Geração digital: os impactos da hiperconexão nas novas mentes | Matéria de Capa
0[Música] eles são conhecidos como a geração que já nasceu com o celular na mão crianças e adolescentes que cresceram em um mundo onde tudo acontece nas telas onde a vida real e a vida digital se misturam o tempo todo jovens que passam horas hipnotizados na frente do celular do tablet ou do computador rolando e rolando display sem parar desde muito pequenos eles aprendem a interagir com o mundo pela tela e isso muda tudo a forma de se comunicar de aprender de se relacionar e até de se enxergar em artigo publicado na Psychology Today a psicoterapeuta Duigu Balan aponta que para a chamada geração Z estar online não é uma opção sim uma extensão da própria vida eles se comunicam de forma rápida visual e dinâmica onde as preferências estão em mensagens curtas memes vídeos e linguagem direta pelo fato de crescerem em um momento de globalização digital estão expostos a uma quantidade massiva de informações acessíveis a qualquer hora e momento essa geração desenvolveu algumas habilidades como rapidez na troca de informações e capacidade de multitarefa no entanto também enfrenta desafios importantes como dificuldade de foco menor tolerância ao tédio ansiedade e uma dependência crescente de validação digital expressa em curtidas visualizações e seguidores [Música] a geração que cresce imersa nas telas vive uma rotina de estímulos constantes são vídeos curtos notificações sons imagens e atualizações que chegam a todo instante [Música] tudo pensado para capturar e manter sua atenção isso não é por acaso as próprias plataformas são projetadas para ativar o sistema de recompensa do cérebro funcionando como um ciclo de dependência a neurociência explica toda vez que você recebe uma curtida uma mensagem ou vê um conteúdo novo seu cérebro libera dopamina o neurotransmissor do prazer é o mesmo mecanismo ativado em vícios como jogo e até substâncias que interferem no comportamento essa liberação gera uma sensação imediata de recompensa criando um ciclo de busca constante por mais estímulos novidades e tempo online o problema é que quanto mais o cérebro se acostuma com essas pequenas doses de prazer instantâneo mais ele perde a capacidade de lidar com atividades que exigem foco prolongado paciência e até mesmo o tédio é aí que aparecem sintomas como dificuldade de concentração irritabilidade até crises de abstinência quando estão longe das telas crianças e jovens com o cérebro ainda em desenvolvimento ficam especialmente vulneráveis a esse ciclo eles crescem condicionados a estímulos rápidos e por isso enfrentam dificuldade em realizar tarefas que exigem maior atenção como ler estudar ou até manter uma conversa longa sem se distrair sim o que era para ser uma ferramenta de conexão quando usada de forma excessiva se transforma em um fator de risco para a saúde mental [Música] o espelho que antes estava na parede hoje é o próprio celular muitas vezes vem com filtros edições e o mais preocupante distorções crescer na era digital significa também viver pelo olhar constante das redes e dos próprios padrões irreais que ela reforça estudos mostram que o uso constante de filtros de beleza e ferramentas de edição alteram a percepção que crianças e adolescentes têm sobre a própria aparência a exposição diária a rostos suavizados sem poros sem linhas com olhos maiores queixo afinado e pele perfeita cria um parâmetro de beleza inalcançável na vida real que impacta diretamente a autoestima pesquisadores destacam que a geração que cresce nas redes sociais vive uma luta contra a própria imagem surgindo o que eles chamam de disson estética ou seja quando o que se vê no espelho não corresponde ao que se vê nas próprias fotos com filtros isso gera ansiedade frustração e em casos mais graves pode até desencadear transtornos de imagem quanto mais tempo rolando feed maior é a comparação mesmo sabendo que muito daquilo não é real mas o cérebro registra como se fosse [Música] tudo que aparece na tela do celular pode ter um impacto na vida de quem consome aquele conteúdo não é diferente quando se trata de crianças ou adolescentes e pode ser até mais intenso cláudia Dias Prioste é educadora especializada em cibercultura autora do livro Adolescente e a Internet Laços e embaraços do mundo virtual ela explica como ficar tanto tempo online afeta a saúde mental dessa geração as crianças né na contemporaneidade estão sendo hiperxpostas aos as telas aos dispositivos digitais precocemente né esse tempo e o que o o que o tempo de exposição somado ao que elas estão fazendo na internet na na nesses dispositivos digitais sem supervisão de adulto porque na maior parte do tempo eles estão sozinhos né precocemente então os adultos eh oferecem esses dispositivos como se fosse uma babá uma espécie de babá né eh isso tem alterado a aquisição da linguagem né o funcionamento cognitivo de um modo geral os sistemas de recompensas é muito fácil para uma criança para um adolescente eh se viciar nesses jogos independente da estrutura familiar ou tudo mais né nos tempos atuais a internet faz parte da vida da educação dos relacionamentos e até da construção da identidade de crianças e adolescentes mas como garantir que essa conexão seja saudável e segura proteger os jovens no ambiente digital não significa proibir mas sim educar acompanhar e criar ambientes de uso mais conscientes quando pais escolas e responsáveis se engajam nesse processo os impactos negativos das redes sociais podem ser reduzidos entre as principais recomendações estão práticas como estabelecer limites claros de tempo de tela conversar abertamente sobre os riscos e desafios das redes orientar sobre privacidade segurança cyber bullying e os efeitos da comparação social além disso é preciso estimular o desenvolvimento de senso crítico e ajudar os jovens a entenderem que nem tudo que vem nas telas é real o alerta também vem de autoridades de diversos setores um relatório publicado pelo departamento de saúde dos Estados Unidos aponta que o uso excessivo das redes sociais está diretamente ligado ao aumento de ansiedade depressão distúrbios de sono e baixa autoestima entre os adolescentes e o recado é claro não basta jogar a responsabilidade para as famílias plataformas e governos também precisam agir criando políticas de proteção mas transparência sobre como os algoritmos funcionam controle de conteúdos prejudiciais e até suporte emocional dentro dos próprios aplicativos o ponto central é que o problema não está na tecnologia em si mas no excesso no uso sem consciência e na falta de acompanhamento quanto mais os jovens recebem apoio dos adultos ao seu redor maior a chance de construírem uma relação mais saudável segura e equilibrada com o mundo digital he [Música]