“Cercaremos a Rússia com campos minados” Por que a Europa está minando a sua fronteira?

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Caros amigos, bem-vindos a mais um episódio de hoje no Mundo Militar. Neste vídeo falaremos sobre porque diversos países europeus estão revogando tratados que baniam o uso de minas terrestres e por planejam instalar esse tipo de arma ao longo da fronteira com a Rússia. A entre o leste e o oeste da Europa foram marcadas por um cenário sombrio, com amplos campos minados, simbolizando a divisão do mundo entre dois blocos ideológicos profundamente antagônicos. Com o fim da Guerra Fria, esses dispositivos foram removidos com a Europa mergulhando em uma nova era de segurança. Hoje, em meio a tensões renovadas no Leste Europeu, um capítulo já ultrapassado da história está sendo novamente reescrito com cinco países europeus: Polônia, Estônia, Letônia, Lituânia e Finlândia, se preparando para abandonar o tratado de proibição de minas antipessoais, também conhecido como o Tratado de Otawa de 1997, com esses países alegando como motivação o fortalecimento das suas defesas diante do risco de um ataque russo. Uma decisão que está provocando muita polêmica e reações furiosas de organizações que lutam há décadas pelo banimento desse tipo de arma. Grupos como a campanha internacional para banir minas terrestres, vencedora do Nobel da Paz em 1997, denunciam que essas armas são pouco eficazes contra exércitos modernos e que, na prática, servem apenas para afetar os civis, mesmo muito tempo após os combates. Essa afirmação, no entanto, é apenas uma meia verdade. E, de fato, é correto afirmar que as minas afetam os civis, mesmo após o fim dos combates, com centenas se ferindo ou até mesmo morrendo no mundo todos os anos, afetados por minas, que, em muitos casos, foram deixadas ali há décadas. Mas as minas continuam sendo muito efetivas contra os exércitos modernos e basta vermos aquilo que está acontecendo na Ucrânia com inúmeros vídeos mostrando veículos sendo destruídos ou gravemente danificados ao tentarem passar por estradas ou campos minados. E de fato, segundo é possível apurar pela observação do campo de batalha, mais veículos russos foram destruídos por minas antitanque do que por mísseis ou lançadores de granadas RPGs. As minas antipessoais, as maiores vilãs contra os civis, justamente por serem pequenas e muito mais discretas, também continuam sendo eficientes na guerra na Ucrânia, principalmente contra uma prática habitual russa que envolve o avanço compacto da infantaria contra posições defensivas. Essas minas não foram projetadas especificamente para matar, mas para ferir, obrigando a evacuação do soldado para retaguarda. Ou seja, com apenas uma mina antipessoal, um exército é capaz de retirar de combate até cinco soldados inimigos. Por isso, apesar de serem obviamente terríveis para os civis, as minas continuam sendo muito letais, mesmo contra exércitos modernos. E provavelmente por isso, entre os países europeus que fazem fronteira com a Rússia, apenas a Noruega decidiu manter-se firme no compromisso contratado. Mas para os demais, o medo e a percepção da ameaça russa superaram décadas de avanços no desarmamento. Embora os países não tenham divulgado oficialmente quais modelos específicos pretendem reintroduzir, analistas militares e documentos de defesa sugerem que o foco estará nas minas de pressão clássicas, como a PMN russa ou a M14 americana, ativadas quando um soldado pisa sobre elas, muito fáceis de produzir e difíceis de localizar por usarem quantidades mínimas de metal. Por aquilo que se viu na Ucrânia, as minas dispersáveis, lançadas por artilharia, foguetes ou drones e que podem ser rapidamente espalhadas por vastas áreas, provavelmente não serão usadas para a criação de campos minados preventivos, mas com certeza farão parte dos estoques desses países. Especificamente para a criação desses campos defensivos, muitos analistas acreditam que os países europeus optarão por minas programáveis e autodestrutivas, equipadas com temporizadores para se autodestruírem após um certo período, reduzindo riscos a civis após o conflito. A grande questão, no entanto, é: essas minas funcionariam contra uma ofensiva russa moderna? Minas antipessoais, por definição, não são eficazes contra veículos blindados a principal força das primeiras ondas de ataque russas. No entanto, elas forçam as unidades inimigas a desacelerar, desviar rotas e desdobrar engenheiros para limpeza de áreas, comprometendo o ritmo do avanço. E em conjunto com minas antitanque, obstáculos como fossos, dentes de dragão e fogo de cobertura podem criar zonas de negação muito eficazes. Não é o suficiente para barrar totalmente um forte avanço russo, como ficou bem evidente na Ucrânia. Mas o exemplo ucraniano também mostrou que é perfeito para atrasar o avanço e para causar grandes estragos na força invasora. Ainda assim, o uso dessas armas cobra um preço alto, com especialistas alertando que o abandono do Tratado antiminas cria um precedente perigoso que pode abalar não apenas o controle sobre minas terrestres, mas todo o sistema jurídico internacional que regula armas químicas, biológicas e nucleares. Todo esse movimento europeu em direção às Minas começou pela Lituânia, quando Laurinas Cunas, então ministro da defesa da Lituânia, ouviu dos militares locais que a proibição de minas antipessoais dificultaria a contenção dos avanços russos em caso de guerra. Comciunas defendendo na época que embora não detenham completamente uma divisão mecanizada, as minas forçam o inimigo a gastar tempo, recursos e a correr riscos para limpar os campos. com essa pausa no avanço, podendo ser decisiva para o esforço defensivo, principalmente diante de um ataque surpresa não anunciado. Outro fator que pesou foi a decisão da Ucrânia de abandonar o tratado após o fracasso da sua contraofensiva em 2023, que foi agravado pelo uso massificado de minas antipessoais pelas forças russas, contribuindo bastante para o fracasso da operação. O próprio presidente Volodimir Zelenssk assinou em julho de 2025 um decreto formalizando a saída do país da convenção de Otawa. Segundo ele, é impossível continuar respeitando uma norma que a Rússia, que nunca assinou o tratado, ignora totalmente. Mas diferente dos países báuticos, da Polônia e da Finlândia, que destruíram as suas reservas, a Ucrânia ainda possui um grande arsenal de mais de 3 milhões de minas antipessoais. A decisão de reviver as minas antipessoais representa, segundo os críticos, a abertura de uma perigosa caixa de Pandora. Mas para os países que fazem fronteira com a Rússia, primeiro e acima de tudo, deve vir o reforço da defesa contra uma autocracia expansionista que, para os líderes europeus não tem qualquer intenção de parar na Ucrânia. [Aplausos] E se ainda não está inscrito no canal, inscreva-se já e acione o sino das notificações para não perder nenhuma novidade. [Música] [Música]

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