RODRIGO SILVA – EVIDÊNCIAS DA CRIAÇÃO
0Olá, meus irmãos do TDI. É um prazer estarmos juntos em mais esse capítulo e mais esse encontro. Eu agradeço muito o convite de estar com vocês. Infelizmente, esse ano não pude estar pessoalmente, como no ano passado. Estou gravando a palestra para vocês. No ano anterior eu participei, mas eh geralmente os encontros do TDI são na época das escavações em Israel. Então, no momento em que vocês estão assistindo essa aula, eu estarei gravando, ou melhor, estarei escavando em Laquis, onde nós estamos ali fazendo um trabalho já de anos para ajudar a confirmar a historicidade do reino unificado de Davi. Então, orem pelo nosso trabalho arqueológico em Israel. Nesse momento, com certeza, eu vou estar com a minha mão suja de terra, da terra do Oriente Médio. E vocês assistindo essa minha pequena contribuição para o encontro do design inteligente. Muito bem, meus queridos. O que eu escolhi falar para vocês aqui foi sobre a singularidade cosmológica de Gênesis, especialmente Gênesis capítulo 1. E você vai entender qual a minha o meu objetivo com essa palestra. A primeira razão de eu fazer esse estudo foi a leitura de um livro de John Walton, The Lost World of Genesis 1, mundo perdido de Gênesis 1. John Walton, para que vocês saibam, ele professor do Witton College, um colégio conservador, o John Walton, né, um perdão, um teólogo que goza da minha mais alta estima e admiração. é um teólogo eh confessional, é um teólogo conservador e eu aprecio muito os comentários bíblicos que ele escreve. Mas nesse livro dele, eu confesso pros irmãos que eu não concordei com algumas abordagens que me deixaram até preocupado. Então é com muito respeito à grande envergadura teológica dele que eu vou apresentar algumas preocupações da leitura que ele faz de Gênesis capítulo 1, atrelado ao Antigo Oriente Médio, especialmente a a mitologia do antigo Oriente Médio. É bom explicar aqui uma questão de método de investigação. Eu particularmente aprecio muito fazer uma comparação entre a Bíblia e a literatura daquela época. Então você faz às vezes uma comparação entre o Gênesis e o o texto do Gilgamesh, a do Atraces, do Enuma, eles ou dos textos egípcios. Eu acho que essa leitura, essa visão conjunta do contexto histórico da Bíblia Sagrada nos ajuda muito a interpretar algumas eh informações que o texto bíblico traz. Porém, eu tenho que evitar dois extremos aqui, assim eu penso. Um extremo é aquele extremo de isolar por demais a Bíblia da cultura do Oriente Médio, como se a Bíblia caísse pronta do céu, sem nenhum diálogo, sem nenhuma interface com a cultura em meio à qual ela foi umbicada. O povo de Israel dialogava com os povos em redor e a linguagem eh que eles usavam, especialmente o idioma hebraico, tinha correspondências com o garídico, com o sumeriano, com o acadiano, até mesmo com o egípcio. Então, não acho correto isolar demais a Bíblia como se ela não houvesse nenhum valor em estudar a cultura local. Eu acho que a cultura antiga ajuda muito na hermenêutica bíblica. Então, por um extremo, eu não acho correto isolar demais a Bíblia dessa cultura do antigo Oriente Médio. Por outro lado, num outro extremo, eu também tenho minhas ressalvas com aquela leitura que aproxima demais a Bíblia, a da cultura do antigo Oriente Médio, a ponto de tornar a palavra de Deus uma mera reflexão do que já existia, apenas a continuação do que já havia. Então, há muitas pessoas que na sua exegese acabam esquecendo um pouquinho a dosagem correta dessa comparação literária e tornam a Bíblia apenas um produto do meio. A Bíblia é apenas mais uma versão da cultura do antigo Oriente próximo. Então, um outro extremo que eu também não subscrevo. Eu acho que temos que ter uma parcimônia aqui. E como eu falei, com muito respeito, eu presumo que o John Walton eh ele errou um pouquinho nesse equilíbrio. E eu vou mostrar para vocês a proposta dele e porque que eu discordo dela, especialmente enquanto um criacionista, um defensor do design inteligente. Vamos lá. Ele faz uma advertência sobre a temática que envolve Gênesis e ciência moderna. Ele critica aqueles que procuram ver no Gênesis verdades científicas. Eh, por um lado, é claro, deixe-me explicar pros irmãos. Eu não acho que a gente vai procurar agora em qualquer passagem da Bíblia uma verdade científica no sentido técnico da palavra. Por exemplo, por exemplo, Jesus disse a sobre o grão de mostarda, que é a menor das sementes. Jesus fez essa declaração, o grão de mostarda menor das sementes. Então agora eu não acho também correto a gente pegar essa frase de Jesus, tirá-la de contexto e dizer que quando a botânica afirma que há sementes menores que o grão de mostarda, a botânica está errada, porque a palavra de Deus afirma que a menor semente é o grão de mostarda. Então, o caroço de mostarda, ali a semente de mostarda. Então, não acho que é essa a leitura que nós devemos ter da Bíblia. Por outro lado, eu também acho perigosa aquela leitura que pensa que a Bíblia não traz verdades científicas, ainda que não seja na linguagem científica. Então, por isso que eh essa é a temática que ele está dialogando e também vou dialogar com ele com essa temática. Então, a proposta eh do John Walton é que Gênesis 1, tá certo? Eh, apenas um texto antigo e não queria eh promover uma cosmologia no termo moderno da palavra. Então ele fala muito claro isso. Ele diz que se Deus tivesse a intenção de fazer com que a nossa revelação compreendesse a ciência, nós teremos que primeiro perguntar qual ciência estaríamos dizendo. E ele acha que nós não ganhamos nada em tentar harmonizar a palavra de Deus com a ciência atual. Em contraste, eh, faz todo sentido que Deus tenha comunicado a sua revelação ao seu público imediato em termos que eles entendessem. Então, John Walton acha que é é espúria essa tentativa de fazer uma harmonia entre ciência e religião. E ele ainda propõe também que Gênesis 1 não trata da criação material, mas apenas da criação funcional. uma ideia que, embora sofisticada, deriva eh do texto bíblico original e não da história da igreja, melhor dizendo, corrigindo. Essa ideia que ele apresenta, embora sofisticamente bem colocada, ela não deriva do texto original, nem da visão comum da igreja. Então o John Walton propôs o seguinte, que Gênesis 1 não descreve a criação do mundo em termos materiais, mas apenas em termos funcionais. E o relato, portanto, acomoda cosmologia antiga sem corrigi-la. Logo, o Gênesis não trata da idade da Terra, nem da criação da matéria, mas apenas da atribuição da ordem e propósito do caos. Eh, veja bem, como eu disse, e o John Walton, é bom deixar claro, ele é conservador. Ele acredita que Deus criou o mundo a partir do nada. Ele tem uma visão conservadora da Bíblia, mas nesse livro, especificamente ele parece que está eh namorando um pouco com uma teologia progressista que termina vendo o Gênesis mais como poesia do que como história real, tá certo? Eh, então vamos lá. A primeira coisa que eu acho em relação ao que ele está dizendo, a primeira eh contraargumentação que eu dou o seguinte: a criação funcional, que é o que ele advoga no livro, não exclui a criação material. É porque o John Walton, ele quer dizer, em primeiro lugar o seguinte, não ali a Bíblia não está falando da criação da matéria, ele tá falando da função da matéria. Então quando a Bíblia fala, por exemplo, que Deus criou o mundo em seis dias e no sétimo descansou, isso pode acarretar até uma alegoria, não uma coisa real. Eh, e a isso levado a extremo pode levar até a a conclusões que não são aquelas que John Walton acredita como teólogo. Por exemplo, se tudo é apenas uma descrição funcional, então até a idade da Terra que nós defendemos do ponto de vista criacionista pode ser questionada. O o ser humano pode ter sido criado há milhões de anos e não há milhares de anos. Vocês entendem as implicações teológicas disso? Então, minha primeira observação ao que ele diz é exatamente isso. A criação funcional não exclui a criação material. Para mim, então é uma falsa dicotomia que o John Walton faz quando ele separa esses dois elementos, tá bom? O argumento dele eh para mim não eh sobrevive a uma análise do texto original bíblico. Eu vou dar exemplos para vocês. Quando Deus fala em Gênesis capítulo 1, versículo eh 3, haja luz, isso implica na origem física da luz e não apenas no papel funcional, simbólico da luz, tá certo? Outro exemplo também, quando Deus cria o homem do pó da terra, você nota que aqui é a matéria, forma e função. Deus cria da terra, então é matéria. Depois Deus sopra. Aí que Deus dá o designo daquela matéria agora que vai se tornar, né, fes rayá em hebraico, alma vivente. O verbo hebraico bará usado em Gênesis 1, refere-se especificamente a criar algo que não existia. E daqui a pouquinho eu vou falar da questão da criação exnilo. Então ali não é só função. Então eu eu acho respeitosamente que John Walton está equivocado quando ele diz que Gênesis capítulo 1 refere-se apenas à funcionalidade da criação e não à materialidade histórica da criação. Eh, veja, se há atribuição de função, presume-se que algo material existia primeiro. Mas Gênesis 1 inicia com a seguinte frase: “No princípio criou Deus os céus e a terra. Beresit barim etam verets.” Deus criou o céu e a terra. Não fala que Deus organizou o céu e a terra. Essa linguagem que John Walton propõe, ela não está no texto bíblico. Então, deixe-me agora falar com vocês um pouquinho sobre a questão do verbo bará, que muitos teólogos atuais estão dizendo que bará não significa criar a partir do nada uma criação exnilo. Isso não é verdade. Eu tenho eh discordâncias com essa leitura. O verbo bará aparece cerca de 50 vezes no Antigo Testamento. E umas algumas coisas que me chamam atenção que o verbo bará só admite Deus como sujeito. Segunda coisa que me chama atenção, o verbo bará, ele uma das provas que eu uso para dizer que ele significa criar a partir do nada, é que todas as vezes que ele aparece, por exemplo, em Gênesis capítulo 1, versículo 1, Salmo 51, verso 10, eh você tem também Isaías capítulo 65 17, eh, fala que Deus cria, mas não fala a partir de quê. é diferente de outras de outras modalidades, como o verbo yatsá, o verbo assá, o verbo baná. Esses três verbos que significam fazer também em hebraico, todos eles trazem uma ideia de matériapra prévia. Por exemplo, formou Deus o homem do pó da terra. Nós não temos essa expressão com o verbo bará. Só fala que Deus fez. Deus criou, mas não fala, criou a partir de Então, não há eh linguisticamente falando, nenhuma base para dizer que o verbo bará signifique outra coisa senão a criação exnilo, que Deus criou do nada. Além disso, eu quero continuar argumentando que o versículo 1 de Gênesis pode ser lido como uma declaração independente. No princípio, criou Deus os céus e a terra. Essa cláusula no hebraico, ela é independente. Isso representa a criação do todo antes de dar os detalhes. Então, quando o versículo dois no Gênesis fala eh que então Deus disse, né, haja luz e houve luz e a e o a terra, porém, era sem forma e vazia, como a gente tem lá, né? Vavorro, batorro, essa eh perdão, torro, vavorro, essa expressão em hebraico, ela é depois da da primeira do primeiro versículo. Então, quando fala que Deus criou os céus e a terra, criou do nada. E depois que Deus criou do nada o céu e a terra, é que a terra, por estar torro, vavorro, sem forma vazia, Deus vai dando forma, vai organizando. Mas isto não significa que Deus precisou de matéria pré-existente para trazer tudo à existência. Então, lembremos quando eh Gênesis capítulo 1, versículo 1, usa o versículo, o o verbo bará, criou Deus, eh, criou a partir do nada. Criou a partir do nada. Agora, quando nós vamos a partir do verso três em diante, e fez separação e Deus fez, aí você tem os verbos assá, baná, formou. Aí sim, esses verbos em hebraico admitem uma matéria prévia. Esses verbos não são criação exnilo a partir do nada, mas bará é. E para terminar esse meu argumento, os escritos antigos eh do judaísmo, os pais da igreja, sempre entenderam que o verbo bará é criar a partir do nada. Eu vou pedir licença para citar o livro de segunda Marcabeus, capítulo 7, verso 28, que embora não faça parte do canon protestante, é um livro que esboça o conceito judaico antigo. Então, pelo menos a cultura dos judeus dessa época está esboçada nesse livro. E ele fala de maneira bem clara: “Olha para o céu e para a terra e vê o que neles há e reconhece que Deus os fez do nada”. Então eu, embora o livro de segunda Macabeus não me sirva como fundamentação doutrinária, porque ele não faz parte do canon que eu adoto, ele me serve para dizer o pensamento judeu da época que ele estava sendo escrito. E o pensamento judeu era que Deus tinha criado eh o os céus e a terra a partir do nada. Outra eh observação que eu tenho eh em contra as que contrária às conclusões de John Walton é que Gênesis afirmam uma criação literal e cronológica. Tem muitos elementos ali. A expressão tarde e manhã, vara voker a tarde e amanhã indica eh até eh Gesenios aplica isso, um dia literal de 24 horas, porque você tem a palavra y dia precedida de um de um número ordinal. Eh, a linguagem também toledot, essas são as gerações toledot, as genealogias. Isso se aplica a um texto eh histórico, a uma narrativa que não é poética, ela está ela está num outro sentido mais de prosa prosa, como as narrativas históricas. Eh, a linguagem também parece muito concreta e e ajuntou, separou, fez aparecer, formou. E um outro elemento também, se o Gênesis é uma grande novela, então todo o judaísmo interpretou errado isso. Até o decálogo, quando fala que a guarda do Shabat no pelos hebreus se daria em virtude de em seis dias fez o Senhor o céu e a terra e no sétimo dia descansou. E esta foi a base para o Shabat em todo o Antigo Testamento. Então, a toda a aliança hebraica do Shabbat estaria errada, porque estaria baseada numa numa novela. Então, nós temos vários problemas nisso aí. E o meu terceiro problema com relação à linha de John Walton é que ele quer dizer que o povo hebreu tinha uma visão mítica da realidade. Então, Moisés copiou aquela visão mítica. Notem que não é bem assim. Como eu falei com vocês no início dessa palestra, eu aprecio fazer uma uma analogia ou pelo menos uma comparação ou uma eh verificação da literatura do antigo Oriente Médio para entender até o mundo bíblico. Mas eu tenho que tomar cuidado, repito, com os dois extremos, de tornar a Bíblia um livro independente demais. Parece que ela não tem nenhuma relação com a cultura em meio à qual os hebreus viviam. Isso para mim é um extremo insustentável. Mas no outro lado do espectro, no outro extremo, é tornar a Bíblia apenas uma cópia da cultura em redor. Não é bem assim. Quando nós vamos analisar a teologia bíblica, nós percebemos que Deus não usa os profetas para imitar o paganismo. Pelo contrário, Deus usa a palavra dele através dos profetas para corrigir o paganismo. O corrigir sempre que nós temos uma uma visão bíblica do mundo pagão e a do paganismo está errada, Deus corrige. Então o autor, no caso John Walton, argumenta que Israel via o mundo como os outros povos do antigo Oriente Médio, mas ele ignora as diferenças fundamentais que nós encontramos entre o Gênesis e os mitos mesopotâmicos, como Enuma Elite, por exemplo. Existem muitas coisas semelhantes, mas o número de coisas deselhantes é muito maior. E eu tenho que prestar atenção tanto nas similaridades entre o Gênesis e a literatura do antigo Oriente Médio, como também as divisões, as diferenças que são gritantes. Como eu disse, nos mitos babilônicos, por exemplo, os deuses eh surgem do caos, eles lutam, é do sangue dos deuses que o ser humano é criado. Nós não encontramos nada disso no Gênesis. Pelo contrário, eu já posso afirmar no início dessa palestra que o relato do Gênesis é único, como o Deus do Gênesis é único. Ele é preexistente, ele é soberano, cria tudo por sua palavra, sem resistência, sem conflito cósmico ou mitológico. E até eu vou citar para vocês uma uma expressão aqui de John Curit, que ele falou o seguinte: “O Gênesis é um ato de subversão teológica aos mitos do antigo Oriente próximo.” Não, uma acomodação a eles. Eu achei isso muito interessante. O Joe Curit, ele fala que o Gênesis é uma subversão teológica do do mundo pagão, não uma acomodação ao mundo pagão. Eu achei isso fantástico. E a arqueologia mostra que Israel tinha uma visão distinta eh do dos povos em redor, ainda que em alguns momentos houve quebra da aliança e apostasia. A tradição teológica conservadora também vai na contramão do que John Walton apresenta. Então, os judeus antigos, os pais da igreja, eh, Calvino, Lutero, Zuíglio, autores protestantes mais recentes do século XIX, início do século XX, como Metel Henry e todos mais, eles não tinham essa visão. Eles entendiam Gênesis capítulo 1 e 2 até o Gênesis 11 como uma criação literal, tá certo? de ordem cronológica e não algo apenas uma descrição metafórica, poética ou funcional da criação. A ideia de que o Gênesis fala de funções é uma novidade que não encontra eco na história da igreja cristã. Continuando, então, que eu estava dizendo para vocês, quando eu encontro a cosmogonia do Gênesis, e é bom explicar para vocês essas duas palavras aqui, cosmogonia e cosmologia. Eh, tanto a cosmogonia como a cosmologia lidam com a origem do cosmos. Todas duas lidam com a origem. A diferença é que a cosmologia ela lida mais com a estrutura do cosmos, como ele está estruturado, como ele funciona. A cosmogonia é mais a história dele, como ele chegou até aqui. E quando você pega uma cosmogonia pagã, você nota que eles apresentam que o universo eh existia, depois surgiram os deuses e os deuses lutando entre si. Do sangue da batalha dos deuses surgiram seres humanos. Tem várias versões mitológicas. Mas a cosmogonia do Gênesis, ela é completamente distinta. É aquela que nós lemos que Deus criou o céu e a terra em seis dias, no sétimo descansou, criou Adão e Eva, depois veio o jardim do Éden, o pecado e etc. Então essa é a visão do Gênesis, mas ela, eu devo admitir, ela vai na contramão das afirmações eh modernas que nós temos na ciência. E já de longa data, muitos teólogos, pensadores, tanto protestantes quanto católicos ortodoxos, tentaram fazer uma adequação entre a linguagem bíblica e a linguagem mais acadêmica, progressista, até porque a Bíblia parece muito simplória. E convenhamos, quando você está num mundo aí, eh, cheio de ceticismo e de descrença da palavra de Deus, você afirmar de maneira assim peremptória que você acredita na literalidade do relato do Gênesis, eh, parece um tiro no pé dizer que Deus realmente criou um casal, eh, a mulher da costela do homem, o homem do pó da terra, isso parece uma sandíice intelectual. Então, já de longa data, desde o século X para cá, nós já vemos esse movimento em várias áreas da teologia. Alguns autores tentam acomodar a visão do cristianismo ao longo dos séculos com a visão materialista cética da ciência. Então, por exemplo, eu me recordo agora de a Teilad Chardã, autor católico, que dizia que Adão, na verdade, é o primeiro exemplar do Homo Sapiens. O primeiro exemplar do Homo Sapiens. E a partir de Teilar Chardã, vários autores protestantes, eh, católicos também, especialmente da Alemanha, começaram a propor que o Gênesis é apenas uma figura de linguagem, uma novela, uma poesia. E a partir dessa poesia é que nós devemos entender qual o significado dessa história. Então assim, eles conseguem acomodar até a teoria darvinista a Bíblia. Eles vão dizer que, por exemplo, os seis dias da criação são apenas símbolos de eras que podem ter durado milhões e milhões de anos. Então, aí acomoda o relato bíblico com apenas uma parábola daquilo que Darwin falou. Mas eu tenho vários problemas teológicos com isso. Um deles é que eh se o pecado não trouxe a morte, se a morte fazia parte da criação eh do mundo, então Jesus e a redenção ficam sem sentido. Porque Jesus veio libertar o ser humano de que se a morte e as suas consequências não foram o resultado de um pecado adâmico, mas foram eh coisas que já estavam na história do cristianismo. I esses dias um atlas de um teólogo anglicano, agora o nome dele fugiu, mas que ele dizia, por exemplo, que eh nós devemos admitir, como cristãos, que é errado tomar o Gênesis como um relato literal, porque o registro fóssil já mostrou que a morte estava presente na história do planeta muito antes de haver o primeiro ser humano aqui, o primeiro Homo Sapiens. muito antes do primeiro Homo Sapiens, a morte já fazia parte da história da Terra e deixou o seu registro ali no registro fóssil, porque você já tinha eh vários dinossauros mortos. Com isso, ele está assumindo a visão evolucionista, que os dinossauros não conviveram com o ser humano, que os dinossauros foram extintos em massa e somente milhões de anos depois é que o ser humano surgiu. Então vocês veem um atlas bíblico com muita informação interessante e preciosa, mas com esta nota ali que me chamou a a atenção. Então, quando eu tenho a cosmogonia do Gênes, eu tenho três alternativas. primeiro, eh, acreditar na cosmogonia dos dos pagãos, né, que a Terra eh seria autoexistente ou eterna, que é justamente o que alguns críticos estão colocando agora. Só que eu tenho algumas distinções aqui. É isso que eu quero colocar para vocês. Em primeiro lugar, o Gênesis estabelece bem claro que a Terra não é autoexistente nem eterna. Se você pegar os mitos pagãos, isso me chama atenção, porque os deuses eles vêm depois da criação do universo. O máximo que eles fazem é dividir a terra, organizar a terra. Mas a terra existe antes dos dos deuses. Por exemplo, na numa das cosmogonias egípcias, o criador é Atom, o deus do sol. Atom. Só que a Terra já existia antes de Atom. atos surge depois montanha que já existia antes dele. Se você pegar também a a teogonia de Exildo, dos gregos, os deuses do Olimpo, eles surgem muito depois do universo. Aliás, eles já são até descendentes dos das forças fiderais que já existiam antes. Na Bíblia não. A terra tem um começo e a Terra não surge por alta existência, como por exemplo num dos mitos de Gaia, também mito grego, que Gaia é o seguinte, que a Gaia se forma sozinha e depois ela se autofecunda e aí surge Uranus, que é o céu, e depois ela tem relação sexual com Uranus. Aí surgem os titãs, o os cíclopes. Não é bem assim, tá certo? A e depois conv os deuses na versão bíblica não. Deus está antes da terra. E terceiro lugar criação exnilo. Deus cria a terra do nada. Então essas três distinções eu tenho em relação ao Gênesis e aos mitos em redor. E eu tenho que levá-las em consideração. Em todos os mitos, os deuses surgem depois do universo e depois da Terra. Na versão bíblica, não. Até o Deus é antes do universo e antes da terra. Em segundo lugar, nos mitos, a terra sempre é autoe existente ou eterna? Na Bíblia não. A terra nem é autoexistente, nem eterno. Ela é criação de Deus. E em terceiro lugar, Deus cria a terra e o universo do nada. Então aqui que vem as interpretações modernas. Eu posso assumir uma atitude progressista e interpretar o Gênesis como um mito, uma novela. Eu posso dizer como a linha de John Walton, que o Gênesis imita a cosmologia ou cosmogonia pagã. E em terceiro lugar, eu posso literalizar tudo o o que está na parte poética da Bíblia e entender que a Bíblia apresenta um universo geocêntrico e uma terra plana, o que também vou mostrar para vocês que não é o caso. Eu confesso que por muito tempo em minhas aulas eu mostrei esse modelo que estou apresentando para vocês aí como sendo o modelo de mundo dos antigos hebreus. Eu apresentei isso em sala de aula. Hoje eu confesso que depois de alguns estudos mais recentes, eu estou questionando se era realmente esse o modelo que Deus representou a partir de Moisés. Esse modelo é aquele que coloca a Terra como sendo apenas um disco, como vocês estão vendo aqui. E a Terra teria o sheol abaixo dela, que seria o mundo dos mortos. E havia as colunas da Terra, que são essas colunas abaixo do sheol. E além disso, a Terra teria uma cúpula. que seria o firmamento, um domo firme, eh, físico. E acima desse domo estaria a um, um volume d’água e abaixo estaria o sol. E que a terra, eh, teria uma ideia, os autores bíblicos que o sol é que girava em torno da Terra. Eu tinha essa perdão, voltei aqui. Os que pensam que aquela era a visão bíblica também entendem que os autores da Bíblia estavam ecoando a mesma cosmogonia dos pagãos. Por exemplo, os sumérios também entendiam a Terra como sendo uma apenas um disco, como se fosse uma pizza. E abaixo da terra chamam terra de ki. Então, abaixo da Terra você tinha o absu, que seria o abismo. Depois você tinha Ircala, que seria o mundo dos mortos. E acima da terra você teria três níveis de céu. Eh, e o céu eles chamam de anu, que seria o céu maior. Depois tinha o céu eh jovem e o céu das constelações, e que esta também era a visão do autor bíblico. Continuando, os egípcios também tinham uma visão parecida, que você tinha o sol, que era o deus R, e depois você tinha nut, que era a terra, que era uma mulher material ali. E sustentando a mulher tinha shu, que seria o ar, e abaixo dele você tinha Gab, que era a terra, e abaixo da terra a duat. Então, a visão desses desses autores é que toda essa essa visão dos pagãos imaginava a realidade em três andares. O submundo dos mortos, dos monstros, do dos demônios, a terra e o céu como sendo uma cúpula firme e a terra como sendo um disco plano. E essa era a visão dos sumérios, essa era a visão dos egípcios, essa era a visão dos meses de uma maneira geral, do povo de Ugarit e essa também era a visão dos hebreus e dos autores bíblicos. Então a conclusão de autores como Walton é que a Bíblia reflete essa cosmogonia e essa cosmologia errônea e, portanto, é perda de tempo tentar encontrar uma verdade científica na Bíblia. Mas vamos lá. Eh, essas cosmologias, de acordo com esses teólogos, estão desatualizadas. É aquilo que Bolsman chamou de demitologização da Bíblia. Então, eles acham que se a gente continuar defendendo a literalidade dos relatos bíblicos, nós estamos provocando um sacrifícium intelectos. Ou seja, você tá dando um tiro no pé na academia e ninguém vai te ouvir mais, porque você parece uma pessoa pré-moderna acreditando nessas bobagens. Eu vejo muita gente colocando, não, hoje sabemos os teólogos de peso, os verdadeiros acadêmicos, já não acreditam mais na literalidade do Gênesis. Eu vejo muita gente falando isso por aí. Parece então que se você acredita na literalidade do Gênesis, você não é acadêmico de verdade. Em segundo lugar, eles sugerem abandonar a cosmologia bíblica. Mas eu sugiro um terceiro caminho. Eu acho que nós podemos entender a singularidade bíblica e não abandoná-la. A primeira coisa que me chama atenção é que essa ideia de que a Bíblia defenderia uma terra, um universo geocêntrico, ela não vem do texto bíblico, mas vem de Cláudio Ptolomeu. Cláudio Ptolomeu, vocês sabem, foi um astrônomo e geógrafo do segundo século de Alexandria. E ele tem o Almagesto, que é o livro que ele escreveu, um clássico. E nesse livro ele imaginava que a Terra era uma esfera. E a e sobre essa esfera da Terra havia outras esferas todas sólidas que eh ficavam girando, girando. E cada esfera dessa que ficava girando era um um nível de céu, como vocês estão vendo no desenho aí. E muitos autores da eh da igreja, pais da igreja, começaram agora a se aproximar de Cláudio Ptolomeu e começaram a entender que Cláudio Ptolomeu estava certo e que a Terra era o centro do universo e que em torno da Terra giravam os vários eh céus. E até eles começaram a colocar coisas que Cláudio Ptolomeu nunca disse. Por exemplo, que eram os anjos de Deus que faziam com que aquelas esferas ficassem girando em torno da Terra e que a Terra era uma uma um círculo parado, ele não movia. Lembra quando teve aquele debate de Galileu? Galilei que ele lá que foi até sentenciado como herege e ele falava: “Terra por si só move”. E muitos pensavam que Galileu Galilei estava indo contra a Bíblia. Não, Galileu Galilei está vindo contra o universo de Cláudio Ptolomeu, não contra a Bíblia. E aqueles que diziam: “Não, mas a posição da teologia é que a Terra é o centro do universo.” Eles não estavam lendo isso na Bíblia, mas sim em Cláudio Ptolomeu. Então vocês perceberam o perigo de tomarmos um autor não bíblico como parâmetro daquilo que a igreja pensa? Então, muitos teólogos medievais estavam baseando a sua ideia de universo na Bíblia, mas sim em Cláudio Ptolomeu. E é isso que eu vejo no alguns exegetas modernos. Eles estão apoiando a sua visão do mundo antigo, não Bíblia, mas nos mitos e a partir dos mitos lendo a Bíblia. Eu acho que nós temos que acentuar acima de tudo também a diferença entre a Bíblia e esses mitos. A primeira coisa que eu chamo atenção dos irmãos é que a ideia de que os povos do antigo Oriente Médio tinham uma cosmologia uniforme de três níveis, céu, terra e submundo, como eu falei, ela é uma simplificação muito comum, mas que não se sustenta diante da diversidade real das fontes arqueológicas, literárias e religiosas do período do bronze antigo. Ou seja, quando eu comparo as várias versões que há dos egípcios, dos sumérios, dearite, dos ititas, eu percebo que eles tinham muitas divergências entre eles. Por exemplo, a Baal habitava no monte Safon e a terra ficava entre dois rios. a o conceito egípcio da duat, do submundo, não é o conceito que os sumérios tinham de submundo. É bem diferente. E não é não é sempre que você vê essa divisão entre três níveis, o céu, a terra e o submundo. Por exemplo, na visão sumeriana havia três céus. Na visão eh grega você tem também diferentes visões de céu. Então, em primeiro lugar, o mundo pagão não era unificado. Segundo, quando nós vamos fazer uma uma correlação mais próxima entre a Bíblia e os textos eh cunformes, por exemplo, eu descubro que algumas associações que são encontradas em muitos comentários bíblicos são artificiais. Vou dar um exemplo para vocês. Tiamat, assim que escreve o nome Tiamat em Acadiano. Tiamat, você tem três eh símbolos comiformes, três sílabas aí. Primeiro, o asterisco é dinger, você não pronuncia, é apenas um determinativo para significar deus ou deusa. Depois você tem a palavra ti, que pode significar senhora, e a palavra amat, que significa mar, água, de maneira geral. Então, Tia Mat, a deusa marinha, a deusa do mar. Então, há muitos comentários bíblicos que pegam uma correlação entre a palavra tiamat e pegam a palavra terrom, que em hebraico significa abismo. E acho então que Moisés estava apenas copiando a visão dos pagãos do Tiamat. Então, quando a Bíblia fala, eh, a terra por era sem forma e vazia, havia trevas sobre a face do abismo. A palavra abismo aqui em hebraico é terhom. Então, como terromismo de água e lembra foneticamente a palavra tiamat, então muitos pensam que o Tiamat e Terrom era a mesma coisa, que Moisés apenas adaptou eh na Bíblia a visão do Tiamat, mas isso não é verdade. O Tiamat, antes de tudo, era um monstro feminino, era uma uma um dragão fêmea, era a deusa draconi do mar. O abismo que fala o Gênesis, o Terrom, é um abismo físico, é apenas uma profundeza, não é um ser monstruoso que batalha contra deuses. E etimologicamente falando, muitos hebraístas já descartaram a ideia de que Tiamat e Terhome teriam a mesma origem eh etimológica. São duas palavras completamente distintas. Uma não tem nenhuma relação com a outra. Já vi também comentaristas que fazem uma analogia entre a batalha de Baal e Yam e a Bíblia quando fala de Mares. A Bíblia quando fala de Mares, a palavra yamim, eh, a gente tem que tomar cuidado também, eh, que não tem relação uma com a outra. Iam, em hebraico significa mar. Isso é verdade. E você tem o deus Iam, que luta contra Baal. Isso está no ciclo de Baal. Mas a comparação é só aí, não tem mais nada a ver. A palavra mares, ela só vai aparecer aqui na Bíblia, se eu não me engano, no verso 11, quando eh fala assim, quer ver? Vou ler aqui. Gênesis, capítulo 1, versículo 11, não, versículo, na verdade, 10. E chamou Deus a porção seca, terra, e o ajuntamento das águas mares. É bem diferente do Yam, que é um monstro contra o qual e Baal luta, porque ele não aceita que El colocou Yam numa posição muito alta. Então, Baal luta com Yam e mata o Yam. Essa é a visão mítica, é a visão do ciclo de Baal. Não tem nada a ver com o Yamim, mares da água da da Bíblia. A Bíblia fala de Mares, mares mesmo. Uma visão concreta, não tem nada a ver com aquela visão mitológica do ciclo de Baal. Então vocês veem que a Bíblia é um livro mais literal. Então qualquer comparação, não, o iam da Bíblia tem a ver com o iam do ciclo de Baal, porque iam também significa um monstro marinho, um monstro das águas. Ah, o terrom tem a ver com tiamat, não. Você vê que quando você compara o mito com a Bíblia não tem correlação alguma. Outra coisa também que eu queria mostrar para vocês é a questão dos pilares da Terra. Primeiro que os pilares da Terra não estão no livro do Gênesis. Os pilares da terra que eh apresentam na Bíblia, você tem a palavra, por exemplo, amude erets, que são pilares da terra. Você tem também a palavra mos de Tet, eh, tevel, que seria os fundamentos do mundo. Mas você pode olhar que todas as vezes que a expressão pilares da terra, fundamentos do mundo, apresenta na Bíblia, ela está sempre na literatura poética e sapiencial. Depois vocês podem olhar os textos aqui, eu não vou lê-los todos por causa do tempo. Primeiro Samuel 2 verso 8, Jó 9 verso 6, Salmo 104 verso 5. São textos poéticos. Eu quero ler com vocês apenas Jó capítulo 26 verso 7. O livro de Jó capítulo 26. Perdão, passei demais. Jó capítulo 26 versículo 7, que diz aqui: “Ele estende o norte sobre o vazio e faz pairar a terra sobre o nada”. Então, a Bíblia não diz que Deus sustenta a terra sobre pilares, mas Rodrigo, e as outras passagens são passagens altamente poéticas. Devemos levar em consideração isso, como Isaías 24:19, Salmo 114, que fala da batalha de Deus também contra o monstro do mar, mas são linguagens poéticas. Então, nós temos que eh separar na Bíblia o que que é prosa e o que é poesia. Os irmãos entenderam? Na hora de fazer hermenêutica, a gente tem que deixar isso bem claro, senão a gente acaba confundindo as coisas. por exemplo, eh, os a questão do Raquia. E aqui eu vou demorar mais tempo com vocês. A Bíblia também fala que a terra cambaleia, que a terra geme. Eu vou literalizar isso. A terra cambaleia, a terra geme. A terra treme como uma pessoa que tá com medo diante de Deus. Não. São figuras de linguagem. Então, é importante na hora de fazer uma leitura bíblica separar bem claro o que é poesia e o que é prosa. A poesia, tudo bem, você não vai levar ao pé da letra. Não vou agora dizer que a terra tem voz porque a Bíblia fala que a terra geme. Não vou falar que a terra bebe eh cachaça porque a Bíblia fala que a terra cambaleia como um bêbado. Não, não vou literalizar isso aqui agora, mas é claro que o texto está numa sessão poética. A questão é que quando eu analiso o Gênesis com uma lupa literária, cada vez que passa eu me convenço que o Gênesis não está numa forma poética, tá certo? Mas está em prosa. Mas aí eu tenho uma questão. E o Raquia, o firmamento que o Gênesis fala? Porque muitos entendem que o firmamento do Gênesis é uma cúpula sólida e, portanto, o Gênesis não pode ser levado em consideração como algo literal. E de fato, o céu não é uma cúpula eh do eh fixa. Mas qual a conclusão que eu chego? Todas as vezes que você analisa a palavra raquia, eu vou mostrar para vocês aqui no Gênesis, raquia significa firmamento ou expansão. Então, por exemplo, quando a Bíblia fala que Deus fez a expansão dos céus, eh aqui, por exemplo, em Gênesis, capítulo 1, versículo 7, “E Deus fez o firmamento, esse que é o problema. A palavra firmamento, ela veio parar na Bíblia por causa da Septoaguinta e por causa da vulgata latina. No caso da Vulgata, São Jerônimo traduziu a palavra em hebraico como firmamento. Mas lembra, Jerônimo também estava por demais influenciado pela cosmologia de Ptolomeu, de Cláudio Ptolomeu, que imaginava o céu como uma série de esferas físicas. Então essa visão de Jerônimo acabou influenciando a Bíblia. Eh, mas hoje eu não vou poder argumentar muito com vocês por causa do tempo. Há muitos eh teólogos e muitos biblistas que estão convencidos que o melhor seria traduzir a palavra raquia em hebraico por expansão, por espaço. Vou dar um exemplo para vocês. Olha aqui. Eh, a posição clássica, como eu falei com vocês, é que Raquia seria uma cúpula sólida, mas eu estou discordando disso. Eh, e eu vou dar alguns exemplos para vocês. Em primeiro lugar, a palavra pode ter evoluído para um conceito mais abstrato ou visual como expansão. Por exemplo, em Isaías 42 verso 5, Salmo 104 verso 2, diz que Deus estende os céus. Note shamaim, uma linguagem especial, mas não necessariamente sólida. Na Septoaginta, Estereuma, eh pode referir a cosmovisão grega de algo sólido, mas não necessariamente, porque a mesma palavra estereema aparece em Platão, no Timeu 58, como sendo algo filosófico de estabilidade cósmica e não necessariamente de uma solidez física literal. Então, até no mundo grego, a palavra estereuma, que a septoaguinta usa para traduzir raquia, pode significar algo de firmeza, não algo sólido. Então, o fato de Raquia se chamar céu em Gênesis 1 verso 8 e falar que os pássaros voam nos céus e não caminham sobre ele, parece implicar que Raquia não era sólida. Vocês entenderam? Veja, Gênesis capítulo 1, verso 20, diz que os pássaros voam sobre a face da raquia, na raquia, e não que eles caminham sobre ela. Então, se a raquia fosse algo sólido, ficaria sem sentido dizer que os pássaros vão sobre a face da raquia, eles caminhariam sobre ela. Então, até essa ideia de que na visão do Gênesis, o céu seria uma cúpula eh física, um domo físico de metal, hoje muitos biblistas não concordam mais com isso. E só para vocês terem uma noção, o próprio John Walton, ele mesmo admite no livro dele que haquia não significa uma cúpula sólida. Olha que interessante, o John Walton acha que o céu Shamain para Moisés seria algo sólido. O John Walton diz isso, mas ele depois de fazer uma análise etimológica do hebraico e com os maiores hebraístas, ele chegou à conclusão que raquia, firmamento, não é algo sólido, é uma expansão, um espaço vazio. E aqui eu concordo com o John Walton. Então veja, até o John Walton admite que Raquia significa expansão. Eu estou com eh convencido que a melhor tradução de Raquia é Deus fez a expansão dos céus e não o firmamento dos céus, como se fosse realmente uma cúpula ali física. Tá bem? Ah, aqui era algumas coisas que eu queria mostrar para vocês da literatura. O tempo, infelizmente, já acabou. Mas eu quero terminar apenas com dois elementos aqui. Na palestra que eu dei no TDI, no ano passado, eu apresentei o estudo do Stephen Bold, eh, que eu achei muito interessante, onde ele mostra uma uma análise do uso dos verbos gregos, perdão, dos verbos hebraicos, quando é em poesia e quando é em prosa. É uma estatística. E quando a gente pega, por exemplo, os relatos da eh ou da criação ou da atuação de Deus, num texto poético, o comportamento dos verbos é diferente de quando Deus usa o mesmo relato numa prosa histórica. Então, por exemplo, quando você compara o relato do Gênesis com o cântico de Moisés pela passagem do Mar Vermelho, olha a diferença verbal do Gênesis, uma cúpula ali física. Tá bem? Ah, aqui era algumas coisas que eu queria mostrar para vocês da literatura. O tempo, infelizmente, já acabou, mas eu quero terminar apenas com dois elementos aqui. Na palestra que eu dei no TDI, no ano passado, eu apresentei o estudo do Stephen Bold, eh, que eu achei muito interessante, onde ele mostra uma uma análise do uso dos verbos gregos, perdão, dos verbos hebraicos, quando é em poesia e quando é em prosa. É uma estatística. E quando a gente pega, por exemplo, os relatos da eh ou da criação ou da atuação de Deus, num texto poético, o comportamento dos verbos é diferente de quando Deus usa o mesmo relato numa prosa histórica. Então, por exemplo, quando você compara o relato do Gênesis com o cântico de Moisés pela passagem do Mar Vermelho, olha a diferença verbal do Gênesis para o cântico de Moisés. Olha como os verbos aparecem e como aparecem no Gênesis. Você vê que o Gênesis tem uma característica mais próxima das prosas históricas do que dos relatos eh poéticos. Todos os relatos poéticos são esses que mostram a linha verde bem pequena e diminuta. E todos os relatos em prosa são aqueles que mostram a linha verde muito alta. Percebem? Então, Gênesis está mais próximo dos relatos em prosa, dos relatos históricos e não dos relatos poéticos da Bíblia Sagrada. Portanto, hoje quando eu vejo essa estrutura aqui, eu explico de uma maneira um tanto diferente. O firmamento aí para mim não é uma cúpula dour, é uma cúpula sólida de metal, mas é uma expansão do firmamento. Quando a Bíblia fala que o sol detém no céu, não é algo que Deus está declarando apenas para fazer ecoa ao mundo pagão, mas é apenas uma maneira de descrever a partir da observação humana. Porque até os cientistas mais renomados também falam de pôr do sol e nascer do sol. Ora, se um físico de Harvard pode falar de pôr do sol e nascer do sol, por que que o autor bíblico também não pode usar essa linguagem? Mas ele não está aqui falando que é uma certeza doutrinária que o sol roda em torno da Terra, tá certo? Eh, da mesma maneira quando a Bíblia fala do sheol, a Bíblia não dá nenhum conceito mitológico do Sheol. Olol é apenas a sepultura, é o que está ali embaixo. Tanto é que o próprio Jacó, quando ele sabe que José morreu, ele fala assim: “Eu vou descer com José para o cheol, para a sepultura”. Eh, outro detalhe, quando a Bíblia fala também do trono de Deus acima dos céus, não é no sentido dos pagãos. E para terminar aqui a minha palestra, eu queria apenas mostrar para vocês um tablete comforme que eu tenho aqui. Essa aqui é uma cópia de um tabletiforme antigo, que é a é o mais antigo poema de amor que nós encontramos. E esse tablete com nei com poema de amor, essa aqui é uma cópia, ele parece muito com o livro de Cantares. Parece muito com o livro de Cantares. Então, por um lado, estudar esse tablet pode me lançar luz sobre o contexto do livro de Cantares, mas eu não posso dizer que o livro de Cantares é apenas uma um produto dessa cultura. Não, eles podem dialogar, mas esse livro é superior. E sabe por quê? Traduz esse tablete aqui e joga essa tradução numa penitenciária de alta periculosidade, de alta de segurança máxima. Joga esse tablete na penitenciária. Quantos presos deixarão o mundo dos do crime, das drogas, da prostituição, porque leram esse poema de amor? Quantos presos se converterão porque leram esse poema de amor? Um, dois, não sei, talvez nenhum. Agora joga o livro de Cantares que tá nesse outro livro aqui e você vai ver quantos presos vão deixar o mundo da promiscuidade, das drogas, da violência e entregar a sua vida a Deus. Então, ainda que eu possa como arqueólogo, estudar os dois livros para que um lance luz sobre o contexto do outro, eu ainda tenho que entender que esse aqui é palavra de Deus. Esse não. Esse foi inspirado aos profetas. Esse foi apenas inspiração humana. Esse aqui foi Deus falando com sotaque humano. Esse aqui é apenas ser humano falando. Esse não é produto desse. Espero ter ajudado vocês eh com essas eh colocações e apresentar essa contribuição muito simples para esse importante encontro do design inteligente. Que Deus abençoe a cada um de vocês. Muito obrigado pelo carinho. Eu conto com a oração de todos. Um grande abraço.