AUSTRÁLIA SURPREENDE O MUNDO: O Plano com Lagostins Que Ninguém Levou a Sério!
0Você já ouviu falar em criar lagostins junto ao arroz? É, eu sei, parece coisa de filme, mas é uma técnica real. Está implantada com sucesso na aquicultura de alguns países, com destaque para a Austrália. Quando os cientistas australianos deram essa sugestão de criar lagostins em arrozais e represas, o mundo todo riu. Afinal, como os crustácios poderiam ajudar na agricultura? Para muitos era uma ideia impossível, inútil ou pior, perigosa. Mas o que parecia maloquice virou revolução. Hoje a integração de lagostins no sistema agrícola australiano é estudada por outros países e já começa a ser replicada no mundo todo. Tudo começou com um problema real causado pelos arrosais do país da Oceania, devido aos solos compactados e desgastados, perda de nascentes de rios e da biodiversidade Indíecle. Todos esses problemas se dão em razão das plantações que faziam uso excessivo de pesticidas e causavam escassez de água para a irrigação. Foi então que os responsáveis pela agricultura australiana do governo começaram a buscar soluções sustentáveis. Era urgente replicar modelos regenerativos, como os sugeridos pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura. O principal exemplo era a aquicultura com o uso de peixes junto de plantações de arroz, o rice fish farming em inglês, implantado em plantações chinesas. No entanto, o processo precisava ser pensado de forma que se adaptasse às condições locais. Assim, para resolver o caso, surgiu uma solução, digamos que um tanto controversa e que foi carregada de críticas e zombarias externas. Em meio à busca por soluções sustentáveis para a produção de alimentos, a Austrália surpreendeu o mundo com uma prática agrícola que unia tradição e inovação, o cultivo integrado de arroz com lagostins. Centro dessa revolução, o escolhido foi o lagostim de garra vermelha, Sherax Quadricarinatos, uma espécie tropical nativa das regiões remotas do noroeste de Queensland e do território do norte. Durante muito tempo, essa criatura curiosa, de aparência semelhante a de uma pequena lagosta, era conhecida apenas pelos moradores locais dessas áreas remotas e praticamente desconhecidos no resto do mundo. Foi apenas no final da década de 1980 que a espécie começou a ser testada para a aquicultura. O resultado da experiência, um verdadeiro sucesso. O crustácio se mostrou perfeitamente adaptável ao cultivo, dando origem ao que se tornaria uma nova indústria promissora. E por que essa espécie se destacou tanto? Você deve estar se perguntando. A resposta está num conjunto de qualidades únicas. Olhe só. O lagostim de garra vermelha é incrivelmente resistente e adaptável com o potencial de cultivo em diferentes regiões geográficas. Fisicamente robusto e com um ciclo de vida simples, ele se mostrou um candidato ideal para a criação comercial. Além disso, a tecnologia necessária para a produção é direta e de fácil aplicação. Outro diferencial do animal é a sua alimentação, pois ele não exige dietas sofisticadas ou caras. Basta uma ração com baixo teor proteína, o que torna sua criação mais econômica. O objetivo principal do manejo na aquicultura foi aproveitar represas e canais de irrigação para criar alimento de alto valor comercial sem gastar mais recursos. O sistema criado ficou conhecido como cultivo de arroz e lagosta ricefish farming em inglês. Nele, as lavouras de arroz são inundadas com água e servem também de local para a criação dos lagostins. O ciclo da produção é totalmente controlado. Enquanto o arroz cresce, os lagostins cavam, remexem o solo, fazendo túneis que irão melhorar areação do solo. também ajudam a combater pragas aquáticas, como por exemplo, caramujos, e colaboram na decomposição de material orgânico ao transformar detritos em fertilizante natural. Bem, todo esse processo é feito antes da colheita. E mais, os lagostins não competem com arroz. Muito pelo contrário, por contribuir no arejamento do solo, eles reduzem a necessidade de pesticidas e adubos artificiais, provando que esse método usado pelos australianos trouxe benefícios surpreendentes às lavouras. Ainda assim, foi apenas depois que a primeira colheita chegou e vendo os resultados do programa piloto, com as vendas dos agricultores que participaram do projeto piloto tendo sucesso, que os olhares de dúvidas começaram a mudar. Rapidamente, a criação comercial se expandiu por todo o norte da Austrália e algum tempo depois ultrapassou fronteiras e chegou a outros países. No entanto, como nem tudo são flores, um grupo de pesquisadores precisou entender como a quantidade de lagostins criados em cada espaço poderia afetar a saúde e o crescimento desses animais. Na pesquisa de 2022 feita com a espécie Sherax Quadricarinatus, o lagostim de garra vermelha, os cientistas testaram três níveis diferentes de criação nos arrosais. Uma criação teria poucos lagostins por metro quadrado, outra teria uma quantidade média e, por fim, a última teria uma quantidade alta de lagostins. E o que eles descobriram foi impressionante. Olha só, quando os lagostins estavam em alta densidade, ou seja, uma grande quantidade num espaço pequeno, o crescimento era extremamente prejudicado. Eles engordavam menos, se desenvolviam devagar e pareciam mais frágeis. E não era só uma questão de tamanho, não. Os pesquisadores também analisaram como os órgãos internos estavam funcionando. O resultado foi que o hepatopâncreas dos lagostins, equivalente ao fígado dos humanos, apresentava sinais de estresse. Ou seja, os animais estavam sobrecarregados como se estivessem lidando com um ambiente difícil demais, havendo inclusive o aumento de processos como oxidação, algo que o nosso corpo, por exemplo, está ligado ao envelhecimento e a inflamações. E tem mais. Ao analisar os gens dos lagostins, os cientistas descobriram que eles estavam ativando uma espécie de modo de defesa. Os animais tentavam reciclares danificadas das suas células e adaptar o seu metabolismo para lidar com a pressão. Isso mostrou que em grandes quantidades os lagostins ativavam mecanismos de emergência para sobreviver. Ou seja, criar lagostins junto ao arroz pode ser uma ideia brilhante para o futuro da agricultura sustentado. Dessa forma, o verdadeiro segredo do sucesso está na quantidade certa. Muita quantidade num espaço pequeno gera estress, doenças e baixa produtividade. Esse estudo foi essencial para ajudar os produtores a entenderem como equilibrar a natureza e a produção, de forma a garantia que essa inovação continuasse crescendo, sem prejudicar os próprios animais ou a plantação. Outra pesquisa no mesmo ano trouxe confirmação científica importantíssima de que o modelo de cultivo arroz lagostimp inglês é sustentável não só do ponto de vista econômico e ambiental, mas também microbiológico. Para isso, os pesquisadores mergulharam fundo nesse ecossistema invisível e descobriram algo tão surpreendente quanto o anterior. Os microorganismos presentes ali vivem em equilíbrio raro e é esse equilíbrio que faz parte do segredo da sua sustentabilidade. Interessante, né? E como eles conseguiram testar isso? Bem, os cientistas compararam o RCFP com outros modelos de criação, como o cultivo apenas de caranguejo, apenas de lagostim ou uma mistura dos dois. Eles então coletaram amostras da água, do solo e até dos intestinos dos animais criados nesses ambientes. A partir daí, mapearam uma verdadeira floresta invisível de vida microscópica, passando por bactérias, vírus, arqueias e protozoários. Incrível, hein? E o que eles encontraram foi realmente impressionante, já que o sistema abrigava uma comunidade microbiana mais robusta e diversa do que os comparados, tendo grupos específicos de microorganismos como a chiuanela, ferroplasma, leânia e vírus da família Sfovirida que não apareciam nos outros. Talvez o mais importante é que esses microrganismos se conectem entre si de forma positiva, como uma rede de apoio biológico, entende? Isso significa que quando o ambiente passa por estresse, seja mudança de temperatura, acidez ou nutrientes, os microrganismos presentes ali reagem melhor. Eles resistem a mudanças e continuam funcionando bem, mantendo a saúde do solo e da água. Outra descoberta valiosa é que, diferente de outros tipos de cultivos aquáticos, o RCFP teve menor ocorrência de transferência genética horizontal, que é o fenômeno em que gens saltam de uma espécie para outra. Já tinha ouvido falar nisso? interessante, um fato muito importante, já que quando microrganismos trocam gens que conferem resistência a antibióticos, por exemplo, criam-se riscos para saúde ambiental e humana. No modelo RCFP, essa transferência se dá de forma mais controlada e menos perigosa. Além disso, enquanto outros cultivos mostram alterações grandes no microbioma, conforme variam o pH, a temperatura ou o nível de nitrogênio, o arroz lagostim permaneceu estável. Isso mostra que a vida microscópica ali é mais resiliente, uma qualidade essencial no mundo com um constante aquecimento e mudanças climáticas rápidas. No fim das contas, os cientistas concluíram que o modelo RCFP é sustentável não só no que você vê, como a produção de alimentos e a renda, o faturamento, mas também no que não se vê, no equilíbrio da vida microbiana que sustenta todo o ecossistema. E é uma lição poderosa sobre como integrar produção e natureza, mostrando que às vezes quando olhamos de perto o invisível pode ser mais importante. Outros benefícios do pareamento também foram descobertos, dessa vez no ano passado, revelando que ao dualizar arroz com lagostins, a emissão de amônia diminui e há aumento de nitrogênio nas plantas, chegando a mais de 10.2%. 2% com melhor aproveitamento e menos perda no ar. A qualidade do solo e a agregação também foram afetadas com outros estudos falando que devido ao modo de cultivo de agricultura integrada indicavam que o sistema favoreceria a formação de moléculas agregadas no solo, o que faz com que este tenha um aumento de resistência à erosão e retenção de matéria orgânica. O impacto nos micropopulamentos de bactérias também foi positivo com o uso de lagostins, tendo alterado positivamente a composição bacteriana na água do arrozal, fortalecendo comunidades vivas entre fases como o florescimento. Apenas um ano após a implantação de cultivo integrado de lagostim, o impacto ambiental nos próprios arrosais pode ser notado também de forma macro. Isso porque começou a ocorrer a volta de espécies nativas como sapos, libélulas, patos e até tartarugas ou insetos que são essenciais para a polinização e regeneração do solo. Isso porque nos anos anteriores eles não estavam lá por consequência do excessivo uso de químicos usados anteriormente. A qualidade da água dos rios em volta das fazendas também teve uma grande melhora. E se já não fossem suficientes todos esses benefícios para o meio ambiente, como o cultivo de arroz e lagostins, a própria qualidade do arroz produzido teve melhora. Em razão do menor uso de pesticidas, menos casos de ervas daninhas e aumento de nutrientes, o arroz começou a crescer mais forte e saudável, chegando a render mais que implantações tradicionais, o que faz com que a economia consequente da integração do sistema também seja ainda mais significativa, tanto pelo lucro de vendas quanto pelo menor custo de cultivo. Nos campos de arroz tradicionais, o consumo de água envolve drenar e encher de água os campos, uma ação que impõe o uso de grandes quantidades de água. Já nos campos integrados com lagostins, é mantida consistentemente uma profundidade considerada mais rasa, mas que cria um microambiente que, além de conservar a umidade, protege as colheitas durante as épocas de ondas de calor intenso, além de já servir de habitato para os lagostins, e eliminar a necessidade de sistemas artificiais, como lagoas de aquicultura, apenas para os animais, o que evita o desperdício de água. Alguns produtores chegaram a ganhar certificações ecológicas ou créditos de sustentabilidade do governo, favorecendo assim o comércio dos seus produtos para a exportação em mercados que apoiam o cultivo e os produtos orgânicos de baixas emissões químicas. Houve também uma análise global que mostrou que com o uso do cultivo de arroz integrado aos lagostins, a renda quase dobra. em mais de 197% no caso, quando comparado ao arroz monocultura, simplesmente pelo fato de que não apenas o arroz é vendido, mas também os próprios lagostins. A sua carne tem textura e sabor semelhante aos dos crustáceos marinhos mais nobres, como a lagosta, e a sua aparência vistosa o posiciona no topo do mercado premium. Também notou-se que nas fazendas que usam o sistema, mesmo quando as vendas de arroz estão baixas, ainda há lucro devido à procura pelos animais. Por isso, ele vem conquistando o espaço tanto entre criadores quanto entre consumidores exigentes ao redor do mundo. A região de Queensland, produtores relataram um aumento de 30% na renda anual. Uma família trocou parte da produção de soja por arroz com o crustá e em do anos quitou as suas dívidas antigas. Maravilha. E não é só nas plantações de arroz que foram implantados os sistemas integrados com lagostim. O uso do crustáceo começou também a ser feito para ajudar na criação de gado e outras plantações, além da criação em tanques, represas e canais, de forma a aproveitar a infraestrutura já existente. Alguns começaram a exportar a espécie australiana de garra vermelha para restaurantes gourmet na Europa e Japão, mostrando que o que antes era rejeitado virou uma iguaria e o que era piada virou modelo de futuro. Com a crise climática e a busca por soluções sustentáveis, o plano dos lagostins australianos não é mais motivo de riso, agora é inspiração. Mesmo que lá no começo dessa experiência, países como Estados Unidos, França e China tenham ignorado a ideia, pois acreditavam que os lagostins destruiriam as plantações, transmitiriam doenças ou fugiriam para os rios, virando praga e causando desequilíbrios ecológicos. Agora que os estudos mostraram que com controle de densidade e manejo técnico, os riscos eram mínimos e os benefícios enormes, instituições como a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura e Universidades Europeias estão analisando os modelos australianos como exemplo de agricultura regenerativa. E no caso australiano, as pesquisas para implantação do sistema foram apoiadas pelo governo da Austrália. Hoje, anos depois da implantação original do país da Oceania ter feito a sua revolução na agricultura, países como Filipinas, Malásia, Ghana e até o sul do Brasil iniciaram projetos piloto baseados nesse tipo de cultivo. Mas esses não precisarão enfrentar a dúvida de se o sistema vai falhar, apesar de que ainda terão desafios, porque os maiores obstáculos já foram resolvidos pelos australianos. Agora, os impasses enfrentados pelos agricultores desses países serão os de seguir um caminho diferente do anteriormente trilhado, com um manual de boas práticas quase completo, mesmo que para isso ainda precisem evitar que os lagostins exóticos escapem e virem de fato invasores do ambiente, garantindo que a densidade de animais por metro quadrado esteja dentro do adequado para evitar o estress físico. e biológico. Além disso, é preciso monitorar sempre o fluxo de água, a fertilidade e o equilíbrio ecológico do cultivo. Contudo, o caminho trilhado será bem mais fácil, sem dúvida. A Austrália não apenas superou um desafio agrícola, ela mudou a forma como o mundo enxerga integração, biodiversidade e agricultura. Às vezes, as soluções mais simples são as mais geniais. O mundo riu, chamou de loucura, mas agora corre atrás da mesma ideia. Porque quando o futuro chega pelas garras de um lagostim, você entende que subestimar a natureza pode ser o maior erro de todos. O que achou do tema? O que achou dessa experiência incrível dos australianos? Deixe nos comentários. Nós agradecemos muitíssimo a sua companhia, sempre muito especial. A gente se vê num próximo vídeo.