Até onde Putin está disposto a ir?
0Caros amigos, bem-vindos a mais um episódio de hoje no mundo militar. Neste vídeo falaremos sobre o caminho percorrido por Putin, 10 de uma Rússia em ruínas no final dos anos 90, até a criação de um regime que, à primeira vista trouxe estabilidade à nação, mas agora sob pressão de uma guerra da qual não sabe como sair, até onde Putin está disposto a ir. A sua empresa pode estar Putin herdou uma Rússia em ruínas após a queda da União Soviética, marcada pela corrupção e pela instabilidade, com o seu primeiro grande feito envolvendo amarrar os oligarcas ao poder do Estado, garantindo um controle político sólido. Além disso, ele promoveu um crescimento econômico que beneficiou a classe média russa, alimentando o desejo de estabilidade e prosperidade. Mas com o tempo ele foi minando o que ainda restava de democracia na Rússia, apostando na manutenção de uma ordem firmemente controlada apenas por ele. estabilidade interna que Putin cultivou com o apoio da repressão política e da criação de um estado de bem-estar para maioria dos russos se tornou um trunfo. Mas toda essa estabilidade tem um preço, um controle rígido sobre as liberdades individuais, a criminalização da oposição e o silenciamento daqueles que ousam discordar, seja por meios legais ou pela força. Desde muito cedo, Putin deixou claro que o seu objetivo era restaurar a Rússia ao status de grande potência global. Ele se via como restaurador da glória russa, afirmando publicamente que o colapso da União Soviética foi uma grande tragédia. Em sua visão, a Rússia deveria retomar o que havia perdido, expandindo a sua influência e poder, principalmente na região pós-soviética. O ponto culminante dessa estratégia foi a invasão da Jorgia em 2008, a anexação da Crimeia em 2014 e o início do apoio e financiamento da guerra separatista ucraniana em Donbas. Essa postura agressiva não se limitou à região, com Putin demonstrando a disposição da Rússia em se envolver em guerras no Oriente Médio, como na Síria, onde a Rússia a partir de 2014 apoiou diretamente o regime de baixar Alassad contra a oposição, enviando quase 5.000 soldados e dezenas de aviões. No entanto, a busca por essa grandeza trouxe consigo um grande risco, a super exposição da Rússia, que não tem a capacidade de sustentar todos os seus desafios ao mesmo tempo. O grande dilema de Putin começou a se manifestar claramente na guerra contra a Ucrânia, o que era para ser uma operação rápida e decisiva se transformou em um conflito muito prolongado que já se estende por mais de 3 anos e meio, com consequências econômicas e sociais que estão sendo devastadoras para a Rússia. Desde a invasão em fevereiro de 2022, a guerra estagnou em grande parte, contrariando as expectativas iniciais do Kremelin. E apesar dos russos continuarem avançando em algumas áreas, esse avanço é terrivelmente lento e só ocorre a custa de pesadíssimas baixas. Além disso, grande parte das regiões ocupadas pela Rússia na Ucrânia não são viáveis como colônias produtivas, já que as cidades e toda a infraestrutura local, como agricultura, indústria, pontes e ferrovias foram destruídas pela própria Rússia no seu avanço pela região. A crise de liderança que Putin enfrenta na Ucrânia é acentuada por uma série de fatores, começando pela crescente resistência ucraniana e a forte mobilização de apoio internacional, especialmente agora por parte dos Estados Unidos. Putin tem sacrificado vastos recursos humanos e econômicos para sustentar essa guerra. Mas o impacto dessa escolha está se tornando cada vez mais pesado. A economia russa, que por um tempo experimentou um crescimento modesto, entrou em um ciclo de estagnação, com as sanções impostas pelo Ocidente e a perda de acesso aos mercados europeus, piorando ainda mais a situação. A inflação está em alta, a produção está praticamente toda focada em itens militares e o comércio com os países ocidentais diminuiu drasticamente. Enquanto a Rússia se torna mais dependente da China para recursos essenciais e tecnologias, a relação com Pekim não é tão vantajosa quanto Putin gostaria que fosse. China, apesar de disposta a ajudar em alguns aspectos, tem sido cuidadosa com seus investimentos e no fornecimento de tecnologia crítica, com Peekim temendo atrair ainda mais sanções em um momento em que as relações comerciais com os Estados Unidos estão bastante fragilizadas. Tudo isso tem mostrado que o equilíbrio de Putin, apesar de aparentemente estável, é mais frágil do que parece. Uma vitória rápida na Ucrânia teria sido um grande impulso para sua popularidade e para a consolidação do seu regime. Mas a guerra, que já consome grande parte dos recursos nacionais, com cerca de 40% do orçamento da Rússia destinada ao conflito, está criando um descontentamento crescente entre os militares, especialmente entre os soldados e veteranos, que se sentem exaustos e desiludidos. Além disso, a elite russa, que sempre se mostrou leal ao Kremelin, começa a se questionar se vale a pena continuar sustentando um conflito tão desgastante, com o crescente aumento no número de casos de suicídios estranhos entre os oligarcas, confirmando essas tensões entre o Kremlin e a oligarquia, Putin ainda mantém total liderança sobre as forças armadas e a infraestrutura de segurança, mas ele sabe que a resistência a guerra dentro da Rússia pode se intensificar, principalmente se os custos do conflito continuarem aumentando. Putin sabe que pequenas vitórias, como a conquista da maior parte de Shazi Viar, uma cidade que antes da guerra tinha 12.000 habitantes e que levou 16 meses para ser ocupada, a um custo estimado em cerca de 50.000 e os soldados mortos e feridos não são suficientes para apaziguar os ânimos da sociedade russa, que após 3 anos e meio está mostrando claros sinais de impaciência e cansaço. A exaustão interna pode ser o catalisador para uma mudança com grupos de poder dentro da elite política e militar, começando a contestar a necessidade de continuar a guerra. Se o descontentamento não for controlado, Putin poderá ser forçado a adotar medidas ainda mais duras de repressão e, apesar disso, garantir um aumento imediato no controle sobre a sociedade russa, poderá, no médio e longo prazo, alimentar ainda mais o descontentamento interno, incentivando dissidências descontentes com a repressão interna e a guerra cada vez mais cara. Esse cenário pode conduzir a um regime de guerra total, com ainda mais fatias do orçamento orientados para a guerra e com a sociedade e a economia totalmente militarizadas e com a população sendo forçada a apoiar a guerra de forma irreversível. No entanto, essa escolha representaria um ponto de não retorno. Uma guerra total não só arrastaria a Rússia ainda mais para o conflito, mas também resultaria em um regime ainda mais autoritário e com repressões implacáveis contra qualquer forma de oposição interna ou externa, com a perspectiva de uma vitória rápida na Ucrânia definitivamente afastada e com a Rússia se limitando a pequenos ganhos, ao fim de meses de batalhas e ao custo de dezenas de milhares de baixas. e com o Ocidente cada vez mais unido em torno da defesa ucraniana, com especial destaque para os Estados Unidos e com Trump ameaçando avançar com ainda mais sanções contra a Rússia e contra os países que ainda a apoiam. As perspectivas futuras para Putin são limitadas e muitas conduzem para cenários de ainda mais guerra e ainda mais repressão, com o futuro da Rússia e da Ucrânia, dependendo da resposta para uma questão altamente importante, até onde Putin está disposto a ir.