Como o Brasil PERDEU o Uruguai?!

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Esse aqui é o Uruguai como conhecemos hoje, mas 
antes de ser chamado de Uruguai, era Cisplatina, e caso você não saiba, era território do Brasil. 
A gente já incluía esse território ao sul, que hoje é uma nação independente. Mas como 
perdemos essa parte do nosso território? Antes de Pelé, Maradona ou Messi, Brasil e 
Argentina já se enfrentavam – não nos gramados, mas nos campos de batalha. E o prêmio 
dessa rivalidade não era uma taça, mas um território inteiro: o Uruguai. De um lado, um império brasileiro determinado 
a manter seu território. Do outro, uma jovem Argentina apoiando os rebeldes cisplatinos. E 
no meio disso tudo, uma província brasileira que começava a sonhar com independência — e 
que acabou virando o estopim da maior disputa territorial do século XIX na América do Sul.
Mas como o Brasil perdeu essa guerra? E por que até hoje quase ninguém fala 
sobre esse pedaço da nossa história? A região onde hoje fica o Uruguai, antes 
de ser um país, foi motivo de muita briga entre dois reinos europeus que não 
sabiam dividir: Portugal e Espanha. Desde o século 17, os dois disputavam essa região 
como se fosse um prêmio. Ninguém queria abrir mão. Em 1680, Portugal deu um passo ousado: 
construiu um forte às margens do Rio da Prata e fundou a Colônia do Santíssimo Sacramento.
A Espanha ficou furiosa e logo tomou o lugar à força. Aí começou uma sequência de brigas, 
invasões e tentativas de resolver tudo no papel. Vieram então três tratados para tentar 
resolver a treta: O Tratado de Madri, em 1750, dizia que os dois países iam ficar com 
as terras que já ocupavam de fato. Mas ninguém respeitou. O Tratado de Santo Ildefonso, em 1777, 
favoreceu os espanhóis e deixou Portugal sem a Colônia de Sacramento. E o Tratado de Badajoz, 
em 1801, tentou botar fim de vez nas brigas, mas também não deu certo.
A região da Banda Oriental, como era chamado o território que hoje é o 
Uruguai, simplesmente virou uma terra indefinida, que ora pertencia a um reino, ora a outro. E 
quem morava ali ficava no meio dessa confusão. A situação ficou ainda mais tensa quando Napoleão 
invadiu Portugal com a ajuda da Espanha. Dom João VI, que era o príncipe regente de Portugal, 
fugiu com a família real para o Brasil. E quando chegou aqui, decidiu se vingar: em 1816 
mandou tropas ocuparem de vez a Banda Oriental. O general português Carlos Frederico Lecor 
liderou essa missão. Ele entrou com os soldados, dominou o território e começou a 
organizar tudo por lá: criou escolas, fez alianças com os líderes locais… como se 
estivesse fundando uma nova província do império. Em 1821, a região foi oficialmente 
anexada ao Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves com um novo nome: Província 
Cisplatina. A ideia era dizer para o mundo que agora aquilo era território português.
E não era só de fachada: os moradores da Cisplatina chegaram a eleger deputados e mandar 
representantes para o parlamento português e depois para a constituinte brasileira. Tudo 
parecia estar indo bem… até que não estava mais. Em 1825, um grupo de 33 homens liderados por 
Juan Antonio Lavalleja desembarcou numa praia chamada La Agraciada. Eles eram conhecidos 
como os Trinta e Três Orientais. E chegaram com uma ideia bem direta: expulsar os 
brasileiros e declarar que aquela terra agora fazia parte das Províncias Unidas do 
Rio da Prata, o nome antigo da Argentina. E ali começava o que seria o maior 
problema diplomático do Brasil no século 19. O território que a gente tinha 
acabado de chamar de nosso estava sendo ameaçado por 33 rebeldes apoiados pela Argentina.
O Brasil ia ter que decidir o que fazer com isso. Era o início da rivalidade entre Brasil 
e Argentina, 38 anos antes do futebol ser inventado. E o campo de batalha era 
o que hoje conhecemos como Uruguai. Quando os Trinta e Três Orientais 
desembarcaram e declararam que a Cisplatina agora era das Províncias 
Unidas, o Brasil não pensou duas vezes: respondeu com uma declaração formal 
de guerra em 10 de dezembro de 1825. As Províncias Unidas revidaram 
logo no começo de 1826. Mas o problema é que o Brasil não estava 
nem um pouco preparado para essa guerra. O exército brasileiro era um retrato da 
improvisação: a maioria dos soldados era formada por camponeses alistados à força e por mercenários 
europeus contratados de última hora, muitos deles sem treinamento militar. Era um exército 
mal montado, mal equipado e pouco motivado. E o jeito como os soldados eram levados até o 
sul do país era absurdo. Segundo o relato de John Armitage, um historiador da época: “Apesar de 
detestarem a vida militar, [os camponeses livres] eram agarrados como malfeitores, manietados, 
metidos a bordo de imundas embarcações, e mandados para as agrestes campinas do sul 
[…] grande número adoecia e morria na viagem.” Ou seja: muita gente morria 
antes mesmo de pegar em armas. A marinha brasileira até era numerosa — 
tinha 96 embarcações — mas tinha um problema: ela não conseguia atuar direito nas 
águas rasas do estuário da Argentina, onde boa parte das batalhas aconteceria.
E quando as batalhas começaram de verdade, o Brasil foi colecionando derrotas.
Logo no começo, em outubro de 1825, veio a Batalha de Sarandí, onde as tropas brasileiras 
perderam feio. “Uma coluna de 1580 homens do Exército brasileiro foi aniquilada pelo inimigo 
na batalha de Sarandi, em 12 de outubro de 1825” Depois, em fevereiro de 1827, 
teve o Passo do Rosário, uma das maiores derrotas do lado brasileiro.
À beira da guerra em 1825, a Marinha do Brasil era a força naval mais poderosa das Américas. 
Ela possuía nada menos que 65 navios de combate de grande porte armados com 690 canhões, além 
de outros 31 pequenos barcos armados, incluindo lanchas, barcos de correio e transportes.
Apesar disso, o Brasil enfrentaria sua maior derrota na Batalha de Juncal, em 1827. 
A superioridade numérica não foi suficiente para evitar o desastre: 12 navios foram 
capturados, 3 queimados e 2 fugiram — um golpe devastador que consolidou a batalha 
como o maior triunfo da Armada Argentina. O Brasil teve seu momento de revanche na Batalha 
de Monte Santiago, quando a frota brasileira, liderada por James Norton, destruiu 
dois navios da marinha argentina. Só que esse episódio é tipo o gol do 
Oscar no 7×1, não fez diferença nenhuma, por que a Argentina venceu em Ituzaingó, em 20 
de fevereiro de 1827 e El Carmen 28 de fevereiro de 1827, reforçando sua posição no conflito.
Enquanto isso, lá em Londres, o Reino Unido já estava de saco cheio. Eles tinham muitos 
interesses comerciais nos dois lados da briga, e uma guerra atrapalhando o comércio 
não era exatamente o que eles queriam. Para tentar resolver a situação, o próprio 
Dom Pedro I resolveu ir pessoalmente ao sul do país em dezembro de 1826. Só que quando ele 
chegou lá, encontrou um exército desmoralizado, sem comando e sem estrutura. E aí, 
para piorar, veio uma tragédia pessoal: a imperatriz Leopoldina morreu, e ele teve 
que largar tudo e voltar correndo para o Rio. E mesmo que Pedro quisesse continuar a guerra, 
ele não tinha apoio nem dentro de casa. Os políticos brasileiros estavam pouco se 
importando com a Cisplatina. Muitos deles achavam que aquilo era um gasto sem sentido. E começaram 
a boicotar os esforços da guerra — negavam verbas, atrasavam decisões, ou simplesmente 
fingiam que nada estava acontecendo. A guerra virava uma novela sem fim.
De um lado, um exército improvisado, com soldados doentes e cansados. Do 
outro, uma resistência forte, motivada, com apoio da Argentina. E no meio disso tudo, um 
impasse militar que ninguém conseguia resolver. A essa altura, ficou claro que ninguém 
ia sair vitorioso disso. O Brasil gastava milhões, a Argentina também, e nenhuma 
das duas nações conseguia avançar de fato. Foi quando o Reino Unido e a França 
entraram para resolver a parada. Os dois países forçaram a criação de um tratado de 
paz — uma solução diplomática para um problema que já estava virando vexame internacional.
E foi assim que, em 28 de agosto de 1828, Brasil e Províncias Unidas assinaram o Tratado do 
Rio de Janeiro, também conhecido como Tratado da Paz. Nele, os dois lados aceitavam a criação de 
um novo país: a República Oriental do Uruguai. A antiga Cisplatina agora era independente.
E o custo dessa “solução pacífica” foi alto: “Os três anos de guerra tinham custado 
ao Brasil o equivalente a 30 milhões de dólares e cerca de 8 mil vidas.”
Trinta milhões de dólares. Se o Quando o Brasil assinou o tratado 
reconhecendo a independência do Uruguai, parecia que estava tudo resolvido. Mas, 
na prática, a guerra ainda reverberava dentro do Império como um problema 
que não tinha sido bem digerido. No papel, foi um acordo. Mas na prática, 
o Brasil saiu como o grande derrotado. O país tinha acabado de sair de um conflito 
caro, arrastado, que não trouxe nenhum benefício visível. A Província Cisplatina, que por anos 
ocupou espaço no mapa como se fosse parte natural do território brasileiro, agora não era mais 
nossa. E isso mexeu com a cabeça de muita gente, principalmente no alto escalão do poder.
O Império não só perdeu uma província. Perdeu também confiança, prestígio 
e estabilidade política. Dom Pedro I, que já vinha enfrentando resistência 
dentro do país, começou a sofrer ainda mais críticas depois da guerra. A imagem dele como um 
líder firme foi ficando cada vez mais desgastada. Muita gente no Parlamento começou a questionar 
se valia mesmo a pena ter entrado naquela briga. A verdade é que a Cisplatina era vista por boa 
parte dos políticos da época como um território distante, sem grande valor estratégico, 
que dava mais dor de cabeça do que lucro. Enquanto isso, o povo assistia tudo sem entender. 
A guerra foi impopular desde o começo. Os soldados foram enviados contra a vontade, os recursos foram 
mal gerenciados, e no fim das contas, ninguém via motivo para tudo aquilo ter acontecido.
A guerra deixou as contas do país no vermelho, escancarou a falta de preparo do exército, 
e expôs um império que tentava crescer para fora, mas estava rachado por dentro.
No futebol, nos acostumamos a ver Brasil e Argentina disputando para ver quem é o maior. 
Mas a ironia é que, nesse jogo da Cisplatina, quem acabou ganhando tudo foi o Uruguai, 
assim como em 1950, no Maracanaço, quando eles ganharam uma Copa do Mundo na nossa casa.
O que foi pior: o Maracanaço ou a derrota na Guerra da Cisplatina? Deixa aqui nos 
comentários que eu quero saber e não deixe de me dizer o que achou desse vídeo.
E se você quer proteger o seu dinheiro e ainda

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