelos filósofos históricos depois dos budistas e hoje a ciência confirma o poder dessa abordagem, que é uma ferramenta de foco naquilo que você consegue controlar. Porque a grande questão quando nós estamos apegados a algo ou a alguém é que esse apego ele costuma fazer com que você foque no que não está no seu controle. Por exemplo, você está perdidamente apaixonado por uma pessoa, essa pessoa não retribui, você está apegado num processo de dependência afetiva, dependência emocional dessa pessoa. Que que vai acontecer? você vai ficar extremamente apegado aquilo que essa pessoa faz, aquilo que ela sente, a maneira como ela trata você. Só que você não tem controle sobre nada disso. No entanto, a sua mente, isso é uma armadilha da mente, a sua mente estará apegada e focada justamente nessas variáveis que não estão no seu controle. Se você está apegado a uma questão profissional, por exemplo, você tá com a cabeça lá ruminando uma dificuldade profissional, alguma coisa que aconteceu diferente do esperado e você não consegue parar de pensar nisso, você tá apegado a essa ideia, é muito importante você perceber que esse apego está te fazendo ficar lá ruminando coisas sobre as quais você não tem controle. por exemplo, aquilo que aconteceu, a maneira como aconteceu, coisas do passado muitas vezes. Então, toma cuidado porque quando nós estamos apegados, a mente é muito traiçoeira, ela vai focar naquilo que você não tem controle. Então, essa ferramenta que eu quero te dar aqui é uma ferramenta prática, justamente para você dar mais foco aquilo que está no seu controle. E a ferramenta é muito simples. Eu quero que você pegue uma folha de papel. Eu prefiro o papel e caneta de fato. Se precisar fazer no computador ou no celular, beleza. Mas se você puder fazer isso numa folha de papel, é melhor. Você estará mais presente ao preencher isso que eu vou te falar agora. Essencialmente, o que você vai escrever nessa folha de papel é a situação. Você vai olhar pra situação a qual você está apegado. E eu quero que você divida essa folha em duas colunas. Uma coluna é o que está no meu controle e a outra é o que não está no meu controle. E eu quero que você comece a descrever a situação colocando na coluna certa as coisas. Então, se você tá apegado a uma relação, por exemplo, e essa pessoa desdenhou de você, falou uma coisa que te magoou ou ela se afastou, não tá te respondendo como você gostaria, não tá te retribuindo, você coloca isso lá no você não controla. Você não controla a maneira como a pessoa age, você não controla como essa pessoa te trata, você não controla o que essa pessoa sente. Você não controla a maneira como ela aborda você de acordo com o que ela sente. Nada disso. E aí você vai colocar tudo dessa situação na coluna de não estar no meu controle. Quanto mais detalhista você for, melhor. Para para observar a tua mente, aquilo que você rumina, sabe? Que você fica mastigando, aquela coisa que você fica mastigando no teu pensamento e que muitas vezes te faz mal. E aí você precisa olhar para essa situação e você precisa enxergar o que está no seu controle. A maneira como você age, por exemplo, diante do que essa pessoa faz para você está no seu controle. Você dá mais corda para uma pessoa que tá te desprezando ou não dar, isso está no seu controle. seu comportamento, a maneira como você age. Se você vai ficar na sua casa ruminando, triste, assistindo filmes tristes, sabe aquelas pessoas que dizem: “Eu estou curtindo a fossa, você fica assistindo filmes românticos, tristes, chorando, comendo besteira, tá no seu controle não fazer isso.” Então, eu quero que você tenha uma divisão muito clara do que está no seu controle e do que não está. Se você tá passando por uma questão profissional que tá te deixando apegado a algo que tá te fazendo mal, o que que tá no teu controle, o que que não está? Vamos supor que você foi demitido ou você teve uma grande surpresa que teve um resultado negativo em um projeto profissional da sua vida que aconteceu diferente do que você esperava e aí você tá lá ruminando sobre o mercado, sobre a dificuldade, sobre a economia, sobre a empresa que demitiu você ou coisa parecida. Tudo isso tá fora do seu controle. Agora, tá no seu controle. Como você vai agir perante isso? está no seu controle. Se você vai, por exemplo, sentar e desenhar um plano para você sair disso, se você vai agir mediante esse plano, se você vai buscar formas de se aprimorar para você se recolocar, por exemplo, de uma demissão. Enfim, são só dois exemplos bem genéricos, mas o que eu quero é que você divida o que está no seu controle do que não está, para você ter muita clareza disso. E no momento em que você se sentir apegado e magoado de certa forma com alguma coisa que tá acontecendo, o que que você faz? Você olha essa lista, se já tiver lá, você observa que não está no seu controle. Se não estiver lá, você escreve que não está no seu controle. Então, esse é o terceiro passo. E aí vem o quarto passo, que é o principal. Uma vez que você mapeou o que não está e o que está no seu controle, o que eu quero é que você carregue essa lista para todo lugar para que quando surgir aquele desejo de você ruminar em coisas que não estão no seu controle, focar em coisas que não estão no seu controle, lamurear, lamentar, se magoar perante coisas que não estão no seu controle, você vai puxar a lista, você vai olhar o que que tá no seu controle e você vai agir para fazer alguma coisa. Se você tá lá na fça porque alguém não está retribuindo os seus afetos, você vai fazer alguma coisa que tá no seu controle. E aí você vai dizer: “Pedro, mas o que que eu posso fazer? Eu tô apaixonado por essa pessoa e ela não me retribui. Que que eu posso fazer? Você pode ir paraa academia, você pode se exercitar, você pode se matricular num curso bacana para você se desenvolver, você pode focar num projeto profissional, você pode reformular teu currículo, você pode tirar da gaveta aquele projeto profissional de crescimento que você tá colocando há anos pro futuro. Você pode focar em outra coisa que não essa pessoa e agir, agir de fato com ações concretas para você se aprimorar. Isso é muito importante. Quando você tá num estado de apego, é muito comum você se encolher e você fazer coisas que te prejudicam. Se alimentar mal, ficar sedentário, parar de se aprimorar profissionalmente, parar de se aprimorar do ponto de vista de intelecto, de conhecimento, nada disso. Você vai assumir o controle daquilo que tá no teu controle e você vai melhorar a si mesmo nas áreas que estiverem no teu controle. Esse é o ponto. Vale também pro exemplo profissional que eu acabei de te dar. Então, terceiro e o quarto passos são esses. É você estabelecer uma lista clara nessa situação a qual você está apegado, de coisas que estão no seu controle e de que não estão. E a partir disso, o teu foco tem que ser totalmente em coisas que estão no seu controle. Porque a pergunta que os filósofos históricos fazem e que os budistas faziam, é essa: qual é a utilidade da preocupação com aquilo que não está no seu controle? E você não precisa ser nenhum gênio para observar que é perfeitamente inútil. Então, bora colocar sua energia naquilo que realmente vai tirar você dessa situação de apego. E caso você não esteja dando conta sozinho, não tenha medo de pedir ajuda profissional. Se você tem dificuldade de desapegar de alguma coisa ou de alguém, se nada funciona, se você está preso a algum tipo de carência, doentia ou dependência emocional, procura um profissional de saúde mental, um bom profissional da área da psicologia ou um psiquiatra especializado em psicoterapia. Também existem abordagens dentro da psicologia que são muito eficientes para isso, como a terapia cognitivo comportamental, conhecida como TCC, e a terapia de aceitação e compromisso, que faz parte da terceira onda da TCC, uma evolução, digamos assim. Lembre-se, pedir ajuda não é coisa de gente fraca, é coisa de gente forte, que admite as suas vulnerabilidades e reconhece que pode e que precisa melhorar. assistindo, eu vou deixar este vídeo aqui para você, que eu tenho certeza de que você vai gostar. E se você quer conhecer o nosso novo canal focado em neurociências e psicologia aplicada aos negócios, é só tocar aqui. Um grande abraço para você.