TRUMP TARIFA O BRASIL EM 50% | E agora, Lula vai recuar ou retaliar? Quais os impactos na economia?
0Na tarde de ontem, o presidente americano Donald Trump anunciou um novo pacote de tarifas de 50% sobre os produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos, com entrada em vigor a partir do dia 1eo de agosto. Motivo alegado para isso foram três. Eu vou deixar aqui na descrição o post que eu fiz lá no meu Instagram com a carta traduzida do Donald Trump. Eu vou ler alguns trechos aqui no vídeo, mas para quem quiser ler na íntegra está lá. Mas basicamente ele falou de um tratamento injusto ao ex-presidente Jair Bolsonaro por conta do seu julgamento no STF. Falou também do STF no sentido de que eles atuaram contra redes sociais americanas através de ordens secretas e ilegais nas palavras do presidente Trump. E talvez seja o ponto mais relevante para esse vídeo é a parte da política comercial brasileira. Ele alega que essa política comercial do Brasil é injusta contra produtos americanos. E para quem já tá acompanhando mais de perto o governo do Donald de Trump, sabe que esse é só mais um passo dele naquela política de tarifas que ele começou a adotar a partir do dia 2 de abril, que ele chamou de dia da libertação. Naquele dia, ele impôs tarifas a centenas de países e o Brasil, de certa maneira deu sorte porque ele pegou uma tarifa de apenas 10% na época, sendo que o Trump tinha usado isso também para deixar a porta aberta para negociações bilaterais com vários países. Bom, agora ele faz uma nova rodada disso, porque não foi só o Brasil que foi tarifado, há tarifas para outros países. No entanto, o que chama atenção é essa carta direcionada ao presidente Lula. Eu vou ler um trecho aqui, ó. Abre aspas. Além disso, tivemos anos para discutir nosso relacionamento comercial com o Brasil e concluímos que precisamos nos afastar da longa e muito injusta relação comercial gerada pelas tarifas e barreiras tarifárias e não tarifárias do Brasil. Nosso relacionamento, infelizmente, tem estado longe de ser recíproco. E ele inclusive cita na carta que a relação geraria défics para os americanos, o que é mentira. Inclusive, a resposta do presidente Lula em redes sociais mostrou esse ponto. Se a gente pega dados desde 2009, nós temos um déficit comercial contra os americanos, ou seja, a gente importa mais deles do que exporta. De modo que nossa relação historicamente é favorável. Só nos últimos 10 anos, os americanos venderam cerca de 90 bilhões de dólares a mais para o Brasil em comparação àquilo que eles compraram da gente. Pegando 2024, que é o último ano que nós temos fechado, veja que nós exportamos cerca de 40.4 bilhões de dólares e importamos 40.7, 7, registrando um leve déficit frente aos Estados Unidos, ou seja, eles têm um superavit frente ao Brasil. De modo que isso aqui por si só não seria um motivo suficiente para impor tarifas ao Brasil. Tanto que naquela rodada de tarifas anterior, a gente acabou pegando uma das mínimas, né, apenas 10%. justificava não por conta de um déficit que a gente viu que não existe, mas pelo fato de que o Brasil era um dos países que mais tarifa os Estados Unidos sendo pouco tarifado. Colocando um gráfico aqui da OMC, veja que o Brasil se destaca colocando uma tarifa média sobre os produtos americanos de 14%. Essa tarifa média, né, você tem tarifas específicas muito maiores do que essa, puxando a média para cima e outras que são menores puxando a média para baixo. Enquanto ao mesmo tempo os americanos tarifavam a gente em coisa de 2%. Então, quando Trump fala de políticas tarifárias brasileiras, realmente não havia uma reciprocidade, o que com uma tarifa de 10% acabou ficando muito parecido. Só que agora a tarifa é de 50%, o que vendo os dados comerciais que eu acabei de mostrar não faz sentido. Então, embora ele cite lá a questão do comércio, a motivação por trás é outra. E eu tampouco acho que ela tem a ver com a atuação do STF contra as empresas de rede social americanas ou diz respeito ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro aqui no Brasil. Ela parece ter muito mais um fundo geopolítico, porque vamos lembrar que o Brasil faz parte, atualmente inclusive preside o bloco dos bricks, formado inicialmente por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, mas com a entrada de novos membros. Dentre esses, o Irã, que vamos lembrar, não é bem ququisto pelos Estados Unidos. E aí, se você fizer uma rápida busca na internet, você vai achar várias falas do nosso presidente criticando a hegemania do dólar, falando que era necessário buscar uma outra alternativa comercial. Fala sobre a criação de uma moeda em comum dos bricks, justamente para não ter que usar o dólar. E o Trump vendo isso começou a falar também que ele possivelmente iria tarifar os países dos bricks. Ele chegou a ameaçar colocar tarifas de 100% se esses países tentassem substituir o dólar. Depois falou que ia ter uma tarifa de 10% em breve. De modo que ele já tava mandando recados, né, de que ou você joga no nosso time e continua usando o dólar com a moeda para liquidar as transações comerciais, ou pode ser que você pague caro por tentar usar uma alternativa. E basicamente é isso que tá acontecendo agora, né? Esse jogo é sobre a hegemonia da moeda global, já que uma das principais forças que os americanos têm é o fato de que o dólar é demandado pelo mundo inteiro e usado para liquidar mais de 60% das transações comerciais feitas pelo Globo. E por que que isso é importante, né? Porque enquanto a demanda por dólares, a impressora de dinheiro americana pode funcionar de uma maneira muito mais livre, uma vez que com uma demanda de 8 bilhões de pessoas você tem muito menos inflação aparecendo em comparação com uma demanda de apenas, entre aspas aqui, porque também é muita gente, 350 milhões de americanos. E pegando o que tá acontecendo nos Estados Unidos agora, eles vão ter que continuar criando muitos dólares. Você tem uma dívida que supera mais de 120% do PIB com uma rolagem que vai acontecer durante o governo do Trump. E com essa potência, já desafiando a conhecida lei de Ferguson, que diz que quando um país, uma superpotência, começa a gastar mais com o serviço da sua dívida, ou seja, o juro sobre o montante total devido do que com defesa, essa potência tende a não ser uma potência por muito mais tempo. Basicamente, quando isso acontece, esse país manda um recado pro mundo de que está mais caro manter o custo do império apenas para ele se sustentar em comparação com a sua defesa. E aqui vale a pena citar este livro aqui do Rayo, o Princípios para a Ordem Mundial em Transformação, que é um bom livro, tá? Eu já li um outro livro do Rey DI, o Princípios Apenas, que eu não gostei. Até porque por princípios você pensa em poucos e bons princípios, tipo as 12 regras para a vida do Jordan Peterson, os 10 mandamentos, mas acaba sendo um compêndio com os 400 princípios, então não acho tão útil assim. Agora, nesse aqui, ele pega o que aconteceu com várias potências ao longo da história, mostrando ascensão e queda, né? Quem passava o bastão e quem assumia. Ele cita o caso dos holandeses, que foram substituídos pelos ingleses, que foram ultrapassados pelos americanos, e fala que a mesma coisa deve acontecer com China passando os Estados Unidos. Ele usa alguns fatores para analisar isso. Para quem quiser uma explicação mais completa, né, vale a pena ler o livro. Mas basicamente ele cita oito fatores: competitividade, comércio global, produção econômica, tecnologia, educação, poderio militar, centro financeiro e o último é moeda de reserva, sendo que esse último é o que mais demora a decair. E em gráficos do livro, ele mostra que a educação americana já tá decaindo em comparação com a chinesa, que é bastante desordem interna, né? Um país basicamente dividido, na opinião de muita gente até mais polarizado do que o Brasil. uma competitividade que já não é a mesma, porque a burocracia e o custo da mão de obra acabam tornando a produção lá mais cara, pegando a própria produção econômica, apesar de ser muito relevante, a China já tá ultrapassando. Então, por vários fatores, o Raidaro fala que a gente pode assistir, não imediatamente, mas daqui algum tempo, o fim do império americano. Eu tenho dúvidas quanto a isso, não por conta do decaimento americano, mas por conta da ascensão da China, já que não há tanta transparência em dados e a China também tem seus problemas. a começar pelo demográfico, fruto da política do filho único. Ela também é um mercado fechado, então é difícil a moeda chinesa substituir, por exemplo, a moeda americana. Possivelmente até a queda do dólar pode dar espaço para um outro tipo de moeda descentralizada, a política que não é controlada por nenhum país e que tem transações que não podem ser censuradas. Você que me acompanha aqui há mais tempo já deve saber que eu tô falando do Bitcoin. O próprio Ray no livro ele mostra como rotineiramente você tem mudanças de moedas dos tipos 1, dois e três que ele nomeia. O tipo um seria uma moeda realmente forte, Sound money, ou seja, feita de ouro, de prata, de metais preciosos lá no passado. Essa moeda muda para um tipo dois, que é simplesmente papel, moeda com lastro nesse Sound Money, em ouro, em prata e eventualmente para um tipo três, que é uma moeda sem lastro, fiduciária, assim como nós usamos agora, e que depois de um tempo a moeda fiduciária entra em crise pelo mesmo motivo que a gente tá vendo exatamente aqui, o abuso da oferta monetária, ou seja, impressão de dinheiro, voltando a gerar um uso de dinheiro do tipo um, dinheiro forte. Então, pode ser que isso venha acontecer no futuro, talvez. Eu não sou o maior entusiasta dessa ideia, não. Acho que o Bitcoin vai ser muito mais uma reserva de valor do que uma moeda de fato, mas tranquilamente eu posso estar errado. Ficaria até feliz de estar errado nesse caso, que eu ganharia bem mais dinheiro. E aí, para quem quiser aprender mais sobre isso, eu vou lembrar que no dia 21 de julho, o Felipe Santana da Paradigma Education, a primeira research brasileira 100% focada em criptomoedas, irá fazer uma masterclass falando desse assunto para que você possa entender as oportunidades do mundo cripto que vão muito além do Bitcoin. Você tem todo mundo de finanças descentralizadas, de novos protocolos, de renda passiva, de 10% em criptodólares, por exemplo, com nível de risco baixo e prêmios mais altos ainda, só que aí com bem mais risco. Então, para aprender mais sobre esse mundo, eu te convido a fazer parte dessa masterclass se inscrevendo no link que está aqui na descrição, sendo que após a aula, a gente vai abrir as vagas pra turma oito do viver de renda cri, que é um curso que visa pegar o iniciante, que pode não saber nada desse mundo, e transformar num investidor de verdade, capaz de tomar suas próprias decisões e entender como é que funcionam os protocolos, separando o joio do trigo, aquilo que tem potencial daquilo que não tem. Eu já disse várias vezes, na minha opinião, o mercado que vai trazer maiores ganhos no futuro, até porque isso já tá acontecendo há um tempo, será um mercado crirypto. Mas também vai trazer alguns maiores prejuízos. A diferença é como as pessoas se expõem. Para quem quer ficar no time que se expõe da forma correta, eu te convido a fazer parte do viver de renda cripe. O que você pode decidir depois, né? O mais importante assistir a Masterclass, porque ela você vai ter acesso a um conhecimento bem interessante. Bom, mas voltando aqui ao conteúdo do vídeo, talvez você não concorde com o fato de que a gente tá tomando essas sanções do presidente Trump por conta da questão das provocações feitas pelo Lula junto com os países do brick sobre uso de uma moeda alternativa, deixar de usar o dólar, pensando mais especificamente no Brasil também, um alinhamento maior a China, a Irã, porque principalmente o pessoal da esquerda tem colocado a narrativa de que isso tudo tá acontecendo por conta do ex-presidente Bolsonaro e do filho dele, o Eduardo Bolsonaro, que está nos Estados Unidos agora. E aí, independentemente do que você acha, se você pega essa versão da esquerda ou aquilo que eu tô falando aqui, o fato é que de toda forma se essas tarifas realmente entrarem em vigor a partir de primeiro de agosto, nós iremos sofrer. Se a gente pega em termos de exportações, os Estados Unidos são o nosso segundo maior parceiro comercial, perdendo apenas pra China. Cerca de 12% que a gente manda pro mundo vai para os Estados Unidos. Isso representa algo próximo de 1.7% do nosso PIB. Olhando esse número, você pode pensar: “Ah, nem é tanta coisa assim, né? 1.7% do PIB, vamos lembrar que é 1.7% de um valor muito grande. E quando você olha pra empresa, aí você vê um peso muito maior nessas exportadoras em comparação com empresas que estão mais voltadas pro mercado local. Pegando empresas da bolsa, tô colocando aqui na tela, vocês podem ver um gráfico, mas observe que na Embraer, por exemplo, quase que 60% das vendas totais vão para os Estados Unidos. E imagina que os jatos executivos, são o principal produto que a Embraer exporta para lá, vão começar a ter uma tarifa de 50% a mais comparado ao preço antigo. Isso tira totalmente competitividade da Embraer no cenário do mercado americano. Não vão mais comprar da nossa empresa, vão comprar de outras empresas, vai ter substituição. Se você pega Suzano 15.3% 3% da receita vinha da América do Norte, especialmente no segmento de papel e celulose. Redirecionar quase 15% do que você tem de receita para outro país não é algo simples, porque se fosse já estaria acontecendo. Não dá simplesmente para achar que a China vai comprar tudo que os Estados Unidos compravam da gente. Pegando a Veg, uma das queridinhas da bolsa. Ela é uma empresa que exporta transformadores e motores elétricos. Cerca de 22% das vendas vem dos Estados Unidos. E parte significativa disso ainda é enviada diretamente do Brasil. Sendo que na carta o Trump até fala, ó, não adianta fazer um tipo de baldeiação, mandar para outro país, porque vai ter tarifa também. Pô, Bruno, mas tem uma chance disso não ir pra frente, né? Porque o Trump já anunciou tarifas contra vários países e no final elas não aconteceram. Tem, mas isso vai depender da postura do nosso governo aqui no Brasil. Basicamente nós temos duas alternativas, né? Ou o nosso governo senta para negociar com o governo americano, ou simplesmente ele bate de frente e adota uma reciprocidade, tá achando também aquilo que os Estados Unidos exportam pra gente, o que deixaria esses produtos mais caros aqui no Brasil. A nossa conta ficaria mais cara. Inicialmente, o que o presidente Lula falou é que tendo em vista as tarifas americanas, a gente iria reagir à luz da lei da reciprocidade econômica, que foi aprovada recentemente pelo Congresso. Ou seja, os americanos botam tarifa na gente, a gente bota tarifa nos americanos. Já esperando que isso pudesse acontecer, na carta do Donald Trump, ele coloca lá que qualquer tipo de tarifa adicional será incorporada também as tarifas que os americanos cobram da gente. De modo que nesse cenário a gente acaba ficando com tarifas muito altas, mais ou menos naquele mesmo cenário que China e Estados Unidos estavam se envolvendo, porque não seria nada positivo pra nossa economia. Pô, mas esse caminho que a gente vai adotar então, porque o Lula deu essa resposta, não necessariamente, né? Porque numa mesa de negociação, o presidente Lula e a equipe dele, né? Você pode não gostar deles, não tem alinhamento ideológico, como é o meu caso, mas você tem pessoas lá altamente inteligentes, você não pode simplesmente arregar de cara, você tem que dar uma ameaçada também para depois chegar no denominador comum. Então não dá para achar agora que a gente vai simplesmente botar mais tarifa que é isso que vai acontecer. Tem bastante água para rolar debaixo dessa ponte até o dia primeiro de agosto. Então pode ser que nada venha acontecer. Até porque para quem já leu aquele livrastro da negociação do dono de Trump, eu já tive a chance de ler o livro, não recomendo, até porque eu posso resumir o livro em algumas poucas frases aqui, mas basicamente quando o Trump vai negociar, ele adota a seguinte estratégia, ele chega com os dois pés no peito, de modo que quando ele tira um pé, ele vi um pouco pro outro lado, aquilo já foi uma vitória. Mais ou menos no seguinte sentido: vou te tarifar em 50%, aí depois de uma negociação, a tarifa cai para 20. Isso parece uma grande vitória pro lado que tá sendo tarifado, sendo que desde o início ele poderia querer tarifar apenas em 20. Mas aqui cabe também pensar além das consequências comerciais, porque esse tipo de tarifa também tem consequências geopolíticas e também políticas. Aqui quando a gente pensa nas eleições de 2026, em termos geopolíticos, se a gente fica cada vez mais afastado dos Estados Unidos, muito provavelmente vamos nos alinhar cada vez mais com os países do Bricks, principalmente a China, nosso principal destino de exportações atual. Em termos políticos, para qualquer um que acompanhe pesquisa, estava ficando claro que a popularidade do presidente Lula estava indo morro abaixo. Você tinha notícias mostrando que a desaprovação subia e que mais brasileiros viam o governo atual como pior do que o governo anterior do Bolsonaro. O Lula então começou a tentar colar uma estratégia de, olha, a culpa é do Congresso, mas não deu muito certo. H pouco a gente viu também uma campanha para tentar colocar o nós contra eles, né, que a culpa é dos super ricos, o que até pode funcionar, já funcionou várias vezes, mas com preço deit tudo subindo no mercado fica mais complicado de manter essa narrativa. De modo que esse advento das tarifas do Trump pode ser, na verdade, alguma coisa boa politicamente pensando para o Lula, porque ele teria um inimigo externo contra o qual parte da população iria se unir. Você pode pensar, isso não vai dar certo, como é o argumento de muita gente de direita, mas o cara de esquerda já comprou essa tese, inclusive assumindo que a culpa do que tá acontecendo não tem nada a ver com o Lula, mas sim com a família Bolsonaro. E a pessoa de centro pode ser influenciada por isso. Ao observar que nós temos um presidente americano querendo interferir em assuntos internos do Brasil, nós temos até o caso recente do Canadá para exemplificar o que eu tô falando aqui. Depois que o Trump ganhou nos Estados Unidos, para a eleição canadense que iria acontecer em abril desse ano, a direita passou a ser favorita. Isso perdurou até o momento que o Trump começou a atacar o Canadá, falando de colocar tarifas, de que o Canadá iria virar um estado americano. Quando esse discurso começou, a direita perdeu força e a esquerda, que estava muito longe de ser favorita, acabou ganhando favoritismo e no final de abril, no pleito eleitoral acabou levando a eleição. Portanto, eu não me surpreenderia, ainda mais pensando que no governo você tem cabeças bem inteligentes que sabem usar bem essa parte do nós contra eles e agora colocando eles como inimigo externo de modo a capitalizar politicamente em cima da situação. E aí, se isso vai acontecer ou não, a gente tem que observar através das cenas dos próximos capítulos, né? Porque como eu disse, a gente pode não ter tarifa nenhuma ou podemos ter alguma tarifa e adotar uma reciprocidade, colocando mais tarifa nos americanos e dando origem a essa guerra comercial. E aí, politicamente, isso pode ser bom pro presidente Lula, embora economicamente não seja bom pro Brasil. E aí, dependendo da extensão dos efeitos, isso pode começar a pegar no governo também. O que obviamente se espera é um dólar mais alto. Por isso que ele já subiu no dia de ontem, logo depois que saiu a notícia das tarifas. Até porque se a gente vai exportar menos para os Estados Unidos, são menos dólares entrando aqui até que a gente venha substituir o destino de exportação, que não é tão simples assim. Outra consequência é que a bolsa também acabou caindo, muito puxada por conta das exportadores, que serão as mais prejudicadas. E também assistimos Juros Futuros Subindo. Para quem tava com saudade do Tesouro Renda Mais 2065, pagando lá mais de 7%, ele voltou a pagar mais de 7% hoje. Pô, Bruno, mas num primeiro momento não pode ser bom aqui pros preços no mercado interno, tendo em vista que se a gente vai mandar menos carne pros Estados Unidos, sobra mais carne aqui, o preço fica mais barato. Olha, num primeiro momento isso até pode acontecer, mas depois com menos dólares entrando aqui, a tendência é um dólar mais alto, que acaba tornando o custo de tudo aquilo que a gente importa mais alto, puxando a inflação para cima, o que deixa os nossos juros mais altos por mais tempo, que aumenta o custo do governo com a dívida pública, tira confiança internacional, porque a dívida está ficando maior e mais cara, de modo que você pode ver mais dinheiro saindo, o que realimenta esse ciclo, deixando o dólar mais alto, inflação, juros e assim vai. De modo que, na minha visão, seria melhor negociar, né? Mas eu vou lembrar que o governo não tá nem aí porque eu penso. [Música]