A Grainde Farsa da Industria dos Carros…(E como te Faz de TROUXA)
0O preço dos carros no Brasil tá um absurdo e o mais assustador é que só tende a piorar. Para você ter uma noção, atualmente o carro zero mais barato custa mais de R$ 70.000. O preço médio dos novos já passou dos R 150.000 e manter um carro desses pode te custar mais de R$ 1.000 por mês. E a pergunta que fica é: por que os carros ficaram tão caros? Quem realmente está lucrando com isso? E afinal, ainda vale a pena comprar um? É isso, você vai descobrir até o fim deste vídeo. [Música] O carro sempre fez parte da vida do brasileiro, pelo menos desde que as primeiras montadoras chegaram por aqui lá no século XX. Mas antes disso, o primeiro carro motorizado desembarcou no Brasil em 1891 no porto de Santos. Era um Peugeot Type 3 trazido por ninguém menos que o Santos do Mundo, o inventor do avião. Depois disso, outro modelo chegou em São Paulo pelas mãos da família de Tobias de Aguiar. E no Rio, o jornalista José do Patrocínio também fez questão de encomendar o seu. Nas primeiras décadas do século XX, São Paulo virou o principal polo, recebendo as fábricas da Ford e da General Motors, ambas instaladas na capital paulista. A primeira a se estabelecer no país foi a Ford em 1919, ano que iniciou a montagem do seu modelo T. Já em 1925 foi a General Motors. Nessa mesma década inclusive nasceu a primeira rodovia asfaltada do país, a Rio Petrópolis. Entre 1920 e 1939, o número de carros no estado de São Paulo saltou de 5.000 para 43.000. Mesmo assim, até a metade do século, o Brasil só montava carros, não fabricava. Foi só com o governo Getúlio Vargas que isso começou a mudar. E duas iniciativas foram importantes e que abriram o caminho para isso, sendo elas a criação da Companhia Siderúrgica Nacional e da Fábrica Nacional de Motores, ambas no estado do Rio de Janeiro. Tá bom? Mas isso não explica porque os carros são tão caros no Brasil. Calma que é agora que as coisas começam a fazer sentido. Entre 1947 e 1952, o governo decidiu restringir a importação de veículos e autopeças, investindo mais o setor automotivo do que em petróleo ou trigo. Mesmo assim, diante do câmbio favorável, os europeus ganharam espaço no mercado nacional. Se antes as ruas eram cheias de carros americanos, em 1950 passou a ser comum andar em carros ingleses. Mas a virada aconteceu mesmo em 1956 com o Jcelino Kubcheque. Foi criado Geia, Grupo Executivo de indústria automobilística sobre o comando do almirante Lúcio Meira. A ideia era clara, tirar do papel a indústria de automóveis nacional. Na época, o Brasil tinha uma frota de 800.000 1000 veículos e a demanda por carros e caminhões era gigantesca. As metas eram ambiciosas e quando tem ambição pode apostar que o governo quer uma fatia. A produção local virou um dos pilares do governo JK. A famosa promessa de 50 anos em c tinha dois motores principais: indústria e transporte. A estratégia era criar um parque industrial completo, fábricas de carros, fornecedores de autopeças e toda uma rede de infraestrutura. E foi aí que nasceu o primeiro carro 100% nacional, o Home Ia, lançado em 1956. Um carrinho diferente, motor de moto, rodas pequenas e uma porta frontal. E você lembra das medidas de restrição que o governo criou sobre a importação de veículos e peças que eu falei? Pois é, em 1953, o governo proibiu a importação de carros já montados. Resultado, Volkswagen, Mercedes-Benz e Williams Overland se tornaram fábricas nacionais. A meta era ousada. Até 1960, 90% dos caminhões e utilitários vendidos no Brasil deveriam ser feitos com peças nacionais. E essa meta foi alcançada e até superada. A indústria automobilística brasileira ganhou força. Então, onde tá o problema? Em teoria, carro feito aqui significa menos imposto, mais empregos e preços mais baixos. Correto? Errado. Por um tempo isso até funcionou, mas aí vieram as crises econômicas e a indústria começou a ter dificuldade para se manter sozinha. E foi nesse momento que as montadoras descobriram um novo aliado, o governo brasileiro. O resto, bom, é o que você vai ver no próximo capítulo. No começo dos anos 90, o Brasil abriu as portas para importação de carros. Foi nessa época que o então presidente Fernando Color de Melo chamou os carros nacionais de carroças. Mas toda essa proteção que o governo deu pra indústria automotiva brasileira ao longo das décadas acabou criando dois problemas que impactam direto na nossa vida: falta de escala e pouca concorrência. Por quê? Porque para uma marca vender carro aqui, ela precisa ter uma estrutura de produção no Brasil. Essa é a essência do protecionismo. Obrigar as montadoras a produzirem aqui para gerar emprego e manter o dinheiro circulando dentro do país, em vez de gerar emprego lá fora e mandar a grana para outro lugar. A ideia até parece boa, né? Mas não é bem assim que a história se desenrola. Em 2012, o governo criou um programa chamado Inovar Auto, justamente para forçar essa lógica. Funciona assim. Se a empresa importa carro ou fabrica muitas peças lá fora, ela paga 30% a mais de IPI. Na prática, isso obrigava as montadoras a montarem fábricas aqui e a comprarem peças feitas no Brasil, mesmo que essas peças fossem muito mais caras do que as de fora. O grande erro foi ignorar uma variável crucial, a produtividade. Por exemplo, a fábrica da Land Rover, localizada no Rio de Janeiro fabrica cerca de 3.000 carros por ano. Legal, né? Só que tem um detalhe, esse é o mesmo número de carros que a fábrica da Land Rover na Eslováquia produz em uma única semana. E aí você deve estar se perguntando: “Mas por que a diferença é tão grande?” E a resposta está na nossa carga tributária. Os impostos no Brasil são tão altos que o consumo é baixo. Ou seja, pouca venda é igual a pouca produção e pouca produção é igual a custo alto por unidade. O resultado? Muitas fábricas aqui funcionam com até 80% de ociosidade. É por isso que volta e meia você vê notícia de montadora dando férias coletivas ou interrompendo a produção. E no fim das contas quem paga essa conta toda é você. Um carro aqui no Brasil pode custar o dobro ou até o triplo do que custaria em outro país, mesmo sendo o mesmo carro. Então, da próxima vez que você se perguntar por os carros são tão caros no Brasil, saiba que tem muita política, protecionismo e ineficiência por trás do volante. E é isso que você vai descobrir no próximo capítulo. Como o Brasil matou o carro popular e porque até o modelo mais básico virou um item de luxo. Seja bem-vindo ao Brasil de 2025, um lugar onde a expressão carro popular praticamente desapareceu do nosso vocabulário. Segundo dados da Auto Sport, o carro zero mais barato do país é o Citroë C3, que começa em R$ 70.590. Logo depois vem o Fiat Mob R$ 74.990 e o Renault Quid por R$ 76.090. E não estamos falando de carro com painel digital, teto solar ou direção elétrica. Não. São modelos compactos, básicos, motor 1.0 e praticamente sem nenhum item de conforto. Para ter uma ideia do absurdo, em 2020, um Fiat Mob da versão L custava R$ 41.290. Em apenas 5 anos, o preço quase dobrou. Enquanto isso, o poder de compra do brasileiro ficou no mesmo lugar. E se o carro mais barato já assusta, o preço médio dos veículos novos no Brasil é ainda pior. Em 2024, o preço médio de um carro novo no Brasil atingiu R$ 152.500, um aumento de R, em relação ao ano anterior, quando o valor era de R$ 140.600. Essa informação foi divulgada pela Autodata, uma agência especializada no setor automotivo. Esse aumento vem se arrastando desde 2017. Mas explodiu mesmo em 2021, durante a pandemia, quando os preços saltaram quase 30% de um ano pro outro. E olha que isso é pagando a vista, mas se a ideia for financiar, aí o problema é ainda maior. A taxa média de juros para financiamento de carros bateu 29,5% ao ano, o maior patamar já registrado no país. Ou seja, se você tem grana para pagar a vista, vai pagar o carro mais caro da história e se precisar parcelar, vai encarar os juros mais altos da década. E tudo isso tem um motivo, a taxa Selic. Ela subiu para 14,75% em maio de 2025. E como é a taxa básica de juros da economia, quando ela sobe, todas as outras sobem junto, inclusive as taxas cobradas pelos bancos nos financiamentos. Na prática, o dinheiro fica mais caro de emprestar e então os bancos aumentam os juros para compensar esse custo. E aí financiar um carro vira um pesadelo, as parcelas ficam mais pesadas, o valor final pago pelo carro sobe demais e muita gente simplesmente desiste da compra. Mas o pior é que esse é só o começo, porque pagar caro para comprar um carro é só a primeira etapa. Manter ele na garagem hoje também ficou muito mais caro. E é isso que você vai descobrir no próximo capítulo. Comprar um carro no Brasil já é uma baita missão, mas o que muita gente esquece é quanto custa manter esse carro no dia a dia. E aqui no Brasil a gente ainda tem umas bizarres que só fazem o preço subir ainda mais. Mas o que mais pesa mesmo é o valor do carro. Se ele tá mais caro, o seguro também vai subir. Afinal, ele tá protegendo um carro que vale mais. Mesmo que o carro seja do modelo 2020, se é em 2025 ele precisar de peças novas, manutenção ou até mesmo um carro novo, o custo disso vai subir e você vai pagar mais caro pelo seguro. O tal do carro popular já era. Nem no preço, nem no seguro, nem em nada. Ele não existe mais. Outro custo é o IPVA. Um carro simples tipo Fiat Mobos R$ 80.000 vai te cobrar quase R400 no primeiro ano só de imposto. Em 5 anos, somando tudo e considerando que o carro vai desvalorizar, você vai desembolsar mais de R$ 8.300 só de IPVA. Se esse mesmo carro custasse o preço que tinha em 2020, ou seja, R$ 41.290, você pagaria apenas R$ 4.593 G de IPVA em 5 anos. Ainda caro para um imposto, mas bem menos que os 8300 atuais. O valor praticamente reduziu pela metade, sem contar a manutenção. Segundo a Fiat, só as revisões programadas do mob em 5 anos custam quase R$ 4.000. E isso sem contar os extrem. E para piorar ainda tem o combustível. Com a gasolina a R$ 6 o L e um tanque de 47 L, rodar 10.000 1000 km por ano no mob vai custar uns R$ 4.200 só de gasolina. Tô sendo otimista, considerando que o preço da gasolina vai ser o mesmo, o que é quase impossível no Brasil. E para fechar com chave de ouro, tem a desvalorização. Quando o carro sai da loja, ele já perdeu o valor. Você já viu que manter um carro no Brasil é complicado? Gasolina na cara, desvalorização que começa assim que você sai da concessionária, é sufoco atrás de sufoco. Mas enquanto você, o consumidor sente esse peso no bolso, as locadoras estão jogando em outro nível e o lucro delas não vem só do aluguel do carro, tem coisa maior por trás. Quer saber qual é o verdadeiro negócio das locadoras e se vale a pena comprar um carro através delas? Então fica comigo que eu vou te explicar isso agora. [Música] Pode parecer estranho, mas a verdade é que o aluguel dos carros nem representa nem metade do lucro das locadoras. O que elas realmente ganham fica entre 40 a 50% da margem de lucro. E o segredo começa na hora de comprar os carros. A maioria das locadoras são empresas grandes e conseguem negociar muito melhor. Elas pagam bem menos porque tem acesso a benefícios que a gente consumidor comum não tem, como por exemplo, comprar direto das fábricas e em grandes quantidades. Esses descontos podem chegar de 15% até 30 do valor do carro, principalmente em modelos que não vendem tanto. Além disso, as locadoras são o principal público de venda direta, tendo benefícios fiscais, como ICMS e IPI menores. Depois que compram, as locadoras alugam esses carros para vários tipos de cliente. Pessoas como você que precisa do carro para viagem, emergência ou só para não ter dor de cabeça com burocracia do carro próprio. Também tem órgãos públicos e empresas que preferem alugar porque sai mais barato e evita dor de cabeça com manutenção. além de motoristas de aplicativos e preferem usar carros alugados para evitar o desgaste do próprio veículo e a desvalorização. Até aí a gente já imaginava, as locadoras compram barato e alugam. Mas onde está a novidade nisso? É agora que a coisa fica interessante. Por causa da facilidade que as locadoras têm para comprar carros novos e manter a frota sempre atualizada, elas trocam os carros com bastante frequência e os carros usados precisam ser vendidos. E é aí que as locadoras ganham a maior parte do dinheiro. Muitas têm lojas próprias onde vendem esses carros que saem do catálogo delas. Em 2021, as lojas das locadoras venderam cerca de 250.000 carros. Esse número é menos de 3% do total de seminovos e usados vendidos no país, mas ainda assim é bastante. Para você ter uma ideia, até lojas comuns de carros usados compram grandes lotes diretamente dessas concessionárias de locadoras. Muita gente tem um certo receio de comprar carro que foi locado, achando que ele já vem com vários problemas por ter rodado muito. Mas o que muitos não sabem é que o carro que você compra numa concessionária comum de usados pode muito bem ter vindo de uma locadora grande, tipo a Localiza. De acordo com a Abla, em 2021, metade dos carros vendidos pelas locadoras foram para concessionárias e lojas menores. Ou seja, mais de 97% dos carros dessas lojas vieram de pessoas comuns e só uma parte pequena veio das locadoras. Essas lojas compram carro das locadoras para manter o estoque cheio e com várias opções de modelos. E os seminovos das locadoras são bons negócios, porque elas chegam a preços atrativos, já que as locadoras compram os carros bem mais barato. E assim que as locadoras ganham dinheiro. Elas compram os carros por um preço baixo, alugam eles por um ou dois anos e depois vendem com bom lucro. Tem gente que compra carro zero e se dá mal. E tem gente que compra carro de locadura que faz um ótimo negócio. O importante é sempre se informar bem. Levar o carro para um mecânico de confiança ou até levar o mecânico na hora da compra pode ser uma ótima forma de garantir que é um bom negócio. E você, já comprou carro de locadora ou conhece alguém que comprou e se deu bem? O que você acha dos preços dos carros atualmente? Diga aqui nos comentários. Mas sabe o que é o mais curioso? é que tudo isso que você viu aqui com os carros também tá acontecendo, talvez pior, no mercado de motos. Então, assiste esse outro vídeo aqui que eu fiz, que eu te mostro a verdade por trás da indústria de duas rodas. Muito obrigado e bons negócios. Amen.