Ainda uma potência na produção de ouro, Brasil atrai mineradoras canadenses atrás do metal

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No século XVI, o Brasil chegou a ser responsável por metade da produção mundial de ouro. Hoje são 2% só. Mas o Brasil segue forte na área. No ano passado a gente foi o 13º maior produtor do mundo com 70 toneladas. E se o Brasil já forneceu 50% do ouro do mundo, hoje é o Canadá quem explora 50% do ouro do Brasil. Mais precisamente as mineradoras canadenses que operam por aqui. A maior dessas aí é a King Ross. Sozinha ela extraiu 1/4 do ouro brasileiro no ano passado, quase 17 toneladas. Dá um cubo de 1 m de lado. E se tratando de ouro é bastante coisa. Só 18 minas no mundo tiram mais do que isso num ano. Tudo isso por cortesia da mina de Paracatu em Minas Gerais, que é a King Ross opera. Ela é a maior do país. A mineradora canadense comprou do Ikke Batista. Olha só. Mas isso a gente vê mais paraa frente. Completam o time canadense por aqui. A Equinox, a Aura Minerals, a Jaguar, a Dining e a Panamerican Silver, que apesar do nome tira 80% do faturamento dela com mineração de ouro. Mas por que Canadá? Por que não o Brasil mesmo, já que de mineração a gente entende alguma coisa por causa da bolsa de Toronto. Ela é o paraíso das junior mining. Junior mining são empresas de mineração que nem sempre são tão juniores assim. Elas podem faturar para mais de bilhão de dólar, mas que não se comparam com mastodontes assim da mineração, tipo a Vale, Rio Tinto, Angloamérica. A bolsa canadense concentra 40% das mineradoras de capital aberto no mundo. O próprio Ark Batista abriu a primeira empresa dele no Canadá na década de 80. Essa empresa era TVX, uma junior mining de ouro que acabou vendida para Kim Ross há mais de 20 anos junto lá com a mina de Paracatu. Essa mistura de Brasil com Canadá começa por causa de um ponto que os dois países aí têm em comum. São duas potências da mineração. Se o Brasil foi o centro global do ouro no século XVII, no final do século XIX o Canadá foi protagonista. O tio Patinhas em pessoa começou a carreira de Quak Leonário na corrida do ouro do Clond Djike, que aí atraiu tipo 100.000 garimpeiros pro extremo norte do Canadá em 1896. E até hoje o Canadá dá ouro para caramba. A produção lá é de 200 toneladas por ano, quase o triplo do Brasil. No século XX, a fartura mineral lá do Canadá se encontrou com um outro fator, uma economia forte. Isso garantiu fartura de capital e transformou a bolsa de Toronto no maior centro global de financiamento para empreitadas de mineração. Um ecossistema próspero, tão próspero que o Canadá ficou pequeno. 1300 mineradoras de lá tem Minas fora do Canadá. Hoje a América Latina é o destino principal, Brasil incluído, lógico. Até 1995, a mineração aqui no berço esplêndido era proibida para empresas de capital estrangeiro. Quando caiu essa restrição, as mineradoras canadenses encontraram um terreno fértil por aqui, principalmente as de ouro. As mineradoras daqui se concentravam em minério de ferro e outros metais não preciosos e ainda se concentram. O próprio Ikke Batista, que a gente tá falando tanto aqui, largou o ouro para se aventurar no ferro numa tentativa de criar uma nova vale. O ponto é que tinha um vazio de capital na mineração de ouro no Brasil. A ex-anadenses entraram, fizeram a festa e nunca mais saíram. Agora, com a cotação do ouro no maior patamar da história, essa festa bombou de vez. Eu falei com o Rafael Mark, diretor de infraestrutura da Árvor Zé Marson. Ele comentou o seguinte, que o break even do mercado de ouro é uma cotação ali de $. 1.000 a onça. Abaixo disso começa a não valer a pena. Acontece que a onça, quer dizer, a porção de 31 g, tá $ 3.500 hoje, muito acima. Aí é só correr pro abraço. A receita da King Ross com as minas dela no Brasil lá fora, cresceu 38% em um ano. A receita da Equinox, segunda canadense que mais produz por aqui, cresceu 75%. a da Anglog, que não é do Canadá, mas tem mina no Brasil há 190 anos, cresceu 75%. Mas vem cá, e a Vale, a maior mineradora do Brasil? As quatro mineradoras que mais extraem ouro por aqui são a King Ross, que a gente falou que respondeu por 23% da produção no ano passado, a Vale com 19%, aí vem a Anglog Gold com 16 e a Equinox com 11. Quer dizer, a maior mineradora do Brasil fica com a medalha de prata no pódio do ouro, mas tem Canadá aí no meio também. É o que a gente vai ver agora. A receita da Vale com ouro nem aparece no balanço dela. Essa receita vem junto com o faturamento de outra extração que é a de cobre. É que a Vale não produz ouro de forma direta. O metal amarelo, no caso dela, é só um subproduto da extração de cobre, que acontece em duas minas do complexo de Carajás, no Pará. a mina de Salobo e a mina de sossego. Acontece que essas minas de cobre t uma certa quantidade de ouro e a extração é tão forte que só esse ouro residual no ano passado, por exemplo, já deu 13 toneladas. Multiplica isso pelo preço médio do ouro no ano passado. Dá 1 bilhão de dólares. Mas a conta é mais complexa. Aí a Vale opera nesse caso com contratos pré-pagos. Grosso modo, significa o seguinte: a Vale combina com algum grande comprador de ouro que vai extrair tantas mil toneladas de cobre que dentro dessa produção, provavelmente vai ter tanto por cento de ouro. Aí ela deixa essa produção vendida, essa produção de ouro vendida como uma forma de financiar a extração de cobre. Os preços nesse tipo de negócio são menores que os de mercado, já que o financiador ali, quem tá comprando ouro, assume uma parte do risco pela empreitada. sempre pode ter menos mineral do que os geólogos previram. Por exemplo, um exemplo prático, lá em 2013, a Wionton Preous Metals do Canadá, onde mais, contratou 75% de todo o ouro que a mina de Salobo viesse a produzir ao longo da vida toda dela. O valor combinado lá atrás foi de 420 a onça. Isso era 1/3 do preço médio do ouro lá naquele ano. Isso com uma correção monetária para ir compensando a inflação do dólar ao longo do tempo. 75% da produção de Salobo deu 8.4 toneladas no ano passado. No balanço da Witon consta que o lucro com a revenda desse ouro foi de quase 2.000 por onça em 2024, dá meio bilhão de dólares para eles. Na outra ponta, a Vale extraiu 200.000 toneladas de cobre da mesma mina. Isso colaborou com 1.hão400 milhões de dólares lá pro resultado da Vale. Quer dizer, bom para ambas as partes. Esse é o jogo. [Música]

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