A Crise de Credibilidade da Globo

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No dia 07 de agosto de 2011 o 
programa Fantástico, veiculou uma reportagem sobre o tráfego aéreo brasileiro. 
A reportagem era sensacionalista e imprecisa, sugerindo que voar no Brasil seria inseguro.
Isso causou muita insatisfação, especialmente com o Comando da Aeronáutica, que divulgou 
uma nota de repúdio contra a reportagem. Na época, ficou só nisso, porque em 
2011 as pessoas não acessavam tanto as redes sociais como hoje. Por isso, 
pouco ou nada se falou sobre este caso. Em 2024 a coisa tá bem diferente, basta a Globo 
escorregar que a internet toda tá em cima. Hoje, a crise de reputação da 
Globo é óbvia e a confiança do público parece nunca ter sido tão baixa.
Por isso você deve ter se deparado com esses vídeos aqui, sobre a falência da Globo. Inclusive 
eu mesmo fiz um sobre o assunto lá em 2021. Mas, em 2023, a Globo contabilizou uma 
receita de 15,1 bilhões de reais e fechou o ano com um caixa sólido de 14,2 bilhões.
Em entrevista ao Valor, Paulo Marinho falou que a Globo está capitalizada e muito 
tranquila pra seguir com seus investimentos. O resultado financeiro da empresa em 2023 
foi o melhor desde 2018, antes da pandemia. Apesar da crise de confiança, suas finanças vão 
muito bem, e a empresa continua investindo em vários projetos pro futuro. Não como uma tentativa 
de se “salvar”, mas como diversificação de negócios, muito comum em conglomerados de mídia.
Então o que de fato tá acontecendo? A confiabilidade da emissora está cada vez mais 
em baixa, mas os números mostram que eles estão mais vivos do que nunca. Mesmo assim você não ouve 
absolutamente ninguém falar que ama a rede Globo. Então:
— De onde ainda vem a audiência e todo esse dinheiro da TV Globo?
– Como o que todos chamam de “crise na Globo”, na verdade, é o que está 
ajudando o grupo a se fortalecer? Dependendo da idade, você pode não se lembrar, mas o Brasil já foi um país em que ninguém 
se importava em saber em quem você votou; e o assunto principal no trabalho eram os últimos 
jogos dos principais rivais no futebol de cada estado e a proximidade com o final de semana.
Mas a grande polarização ideológica em que o Brasil, e o mundo vivem trouxe à tona 
fenômenos curiosos sobre o Grupo Globo. Eles são acusados de serem golpistas e 
comunistas ao mesmo tempo. Mas mesmo assim a emissora sempre manteve bons números no Ibope.
Porém, hoje, com as plataformas de streaming, tem pessoas que não assistem à Globo não 
por discordarem da emissora politicamente, mas porque podem escolher outra coisa diferente 
da programação daquele momento. Isso tudo foi escalando até a situação atual, que o Jornal 
Nacional quando bate 26 pontos de Ibope comemora, mas entre as décadas de 1970 e 
1980, oscilava entre 80 pontos! Isso sim escancara as dificuldades e 
transformações que a TV no geral está passando. E então chegamos em 2024, quando no RS vivemos 
uma crise absurda. Uma inundação tomou conta do estado, resultando em centenas de mortes, milhares 
de desabrigados e uma destruição sem precedentes. No sábado, dia 04 de maio, a situação já era 
terrível e se escalava para algo ainda pior, com o nível da água aumentando rapidamente, 
voluntários em barcos resgatando pessoas, muitos desaparecidos, abrigos sendo 
montados e toda uma operação era montada para esperar o pior desastre que o RS veria.
No mesmo dia, o JN enfureceu boa parte do Brasil. Não por não mencionar o acontecimento, 
mas pela maneira como encerrou o jornal. O jornal nacional fica por aqui, então, ótimo 
show pra você. Uma boa noite, bom final de semana. Estreado em 1969, o Jornal Nacional logo 
se consolidou como o principal do Brasil e ganhou a confiança dos brasileiros. Ele foi o 
primeiro telejornal do país transmitido em rede nacional e tinha a confiança de muitos.
A Globo tava bem, novelas e programas fazendo sucesso, audiência lá em 
cima e ainda tinha a confiança do público no “padrão Globo de qualidade”.
O Jornal Nacional já foi considerado a principal fonte de notícias de milhões de 
brasileiros, o que Cid Moreira ou Sérgio Chapelin dissessem nunca era contestado.
As pessoas não tinham como confirmar as informações que assistiam, simplesmente aceitavam 
que aquilo que tava na Rede Globo era verdade. Mas o advento da internet, e 
a democratização do acesso à informação abalaram o jornalismo tradicional.
Com isso, o público, que antes era refém de um número muito limitado de fontes, 
passou a poder ouvir uma infinidade de vozes e perspectivas diferentes.
As pessoas passaram a entender que nem tudo dito por determinado veículo era verdade, 
que todos eles contam a história segundo seu ponto de vista. E que, a maioria, da forma 
que mais lhe convém, defende seus interesses. As redes sociais se tornaram um campo de 
batalha pra confrontar a emissora por suas falas e posicionamentos problemáticos.
A queda de reputação foi brutal. O público se tornou cético, 
desconfiado e distante. No meio disso tudo, o famigerado PL da Globo 
começa ser pautado, aquele que colocaria uma alíquota nos serviços de streaming internacionais, 
como Netflix, mas isentaria a Globo, com o Globoplay, por que segundo o PL, marcas 
brasileiras como o serviço NOW da Net ou serviços da Globo e de seus canais convivem com ofertas 
de empresas globais como Netflix, Hulu ou Vimeo. Isso gerou um grande debate na sociedade, além 
de colocar o povo contra a Globo, e com razão, porque o PL claramente favorece a emissora.
Trocas presidenciais desde 2017 também fizeram com que as verbas para a Globo primeiro 
diminuíssem, mas depois aumentassem, a relação publico vs globo ficou cada vez mais 
abalada e por vezes agressiva, e honestamente, eu não quero entrar no assunto política, 
porque primeiro ele é bastante ideológico e depois por que não é o foco desse vídeo.
E o fantástico, no dia 05 de maio de 2024 não fez diferente do JN. Eles decidiram falar sobre a 
tragédia por 25 min no seu programa de 2h e 38min. 33 min foram dedicados ao show da Madonna.
As redes sociais foram invadidas com críticas pesadas à Globo.
Mas mesmo diante de uma crise de reputação tão grave, como o 
Grupo Globo pode estar longe de falir? Apesar de ter feito esse papelão com uma 
total falta de consideração pelo povo gaúcho, a Globo foi a emissora que teve os melhores 
índices de ibope na cobertura da tragédia do RS. Tragédia e a notícia ruim dão audiência.
Mas se nenhum dos lados, tanto esquerda quanto direita, gosta da emissora de TV, de 
onde vêm todos esses pontos no ibope? Bom, primeiro que a maioria das pessoas 
não está nem aí para a política no Brasil Outra: a Globo é uma espécie de “canal padrão” 
das televisões no Brasil. Por mais que Record, SBT e Band tenham ganhado espaço nos últimos 
tempos, a TV dos Marinho ainda é a emissora que as pessoas comuns confiam.
Ela está presente onde quer que seja noticiando os grandes acontecimentos 
mundiais sempre com enviados especiais, e como tem presença cativa na esmagadora maioria 
das casas brasileiras, as pessoas assistem. E como os tempos mudaram, e agora, em 2024, 84% 
dos lares brasileiros têm acesso à internet, temos centenas de milhares de criadores de 
conteúdo que conseguem fazer uma reportagem sem sair de casa sobre qualquer evento do mundo.
O “in loco” sempre foi o diferencial da Globo. Só que os enviados especiais que cruzavam o 
mundo pra cobrir um determinado acontecimento começaram a pesar no bolso da Globo.
Segundo Marcos Uchôa, ex-repórter da Globo que viajou para 115 países como enviado 
especial, a “época de ouro” do canal já passou. Hoje as empresas de comunicação têm saído menos 
das redações porque elas têm menos dinheiro. Quando antes o dinheiro da publicidade ia todo 
para a mídia tradicional, hoje esse dinheiro está dividido entre outras mídias, como Instagram, 
YouTube, Google, e isso reduziu o dinheiro de viagem para algumas coberturas.
Só que, quando a situação piorou, a Globo soube muito bem o que fazer.
A emissora levou bem ao pé da letra a frase “Se você não pode vencê-los, junte-se a eles”. 
Por isso o Globo Play, streaming da emissora, surgiu.A Globo, com certeza, não tem uma 
receita dependente apenas da TV aberta. E além do Globo Play, o Telecine Play e o 
Première são outros canais por assinatura que já fazem parte do catálogo da empresa.
Já faz cinco anos que o Grupo Globo deu início ao processo de reorganização da casa para se 
tornar uma “mediatech”, que junta conteúdo e tecnologia, apostando em diferentes plataformas.
Isso faz parte do projeto “Uma Só Globo”, lançado em 2023, que procura a unificação do grupo.
Essas mudanças foram algumas das que garantiram o bom desempenho em 2023. Paulo Marinho disse, 
recentemente, em uma entrevista ao Valor, que o caixa de pouco mais de 14 
bilhões da Globo é mais do que o suficiente pra seguir com os investimentos.
Um dos principais investimentos é a TV 3.0, que está prevista para chegar em 2025.
A TV 3.0 promete trazer melhorias na imagem e no som e maior interatividade com o espectador.
A TV normal será conectada à internet, e isso deve mexer com a vida dos brasileiros 
no longo prazo, inclusive na forma de consumir e fazer propaganda, por meio dos 
marketplaces e da “super personalização”. O grupo Globo já faz publicidade 
personalizada no Globo Play, e agora começou a testar esse tipo de publicidade 
na TV aberta. Isso significa que, logo, logo, todas as propagandas que você assistirá na 
sua TV serão feitas especialmente pra você. Bom, não pra você especificamente, mas 
pra pessoas com o seu perfil, do mesmo jeito que já acontece na internet, hoje em dia.
Toda publicidade que você vê hoje no YouTube, Instagram e até em plataformas de streaming 
como o próprio Globo Play, são pensadas nesse formato, personalizadas segundo os hábitos e 
tendências de consumo de quem está assistindo. Por exemplo, para pessoas que têm interesse 
em viajar, ao invés de mostrar uma propaganda genérica de uma máquina de lavar ou de um grande 
banco, ela mostraria propaganda de um site de viagens ou da Nomad, a patrocinadora desse vídeo.
Isso porque a Nomad é feita pra quem viaja, vantagens o que podem fazer a televisão 
aberta chegar no mesmo nível da internet. Em março de 2023, a Globo comprou 8,6% da 
Eletromidia, empresa de publicidade digital em espaços como shoppings, aeroportos e elevadores. 
Em agosto, aumentou sua participação pra 27%, se consolidando um pouco mais no mundo da 
publicidade digital em espaços físicos. E o objetivo para 2024 é crescer no 
mercado de marketing de influência. Em 2016, a emissora lançou o 
projeto VIU Hub, que é basicamente uma agência de redes sociais e influência.
Agora ela quer funcionar como agenciadora de “talentos”, oferecendo publicidade 
com o selo da marca. Tadeu Schmidt e Maria Beltrão já fazem parte do catálogo.
Outro negócio pensado para aumentar o faturamento foi a Globo Ventures, que foi criada em 2019 
pra investir em projetos inovadores. Alice, Buser e Enjoei são algumas das mais 
de 20 startups que fazem parte. É claro que as estratégias para aumentar 
a audiência da TV Globo não foram deixadas de lado, afinal de contas, investir no 
mundo digital é ampliar as receitas, não deixar de lado sua principal fonte.
O Big Brother Brasil que o diga. O reality show tem sido a galinha dos ovos de 
ouro da emissora, já que as novelas estão perdendo a relevância dia após dia.
Pra você ter uma ideia, Antes mesmo de começar, o BBB 24 já tinha vendido toda sua 
cota de patrocínio, e o faturamento já passava de 1 bilhão de reais.
O programa é peça-chave do faturamento da emissora, e ela está fazendo de tudo pra manter 
sua relevância e até trazendo sub-celebridades de todos os nichos pra participar.
E as novelas, por estarem perdendo espaço na audiência, estão cada 
vez mais inseridas nas manobras estratégicas da emissora. Renascer é prova disso.
Cenas cruciais da novela foram antecipadas pra conseguir reter a atenção do público.
A Globo, não mudou sua linha editorial. Ela não deixou de se meter em polêmicas, de 
atacar políticos de um determinado espectro, defender ou ignorar erros dos outros, 
e por isso muitas pessoas acham que ela vai quebrar. Como quem gosta das pessoas e das 
causas que ela é contra tem cada dia boicotado mais e mais todos os seus serviços, a imagem 
que fica é de uma empresa prestes a falir. Só que, apesar da insistência no 
seu posicionamento institucional, as mudanças na administração e sua 
adaptação rápida às transformações do mundo, têm se mostrado suficientes para que ela 
não corra o risco de decretar falência. Se a gente fizer uma análise 
cautelosa, vamos entender que, ainda que todos os brasileiros fossem muito 
engajados politicamente, o que não são; e que os que não se sentem representados pela emissora 
resolvessem deixar de consumir seus programas, a parte que sobra desses telespectadores, 
que concordam com tudo o que a emissora diz, é suficiente para manter qualquer empresa de pé.
O que falta aos analistas que fazem previsões desastrosas sobre a saúde financeira da empresa 
é entender que a sua base de audiência é grande demais. Ainda que ela tenha perdido muitos 
espectadores, tanto para a internet quanto para canais que não são tão polêmicos, quando você 
entra na sala de espera de um laboratório médico, é na Globo que a televisão vai estar sintonizada.
Outra análise mal feita que vemos por aí é o julgamento de que as iniciativas 
do Grupo Globo para MELHORAR sua gestão são indícios de que ele está falindo.
Em 2019, a emissora fez uma série de cortes de gastos, e enquanto falavam a torto e a direito 
que ela tava fazendo isso porque tava desesperada, e à beira da falência, ela arrumava a casa, se 
preparando para a nova realidade do mercado. Diversos funcionários foram demitidos no processo 
de unificar as empresas em “Uma só Globo”, eliminando os cargos sobrepostos 
e economizando um bom dinheiro. Na época, o grupo também renegociou contratos com 
artistas que recebiam salários altos demais para a nossa realidade, como Fernanda Montenegro e Galvão 
Bueno, e encerrou contrato com outros grandes nomes, como Bruna Marquezine e Bruno Gagliasso.
A política de corte de despesas rendeu uma economia de quase meio bilhão de reais.
Hoje, o grupo investe cerca de 5 bilhões de reais anualmente em conteúdo e tecnologia.
A unificação das empresas foi essencial para aumentar a eficiência e a produtividade, segundo 
o próprio Paulo Marinho, e a modernização dos serviços foi o que manteve a Globo no jogo.
Mas agora que entendemos o que está acontecendo, como podemos dizer que isso é o 
suficiente pra Globo não quebrar? Nos anos de 2017, 18 e 19, a Globo 
sofreu prejuízos operacionais: seus gastos e investimentos ultrapassaram 
suas receitas. A emissora encerrou 2019 com um resultado operacional líquido de 573 milhões 
de reais negativos. Em dezembro de 2019, a dívida do grupo chegou a 3 bilhões e meio de reais. 
Então, sim, a Globo sofreu grandes prejuízos. Após fechar 2021 com um prejuízo 
de 174 milhões, a emissora encerrou 2022 com um lucro líquido de 1,2 bilhão.
O prejuízo de 2021 poderia indicar problemas na gestão do grupo. Só que a Globo justificou que 
o número negativo foi consequência do crescimento dos gastos com eventos esportivos adiados pela 
pandemia, caso dos Jogos Olímpicos de Tóquio. O Ebitda é um dos principais números 
a se considerar quando falamos sobre a saúde financeira de uma empresa, porque é 
um indicador que compara a rentabilidade de empresas de diferentes setores e tamanhos.
De janeiro a setembro de 2022, o Ebitda foi positivo em R$ 753 milhões. Porém, o indicador 
fechou o ano no negativo em 41 milhões. Isso poderia indicar problemas na gestão do 
grupo, mas isso foi devido a amortização dos pagamentos dos direitos da Copa do Mundo.
E sobre as dívidas, a Globo tá com um caixa de 14,2 bilhões, o equivalente a quase 
três vezes os 5,1 bilhões que deve. E essa é uma dívida parcelada, que 
tem o primeiro vencimento só em 2030. É impossível prever se a Globo vai continuar 
a superar seus desafios eternamente, e seguir crescendo para sempre. Mas o 
fato é que ela não deve sumir tão cedo. Se continuar acompanhando as tecnologias que forem 
surgindo, enxugando custos, e se mantendo flexível às formas de consumir informação, nós vamos ter 
que aturar a emissora por longos anos ainda. A gente tá falando de um grupo gigante, 
a segunda maior emissora do mundo. E você o que acha sobre a Globo? Acha que 
ela vai falir? Deixa aqui nos comentários que eu quero saber.
Agora, pra descobrir como a nova inteligência artificial do youtube 
funciona e como você pode usar ela pra crescer um

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