O que o iFood fez com os restaurantes brasileiros (e ninguém percebeu)

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Os aplicativos de delivery vieram pra revolucionar 
o jeito que pedimos comida. E parece um paraíso: preços baixos, entrega grátis e promoções 
irresistíveis. Mas alguém tá pagando essa conta. Por trás desses preços maravilhosos, 
existe um modelo de negócios que sufoca quem realmente faz a comida chegar na sua porta.
Restaurantes tentando fechar as contas no fim do mês, apertado por taxas e regras que só 
favorecem o aplicativo e entregadores, que enfrentam jornadas exaustivas, algoritmos 
misteriosos e remuneração cada vez menor. Esse modelo está mudando a lógica do 
mercado de um jeito que ninguém percebe. Esse é o efeito iFood—e entender como 
ele funciona pode mudar completamente a forma como você faz o seu próximo pedido
Então, quem mais sofre com o efeito iFood?? E como os restaurantes estão lentamente 
acabando com essa dependência? O mercado de delivery no Brasil tem um 
problema sério mascarado de benefício: as promoções predatórias.
Pra você consumidor é maravilhoso, mas você sabe o que acontece com o restaurante?
Olha esse exemplo aqui: Abrir o ifood e dar um exemplo
Por trás desses descontos absurdos, ofertas maravilhosas e entrega grátis, existe um sistema 
que sufoca pequenos restaurantes em todo o país. E só um recado antes: esse vídeo aqui não é um 
ataque ao iFood, mas sim ao que se tornou o modelo de negócios dos marketplaces de comida no Brasil.
Mas como o iFood domina o mercado nacional, com mais de 80% de participação de 
mercado, é inevitável ele não se tornar o maior participante do problema.
Pra colocar em números, em 2022, o ecossistema da companhia movimentou 
R$97 bilhões na economia brasileira, impactando mais de meio por cento do PIB do país.
Pro dono de um restaurante que quer vender pelo app, o iFood funciona com dois planos principais: 
o Plano Básico e o Plano Entrega. No Plano Básico, ele cobra 12% de comissão sobre o valor total 
dos pedidos e uma taxa de pagamento online de 3,2% quando o cliente paga pelo aplicativo. 
Além disso, há uma mensalidade de R$130 para restaurantes que faturarem mais de R$1800 por mês.
Já o Plano Entrega oferece o serviço de entrega pelo iFood e aumenta a comissão para 23% sobre 
as vendas, mantendo a taxa de pagamento online de 3,2% e a mensalidade de R$150 nas 
mesmas condições. Para um restaurante que fatura exatamente R$1800, o iFood chega a 
custar 34,5% do faturamento. Esse percentual é o suficiente para sufocar a margem de 
lucro de qualquer restaurante que depende exclusivamente do aplicativo para sobreviver.
Esse modelo de cobrança torna o iFood uma plataforma de alto custo para os restaurantes.
É claro que o iFood tem suas vantagens — para pequenos estabelecimentos sem ponto físico, 
ele pode ser a única fonte de renda. Mas para restaurantes que operam 
tanto online quanto presencialmente, essas taxas podem ser pesadas demais e acabam 
criando uma dependência perigosa do aplicativo, especialmente devido ao canibalismo do mercado.
No mercado de aplicativos de entrega, o canibalismo do mercado ocorre quando as 
promoções online desviam clientes que normalmente comprariam na loja física para o aplicativo. 
Assim, o restaurante não ganha novos clientes, apenas desloca as vendas de um canal para 
outro. Isso pode reduzir o lucro total, pois o restaurante paga taxas ao aplicativo e 
perde vendas diretas, que seriam mais lucrativas. Um exemplo claro de uma prática que 
representa bem a natureza do iFood é o Loop. Em 2019 o iFood lançou o Loop – seu próprio 
“restaurante”. Através desse serviço, o aplicativo passou a oferecer refeições a R$4,99 
na primeira compra e R$9,99 nas seguintes, sempre com entrega grátis. Isso impactou diretamente 
negócios menores, como o Bassa Bar. O restaurante, que tinha pratos simples a R$14, se viu obrigado 
a competir com esses preços impossíveis para não perder visibilidade no aplicativo.”Cinco reais é 
o preço de um salgado. Como a gente vai competir com isso? Como ter lucro e servir uma refeição 
decente a R$10, sem taxa de entrega?”, questiona Alexandre Bassoli, do estabelecimento.
Este não é um caso isolado, e o pior: existe um truque por trás. Enquanto forçava seus 
“parceiros” a competirem com preços predatórios, o iFood operava o Loop fazendo acordos 
diretos com restaurantes de comida por quilo, encomendando grandes quantidades com 
antecedência e pagando adiantado. Isso criava preços impraticáveis 
pra praticamente qualquer negócio, exceto quando você é o dono de todo o ecossistema, 
e não precisa lucrar nesse negócio específico. Segundo a Associação Brasileira 
de Bares e Restaurantes, Abrasel, isso é uma espécie de dumping – uma prática 
onde produtos são vendidos abaixo do custo para eliminar a concorrência. A diferença é 
que quem paga a conta não são as plataformas, mas sim os restaurantes parceiros forçados 
a se adequar a essa nova realidade. A empresa lançou uma nota: “O iFood esclarece 
que age de acordo com a legislação aplicável na operação do Loop e em suas demais atividades e que 
não compactua com qualquer tipo de prática ilegal. O modelo de negócio desse serviço tem como 
base a utilização da capacidade produtiva ociosa de restaurantes e o agendamento de pedidos 
combinado à logística de entrega eficiente, o que resulta em refeições a preços mais acessíveis.”
Desde então, pelo que eu entendi, o loop nem existe mais. Mas foi uma jogada que deixou muitos 
restaurantes com as calças na mão, ou melhor, com o avental na mão, e mostra como o iFood age.
E mesmo sem o Loop, o iFood continua dando trabalho, e não só para os pequenos.
Segundo matéria da BBC, um franqueado de uma grande rede de fast-food contou que o 
iFood vende milk shakes com 50% de desconto, pagando o valor cheio ao restaurante, 
mas afastando clientes da loja física. A advogada Patrícia Peck alerta que essa guerra 
de preços pode beneficiar consumidores no início, mas levar ao canibalismo do mercado se persistir.
Então os restaurantes enfrentam um dilema: ou entram nas promoções agressivas e aceitam lucrar 
quase nada, ou perdem espaço para concorrentes com preços baixos. Para continuar vendendo, 
acabam aceitando condições ruins. E quanto mais dependem do aplicativo, mais ficam presos 
nesse ciclo, trabalhando mais e ganhando menos. Enquanto isso, as plataformas seguem lucrando com 
as comissões, independente de desconto ou não. E quando falamos de taxas abusivas, isso 
não acontece só com os restaurantes. O Eles são chamados de parceiros, empreendedores 
e até mesmo colaboradores. Mas a realidade dos entregadores de aplicativo no Brasil está muito 
longe desses títulos pomposos e elegantes. O que a gente vê diariamente é um exército 
de trabalhadores enfrentando uma rotina de precarização, mascarada por um 
discurso de autonomia e liberdade. Por outro lado, muitos veem nos aplicativos 
uma chance de renda rápida e flexível, sem chefe e sem horário fixo. Para alguns, 
é uma escolha. Para outros, a única opção. De qualquer forma, os números são alarmantes. De 
172 mil entregadores em 2019, o Brasil saltou para 645 mil durante a pandemia. Uma explosão que veio 
acompanhada de uma queda dramática na remuneração: onde antes se pagava seis vezes mais por 
quilômetro rodado, hoje os valores despencaram, enquanto a carga horária praticamente dobrou.
Para entender como funciona o sistema, é preciso conhecer as duas categorias de entregadores: 
os ‘nuvem’ e os ‘operadores logísticos’, ou OL. Os ‘nuvem’ representam 57% dos entregadores 
e podem escolher quando ficar disponíveis, mas tendem a trabalhar nos horários de pico 
dos restaurantes para garantir mais entregas. Já os OL, que são 43%, seguem escalas fixas 
definidas pelo responsável pela operação e precisam cumprir horários e jornadas 
específicas. Como explica um entregador: nuvem é autônomo, OL tem compromisso com 
Ifood, esse sim tem que cumprir horário e jornada de trabalho com dias trabalhados’.
A jornada de trabalho ultrapassa os limites legais estabelecidos pela CLT, que determina no máximo 44 
horas semanais. Para os ‘nuvem’, a carga horária pode chegar a 72 horas semanais, já que costumam 
trabalhar 12 horas diárias, seis dias por semana, para maximizar os pedidos. ‘A gente trabalha 
das onze às onze, três turnos direto, almoço, café e janta’, relata um dos entregadores.
Já os OL seguem uma rotina de até 66 horas semanais, divididas em três turnos diários 
com 20 minutos de intervalo por turno. Mas calma que fica pior.
Segundo um artigo de Pamela de Oliveira, dependendo da escala, o aplicativo faz o login 
do trabalhador automaticamente no início do turno e o desconecta no final, impedindo-o de 
ficar off-line durante o turno. Caso não esteja acessível durante o horário, é considerado “uma 
falta”. O mesmo acontece se o telefone estiver desligado no início do turno. “…a hora que 
eles precisarem, tem que estar disponível…”, “…obrigado a ficar disponível naquele turno…”
Esse sistema mais parece o que é chamado em inglês de chain gang, onde prisioneiros ficavam 
acorrentados a bolas de chumbo abrindo valas. A diferença é que o entregador é uma 
pessoa honesta que só quer ganhar a vida. O controle sobre os entregadores é feito 
por algoritmos que rastreiam e avaliam constantemente o desempenho, influenciando 
quem recebe mais pedidos. Para os OL, isso significa cumprir escalas rígidas e estar 
sempre disponível nos horários programados. Já os ‘nuvem’ precisam manter uma boa 
avaliação para ter prioridade nas entregas. No fim, a promessa de autonomia é limitada pela 
necessidade de seguir as regras do algoritmo, e isso significa ter que ficar online por longos 
períodos para garantir uma renda suficiente. O mais preocupante é que essa precarização atinge 
especialmente os mais vulneráveis. A pesquisa revela que a maioria dos entregadores entrou 
nesse trabalho por causa do desemprego. “Começou a pandemia e fui demitido, foi a única forma que 
achei de ganhar dinheiro”, relata um entregador. É o retrato de uma categoria que 
carrega nas costas o peso de um modelo de negócio que transfere todos 
os riscos e custos para o mais frágil. Enquanto as plataformas maximizam seus lucros, 
são os entregadores que arcam com tudo: a moto, a bicicleta, o combustível, as 
manutenções e, claro, sua própria saúde. O iFood busca lucro, e isso é normal. O problema 
é que, sem concorrência, ele dita todas as regras. Os entregadores não têm escolha: ou 
aceitam as condições do algoritmo ou ficam sem trabalho. No fim, a estratégia 
é simples: atrair, dominar e espremer. A promessa de independência para os entregadores 
se transforma em uma forma de exploração moderna, onde o trabalhador assume todos os 
riscos sem nenhuma garantia em troca. E eu não quero aqui nem discutir sobre 
regulamentação, se a CLT é justa ou não, e sobre o “Se não está bom pra você, vá fazer 
outra coisa”, porque acaba se tornando um assunto bem politizado, e a solução não é tão simples.
Mas tenho certeza que precisa melhorar. E eu vou ser sincero. Eu não uso o 
iFood e nenhum outro aplicativo de entrega. Para mim, não faz sentido colocar 
um intermediário quando posso falar direto com o restaurante e apoiar o negócio local.
Além disso, esse modelo não é justo para o restaurante, que acaba pagando uma comissão bem 
alta. Quando eu trabalhei em restaurante percebi que não era vantajoso para o estabelecimento, 
mas entendo que tem muitos pontos positivos para o cliente que está na outra ponta, como descobrir 
novos restaurantes e a facilidade de pagamento sem criar cadastro toda vez que for fazer um pedido.
Mas pra mim é muito mais vantajoso pagar menos acessando o aplicativo dedicado de um determinado 
restaurante, ou pedir pelo whatsapp mesmo, do que esperar descontos malucos do iFood sabendo 
que alguém tá perdendo dinheiro naquela transação. Mas e os restaurantes, Será que eles vão 
continuar reféns dessas comissões abusivas? E o que eles podem fazer pra 
não depender desse sistema? O modelo de negócio dos aplicativos de entrega 
criou um ecossistema que parece funcionar para todos – clientes que adoram promoções e acionistas 
que lucram com cada pedido. Mas, no meio disso, estão restaurantes e entregadores, 
que arcam com altos custos e riscos sem controle sobre o valor do seu trabalho.
Apesar de alguns restaurantes conseguirem margens altas e fazerem o modelo funcionar, a 
maioria acaba presa em um ciclo de promoções predatórias e comissões sufocantes.
Mas uma tendência começa a ganhar força: os aplicativos próprios. “O número de 
pedidos feitos diretamente nos restaurantes, através de site e aplicativo próprios, telefone 
ou WhatsApp, aumentou 11% no primeiro trimestre de 2024 comparado ao mesmo período de 2023”.
Os resultados são interessantes. A La Guapa, rede de empanadas artesanais, 
criou seu aplicativo próprio em 2021, e as vendas nesse canal, que representavam 
4% quando começou, atualmente chegam a 20% da receita do negócio. “O aplicativo é uma grande 
ferramenta de relacionamento que permite conhecer CPF por CPF, entender o consumo de cada cliente 
e poder inovar em cima disso”, explica Benny Goldenberg, um dos administradores.
A economia é igualmente boa para os estabelecimentos e para os clientes. Sem as 
taxas dos intermediários, os pratos chegam a custar 20% menos nos canais próprios dos 
restaurantes. Como explica Paulo Solmucci, presidente da Abrasel: “Essa estratégia 
deixa o mercado mais interessante, porque o restaurante tem mais facilidade na 
oferta, entregando um produto bom e mais barato”. É importante destacar que os restaurantes 
não precisam desenvolver um aplicativo próprio, eles podem simplesmente 
contratar um serviço white label. Nesse tipo de aplicativo próprio, o 
estabelecimento paga uma assinatura mensal para ter um app próprio de delivery, mas sem as 
comissões salgadas dos agregadores como o iFood, além de poder personalizar com sua marca própria
Só que a grande vantagem do iFood é oferecer um ecossistema completo: ele traz visibilidade, 
conecta o cliente ao cardápio, processa o pagamento e ainda encontra o entregador, tudo 
integrado. O restaurante só precisa cozinhar. Claro, essa comodidade tem um preço alto.
Já com o aplicativo próprio, o custo inicial é maior, e o desafio não é só entregar, mas 
fazer com que as pessoas conheçam e usem o app, o que pode significar investimentos em marketing.
Para negócios que estão começando, o iFood ainda pode ser um bom ponto de partida 
para construir uma base de clientes. Mas pro restaurante já estabelecido, ter seu 
próprio ecossistema não só é mais lucrativo, mas te coloca no controle do negócio. Mas pra 
isso, ele precisa ter um sistema próprio de pedidos, de entrega e atração de clientes.
Alex Pinto, diretor de marketing da IMC, dona do KFC e Pizza Hut, alerta: “É preciso 
ter um conjunto de capacidades [como logística, suporte e qualidade] que custam 
caro e tomam tempo até amadurecer”. Não basta só criar um aplicativo – é 
necessário todo um ecossistema para garantir uma boa experiência ao cliente.
O mercado entende que os canais próprios não vão substituir completamente os agregadores 
como iFood e Rappi, que seguem sendo a principal escolha do consumidor para pedidos online. O 
diretor do Rappi Brasil, Felipe Criniti, argumenta que “a penetração do delivery no Brasil ainda é 
baixa e há espaço para o canal crescer no país”. Mas, segundo Aquiles Hasegawa, especialista 
entrevistado no ConsumerCast, existe um caminho estratégico para lidar com essa dependência 
dos marketplaces e trazer esse cliente pro seu aplicativo próprio. Ele explica:
“Eu trabalho muito com Marketplace para captação. Acho que é uma realidade que 
você não consegue mudar, principalmente porque temos um player muito forte hoje 
que domina quase todo o mercado. Então, você tem que correr junto com esse cara 
para captar o seu cliente. Depois disso, a gente traz para o nosso aplicativo 
próprio para estabilizar o custo.” Aquiles detalha o impacto financeiro 
dos marketplaces e a importância de direcionar clientes para o canal próprio:
“Se você pegar hoje um percentual de Marketplace de 12%, você coloca isso 
na ponta do lápis: faturou R$10.000, são R$1.200 que você está gastando com o 
Marketplace. Se você tiver a logística deles, aí vai para 30%. A cada R$10.000 que você 
vende, você passa 30% para o Marketplace. Então, o caminho é esse: capta no Marketplace, transfere 
para o seu canal próprio e fideliza o cliente lá.” Essa abordagem mistura o uso estratégico dos 
marketplaces com o desenvolvimento de canais próprios. Aquiles destaca que o segredo está 
em captar o cliente nos grandes aplicativos e, em seguida, direcioná-lo para 
o canal direto do restaurante, onde o custo é menor e o lucro, maior.
Aqui em Novo Hamburgo tem uma lancheria que faz exatamente isso. Eles colam na 
parte de dentro da embalagem um adesivo que diz para o cliente pedir pelo aplicativo 
deles numa próxima, pois isso gera desconto. O futuro desse mercado está, portanto, numa 
possível estratégia híbrida. Os aplicativos, com suas taxinhas e promoções que esvaziam os 
bolsos dos restaurantes, ainda ajudam a atrair clientes que adoram um desconto. Mas é nos canais 
próprios que os donos de restaurante realmente ganham dinheiro e criam clientes fiéis. Quem 
souber equilibrar os dois lados vai se dar bem. E o que você acha desse assunto? Você usa Ifood 
ou é como eu que bato um papo com o atendente da lanchonete pelo telefone? Comenta aqui abaixo 
e não deixa de me dizer o que achou desse vídeo. E pra entender se aqui no Brasil a fiscalização de 
trânsito existe só para arrecadar dinheiro ou se na verdade, é o brasileiro que é muito imprudente 
e se a “indústria da multa” realmente existe, confere esse vídeo aqui que tá na tela. 
Então aperta nele aí que eu te vejo lá em alguns segundos. Por esse vídeo 
é isso, um grande abraço e até mais.

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