O Lado Bizarro dos Sites Adultos
0Bom, eu já vou começar esse vídeo lançando um fato. A verdade é que todos nós, sem exceção, já vimos ou se deparamos, mesmo que por forma acidental, um conteúdo adulto em algum momento da vida. Aliás, eu não queria pensar nisso agora não, mas é bem provável que muitos estavam fazendo isso antes de clicar nesse vídeo ou quem sabe ainda tô fazendo enquanto assiste agora. Então, se tiver, por favor, pare. E se você diz que não vê esse tipo de coisa porque nunca te interessou, deixa eu te contar uma coisa. Você tá mentindo para si mesmo. A curiosidade sempre mata o gato. E hoje em dia existem inúmeros documentários relatando sobre o lado sombrio dessa indústria, que eu espero falar um dia sobre isso de forma detalhada. Mas não é apenas esse lado sombrio que engloba alguns dos problemas envolvendo esse tipo de conteúdo. Para começar, a comunidade de quem é viciado nisso é de longe uma das mais educadas da internet. Sério, por exemplo, se você tiver um problema no seu computador ou uma dúvida sobre lição de casa e resolver perguntar nos comentários do vídeo mais bizarro da sua plataforma favorita desse tipo de conteúdo, pode acreditar. Você provavelmente vai encontrar pessoas dispostas a te ajudar com a maior explicação possível, mas brincadeiras à parte, é estranho, eu sei. Mas digamos que é como uma vila misteriosa e amigável, perdida na floresta sombria da internet. É tipo os smurfs, só que alguns smurfs meio safados. A verdade é que existe uma variedade gigantesca de sites desse tipo por aí e claro, cada um tem o seu favorito, seja lá qual o motivo for. Mas me diz, e se eu te contasse que ao consumir esse conteúdo, você tá alimentando uma indústria corporativa gigantesca, uma indústria tão enorme que em certos aspectos só perde pra Disney. Deixa eu te apresentar a Mind Kick, uma empresa canadense que para resumir é dona de um número absurdo de sites de conteúdo adulto. Sabe aquele famoso YouTube preto com da laranja? Pois é, é deles. E eu posso listar inúmeros sites vinculado a essa empresa. O alcance da Mind Geek é tão grande que faz até empresas como o Google ficar totalmente assustado com os resultados. Mas como toda a corporação misteriosa, ela tem seus lados bem sombrios e pode acreditar, são bem sombrios. A história da Mind Gek começa com duas empresas chamada MSEF Interhub, fundadas em 2004 e 2007. Não se sabe muita coisa sobre elas, só que eram especializadas em programação e tecnologia. Em 2010, o empresário alemão Fabian Tilman comprou as duas empresas e as uniu para formar a mãe de Geek. E o objetivo era transformar a companhia na maior operadora de conteúdo adulto da internet. O curioso é que Tilma não era exatamente do ramo do entretenimento adulto. Ele era programador e desenvolvendo um software especializado em rastrear as interações dos usuários com anúncios. Foi aí que ele percebeu uma coisa, esse mercado tem um fluxo contínuo de dinheiro praticamente infinito e por isso ele decidiu ir a fundo nesse ramo. O mais engraçado é que mesmo que o tema central desse vídeo seja o conteúdo adulto, tudo que a gente vai ver daqui pra frente está muito além disso. Para vocês terem uma ideia de quem é esse Fabian Tilman, o cara teve que deixar a empresa em 2013. Depois de passar um bom tempo, desde o ano anterior, lidando com acusações de evasão fiscal, ele chegou a ser extraditado da Bélgica paraa Alemanha e mesmo dois anos depois de ter saído da Mindgek, ele continua tendo problemas com a justiça pelo mesmo motivo. Ou seja, ele tá bem longe do estereótipo do produtor de conteúdo adulto que muita gente imagina nesse contexto. Mas voltando a Mindgate que depois de ser fundada oficialmente, se iniciou um processo intenso de absorção de vários sites e produtoras importantes do mercado adulto mundial. A otimização do software desenvolvido pelo próprio Tilman, já que ele tinha experiência programando para esse tipo de empresa, trouxe o que muita gente chama de era de ouro do conteúdo adulto na internet. A primeira compra foi de um site chamado Private ou Private, que já naquela época oferecia streaming por assinatura. Com os ajustes que fizeram no sistema e com o time que ele formou, eles conseguiram dobrar o faturamento do site em apenas 3ês meses. Com esse resultado e outras aquisições no caminho, em 2010 a Mindgek deu um passo ainda maior. Ela comprou produtoras gigantes. Segundo rumores, a transação ficou na casa de 140 milhões de dólares. Toque de Tilman, que sem exagero poderia ser chamado de rei Midas da indústria topográfica, fez a empresa aumentar 40% em lucro só entre dezembro de 2009 e dezembro de 2010. A estratégia era simples, ter uma variedade enorme de sites que alcançasse o maior número possível de usuários com todos os gostos e preferências e ao mesmo tempo, melhorar a imagem da indústria, tornando tudo aparentemente mais sério e aceito socialmente. Foi nesse período que surgiu a campanha Get Hubber, uma série de anúncios de utilidade pública, onde algumas estrelas do conteúdo adulto falavam sobre sexo seguro e proteção. Vocês estão entendendo, né? A ideia era limpar um pouco a barra da indústria e parecer mais comprometida com questões sociais. Até aí tudo parecia ótimo. Mais dinheiro fluindo, otimização dos mecanismos de busca, lucros crescentes e uma tentativa de mostrar uma face mais responsável da indústria. Mas como você já deve imaginar, as coisas começaram a ficar estranhas. Com o dinheiro gerado ao longo de 2010, a Mindgate passou a comprar toneladas de conteúdo que circulava sem licença pela internet, além de adquirir os direitos de DVDs e catálogos de outras produtoras, eles também implantaram um sistema antipirataria baseado em uma tecnologia de marcação digital que identificava os vídeos, embora sobre isso existam poucas informações claras. E é aí que vem um detalhe que interessa todo mundo. Mas eu já te conto, a Mindgek não parou por aí. Além de continuar comprando mais sites adultos, ela começou a diversificar os negócios. Eles criaram uma empresa chamada Selects que pretendia ser uma concorrente direta com a TMZ, focando em notícias de celebridades. Também passaram a oferecer conteúdos para download em celulares, apostando na distribuição por múltiplas plataformas. Nessa época, Tilman tinha só 32 anos e já era considerado o maior magnata do entretenimento adulto do planeta, superando até o icônico Hook Hefner. E aposto que o nome Hefner você conhece, mas do time você provavelmente nunca tinha ouvido falar antes desse vídeo. Uma das críticas que a Mind Geek recebia era sobre como a oferta de conteúdos premium poderia acabar prejudicando o consumo gratuito, mas a empresa sempre manteve o discurso de que o conteúdo pago não era para substituir o gratuito, e sim para aumentar os lucros dos criadores e oferecer uma experiência diferenciada para quem quisesse pagar. O foco tava claro, expandir o streaming e dominar o mercado. A gestão dessa empresa realmente impulsionou todo o ecossistema. Para você ter uma ideia, no começo dos anos 2000, o tráfego total diário de sites adultos não chegava nem a 1 milhão de visitantes. Mas já no início da década de 2010, só os sites que pertenciam a Mind Geek, ou melhor a Manuin, como a empresa passou a ser chamada nesse período, já batiam mais de 42 milhões de visitas por dia. Claro, é óbvio que nesse meio tempo o número de usuários na internet aumentou bastante, mas o fato da empresa ter se tornado através das suas diversas marcas, a principal opção de consumo desse conteúdo, ela recebeu o devido destaque. E como era de se esperar, a proliferação desse tipo de plataforma exigiu também mais criadores de conteúdo dispostos a atender uma demanda. Muita gente começou a ver no site de streaming uma forma mais segura de trabalhar nesse meio, especialmente se comparado aos modelos antigos de prestação de serviço, digamos, né, presencial. Por outro lado, tem quem critique essa transformação do mercado. O veterano Mário Salieri, diretor de cinema adulto, chegou a comentar como a indústria mudou drasticamente. Ele viu todo aquele antigo esquema de venda de conteúdo ser substituído por uma nova geração de especialistas em algoritmos e publicidade segmentada. Trabalhos que antes eram consumidos de forma mais discreta, quase clandestina, agora estavam disponíveis publicamente e davam lucros estratosféricos. E se você acha que eu tô prolongando o assunto, é porque realmente não existem dados tão específicos sobre os lucros da MindGek, o que se sabe é que na época a empresa tinha pelo menos 500 funcionários nas sedes de Monteal, no Canadá. Hoje quem assume o posto de principal magnata desse império é Bernard Berdmar. Não há muitas informações recentes sobre ele. Tudo remonta a 2020 quando o nome dele começou a aparecer em matérias financeiras e aparentemente ele é o principal acionista da Mind Geek atualmente. Existe até uma matéria que mostra uma foto dele e cita que a esposa queria que ele se afastimento adulto. Mas como você deve imaginar, os dados da empresa hoje são muito mais secretos do que eram na época do Tilman. Isso tem um motivo que eu vou te contar no final desse vídeo. O que dá para afirmar é que mesmo depois da saída do Tilma, a Mindgek continuou sua escalada de crescimento. Durante um tempo, parecia que tudo estava indo bem, mas em 2017 começaram as denúncias. Várias reportagens começaram a questionar como a empresa permitia, através dos seus sites, a publicação de conteúdo ilegal, principalmente o chamado conteúdo de vingança, aquele tipo de vídeo ou imagem compartilhada sem consentimento da pessoa, com o objetivo de humilhar ou destruir a reputação dela. Pesquisando sobre isso, eu procurei em vários sites, mas parece que a Mind Geek, pelo menos em relação ao conteúdo de vingança, ainda não deixou muito claro qual a sua posição atual. Eles dizem que endureceram as políticas e de fato agora parecem apoiar as vítimas, excluindo qualquer conteúdo desse tipo quando recebem denúncia. Mas a verdade é que ainda não existe uma solução definitiva para esse problema. Eu cheguei a encontrar um artigo bem curto que falava sobre um outro lado da história. Enquanto os donos de sites e os produtores viram os lucros aumentarem, os atores e atrizes da indústria relatamerso. Muitos se sentem explorados ou até enganados. Por isso, a opção de trabalhar de forma independente tem se tornado cada vez mais comum. E na prática parece que isso tem dado muito certo. Esse sim foi um dos principais problemas enfrentados pela Mind Geek. Se a gente for olhar o que aconteceu mais recentemente, a empresa que hoje está sediada em Luxemburg começou a sofrer vários golpes depois das polêmicas de 2020. A principal crítica foi justamente a presença desse tipo de conteúdo em algumas das plataformas, principalmente no YouTube laranja. Desde 2018, a empresa já vinha tentando empurrar a ideia de que seria necessário usar dados biométricos ou documentos oficiais para acessar esses sites. Isso obviamente gerou uma enchurrada de críticas. Para começar, um sistema desse violaria diretamente a privacidade dos usuários e, mas, poderia acabar criando um banco de dado dos consumidores e dos criadores de conteúdo, o que sua bem assustador. Além disso, manter esse tipo de protocolo é caro e pequenos produtores ou sites independentes não teriam como bancar isso. Então, muita gente viu essa proposta da Mind Geek como uma tentativa suja de monopolizar o mercado, já que no fim das contas eles seriam os únicos com estrutura suficiente para fazer o sistema funcionar. Seja como for, essas polêmicas começaram a atingir a empresa de verdade. Em 2020, a Visa e a Mastercard retiraram seus serviços das plataformas do YouTube Laranja e de outros sites relacionados, justamente por conta da presença de conteúdo ilegal, isso colocou em risco os lucros da empresa. E para piorar ainda mais a situação, em 2021, uma mulher de Ontário entrou com um processo contra os sites da mãe de Geek. Ela alegou que quando tinha apenas 12 anos sofreu um abuso que foi filmado e compartilhado online. Essa mulher abriu uma ação coletiva junto com outras vítimas, pedindo uma indenização de 600 milhões de dólares pelos danos causados. E na verdade eu não faço ideia de como esse caso terminou. Nos últimos anos, vários esforços foram feitos para tentar resolver tudo isso, mas sinceramente parece que nunca dá em nada. O mais recente que encontrei de 2023 é que a Mind Geek foi vendida. Hoje a empresa pertence à firma de capital de risco Ettical capital, que prometeu se comprometer a resolver todos esses problemas e polêmicas. Mas ao mesmo tempo, o simples fato da Mind Geek ter chegado nesse ponto nos coloca diante de outra situação. A qualquer momento, um grande pedaço dessa companhia pode ser dissolvido. Atualmente, ela sobrevive sobre o nome de AO numa tentativa de lavar a própria imagem e vender a ideia de um recomeço. Então, apostando iniciativas parecidas com o que Tilman fez no começo lá atrás, né, mostrar a responsabilidade social, afirmar que só vão trabalhar com conteúdos 100% legais e tentar passar uma imagem mais respeitável pro mercado. Pesquisando sobre isso, encontrei que até 2020 entre os investigadores da Mind Geek estavam nomes bem pesados, o Banco de Investimentos JP Morgan, a Universidade de Cornell e o Fortress Investment Group. Mas todos eles se recusaram a comentar publicamente sobre sua participação na empresa. Isso mostra bem como esse tipo de informação é difícil de conseguir. A verdade é que quando você pesquisa sobre essas companhias, as informações costumam ser rasas e meio enganosas. Pouca gente quer tocar nesse tipo de assunto. Nenhum político, empresário sério quer se associar publicamente a essa indústria. Então, por mais estranho que pareça, as empresas como a ILO e seus sites mais famosos são justamente as que mais zelam pela própria transparência e pelo funcionamento correto dos seus sistemas. Por quê? Porque elas sabem que se algo der errado, todo mundo vai apontar o dedo na hora. O melhor para eles é simplesmente evitar qualquer polêmica a todo custo. Mas o problema do conteúdo ilegal foi um golpe do qual a empresa ainda não conseguiu se recuperar. É interessante ver o esforço da empresa em tentar elevar o status da indústria e se manter no topo. Eles acabaram sim praticando algumas estratégias predatórias com os concorrentes, comprando praticamente qualquer site ou empresa que cruzasse o caminho. Ainda assim, não sei. Parece que o pessoal do YouTube laranja trabalha melhor do que o YouTube normal em alguns aspectos. Inclusive, eu fiquei com essa dúvida. Será que na prática os criadores de conteúdo dessas plataformas realmente estão ganhando mais ou trabalhando em condições melhores? Infelizmente, é bem difícil encontrar depoimentos sobre isso. Documentários expõe o mínimo sobre a indústria, e sim apenas sobre a nojeira que acontece por trás dos bastidores. Isso já é outro assunto que podemos falar em outro vídeo. Muita gente pensa que capitalizar em cima do conteúdo adulto deve ser fácil, mas a verdade é que isso envolve muito trabalho e estratégia. E não pense que eu tô vangloreando essa indústria. Na real, acho uma perca de tempo. É um consumo excessivo de dopamina que não te faz bem de maneira alguma. Existem vários estudos relacionados ao malefício do consumo. Então, a dica que eu tenho para te dar é: pare de consumir esse tipo de droga pelo seu bem. Foca em você, em estudos ou para se tornar cada dia uma pessoa melhor. Vai ler um livro, sei lá, praticar algum esporte, mas ficar fechado dentro de um quarto, dia após dia, consumindo conteúdo adulto, só vai te prejudicar. Então, se você clicou nesse vídeo esperando ver algum conteúdo grotesco, na verdade você acabou de ouvir toda uma história sobre um monte de nerds de programação que construíram a maior indústria de conteúdo adulto da internet. E chegamos ao fim de mais um vídeo. Não esqueça de se inscrever e deixar um like caso tenha gostado. Que Jesus abençoe a vida de vocês e até a próxima.