Quem é Ibrahim Traoré: o presidente mais procurado da África!

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Mesmo sendo um dos países mais pobres do mundo, ainda assim, Burkina Faso possui uma importância econômica estratégica enorme na África Ocidental, tudo graças às suas riquezas minerais. Nos últimos anos, o país se tornou um dos maiores produtores de ouro da África, o que atraiu, claro, várias mineradoras estrangeiras. Um dos grandes problemas do país é justamente o fato de que grande maioria do ouro não é utilizado em benefício local, algo que o líder Ibraim Traoré vem utilizando para justificar as suas ações. Considerado por uns um ditador e por outros um salvador, Ibraim Trauré vem se tornando cada vez mais uma figura de renome mundial. Por um lado, ele ajudou a melhorar a economia de Burkina Faso. Por outro, o país vive um período de repressão total. O número de ataques contra civis aumentou de 2023 para 2024, sendo que todos aqueles que ousam criticar o governo são obrigados a se alistarem no exército. Neste vídeo, você vai conhecer quem é esse presidente que vem fazendo aliados e inimigos ao redor do mundo todo e o que podemos esperar dele para o futuro. Antes de passarmos diretamente para o presidente Traoré, precisamos antes entender o contexto de Burkina Faso, que sempre foi um país marcado por instabilidade. Nos anos 80, antes de se chamar Burkina Faso, o país tinha outro nome, autovolta. A mudança de nome veio apenas quando o líder Sancara assumiu o comando, mudando tanto a dinâmica do poder local quanto o nome do país, o qual significa terra dos homens íntegros. No entanto, ele não foi capaz de manter a sua posição por muito tempo. Em 1987, o ditador Blaz Compa assassinou Sancara e assumiu ele próprio o país. Na época, todos sabiam que ele havia tido o apoio de grandes potências mundiais, as quais tinham interesse em explorar as riquezas minerais do país. A França é um desses países, inclusive sendo atualmente retratada por Trauré como um grande inimigo da nação. Blascoré ficou no poder de 1987 a 2014, quando saiu não por escolha própria, mas sim um outro golpe militar. Na ocasião, dessa vez, sim, o presidente Roch Caboré foi eleito democraticamente, ficando na presidência de 2015 até 2022. No entanto, mesmo que democraticamente o seu governo não agradou a população, a sua principal promessa de campanha era conter os ataques terroristas dos grupos ligados à Al-Qaida e ao Estado Islâmico. Infelizmente, uma realidade presente no país. Por se tratar de um país frágil, no qual o governo e o exército não possuem presença ativa nas regiões rurais, grupos terroristas acabam explorando a miséria e o abandono da população local para se expandirem. Ou seja, esses grupos não atacam Burkina Faso movidos apenas por ideologias, mas porque encontram na região um terreno fértil de miséria, raiva e abandono. Tanto a Al-Qaida quanto o Estado Islâmico não precisam invadir o país com tanques, apenas promessas, dinheiro e, principalmente o medo. Oscar Morea prometeu trazer segurança à sua população, pondo fim à violência cometida por grupos terroristas, algo que ele não foi capaz de realizar. Por ele ser ineficiente, tanto a população quanto, principalmente, o exército começaram a ficar insatisfeitos. E para piorar ainda mais, o governo dele também foi marcado por grandes casos de corrupção e má gestão. Não demorou muito para que ele também sofresse um golpe militar. Ainda não foi pelas mãos de Trauré, mas de Paul Hri Sandaogoiba, o qual assumiu o governo em janeiro de 2022 e deposto em setembro daquele mesmo ano. Quando assumiu o poder, Damiba chegou prometendo acabar com os ataques terroristas, mas não apenas falhou nessa missão, quanto também demonstrava não ter pulso firme para tomar as suas ações. Ele era acusado de se fechar na capital bem longe da linha de frente enquanto a guerra acontecia no país. Essas ações dele abriram caminho para agora sim o oficial militar Ibraim Traoré tomar o poder para si. Ao assumir o poder em setembro de 2022, Traoré chegou utilizando discursos inflamados, condenando o luxo, a corrupção e, principalmente, o imperialismo. Em seus discursos, ele dizia: “Gostaria de expressar a minha gratidão a todos os patriotas amantes da paz e da liberdade e panafricanistas que se reuniram ao redor do mundo para apoiar o nosso compromisso e a nossa visão de um novo Burkina Faso, uma nova África livre do imperialismo e do neocolonialismo.” Bem, imperialismo é o termo usado para quando um grande país utiliza do seu status político, militar e econômico para fazer valer os seus próprios interesses contra um país menor. Ao assumir o poder, a primeira ação tomada por Trauré foi cortar quaisquer relações que a França ainda tinha com o Burkinefaso. Quaisquer tropas francesas que ainda estavam no país foram expulsas, mas não apenas isso. Após expulsar os franceses do território, Traoré logo procurou outro grande aliado, os russos. Não demorou muito para que a embaixada russa fosse aberta no país, incluindo o envio de uma brigada paramilitar russa para ajudar Burkinafaso em sua guerra contra os grupos terroristas. Além disso, empresas russas como a Nargold também ganharam acesso à mineração local, consolidando a aliança entre os dois países. E falando nas mineradoras, Trauré tomou uma grande decisão em relação a elas, a nacionalização. Duas minas de ouro que antes pertenciam a empresas de Londres foram totalmente nacionalizadas e agora pertencem ao governo. Além disso, qualquer empresa estrangeira que atue no país é obrigada a ceder uma participação de 15% de suas operações locais ao governo. Essa regra também foi aplicada às empresas russas. Atualmente, a popularidade de Traoré no país atinge níveis altíssimos com historiadores, comparando até mesmo a Tiagevara. As palavras do historiador Eden Pereira Lopes da Silva. Como Tegevara era um símbolo para a América Latina inteira, ele também é um símbolo para aquela região. Ele se assenta numa legitimidade popular grande dentro do país, porque tem feito reformas e distribuído a renda de exploração mineral. Os militares reconhecem nele uma liderança importante. Parte da popularidade dele pode ser explicada pelo uso da mídia a seu favor, o que o torna extremamente popular entre os jovens. E falando em jovens, Trauré é um dos chefes de estado mais jovens do mundo, o que faz com que ele se conecte bem com a população jovem de Burquinafasa. Vale lembrar que a média de idade do país é de apenas 17 anos. Em contrapartida, quem não apoia Trauré nem um pouco é Emanuel Macron, o presidente francês. Macron acusa Trauré de ter transformado a França numa vilã, ao mesmo tempo em que buscou alianças com a Rússia e a China. Ibrahim Trauré é amado por uns e odiado por outros. Mas afinal de contas, quais foram os impactos reais dele no país desde que assumiu? A coisa melhorou ou piorou? Responder essa pergunta não é fácil, pois por um lado o país apresenta melhoras, enquanto por outros há pioras. Por exemplo, do ponto de vista econômico, o país realmente melhorou em alguns aspectos. A nacionalização de minas de ouro, bem como a proibição da exportação de ouro bruto com foco na industrialização local, realmente fez com que a economia melhorasse. Conforme dados do Banco Mundial, a taxa de pobreza extrema no país caiu em dois pontos percentuais, justamente pelo crescimento robusto dos setores de agricultura. Além disso, a quitação de parte da dívida interna e, principalmente, o corte no salário dos ministros foram ações vistas como positivas. Mas e quanto à segurança e, principalmente a luta contra as células terroristas? Bem, esse é o principal ponto de crítica ao governo de Traoré, pois a segurança piorou e a guerra continua. O número de massacres civis não apenas continua, como aumentou quando comparado com o período de 2023 a 2024. Atualmente, o exército segue lidando com os ataques terroristas, mas mesmo tendo recebido ajuda de tropas russas, ainda assim não consegue retomar o controle de grande parte do seu próprio território. Além da guerra travada, há também uma grande censura contra toda a imprensa. Todos os que criticam o governo abertamente acabam sofrendo as consequências. Em 2024, o médico Arauna Luré foi forçado a se alistar no exército e ir para a linha de frente na guerra contra células terroristas. Tudo porque ele vinha criticando Traoré abertamente em suas redes sociais. Não se trata de um caso isolado. Vários ativistas, jornalistas e líderes da oposição que são contra o governo atual acabam sendo recrutados pelo exército de maneira forçada. Vale lembrar que quando Traoré assumiu o poder, ele havia prometido que em julho de 2024 haveriam eleições democráticas no país. Assim que chegou a data prometida, ele não cumpriu a sua promessa, alegando que as eleições não seriam uma prioridade até que a guerra contra os terroristas chegasse ao fim. A luta de Burquina Faso contra os terroristas é legítima? Ela realmente existe, sendo este um problema que o país vem lhe dando há anos. No entanto, esse também vem sendo apontado como um pretexto que Ibraim Trauré encontrou para se manter no poder. O inimigo em comum que tanto ele quanto a população local poderão se unir para lutar contra. E todos aqueles que ousam criticá-lo irão se encontrar bem na linha de frente dessa guerra. E quanto a você, acha que Traoré será a salvação ou a perdição de Burquina Faso? Não deixe de comentar. Nós agradecemos muitíssimo a sua companhia, sempre muito especial. A gente se vê num próximo vídeo.

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