A grande nuvem de gafanhotos | Minuto da Terra

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Locustas são gafanhotos – com estranhos
super poderes. A superpopulação faz com que eles literalmente
se transformem, mudando sua cor de verde para marrom, comendo mais, ganhando músculos,
acasalando mais e se reunindo em multidões. Em seguida, deixando seu alter ego tímido
de lado, eles multiplicam-se por toda a paisagem, procurando por comida, colonizando e recolonizando
locais de reprodução e incomodando todo mundo. Existem cerca de uma dúzia de espécies de
locustas na Terra, como o Gafanhoto-do-deserto, o migratório e o vermelho, mas apenas um
foi encontrado na América do Norte: o gafanhoto das montanhas rochosas, que devastou plantações
nas Grandes Planícies entre 1850 e 1880. O fato desse gafanhoto preferir plantações
a pastos fez com que o enxame não passasse despercebido pelos colonizadores dessas terras…
embora, na verdade, seria difícil não avistá-los. Um observador no Nebraska, em 1875, presenciou
um enxame de quase dois quilômetros de altura passando por sua cabeça durante 5 dias seguidos. Junto com relatórios telegrafados de cidades
vizinhas, ele estimou que o enxame tinha 180 quilômetros de largura por 2.900 quilômetros
de comprimento, cerca de duas vezes o tamanho do estado do Colorado. Durante os maiores surtos, os gafanhotos consumiam
toda a plantação em seu caminho, bem como, supostamente, cercas, couro e até a lã de
ovelhas. Eles foram uma ameaça tão grande à colonização
do lado ocidental dos Estados Unidos e Canadá que caçadores de recompensas recebiam até
100 Dólares por bushel de gafanhotos mortos, e colonizadores explodiam seus ninhos. Embora esses métodos eram mais gratificantes
do que bem sucedidos, no fim os colonizadores conseguiram controlar os gafanhotos das montanhas
rochosas. Na verdade, a espécie entrou em extinção. Por acidente. Os gafanhotos, assim como os colonos, precisam
comer e reproduzir. Após esses surtos pelas plantações, a população
de gafanhotos normalmente retornava para seus locais de reprodução nos vales das montanhas
rochosas do norte para colocar seus ovos. No entanto, essas planícies eram férteis
e cheias de água, o que as tornavam locais privilegiados para fazendas. Acontece que arados, gado e irrigação são
ótimas ferramentas para destruir ovos e ninhos de gafanhotos. Na década de 1890, a multidão de colonizadores
se estabeleceu numa área tão grande que os gafanhotos não foram mais capazes de alcançar
a quantidade ou densidade necessária para se transformarem em seus super poderosos alter
egos, e nunca mais aterrorizaram as plantações. O desaparecimento desses super insetos em
cerca de 30 anos após quase destruírem as plantações das Grandes Planícies é, provavelmente,
a única extinção de uma praga na história da agricultura. Por que, no fim, a própria agricultura era
a sua Kryptonita.

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