A Crise do Pre-sal de 2029
0Este é o momento mais lucrativo
do pré-sal brasileiro. A cada dia, mais de 80% do petróleo do país jorra dessas
reservas gigantescas, gerando bilhões em riqueza. Mas em 2029, algo dramático vai acontecer.
A produção do pré-sal vai começar a cair e vai entrar em um declínio de
produção, a chamada depleção. E esse, possivelmente, será o
fim do tão aclamado pré sal. Se você acha que o preço da gasolina já é
alto hoje, imagine quando metade do petróleo brasileiro precisar ser comprado de outros
países. É exatamente isso que vai acontecer se o Brasil não encontrar uma solução até lá.
Mas o mais impressionante dessa história é que existe uma solução: uma gigantesca reserva de
petróleo na costa norte do Brasil, já apelidada de ‘o novo pré-sal’ pelo seu potencial. É
tanto petróleo que transformou o Suriname, nosso vizinho que já explora a região, em
um dos países mais ricos da América do Sul. Mas aqui é Brasil, e existem
muitos entraves e burocracias. Então, por que exatamente o Brasil
ainda não está explorando essa riqueza? 2029 será o a no em que o Brasil
finalmente se torna uma potência energética? ou é quando tudo vai desmoronar? Estamos em uma das maiores disputas ambientais
da história do país e em uma corrida contra o tempo que vai afetar diretamente
o seu bolso nos próximos anos. O Brasil tem um problema sério com seu petróleo.
Essa é a Bacia de Campos, uma das maiores regiões produtoras de petróleo do Brasil. O problema é que
esse petróleo é considerado petróleo pesado. Como diz Sérgio Sacani: “ele parece um asfalto”.
Transformar isso em gasolina é caríssimo. Agora olhe para essa gasolina amarelinha
e limpinha. Para chegar nesse estado, o petróleo precisa ser de boa qualidade e passar
por um processo complexo de refino. O uso do petróleo depende do quanto você refina ele. E
aqui está outro problema: o Brasil não consegue fazer isso com seu próprio petróleo.
Em teoria, a solução seria simples: construir refinarias especializadas em
petróleo pesado. E o Brasil até tentou. Esta é a refinaria Abreu de Lima, no nordeste.
Ela foi projetada especificamente para refinar nosso petróleo pesado. Mas tem um detalhe crítico:
a parte para refinar óleo pesado não está pronta. Ela é um exemplo perfeito de como grandes
projetos podem sair do controle no Brasil. O que começou como um investimento de
US$2 bilhões já consumiu mais de US$20 bilhões – e ainda não está completa. Hoje,
ela opera com apenas metade de sua capacidade, 88 mil barris por dia. Mas agora, a Petrobras
decidiu retomar as obras para finalizar o projeto. Só que a história fica ainda mais surreal. Em
2006, o Brasil decidiu comprar uma refinaria em Pasadena, Estados Unidos. O raciocínio
parecia lógico: construir uma refinaria é algo caríssimo, e lá nos Estados
Unidos tem uma bem baratinha. Mas o Brasil resolveu dar um jeito de
transformar isso numa bela pataquada. A empresa estatal brasileira pagou quase R$ 2
bilhões a mais do que valia por uma instalação tão enferrujada que os próprios funcionários
a apelidaram de “ruivinha”. Uma auditoria do governo descobriu que 22 pessoas foram
responsáveis por esse desastre financeiro, que transformou uma refinaria deteriorada em um
dos maiores prejuízos da história da companhia. E é assim que chegamos a este ciclo absurdo:
exportamos nosso petróleo bruto por um preço, para depois importar gasolina muito mais
cara. A gente vende o óleo pesado para fora do Brasil e depois compra o óleo
leve para colocar aqui no nosso carro. Um intrincado sistema de acordos
internacionais que torna o preço final ainda mais complexo de entender.
É um sistema que transforma o Brasil, um dos maiores produtores de petróleo do
mundo, em refém do mercado internacional. Mas aí, em 2006 uma das descobertas mais
impressionantes da história do petróleo que poderia mudar essa história.
O pré-sal. O pré-sal é uma área de reservas petrolíferas
encontrada sob uma profunda camada de rocha salina, que forma uma das várias camadas rochosas
do subsolo marinho. Estas reservas se formaram há, aproximadamente, 100 milhões de anos, a
partir da decomposição de materiais orgânicos. Estamos falando de reservas gigantescas
localizadas entre 5 mil e 7 mil metros abaixo do nível do mar, sob uma camada de sal que
pode chegar a 2 mil metros de espessura. E aqui está a parte mais interessante: o
petróleo encontrado lá é considerado “leve”, muito diferente do óleo pesado que o Brasil
está acostumado a extrair da Bacia de Campos. Isso significa que ele é mais fácil de refinar
e vale muito mais no mercado internacional. Mas extrair esse petróleo é um desafio tecnológico
sem precedentes. Pra chegar lá, é necessário perfurar uma camada de sal que se comporta como
plástico devido à alta temperatura e pressão. O sal literalmente “flui”, podendo impedir a
continuidade da perfuração. E mesmo depois de passar por essa barreira, os equipamentos
precisam lidar com uma diferença brutal de temperatura – o petróleo sai a 140 graus Celsius
e rapidamente cai para 4 graus ao passar pelos dutos no fundo do mar. Essa queda brusca forma
uma parafina que pode entupir todo o sistema. Apesar de todas essas dificuldades,
o retorno potencial é astronômico. No campo de Búzios, na bacia de Santos, 1 bilhão
de barris de óleo foram produzidos na jazida compartilhada, 6 anos após a extração do 1º óleo.
Passados 15 anos desde o início das operações em águas ultraprofundas, o pré-sal responde
hoje por 80% da produção da Petrobras – e por mais de 1/3 da produção da América Latina.
O Brasil está vivendo seu auge na produção de petróleo. Em 2029, vamos produzir 5,4
milhões de barris por dia – tanto petróleo que nos coloca entre os 10 maiores produtores
do mundo. Para você ter uma ideia, já somos o nono maior produtor e exportador global.
Em 2029 vamos chegar no pico de produção do pré-sal e em seguida entra o declínio.
Mas ainda tem um detalhe curioso: mesmo produzindo muito, ainda precisamos importar petróleo. Não
é porque falta – é porque precisamos misturar diferentes tipos de óleo nas nossas refinarias.
É como fazer um bolo: você precisa de vários ingredientes, não dá pra fazer só com farinha.
De janeiro a maio de 2024, vendemos US$ 25,9 bilhões em petróleo e compramos
US$ 10,5 bilhões de outros países. E aí entra o grande problema. Se não
encontrarmos mais petróleo em breve, essa história pode mudar completamente. Na
próxima década, podemos passar de vendedor a comprador de petróleo – e isso significa uma
coisa: gasolina ainda mais cara no seu posto. Mas quem é o grande responsável
por isso? E temos alguma saída? 2029. Este é o ano em que a energia
no Brasil está marcada em vermelho no calendário. E há um bom motivo para isso.
O pré-sal vai começar a declinar. Não é uma teoria – é um fato da geologia: todo campo de petróleo
tem uma curva natural. Ele começa a produzir, atinge um pico e depois começa a cair. Os
especialistas chamam isso de “curva de depleção”. Aqui está a parte preocupante: se não começarmos
a produzir em novos campos antes dessa queda, vamos enfrentar o “buraco de produção”. O
resultado é que nós vamos ter que comprar metade do petróleo do Brasil a partir
de 2040. Aí sim o preço pode disparar. Se você achava a gasolina cara a 6
reais, imagine ela a 10, 15 ou 20 reais. Aqui no Brasil somos dependentes do dólar na
gasolina, nos alimentos e muito mais, e se você não se organizar financeiramente e dolarizar o
seu patrimônio, pode ter problemas lá na frente. existe uma área que pode mudar completamente
esse cenário: a Margem Equatorial. E não estamos falando de pequenas reservas –
é uma das maiores reservas da história, tida como “o novo pré-sal”.
Para ter uma ideia do potencial, olhe o que aconteceu com nossos vizinhos que
já exploram essa região. A Guiana Francesa viu seu PIB aumentar mais de 60% em um ano.
O Suriname hoje é um dos países mais ricos da América do Sul só por causa desse petróleo. É uma
transformação econômica sem precedentes na região. A Petrobras não está parada. Ela tem 16
poços na nova fronteira exploratória. Mas aqui está o problema: a exploração dessa área
está travada em um impasse entre a Petrobras e o Ibama. O motivo é que a região tem marés muito
complicadas e correntes marítimas que aumentam o risco de acidentes. Além disso, na frente está
a foz do rio Amazonas, que não se pode mexer. Dos 16 poços, a petrobrás só tem autorização
do Ibama para perfurar dois deles. Para tentar resolver esse impasse, a Petrobras
apresentou um plano robusto de investimentos: US$3 bilhões nesta região nos próximos cinco
anos e a perfuração de 15 poços. Segundo ela: “Isso nos permitirá contribuir para atender
à crescente demanda por energia a partir de uma produção realizada com investimentos
tecnológicos que garantem a segurança operacional e o cuidado ambiental.”
Além disso, a empresa desenvolveu uma série de projetos ambientais: proteção de
aves migratórias, conservação de manguezais e programas sociais que beneficiariam mais
de 7.600 pessoas nas comunidades locais. E tem mais uma questão: os supostos
corais na foz do Amazonas. A Petrobras afirma que existe um equívoco científico sendo
propagado – não existem corais nessa região, apenas rochas que se parecem com corais.
E aqui está um detalhe importante: os poços planejados nem ficariam perto da foz do
rio – estariam a 540 quilômetros de distância, em uma área que já tem intenso tráfego de
navios. “A gente não está querendo perfurar em um santuário marítimo onde nada ocorre”,
argumenta a diretora de Exploração e Produção da Petrobras, contestando a narrativa de que a
exploração ameaçaria um ecossistema intocado. Enquanto isso, os deputados do Amapá observam a
situação de perto, isso porque se a exploração for aprovada, o estado se torna o mais rico
do Brasil devido aos royalties do petróleo. Mas enquanto há esse impasse, o tempo está
correndo. O ideal seria que a nova produção começasse antes da queda do pré-sal, criando
uma transição suave. Como explica Sérgio Sacani: Aí você começa a produzir aqui na
frente. Vai ter um buraco aqui, e esse buraco aqui quer dizer a gente
vai comprar muito petróleo de fora. E aí sim sua gasolina sobe, e muito.
É uma corrida contra o tempo que vai definir não apenas o futuro energético do
Brasil, mas também o preço que você vai pagar para abastecer seu carro nos próximos anos.
Mas a questão que fica é: o Brasil vai aproveitar essa oportunidade pra
se tornar uma potência mundial? De acordo com o vice-presidente sênior de Águas
Profundas da ExxonMobil, Hunter Farris, o Brasil tem uma posição única, ótimos profissionais e
um potencial de oportunidades no futuro com a Margem Equatorial. “De 55% a 60% da matriz global
energética é proveniente hoje de petróleo e gás, que são necessários para atender à motivação de
melhoria de qualidade de vida das pessoas, o que demanda novas descobertas e novas tecnologias”.
O Brasil está em uma posição única: temos o pré-sal produzindo energia de qualidade agora, uma
das maiores reservas do mundo esperando para ser explorada na Margem Equatorial, e a expertise
para fazer isso acontecer. Mas nossa maior batalha não é tecnológica – é contra o tempo
e contra burocracias. Precisamos resolver o impasse entre desenvolvimento e preservação antes
que o “buraco de produção” se torne realidade. A Petrobras está jogando todas as suas cartas para
tentar convencer o Ibama. Em novembro de 2024, a empresa entregou um novo pacote de
documentos ao Ibama, respondendo a todas as exigências do órgão ambiental. E
não para por aí, um centro de reabilitação da fauna está sendo construído no Oiapoque,
com previsão de conclusão em março de 2025. São movimentos que mostram que
a empresa está disposta a fazer o que for preciso para conseguir essa licença.
Os dois poços que a Petrobras tem autorização do Ibama para explorar estão na costa do Rio Grande
do Norte – bem longe da área mais controversa. A região que realmente importa, a Bacia da Foz do
Amazonas, continua travada. É uma área gigantesca que se estende da fronteira com a Guiana Francesa
até a Baía do Marajó, onde está localizado o bloco FZA-M-59, considerado o mais promissor de todos.
O impasse entre desenvolvimento econômico e preservação ambiental nunca foi tão forte.
Enquanto a Petrobras tenta provar que pode explorar a região de forma segura, ambientalistas
mantêm sua posição contrária, temendo danos irreversíveis ao ecossistema amazônico.
A história do Brasil com o petróleo até aqui tem sido uma sequência de oportunidades desperdiçadas
e algumas aproveitadas – da refinaria enferrujada de Pasadena aos bilhões enterrados em Abreu de
Lima, mas com um belo achado chamado pré-sal. O caminho para nos tornarmos uma potência
energética existe, mas ele passa por um equilíbrio delicado: explorar nossas riquezas de
forma responsável, desenvolver nossa capacidade de refino, e fazer isso tudo a tempo de
evitar o colapso da produção do pré-sal. A resposta para essas perguntas vai determinar não
apenas se você vai precisar fazer um financiamento para encher o tanque, mas se o Brasil vai
continuar sendo aquele país que tropeça nas próprias riquezas e oportunidades enquanto assiste
seus vizinhos, que há 20 anos nem sonhavam em ser potências, darem uma aula de como se faz.
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