ROSANGELA MONTEIRO FALA DA MORTE DA PRIMEIRA PERITA NEGRA DO BRASIL, E SUA MESTRE, MARIA DO ROSÁRIO

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21 de junho de 2025, São Paulo capital. Naquele começo de inverno, o mundo se despedia de Maria do Rosário. Mulher negra, de vida simples, conquistou espaços que antes eram reservados apenas para os homens. Maria do Rosário foi uma das peritas criminais pioneiras do Brasil. Quem conta sua história nessa homenagem é uma de suas maiores discípulas e também grande amiga, Rosâela Monteiro, diretamente de um dos endereços mais famosos do Brasil, de um dos principais cartões postais da cidade de São Paulo e com as transmissões feitas dos nossos estúdios Naveida Paulista. Eu sou Beto Ribeiro e eu pergunto: “Que crime é esse?” Olá, sejamos todos muito bem-vindos. Por favor, não deixe de se inscrever, curtir, compartilhar, ligar sininho. Marque nas suas mídias sociais. Os marqu a todos nas mídias sociais. Se puder, seja membro. Se não puder, tá tudo certo. Daí você venha comigo até o final, deixe conhecer e quem vai nos contar o conhecimento todo dessa biografia de uma mulher imensa que o Brasil teve o privilégio de ter como perita, vai ser a Rosângela Monteiro. A gente faz sempre aqui no canal Biografias Cometadas, fiz da MN House, da Beatriz Egal, do de várias outras personalidades e nada mais justo a gente eh trazer essa esse essa mesma medalha para pessoas próximas. A gente teve o privilégio de ter como uma das pessoas que torceu muito pelo canal a Maria do Rosário, uma das primeiras mulheres peritas do Brasil, mas com certeza acho difícil não ser a primeira mulher preta perita no Brasil. É, eu tive prazer de estar com ela umas duas, três vezes, mas ela é uma das mentoras da nossa maior perita do Brasil hoje, que é a Rosângela Monteiro. Foi você que me apresentou, Maria do Rosário, e eu sei o carinho que você tem. E a gente tá fazendo isso porque, infelizmente, Maria do Rosário partiu agora durante o feriado de Cop, não foi isso? Foi exatamente dia 21 de junho. Foi dia dia 20, 19. Nossa, gente, eu perdi até o Foi dia 21 de junho. Dia 21 de junho de 2025. Ela faleceu dia 20, na sexta. E o velório, a despedida toda foi foi dia 21. Dia 21. Maria do Rosário, ela morreu com 88 anos. Ela ela teve uma vida inteira. É, nasceu em 1937, São Paulo mesmo. São Paulo. E eu achei ela tão e é maravilhoso porque ela aos 88 anos, as minhas últimas conversas com ela como se ela tivesse 20, né? Ela tem uma, ela tinha uma clareza. Sim. Ela contava muito boas histórias. Quem é a Maria do Rosário? O que que você pode me contar sobre ela para todo mundo conhecer? Então, Beto, eh, logo que eu entrei no instituto, eu não tinha conhecimento de quem era a Maria. Eu não tinha nem visto a Marinha, porque ela sempre trabalhou em outras áreas, né, da da perícia. E é o que eu falei pro pessoal, ela quando nós nos encontramos, ela gostou de mim de graça. Sabe uma coisa que você chega na pessoa assim, bateu, não precisa nada. Mais ou menos como a gente mesmo. Bateu, ficou bateu, fou, né? Mas sem nada. Mas ela já era uma senhora, né? E eu era ainda tava lá. Quantos anos você convivu com ela assim, trabalhando? a de 90, da década de 90 até agora, eu eh ela, eu nós ficamos num período convivendo, é, convivendo, trabalhando, não mesmo setor, porque na ocasião ela tava no crimes contra o patrimônio. Eu, a maior parte da minha vida, eu fiquei em crimes contra o contra a pessoa. Então, são perícias diferentes. Mas a Maria, ela atuou como perita em acidente de trânsito, eh, documentos copiar as especialidades dela e crimes contra e crimes contra o patrimônio. Então, claro, os trabalhos dela muito bons, todos, né, reconhecidos, tal, mas a Maria, ela teve um papel importante na criminalística politicamente, Beto, justamente pela personalidade dela, pelo conhecimento que ela tinha da vida. né, por tudo que ela passou e por tudo que ela viveu na vida dela. Ela tinha um conhecimento assim impressionante e as formações dela, né, ela é uma mulher que era enfermeira padrão, depois ela fez o curso de direito, né? Ela saiu da enfermagem direto pra perícia. Ela fez concurso, ela não começou em carreira nenhuma. Ah, era escrivana, não, ela foi direto pra perícia. O que já é bem diferente, porque se a gente contar isso na década de 70, pouquíssimas pessoas eh sabiam o que era a perícia. Hoje tá, todo mundo sabe, principalmente depois do caso Isabela, todo mundo fala em vestígio, coletar, tá na boca de todo mundo, né? Mas você imagina isso na década de 70 para uma mulher e preta, como você falou, né? Mas a Maria, ela tinha um diferencial em tudo. Ela soube aproveitar todas as oportunidades que surgiram na vida dela. Ela veio de uma família humilde, uma família extremamente assim batalhadora. Ela que teve o exemplo da mãe, dos pais, né, da da mãe e do pai, os irmãos. E eu tive a oportunidade de conhecer os sobrinhos, o filho dela e sobrinho Neto é uma família enorme, mas todos assim muito com essa característica que puxaram da Maria, né? E assim, uma presença de espírito impressionante. Era impossível você ficar do lado dela e não dar umas boas risadas. Ela tinha umas tiradas ótimas, Beto, ótimas sempre. Eu já conheci ela já uma uma senhora, devia ter mais de 50 anos e até o último dia que ela foi, que nós nos encontramos, que ela foi em casa. Sim, exatamente o que eu tava falando na sua casa. Eu ri muito com ela. Não, ela é muito, ela é muito, ela tinha, ela era muito irônica no bom sentido. Ela tinha um espírito muito divertido. Divertido, muito atenta. Sim. Então isso é muito importante politicamente. Ela tinha um conhecimento e assim era um conhecimento que não era da perícia, ela conhecia pessoas, né, políticos muito importantes. Ela aprendeu isso com, sabe, na parte política, que é uma coisa que nos falta ainda e que é importantíssimo pra perícia pr pra polícia técnico científica. Infelizmente, eu digo, infelizmente, como brasileiro e como cidadão, e é o meu direito de achar isso, eu acho ruim a polícia ser ligada a política, porque nem sempre as pessoas que estão eh nos como chefes da daquelas cadeiras são as melhores pessoas indicadas. Então, eh, e e jogo político é importante para que a própria eh eh polícia técnica científica consiga ter equipamento, orçamento, tudo mais, né? Que difícil. Nós não podemos tomar partido em política porque o nosso patrão, gente, é o governo, é o governador. Se o governador é de, sei lá, de tal partido, do outro para nós, eu não posso tomar partido porque daqui a pouco muda. Então não se faz politicagem. Mas assim, nos bastidores, principalmente durante os congressos, tal, e junto à Câmara do desde da da Assembleia Legislativa aqui em São Paulo, Congresso, Senado, a gente tem uma série de de propostas de emenda à Constituição. Então, ela tinha um um nohal muito bom, extremamente perspicaz com relação a isso, sabe? política, esse jogo político, uma, sabe, ter cintura para isso, por exemplo, que é uma coisa que eu não tenho, descobri que eu não tenho, eu tive que começar, fui presidente de uma associação brasileira de criminalista para descobrir que eu não tenho jogo de cintura, não tenho. A Maria tinha, então ela sempre foi uma mentora entre cristais. Sim. E é assim para todo mundo. Então ela ficou conhecida nacionalmente. Não tem uma pessoa nesse país que viveu aquela aquela turbulência do final dos anos 80 com a nova Constituição. Ela entra quando na polícia? Ela entra na década de 70. Ela deve ter ela pega ali ainda ditadura e tudo mais. Pega, pega, pega. Nós estávamos ainda vinculados à Polícia Civil, subordinado. Não é vinculado, subordinados, né? Então ela entra numa época que era até diferente os concursos, você tinha que fazer o curso primeiro de criminalística, que era um curso ligado a Universidade de São Paulo aqui em São Paulo, e depois você tinha que pleitear a carreira ainda pra perícia. Ainda pra perícia. Então ela é desta turma. Depois da turma dela, eu acho que imediatamente já veio a turma, não, ainda não, veio a turma de 3 anos de perícia e só em 82 é que foi o primeiro concurso onde os peritos dos candidatos deveriam ter curso superior em outras áreas, né? Não tinha que fazer este curso de criminalística. Dr. Moraes também fez o curso de criminalística maravilhoso, maravilhoso. Era um curso superior da polícia ligado à Universidade de São Paulo. Então é um era, vocês imaginem como é que era esse curso de criminalístico. Você você aprendia a fazer perícia de bomba, de bomba a carrinho de nenê, eh sangue, você aprendia fazer tudo. O perío sair completo, né? um curso e depois no dia a dia você vai acabando se olhando especializando. É que você é como o médico, o médico quando ele termina a faculdade ele é clínico geral. Então é me falaram que hoje até mudou. Agora ele sai médico. Até agora para ser clínico geral tem que fazer residência de clínico geral. É que antes, pra minha época também saí clínica geral. Cl é era, era era o médico de família, era o clínico geral. Aí a residência que vai a especialidade te formar. Aí você vai ser ginecologista, cardiologista, tal. A perícia é a mesma coisa. Então, quando nós saímos da academia, você sai clínico geral, né? E aí você vai procurando atuar naquela área que você gosta mais. Mas assim, o papel da da Maria e por isso que ela ficou nacionalmente conhecida, né? Essa parte política, sempre acompanhando pelos peritos, para os peritos, sempre. Ela falou assim: “Olha, eu luto pelos peritos. Não importa se é daqui, se é de do Rio Grande do Norte, se é da Bahia. Ela era do lado dos peritos e ela enfrentava mesmo. E quando ela adotava alguém, aí sai de baixo. Ela te ajudou naquele teu evento da do assádio sexual, não ajudou? Foi ela, não é sexual. Foi ela. Foi ela. Por isso que eu te falo, conta para mim de novo, porque pode ser a primeira vez que alguém esteja vendo. Você se passou por um assal. Sim. E a Maria do Rosário peitou ali a chorar, né? Peitou, né? Ela pulou na frente. Ela foi naquele momento a única pessoa. E por isso que eu te falo, Beto, que ela gostou de mim de graça. Porque você imagina eu com 30 anos, sei lá, 20 e poucos anos, 30 anos, tendo que enfrentar uma barra dessa. Numa época que não existia a figura tipificação do assédio sexual. Então, não existia nem o que você teve que se buscar uma uma importunação, uma situação horrível que eu tava passando. Justamente no momento que eu tava entrando na política. de classe, entendeu? Foi no momento associação e tudo mais. É, eu já tava na associação dos peritos, não, eu estava no sindicato dos peritos criminais aqui do estado de São Paulo, eh conhecendo, começando a frequentar, entender qual a importância da política pra categoria, porque veja só, nós não podemos ficar tomando partido, mas nós dependemos de vontade política. Então, como que você para conseguir emplacar um projeto, conseguir melhores condições, conseguir uma maleta, conseguir recurso, conseguir treinamento, você precisa de vontade política e aí você fala: “Não, política não vou”. Olha que complicado. Entendo, política. Eu estava aprendendo a fazer isso. Foi bem no começo, década de 90, e foi tudo junto. E aí apareceu essa figura, né, de um de um delegado que foi diretor. E aí começou toda a história durante um ano. Foi um delegado que foi diretor, diretor do Instituto de Criminalist do núcleo, não, do Instituto de Criminalist. Instituto que seria hoje superintendente, não seria o diretor do Instituto de Criminalística. Acima dele havia um departamento, não existia superintendência, era departamento de polícia científica, era um delegado também. E acima dele o delegado geral. Entendi. E daí o secretário, porque tinha esse delegado, esse é de perícia e tinha um outro do do de médico de legista. É isso o DPC, esse departamento de polícia científica, ele englobava englobava Instituto Médico Legal e Instituto de Criminalística, tá? Então era um delegado de polícia, só que no IML, né, pela força da categoria dos médicos, ali nunca entrou ninguém médica delegado, tinha que ser médico mesmo. Agora nós é uma colxa de retalhos, né? Tem lá fisioterapeuta, psicólogo, médico, dentista, engenheiro. Então para você uma boa perícia você ter seus olhares distintos, né? Todos. Eu acho que nós temos que ter profissionais formados em todas as áreas de conhecimento. E eu tava justamente, eu tava naquele meio, era, eu tava conhecendo a política, a importância disso. Eu já estava na no sindicato e, eh, eh, organizando um congresso que foi o congresso de criminalística aqui de 1997, que foi aqui em São Paulo organizando o congresso. Só teve só tiveram acho que dois congressos ou três. Eh, só houve teve mais, Dr. Não, teve um em 47, depois teve um em 87, 1947.7. E bom, eu não me lembro, eu sei que era um dos Não, não, porque a cada dois anos esse concurso, esse congresso, ele deve estar numa capital aqui, uma cidade do Brasil. E aí em São Paulo foi escolhido para ser o próximo. Então eu tava organizando, eh, eu estava organizando porque nessa ocasião eu era vice-presidente da Associação Brasileira de Criminalística. Então quando você tá no meio da política, você precisa ter gente com conhecimento de política, porque a coisa não é fácil. Então a Maria já começou daí, né? Eu já tinha um contato mais ou menos. Aí aconteceu a história do assédio. Eh, e especificamente uma situação é que eu era obrigada a chegar todos os dias 7 horas da manhã no instituto. Ninguém chegava esse horário lá. Eu não se o pessoal que tava entrando de plantão, mas acho que era às 8 o plantão. Então eu tinha que chegar muito cedo, 6:30, 7 horas. Eu era obrigada. E toda vez esse indivíduo, como eu tava sozinha, ele ia lá na sala. Até o fato de você chegar mais cedo já era. Ele mandava você chegar mais cedo para que o ambiente estivesse vazio e ele pudesse agir. Ele pudesse agir. Exatamente. Então era um negócio extremamente constrangedor. E acho que um dia ela me viu meio perturbada. Eu tava no corredor porque eu ia muito lá no núcleo do patrimônio. Tinha amigos muito muito legais lá. O diretor era bacana, tinha os peritos, o o ô meu Deus, o Adriano, o Dirceu. E eu tava aprendendo a mexer em computador com eles, porque a gente nem tinha isso. Era, era isso, gente, que tempo jurássico. Vocês não tm noção. Que que é isso? 1990 nós não tínhamos computador no institut computador em 94, 93, 94, quando a produtora que eu trabalhava tinha um computador na sala da minha coordenadora e eu pedia para ela se eu podia chegar à 6 horas da manhã para eu ficar mexendo. E ela confiava em mim e deixou. É assim que eu aprendi a mexer, porque não era fácil você comprar um computador era muito caro, não dava para você ter um computador. Hoje todo mundo tem um computador, joga fora. A gente para conseguir era aquelas CPU, gente, não tinha mouse não. Pior de tudo que assim, até fui errado, eu fui fazer isso quando chegou o mouse, o Windows, não sei que lá. Só que antes eu trabalhava no DOS, né? O DOS era mais que o meu irmão gentilmente, né? Quando ele descartou o DOS, ele falou: “Roso, você quer um computador?” Eu falei: “Bom, eu tenho que aprender a mexer com isso.” Então eu fazia no dos e a gente fazia era a máquina de escrever, né? Com carbono. Com carbono. Eu fazia também carbono. Eu eu assim tirei 10, viu? Meu diploma é 10 em da tilografia. Não, eu sei precisar tilografar com quatro, seis, mas eu sei se que aquilo era um curso para você mais jovem, mas na minha época você tem um diploma de datilografia nossa senhora. Então eu falei: “Não, eu preciso correr atrás desse diploma”. E aí ele te forçava chegar cedo para para atuar. Para atuar. Então o que que acontecia? Eu ia muito a esse núcleo porque eu tava aprendendo justamente a mexer no Windows, tal e a Maria tava lá e ela viu um dia que eu tava muito perturbada, eu falei: “Ah, contei para ela, sabe? Senti ali um momento, era uma mulher e eu já tinha ouvido falar muito dela, já tinha visto ela em alguns locais, alguns lugares lá de assembleia, essas coisas todas, essa luta toda que a gente tava lá. E aí me abri, falei com ela. A partir desse momento, tu sabe, nós nunca tinha tínhamos tido uma conversa assim de falar: “Ah, quem é você? Você é casado? Quantos anos você tem? Você tem filho, o que tá acontecendo?” Nada. Eu não sabia nada da vida pessoal da Maria, nem também muito da vida profissional. Ela simplesmente falou assim, ela estava de licença prêmio. São três meses que a gente pode ficar, é um prêmio que o governo te dá, se você não tem falta, uma série de coisas, eh, você pode ficar três meses, né, sem trabalhar e e volta depois normalmente. Ela tava de licença prêmio, então ela não tinha que estar lá. Ela não deveria fazer isso. Ela falou: “Eu venho aqui todos os dias, porque eu trabalhava todos os dias. Eu venho aqui ao instituto todos os dias. Eu vou estar aqui às 7 da manhã para esperá-lo com você. E ela vinha perto. Ô meu amor. É, é. Obrigado. Obrigado. Ela chegava. Desculpa porque não desculpa do quê? Ela chegava. Eu fiz até uma maquiagem hoje mais duradora, porque eu falei assim, eu não vou conseguir ficar sem chorar falando dela. Ela chegava a mãozinha para mim, o meu amor às 7 da manhã. Ela tava lá todos os dias, Beto, todos os dias. Então, quando ele chegava, era muito engraçado, porque ele tinha um receio dela, ele já conhecia, porque ele era um delegado já mais antigo, então ele já sabia que era Maria do Rosário porque ela já tinha dado dado umas peitada nele em outras situações, era conhecido. Então, quando ele chegava e dava de cara com ele, ele disfarçava, falava assim: “Ah, Dra. Maria, a senhora por aqui, pá, pá, pá.” E op, escorregava. E isso aí fui levando, claro, porque a a recomendação que eles passam para você quando uma mulher numa situação dessa naquela época era assim: “Olha, faz que você não entende”, sabe? Você dá um sorriso e sai para lá. Mas qual o problema? Qual o problema? Entendeu? Não, não, não. Ele só quer passear com você porque você é uma moça bonita, tal. Ele gosta de passear com você pelo instituto do teu lado, porque ela ele se sente, entendeu, valorizado. É uma moça bonita do lado. Então você faz esse papel aí, né? você não precisa chegar aí, né? E mulheres falavam isso para você, né? Mulher, mulher. Então assim, ah, leva na brincadeira, tal, tal. Bom, enfim, até que chegou o dia fatído, que realmente ele expôs o órgão sexual e foi ela que viu, porque o instituto tem uns corredores muito grandes, gente, enormes. É mesmo prédio, né? Eu chegava sim, um botantã. Eu chegava, como eu chegava muito cedo, eu abria todas as salas e eu estava andando e ela vinha vindo na minha direção. Isso aqui eu não esqueço nunca. Ela vinha na minha direção e ela passou por mim muito brava, entendeu? Quando eu me virei que eu vi, né, deu tava com baduguedo para fora com badulque, é de fora. Quer dizer, não ia acontecer nada também, porque aquilo tava lamentável. Desculpa, mas aí eu falei que um negócio ridículo, mas é o fim do mundo, perto dentro de um instituto entendeu? E ela partiu para cima dele e aí a coisa estourou porque eu falei: “Eu não, eu não tenho mais condição, né? ou isso aqui eu não sei o que vai acontecer, mas eu não posso ficar mais nessa situação. Se eu sair da perícia, ok, o que que eu vou fazer? Ah, batalhei tanto para entrar, estudei com filho no colo, aquela coisa toda, mas eu não vou me submeter mais a isso. Eu também não vou ficar brincando de que não tô vendo nada. Então a Maria foi muito importante nesse período, porque ela ficou do meu lado, porque a coisa depois engrossou, né? Isso aí quando você dentro da polícia vai brigar com o indivíduo que tem mais força, aí a coisa, né? Você foi ainda mais penalizada. Foi. Agora você não vai chegar às 6 da manhã vai chegar às 4 da manhã. Não. Aí assim deu uma reviravolta que eh foi destituído. Nós não tivemos nem mais eh delegado como diretor do instituto. Ninguém queria assumir mais. Falou: “Pô, aquilo é uma encrenca, né?” E eu virei o papel da mulher encrenqueira. Mas o que mais me não ligo, não ligo também para isso, mas o que mais chamou atenção nessa situação é que as próprias colegas se viraram. Colegas, sabe? Ficaram eh a meu desfavor. Chegaram até fazer um documento. O que não pode, Beto. Fizeram até um documento pro secretário de segurança falando: “Não, ela sabe, quer dizer, ele tava há um ano lá, eu já tava praticamente a 10. E a Maria do Rosário ficou ela, e além de tudo, ela foi uma testemunha importantíssima porque ela já era uma mulher muito respeitada. Sim, sim. E ela permaneceu comigo o tempo todo. E aí, gente, superei isso. Claro que não foi fácil, porque quando você compra uma briga dessa, eu não sei nem hoje como é que tá, tá melhor, mas mesmo assim é que a gente tem uma série de recursos que nós não tínhamos na ocasião. Você não podia gravar isso aí, gente. Era coisa, né, que nem nós no instituto. Hoje tem até lugares para você recorrer em RHs e tudo mais, acredito. Ainda tem compura, né? Porque assédio sexual, gente, é eh é a importunação sexual dentro de um ambiente de trabalho em geral, que é hierarquicamente acima te oprime, né? Te subjulga pelo cargo que ele tem a você. Então, eh, não eram só as propostas, né, sexuais, era humilhação também, né, falar para eu lavar viatura, tal. Então, quando eu enfrentava isso, que era muito difícil, eu chorava, mas eu continuava, entendeu? Porque eu sempre fui chorona mesmo, eu me emociono, mas isso não é sinal de fraqueza não, viu gente? Eu posso estar chorando, mas eu vou para cima. Eu falei: “Não, as pessoas acham que o fato de você chorar, né?” e ela sempre do meu lado. E tive oportunidade nesse mesmo período dela inclusive ajudar outras pessoas que estavam sendo também assediadas. Não era só eu. Ótimo. E ela junto, né, com essas pessoas e me acompanhou o tempo todo. E a partir daí, Beto, nós sempre estivemos juntas e eu pude acompanhar toda essa força que ela tinha política. E tanto que ela como outros colegas também mais antigos que eu conheci, que estavam juntos, que já conheciam a Maria de muito tempo, né? Eh, a importância dela no cenário da criminalística nacional, nas questões políticas, entendeu? Não tem uma pessoa que que não conheça, né, a Maria e o que ela fez, né, pela pela classe. Quando ela sai, quando ela se aposenta, olha, ela eh ela conseguiu eh restaurar a associação eh paulista de de peritos criminais, porque tinha um sindicato e associação. Ela virou presidente dessa associação. Então isso foi importante também ter uma entidade de classe por trás para ajudar não só a mim, mas outras pessoas também, né? E promover eventos. Eu fiz muitos eventos com o apoio, né, da associação cuja presidente era Maria. Então não é só a parte política, né? eu como presidente da da ABC e mesmo depois que já tinha saído, né, da presidência da da ABC, eh, a Maria foi muito importante, a associação foi importante para que nós fizéssemos cursos especializados em todas as áreas, não só em crimes contra pessoa. Então, foi muito importante. E a amiga pessoal que virou, que eu falei que ela é minha mãe, minha irmã, ela entrou em na década de 70 quando você ainda o racismo não era crime. O racismo vira crime só na constituinte de 88, de 1988. Ela contou para você ou você viu ou você percebia eh e como ela lidava com o racismo e ela tinha várias coisas. Ela ela sofria misogenia, com certeza, porque mulher, certo? Mulher, claro. E e preta. É como que o que que ela te contava, o que que você viu e como ela se portava com tudo isso? Então, Beto, ela me contou muitas passagens e é óbvio, né? Porque eu já imaginei que isso acontecesse, porque o preconceito, gente, ele atinge todo mundo. Se eh em se tratando de mulher, Beto, eh você vai sofrer porque você é preta, porque você é branca, porque você é feia, porque você é bonita. Eh, não tem escapatória. Se você é bonita, então você é burra, que é muito que eu ouvia. Ah, mas ela par, ela tinha que ser aeromoça. Não estou desmerecendo a profissão, você entendeu, né? Mas sabe os estereótipos criados? Ah, tem que ser secretária. Principalmente, principalmente naquele momento do era secretária, era enfermeira, era era na verdade eh eh fantasias sexuais dos homens também. Claro. Aeromoa que você você era colocado não porque aeromoça é menos inteligente, é porque na fantasia sexual não cabe uma perita. É claro que não. Então uma cabe aeromosa, cabe toda aquela aqueles aqueles estereótipos que até hoje se carrega um pouco e é horrível. a secretária, uma mulher secretária, eh eh sentar no colo do patrão era quase uma equação. Quantas mulheres que apenas eram secretárias e queriam ser exercer uma profissão tão importante, elas tinham eramigmatizadas até pelo próprio crachá que elas carregavam, né? E eu recebi inúmeras propostas em função disso para ser secretária de fulano, de belrano. Eu falei: “Mas eu não fiz concurso para ser secretária, eu quero ser perita”. E e um uma coisa interessante, Beto, eh, você ser perita criminal e chefe de equipe, chefeando homens. Quando eu entrei, a equipe que trabalhava com todas de homens, ela chefeou também a Maria do Rosário. Ela deve ter também tido problemas pela cor dela, por ela ser preta, por ser mulher mais ainda. Mulher, pelo fato de ser preta. Mulher que ela já entrou bem antes, né, do que eu e preto. Ela tem, ela tem um um componente a mais, né, a classe social. É porque uma uma coisa que é interessante que ela me contou exclusive na casa que você falou a a tem uma casa aqui na Avenida Paulista na na Peixoto, na padre João Manuel com Alameda Santos, que é um restaurante chamado Gulagula, é um restaurante carioca que tem a sua versão aqui em São Paulo, sua filial. E é uma casa muito bonita, é um casarão muito bonito que vocês que gostam de True Crime já devem ter ouvido falar da mulher da casa abandonada. Muita gente coloca a mulher da casa abandonada como ela morando numa mansão. Não, não morava numa mansão. A mulher da casa abandonada mora num sobradão. Sobradão em Genópolis. Essa mulher da casa abandonada, a Margarida, ela tinha uma tia que até aparece no podcast do Chico Felipe, uma tia que morava num palacete na Avenida Paulista, que não é é uma mansão, mas vamos chamar de palacete. É essa casa da do gulagula, é esse palacete da tia da Margarida. Dos tios da Margarida. Dos ti que Quem que morava nessa casa? A Maria do Rosário, Rosário, em função da família da Maria do Rosário, ela vinha de uma classe social mais baixa e a mãe dela era era empregada doméstica nesse palacete. Foi, nesse palacete, eh, na verdade dos avós da Margarida, né, da Guida. Então, eh, a Maria, aí é o que acontecia mesmo, a, a dona Blandi, né, que a Maria fala com muito carinho todos eles, não, ela já tinha falecido, mas eu conheci outras irmãs, sim, a casa a Sim, funcionando. E então o que aconteceu? Era óbvio que isso acontecia mesmo, né, gente? Então, a dona Blandina eh começou a puxar os filhos para também trabalharem na casa. E a Maria foi uma delas, né, com as outras irmãs. Nós temos aí uma passagem interessante que quando veio o papa aqui, eh, a irmã da Maria do Rosário, ela era uma doceira de mão cheia. Ela fez os doces todos pro Papa recentemente, viu, gente? Ela já tava com idade bem doce. João Paulo I, esse ou pro Francisco ou o anterior? João Paulo I. Não, não foi Bento Mas ele veio para Brasil. Não, não, não, não. João 23. Não, gente, foi João Paulo I. Aí veio, veio Bento. É o Rating. Rating. É o Bento. O papa Bento. Ele veio pro Brasil, depois veio Francisco. Não é o Francisco, é aquele que veio antes. É o alemãozão. Aí ele, a irmã da Maria que fez toda aquela mesa maravilhosa de doces, tal. Ela já era, já tava com idade, mas ela era uma doceira. Então todos eles, gente, se encaixavam em alguma função. E o interessante da Maria é que um dos uma das filhas deste casal, né, que era quatro centão, é aqueles quatro centões, milionário, quatro centão, português, né, aqui de São Paulo, é que é a base da sociedade São Paulo. Depois vieram os imigrantes, tal, mas, né, os portugueses. Eh, uma das filhas se encantou pela Maria, então falou assim: “Eu quero ser madrinha”. dela, eu vou ser madrinha dessa menininha. E tinha outras irmãs da Maria e todas elas ajudavam quando tinha festa lá na casa da Margarida. Então ela ela viu a Margarida crescer. Ela viu a Margarida crescer e ela conheceu inclusive a empregada doméstica que vai com a Margarida, que esqueci o nome dela agora, acho que nem citado. Ela vai com, ela conheceu, ela viu essa menina trabalhando no palacete e na casa da Margarida. Tanto que a Maria do Rosário chegou a dar uma entrevista, acho que na Record, se eu não me engano, contando esses esses detalhes sobre a mulher da casa abandonada. E ela até comenta, ela falou, ela era uma menina brilhante, ela fez. Exatamente. Naquela época, exatamente brilhante. E ela que na verdade foi convidada pela NASA, né? A Maria que que conta isso. Então ela viu essa menina crescer. Ela falou: “Desde pequena, ela era diferente. E aí essa madrinha ajudou muito. A Maria nesse aspecto de incentivar lá a estudar, ajudou e a Maria aproveitou. Por isso, gente, olha, você tem, por isso que ela faz essas duas faculdades, por isso que ela consegue fazer. ela teve ess ela ela vem uma base social mais baixa, mas eh ela consegue ter acesso graças a essa madrinha rica que ao invés de dar ela investiu no que a Maria poderia ter para sempre, que foi na educação. Exato. Que foi na educação e no conhecimento, né? Então, tudo isso de falar alemão, de falar outras línguas, de e aí foi a Maria aproveitou muito isso, ela se desenvolveu intelectualmente, se tornou se tornou total junto com a inteligência que já era dela, escorpiana, né, com ascendente escorpião. Eu sou escorpião, mas meu ascendente é leão. Mas ela é escorpião. Escorpião, por isso que a gente se dava bem também. E então ela aproveitou, Betto, porque era uma menina brilhante desde pequena. Minha madrinha viu isso, falou: “Opa, eu vou investir nessa menina”. Essa madrinha não casou. Quando eu conheci a Maria, a Maria estava na casa ainda, ela já tinha a casa dela. Essa palacete aí da Margarida, que a Margarida inclusive ganha uma parte da herança, uma parte da venda dessa casa. A Margarida ganhou, segundo o podcast do Chico Felipe, se não tiver errado, mas que a Margarida ela viveu nesse palacete. Quem quiser conhecer fica aqui na padre João Manuel com na Vida Paulista, um dos endereços mais famosos. A paz Manuel é um lá nasce na Paulista, ela não cruza a Paulista do lado direito ela e a casa é um casa é um palacete branco deslumbrante que virou um restaurante. Então você pode ir lá e o restaurante é bom. Não. E dá para concer porque eles preservaram muito bem. Agora eu conheci essa casa com a madrinha morando lá. Então o que aconteceu? Essa madrinha foi adoro ir lá almoçar com você que você fala Beto, aqui biblioteca com a Ros Maria do Rosário aquele dia foi fantástico ela contando como era o funcionamento daquele para exatamente então por quando eu conheci a Maria Saul isso. O palacete ainda estava habitado pela madrinha que já era idosa e a Maria cuidando dela. Ela só queria a Maria. Então para ela que até se eu não me engano, no podcast do da casa abandonada fala que ela era uma freira e a Maria Rosara para ela não era freira. Eles não tiveram filhos. Exato. A, o marido morreu e ela foi uma viúva. É, ela não era uma freira, ela era, é, não, não era freira, mas extremamente católica, extremamente religiosa, como toda a família, gente. Exatamente. Tá? Então, assim, muito religiosa. E a Maria também seguiu isso. A Maria também era muito religiosa do Rosário, cató, Maria do Rosário, né? Então, já havia via da mãe, tava tudo junto e misturado lá. E então é interessante, quando eu conheci a Maria, essa casa tava ativa ainda, essa madrinha estava lá e eu tive oportunidade de ir algumas vezes lá com a Maria, porque a Maria que coordenava tudo, desde a parte da, sabe, da comida, dos empregados todos que tinha lá e como companhia para essa madrinha, que ela só queria. Quem acompanhava era Maria, que tinha que ir ao médico, tinha que marcar, tinha que fazer, tinha, porque ela não aceitava outra pessoa e ela ficou até o fim. Aí quando essa madrinha faleceu, aí houve inventário, tal, e aí agora o restaurante, né? Maria chegou a a a a trabalhar. A Maria chegou a casar, ter filhos. Então, a Maria teve um relacionamento longo, né? Ela nunca foi muito de comentar a respeito disso. Então, até para preservar, eu nem vou citar, mas ela teve um relacionamento importante com uma pessoa muito importante, não teve filhos, mas ela adotou, que é o George, que tá homem feito agora, formado. Ela pegou esse menino e no que era antes da Febem, ela ia lá entregar presentes para as criancinhas, gente. Não é Febem, porque o Febem ele era o Febem também era meio orfanato também, né? Ele tinha de criancinhas até infratores separados, claro. Então tinha lá também acolhia os infratores, menores infratores, mas ele tinha uma parte de crianças. E ela contou para mim que numa dessas visitas ela fazia constantemente, levava brinquedo. Ela sempre fez isso, viu gente? Ela levava brinquedo e outras coisas. Lá veio um menininho correndo e grudou na perna dela. Falou: “Mãe, ai meu Deus!” E aí ela falou assim: “Mas como? Mãe, não, você é minha mãe, né? E ela falou: “Não posso, né? Como é que eu vou ficar agora com esse menino que ele me chama de mãe agarra na minha perna? Tenho que ficar com ele.” Adotou esse garoto. Agora é um homem feito, já é pai, né? Se casou até com uma francesa, tem o garo, o neto dela já tá. Então ela viu o neto dela crescer. Sim. Tá um adolescente agora. E eu conheci o o Jorge porque ela levava ele em tudo quanto era lugar, tá? Ah, vai ter congresso lá em Natal. tava ela e o Jorge, entendeu? Todo mundo conheceu, né? Porque ela levava o garoto. E aí, só voltando a pergunta pra gente finalizar, o racismo, ela conseguiu não baixar a cabeça, assim como ela peitou o seu assédio, ela peitou os racistas, peitou todas as expressões de racismo. Então eu tive oportunidade de ver algumas, né? E ela me contou muito, todo mundo sabia, entendeu? Mas ela não baixava a cabeça não, gente. Ela tinha um argumento, ela tinha uma retórica e esse sarcasmo dela sabe que era imbatível. O pessoal quando via Maria saía fora. Quando alguém começou com alguma coisa, ela foi em cima. Então é assim que tem que ser pontual, sabe? Pontual. Pá. Isso, gente, quando não tinha nada desse movimento que tem agora nem nada, era ela no instituto onde só tinha brancos, né? ela lá enfrentando todo tipo de preconceito, de comentários jocosos, de tripudiar em cima eh do fato dela ser preta, do fato ah, mas será que ela é tão inteligente, será que ela vai? Então ela me contou vários episódios e eu tive oportunidade, infelizmente, de ver muitos outros, mas não precisa pular na frente não, porque ela se virava muito bem e ela sempre enfrentou e aquela a boca de todo mundo e abriu as portas para muitas outras meninas. pretas ou mulheres, não importa, porque a Maria ela não tava preocupada só com isso. Ela ela tava preocupada com a perícia, com os peritos e com as mulher, como ela consegue vencer tudo. Ela não fala só com as mulheres, ela fala com os gays, ela fala com o os excluídos, ela fala com os tímidos. Ela quando uma mulher que com o nascedouro dela chegou onde ela chegou, ela é referência para todo mundo que nunca consegue se encontrar no dito normal. Normal. Exatamente. Então ela, a, a Maria, ela, ela tem essa, essa, essa ascendência boa para, para todo mundo. Se eu puder encontrar com ela amanhã um dia, que que você vai fazer? É uma pergunta que eu sempre faço. Nunca pensei de fazer essa pergunta. Não sei se ela me chamar de princesa. Então, Beto, ela te chamava de Ela falava para mim, ela falava assim, uma barria, mas como é que você fica me chamando de princesa? Ela quando ela veio, ela veio aqui no estúdio, tem uma live que ela aparece, ela virou para mim dis falou assim: “Cuida da minha princesa, hein” dela? Falou: “Da minha não, da nossa princesa”. Meu amor, muito obrigado. Deixa eu dar um beijo. A Maria deve est feliz demais de você. Ela ela ela me falou muito aqui aquele dia do orgulho que ela tinha de você. Ela falou muito do orgulho que ela tinha de você, do quanto, do quanto você era especial. Ela falou, ficou falando muito sobre você, eh, a vez que a primeira vez que eu que eu consegui conversar com ela de fato. Depois encontrei com ela na sua medalha. Ela, onde você estava para ser aplaudida? Ela foi no show do Milhão. Show do Milhão é bom, né? Ela foi na live do Milhão. Foi, na live, né? Isso. Na live do Milhão, gente. É onde você estava para ser aplaudida. Ela estava e ela estará no livro. No livro. Ela foi do livro. Não é o meu. Desculpa, Beto, que eu tava pesquisando aqui. Então, eu acho que a gente ia ficar, sabe? Eu ia olhar para ela e falar Mary Rose, que era como eu chamava ela, Mary Rose era princesa. E a gente ia se abraçar muito, não precisava falar nada. E não vai, né? Porque a gente, os bons a gente se encontra com para sempre e os maus também se encontram para sempre, mas não com a gente. Então é verdade, Beto. E eu acho que é isso. Eh, eu ainda tô muito emocionada, né, com relação a isso, porque eu me senti meio desamparada. É interessante porque a qualquer momento eu não preciso estar grudada com ela, gente. Não precisava estar o dia todo. Mas quando eu tinha qualquer tipo de dúvida ou sabe, qualquer coisa que tivesse acontecendo na minha vida, era eu ligava para ela e às vezes eu não precisava nem ligar. Ela ligava para mim: “Princesa, como é que você tá? Como é que tá o Morais? Sempre gostava de falar com ele, chamava ele de chefe, porque a gente chamava ele de chefe, né? Ele era o chefe, apesar de ser diretor, mas todo mundo chamava ele de chefe. E e ela sempre queria falar com ele e comigo, sempre queria saber se nós estávamos bem. E mas agora ficou até mais fácil de conversar. Você conversa com a hora que você quiser o tempo inteiro. Sim, converso. Isso daí é, eu sei que ela tá bem. Os nossos grandes amores, eles se tornam nossos grandes anos e para sempre. Foi, foi, foi. É uma grande mulher. Ela continua sendo sim para sempre o nome dela. E aqui fica o registro dela com todo o amor. Um beijo, Maria do Rosário. Beijo. Você tá aqui com a gente com certeza. E até daqui a pouco.

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