A evolução dos pterossauros: quando répteis voavam pelo Brasil
2durante centenas de milhões de anos os insetos foram os únicos animais voadores do planeta Terra isso mudou no período triácico mais de 230 milhões de anos atrás quando animais pequenos muito aparentados com os dinossauros se tornaram a primeira linhagem de vertebrados voadores os piterossauros eles foram extintos abruptamente no mesmo evento apocalíptico que erradicou os dinossauros não avianos e répteis marinhos da face do planeta Terra há mais de 66 milhões de anos curiosamente o impacto extraterrestre por mais intenso e catastrófico que tenha sido não explica completamente o desaparecimento dos piterossauros e talvez as aves tenham algo a ver com isso como descobriremos hoje mas durante seus mais de 150 milhões de anos de existência os piterossauros dominaram os céus e se diversificaram em muitas formas fantásticas desde os pequenos anurugnatídeos até os imensos asdarquídeos da altura de uma girafa os maiores animais voadores de todos os tempos muito depois deles aves e morcegos também aprenderam a voar mas não da mesma forma fazendo dos piterossauros o único grupo de animais voadores totalmente extinto da história da vida essa foi uma perda irreparável já que conhecemos centenas de espécies fósseis muitas das mais completas e mais importantes descobertas aqui no Brasil acontece que o Brasil é um dos lugares mais ricos do mundo em Piterossauros tendo abrigado colônias gigantes de milhões de animais no passado profundo hoje entenderemos mais sobre a anatomia única a história incrível e a evolução absurda dos répteis voadores e encontraremos muitas espécies que habitaram o nosso país junte-se a nós nessa fascinante viagem no tempo para conhecer os piterossauros brasileiros triácsico 230 milhões de anos atrás a essa altura o supercontinente Pangeia estava no seu ápice reunindo todas as massas de terra do planeta e permitindo que grupos de animais e plantas se dispersassem globalmente o planeta se recuperava da pior extinção em massa de todos os tempos que marcou o final do permiano e o início da era dos dinossauros grupos animais novos apareciam frenéticamente para preencher esse planeta ferido e esvaziado de vida entre eles os dinossauros e os piterossauros ambos compartilham um ancestral comum que viveu no início do triácico que provavelmente era pequeno comia insetos era bípede ou seja andavam sobre suas pernas traseiras e tinham pequenos filamentos que pareciam com pelos cobrindo seu corpo juntos eles formam o grupo Avematarsalha mas Piterossauros não são dinossauros sim um grupo aparentado de répteis voadores o planeta Terra era um ambiente desafiador com muitos desertos poucas florestas e pouco oxigênio o que favoreceu a evolução de animais com respirações eficientes e isolamento térmico como os ancestrais de dinossauros e piterossauros não sabemos exatamente onde viveram os animais que deram origem aos piterossauros mas aqui no Brasil temos conhecimento de alguns dos seus primos mais próximos os largídios que não são piterossauros mas são piterossauromorfos isso significa que eles são muito parecidos com os ancestrais dos piterossauros nos dando uma boa ideia de como eles eram como peton de 233 milhões de anos encontrado no Rio Grande do Sul ao lado do dinossauro mais antigo conhecido o Buriolestes esse era um animal pequeno e esguio adaptado para uma vida escaladora pulando de árvore em árvore para capturar insetos e escapar de predadores pode ser que o voo dos piterossauros tem evoluído como uma adaptação para primeiro planar de galho em galho como muitos animais fazem usando membranas de pele para depois se tornar um voo batido com muito mais adaptações fazendo deles verdadeiros animais voadores e não mais meros planadores assim eles se tornaram os primeiros animais com coluna a aprenderem a voar muito antes das aves e dos morcegos em um mundo em que por centenas de milhões de anos apenas insetos voavam veneto Raptor é outro lajerídio gaúcho 3 milhões de anos mais recente e bem maior do que Chaler Peton que tinha um bico curvado e afiado sugerindo que talvez seu apetite fosse um pouco mais amplo caçando também pequenos lagartos e animais pequenos para além dos insetos eles viveram ao lado dos primeiros dinossauros e de fato até se pareciam superficialmente com os dinossauros carnívoros maiores que também eram bípedes com caldas longas e mãos habilidosas mas enquanto os lajerptídios como Veneto Raptor foram extintos seus primos piterossauros sobreviveram e prosperaram evitando a competição com os dinossauros ao ganhar os céus piterossauro significa rptilado e o primeiro fóssil completo descoberto em 1784 foi nomeado Pterodactilus que significa dedo de asa descrevendo sua anatomia peculiar ele viveu na Alemanha 150 milhões de anos atrás e sua interpretação foi um debate intenso muitas hipóteses foram levantadas de que talvez ele soubesse nadar de que ele fosse um morcego uma ave ou até mesmo um marsupial voador próximo dos gambá mas em dezembro de 1800 Cuvir um proeminente naturalista considerado por muitos o pai da paleontologia estava convencido de que se tratava de um réptil voador embora restaurações cômicas da vida desse animal ainda fossem comuns por algumas décadas depois disso quando comparamos as asas de Piterossauros com as asas dos outros vertebrados voadores as aves e os morcegos percebemos que cada uma tem uma anatomia única e evoluiu por um caminho diferente as aves descendem de dinossauros com três dedos suas asas ainda apresentam três dígitos sendo o primeiro muito encolhido o segundo o mais robusto e o terceiro fundido com o segundo os ossos de seus braços têm perfurações onde são inseridas as bases das maiores penas as estruturas que dão sustentação para o voo mas que por muito tempo cumpriram muitas outras funções em diversas linhagens de dinossauros asas das aves são de longe as mais estranhas complexas e incomparáveis já que cada pena é por si só uma estrutura altamente sofisticada e sua organização nas asas elegante e eficiente os morcegos são completamente diferentes já que suas asas são feitas de uma membrana de pele que junta os mesmos cinco dedos que temos em uma mão imensa a maior mão em comparação com o corpo dentre qualquer mamífero isso permite que eles tenham um altíssimo grau de controle sobre o formato das suas asas durante o voo permitindo que eles sejam extremamente rápidos e acrobáticos duas coisas convenientes para capturar insetos como a maioria deles vive essas asas membranosas extremamente móveis aliadas à ecolocalização fazem deles predadores noturnos muito bem-sucedidos com mais de 1200 espécies sendo a segunda ordem mais diversa de mamíferos atualmente já os piterossauros também têm uma asa membranosa mas apoiada apenas em um quarto dedo extremamente forte e alongado usando os três primeiros dedos como uma pata capaz de apoiá-los no chão de forma bastante confortável apesar de descenderem de animais bípedes eles voltaram a uma postura quadrúpede em terra firme quando suas asas se dobravam fazendo deles animais muito mais ágeis em terra firme do que imaginávamos capazes até mesmo de correr como mostram pegadas de piterossauros preservadas em diversas partes do mundo seus ossos eram ocos como os de muitos dinossauros preenchidos de sacos aéreos que tornavam seus corpos muito mais leves e respiração mais eficiente as membranas das asas tinham uma micromusculatura que se relaxava durante o voo e se contraía quando em terra firme evitando que ela se rasgasse ou se dobrasse de uma forma inconveniente apesar de terem provavelmente surgido no meio do triácico ao final do triácico eles já haviam dominado o mundo estavam por todas as partes o piterossauro mais antigo conhecido é Eudimorfodom e assim como muitos dos primeiros piterossauros eles tinham dentes adaptados para capturar insetos uma membrana entre as patas traseiras e uma cauda longa e fina esses piterossauros mais antigos eram pequenos com até 1 m de envergadura e se sentiam muito mais confortáveis pendurados nas árvores do que no chão como demonstra sua postura e suas garras afiadas características de animais escaladores o triácico termina com uma extinção em massa pouco compreendida que elimina muitas das formas bizarras de animais desse período mas na passagem pro jurásico piterossauros e dinossauros não só sobrevivem eles prosperam e se diversificam durante o Jurássico e o Cretácio os piterossauros se tornaram muito mais do que caçadores de insetos se diversificando e ocupando quase todos os ambientes do mundo claro alguns deles como os pequenos e ágeis anurognatídios como anurognatos que mais parecem sapos voadores com seus olhos e bocas enormes com dentes pequenos continuaram a tradição dos seus ancestrais comendo insetos e desempenhando um nicho semelhante aos morcegos atuais outros trelharam caminhos completamente diferentes como desungarpiteros um durófago com dentes arredondados capazes de quebrar carapaças rígidas de moluscos e crustaços como caramujos e caranguejos abundantes nas praias um dos modos de vida mais especializados já explorados pelos piterossauros muitos deles como Anhanguera se tornaram animais costeiros se aproveitando da imensa quantidade de peixes e moluscos dos mares rasos vivendo como pescadores com bicos longos e dentes cônicos e curvados adaptados para capturar e segurar peixes escorregadios possivelmente até mergulhando para isso como muitas aves pescadoras fazem atualmente alguns tapejarídeos como tapejara se especializaram até mesmo em uma dieta herbívora perdendo todos os seus dentes e se alimentando de sementes como as de Velvitskia uma planta giminosperma adaptada a ambientes muito secos e que pode viver por milênios existindo até hoje na África mas que já foi muito comum aqui na América do Sul durante o cretácio talvez o mais bizarro de todos os pterossauros pterodaustro era um filtrador de águas rasas como os flamingos atuais usando seu bico incrivelmente longo sem dentes na parte superior mas com mais de 1000 dentes finos e enfilerados como as cerdas de baleias para filtrar pequenos animais na água como larvas peixes e crustáceos um especialista capaz de ocupar um nicho muito emcomum durante o mesozóico já os gigantes asquídeos como Ketsalcoatlos característicos do fim do cretácio podiam ser tão altos quanto uma girafa mas pesando quatro vezes menos o que explica em parte como eles se tornaram os maiores animais voadores de todos os tempos com mais de 12 m de envergadura capazes de planar por longas distâncias e surpreendentemente se movimentar muito eficientemente no chão como quadrúpedes por quase 70 milhões de anos os piterossauros foram os únicos vertebrados voadores a dominar os céus mas isso mudou do meio pro final do Jurássico quando as primeiras aves apareceram seus primos dinossauros finalmente haviam aprendido a voar desafiando seu monopólio aéreo até então absoluto suas asas eram mais resistentes a rasgos do que as membranas de pele dos peterossauros já que penas podem crescer novamente com facilidade elas também permitiam manobras mais ágeis em ambientes florestados fazendo delas competidores muito fortes pros nichos de pequenos animais voadores e caçadores nas florestas além disso elas eram inteligentes com cérebros maiores o que pode ter facilitado a vida em ambientes dinâmicos com as florestas do Jurássico e do Cretácio evitando predadores e encontrando suas presas com mais eficiência do que os piterossauros aos poucos elas expulsaram os piterossauros desses papéis ecológicos e obrigaram eles a crescerem incentivando uma tendência de evolução de piterossauros cada vez maiores no final do mesozóico no último dia do cretácio os nichos estavam muito bem divididos os menores piterossauros eram maiores do que as maiores aves já os maiores piterossauros alcançaram tamanhos que as aves até hoje não foram capazes de atingir como veremos em breve isso pode ter influenciado muito no destino final dos piterossauros e na continuidade das aves até os dias atuais durante todo o mesozóico a chamada era dos dinossauros o Brasil passou por transformações profundas em seu território durante o triáco onde são encontrados os lajerptídios gaúchos a América do Sul sequer existia enquanto um continente independente o Jurássico marcou o início da separação dos continentes do Sul mas infelizmente não conhecemos muitas rochas do Jurássico com fósseis no nosso território o cretácio inferior é de longe o período mais rico em fósseis de piterossauros com dezenas de espécies encontradas principalmente no estado do Ceará em ambientes que em breve conheceremos já o cretácio superior aflora em grandes regiões do Sudeste e Centro-Oeste com três espécies sendo conhecidas do estado do Paraná certamente muitas outras espécies de piterossauros habitaram o nosso país centenas e possivelmente milhares delas mas poucos deixaram fósseis e das que deixaram muitas ainda estão para serem descobertas o primeiro páo ambiente que exploraremos em nossa jornada pelo Brasil dos piterossauros é o lago Crato que existiu 115 milhões de anos atrás onde hoje é o Ceará na Chapada do Araripe esse lago profundo e quente tinha um fundo sem oxigênio gerando um ambiente perfeito paraa formação de fósseis já que atrasa a decomposição e impede a existência de animais que perturbam o sedimento nessas condições se formou o que chamamos de uma janela tafonômica em que tantos fósseis de animais e plantas são tão maravilhosamente preservados que até mesmo suas estruturas microscópicas e tecidos moles podem muitas vezes ser observados sabemos que os entornos desse antigo lago continental eram o lar de uma ampla diversidade de animais dentre eles muitos dos piterossauros mais bem preservados do mundo ludodáctilus é um dos fósseis mais incríveis já encontrados nesse ambiente um dos poucos dos quais sabemos a causa da morte esse piterossauro tinha um papo que possivelmente era usado para produzir sons e se comunicar com membros da própria espécie demonstrando que eles tinham vidas sociais ricas e mais inteligência do que imaginamos estranhamente um de seus fósseis foi encontrado com uma planta dura posicionada dentro de sua boca que provavelmente rasgou o seu papo e ficou entalada impedindo que ele se alimentasse e matando Ludodctilus de fome ou engasgado arthur Dactilus é outro piterossauro curioso encontrado com o corpo quase completo faltando apenas a cabeça mas uma característica da sua anatomia chama atenção assim como as fragatas atuais aves oceânicas capazes de passar semanas planando elas tinham asas extremamente longas e pernas muito curtas sugerindo que eles estavam adaptados a passar longos períodos de tempo no céu descendo perto da água apenas para pescar e aterriçando apenas para se reproduzir isso significa que Artilus podia ser capaz de ligar o piloto automático e dormir enquanto voava já a beredactil é um caso quase ao contrário em que o único osso encontrado é o de uma mandíbula preservada tridimensionalmente que apesar de parecer pouco nos diz muito com ela podemos saber seu tamanho aproximado com uma envergadura de 1,50 m e que ele era um tapejarídio uma família muito abundante nesse tempo e local [Música] mas talvez o gênero de tapejarídio com os fósseis mais bem preservados seja tupandctilus que abriga duas espécies tupandctilus imperator e tupandctilus navigans que era menor e com uma crista mais alta do que imperator tinham cabeças e pescoços grandes em comparação com o corpo e asas sugerindo que ele tinha hábitos mais terrestres o que faz sentido considerando que eles eram herbívoros que buscavam sementes para se alimentar fósseis extraordinariamente bem preservados de tupandáctilos encontrados na formação Crato preservam até mesmo os tecidos moles que ficavam entre as duas astes ósseas de sua crista revelando um padrão manchado e muito colorido nessa pele análises microscópicas foram capazes de encontrar melanossomas as estruturas de pigmentos que conferem as cores à pele dos animais fazendo desse o piterossauro mais fielmente representado que temos notícia curiosamente com essas análises descobrimos que seu corpo era quase completamente coberto por piquinofibras pequenos filamentos parecidos com pelos espalhados por todo o seu corpo até mesmo na crista mesmo sendo muito pequenos e curtos como um veludo esse animal brasileiro tem alguns dos fósseis mais bem preservados do planeta e é um dos poucos animais extintos cujas cores reais puderam ser minuciosamente desvendadas pela ciência revelando sua aparência deslumbrante que podia ser usada para chamar a atenção de parceiros reprodutivos e intimidar predadores mas Tupandilos é mais do que apenas um animal ele é uma verdadeira janela paraa pré-história do nosso país uma visão que confirma que a nossa biodiversidade fascinante não é nova e um lembrete de que precisamos preservar o que existe atualmente os continentes continuaram sua dança permanente e o jovem Oceano Atlântico continuou a se expandir na medida em que a América do Sul e África se distanciavam lentamente 5 milhões de anos depois da existência do Lago Crato começa a deposição da formação Romualdo na mesma região um ambiente de mosaico entre mares rasos e lagos de água salobra onde muitos peixes tartarugas dinossauros e principalmente piterossauros viveram o mar Romualdo foi o lar do Iritator um dinossauro espinossaurídio incrível que media 7 m de comprimento e cerca de uma tonelada adaptado para capturar peixes com suas garras curvas e dentes cônicos demonstrando que esse era um dos recursos mais abundantes desse ecossistema perdido no tempo iritator assim como tantos outros fósseis dessa região foi alvo do tráfico internacional e hoje a comunidade paleontológica luta para repatriá-lo assim como aconteceu com Ubirajara já que são patrimônio nacional de valor inestimável no eccossistema do mar Romualdo eram comuns piterossauros auerídios pescadores sem crista como barbosânia de 3 m de envergadura Searadctilos ainda maior com 4,20 m de uma ponta até outra de suas asas quando abertas e brasileodáctilos de 4 m todos piterossauros grandes pode ser que a ausência de crista fosse um caso de dimorfismo sexual em algumas dessas espécies em que a fêmea não tinha a crista chamativa característica dos machos peixes são uma ótima fonte de alimento ricos em cálcio vitaminas minerais e gorduras o que fez deles a refeição favorita de muitas espécies de piterossauros já o enigmático Unwindia pode ter se alimentado de peixes mas também de muitas outras fontes de alimento como invertebrados na areia das praias com seu focinho peculiar o que reduziria a competição com tantas outras espécies pescadoras outra forma de reduzir a competição era ficando maior o que permitiria a captura de peixes e moluscos maiores ampliando o cardápio como fazia a Anhanguera a espécie que deu nome à sua família seu nome vem do tupi antigo e significa diabo vermelho eles eram capazes de se manter por semanas voando já que faziam longas viagens migratórias para se reproduzirem onde hoje é a Inglaterra atravessando um oceano para chegar até o outro hemisfério do planeta todos os anos ele é uma das espécies mais bem estudadas e conhecidas de piterossauros já que é um dos poucos que temos a sorte de conhecer o esqueleto inteiro que tinha cerca de 5 m de envergadura fazendo dele um animal verdadeiramente intimidador tanto nos céus quanto em terra firme mas o maior de todos os Anhanguerídios era também o maior piterossauro que já viveu no Brasil e em todo o hemisfério sul do planeta claro até onde sabemos tropeognatos seu nome significa mandíbula quilhada em referência ao seu focinho achatado lateralmente formando uma crista que podia ter uma função aerodinâmica ajudando-o a fazer acrobacias e também hidrodinâmica permitindo que ele cortasse a água em altas velocidades sem quebrar o pescoço ou até mesmo tendo uma função de display sexual com cores chamativas que indicavam saúde pode ser que essa crista cumprisse um pouco de todas essas funções de qualquer maneira com seus quase 9 m de envergadura Tropognatos era tão grande que ele seria capaz até mesmo de capturar filhotes de répteis marinhos fazendo dele um super predador alado apesar de todo esse tamanho seus ossos ocos eram leves e resistentes seu peso em vida provavelmente não ultrapassava os 100 kg bastando uma brisa um pouco mais forte para levantá-lo quando abria suas asas longas sua anatomia sugere que ele pudesse passar um bom tempo na água descansando ou se refrescando sendo mais ágil nadando do que em terra firme diferente de muitos piterossauros descrito pela primeira vez em 1987 sua classificação taxonômica é uma bagunça já tendo sido considerado uma espécie do gênero assim como outros gêneros e atribuído até mesmo a outras famílias tropeugnatos era certamente o animal mais deslumbrante que sobrevoava as lagoas salinas e praias de águas rasas do mar Romualdo fazendo dele o rei dos piterossauros brasileiros o mar Romualdo também era o lar de uma série de espécies de piterossauros sem dentes como o enigmático gênero banguela conhecido apenas por um pedaço da sua maxila inferior assim como o gênero tupuxara e cariri draco que podiam ter dietas mais amplas e hábitos mais generalistas do que os pescadores dentados explorando envertebrados na praia como vermes moluscos e crustácios apesar de também serem capazes de pescar já que os peixes eram possivelmente um dos recursos mais abundantes desse ambiente lá também era o lar do pequeno Tapejara de 1,5 m de envergadura que ostentava uma crista gigante e chamativa seu nome que dá nome também à sua família bem doutupi e significa senhor dos caminhos diferente da maioria dos piterossauros e assim como tupandáctilos que também era um tapejarídio eles eram animais majoritariamente terrestres e buscavam frutos e sementes para se alimentar estando muito mais confortáveis no chão do que nos céus mas por incrível que pareça Tapejara não era dono da crista mais incrível e exuberante do mar Romualdo esse posto era do Talá Sodromeus que media 4,20 m de envergadura esses piterossauros sem dentes t uma crista muito diferente porque ela não era feita de couro esticado entre duas astes ósseas como a maioria deles e sim feita completamente de ossos essa cabeça enorme podia ter muitas funções desde a troca de temperatura com o meio funcionando como um grande radiador até como uma câmara de vocalização que permitisse que eles se comunicassem a grandes distâncias mas a principal hipótese é que eles as usassem para atrair parceiros como um instrumento de display sexual podendo ostentar cores vibrantes durante a época de acasamento essa também é a principal hipótese para explicar o que pode ser a crista de piterossauro mais bizarra que já existiu no Brasil apesar desse animal não ter vivido no Mar Romualdo e sim na Paraíba Nictossaurus Lamegoi ele viveu muito mais recentemente 88 milhões de anos atrás e media impressionantes 4 m de uma ponta outra de suas asas com uma crista óssea que mais parecia uma antena que pode ter sido usada para atrair parceiros reprodutivos ou até mesmo como algum tipo de instrumento sensorial embora a função dessa crista enorme e desengonçada ainda seja um mistério 100 milhões de anos atrás em uma enorme região atualmente distribuída entre o Sul Sudeste e Centro-Oeste do Brasil existiu o deserto Goyoerê um lar desafiador para muitas espécies de dinossauros e piterossauros as chuvas anuais atraíram milhões de animais para essa região que faziam um banquete com o breve intervalo úmido que permitia o crescimento e florescimento de plantas aqui muitas espécies de piterossauros se encontravam para ter seus filhotes mas em um ano fatídico as chuvas não vieram matando uma imensa quantidade de animais de sede e inanição eles secaram e se tornaram esqueletos espalhados pela paisagem que foram arrastados pela água quando as chuvas finalmente chegaram se depositando onde hoje é o Paraná como um grande quebra-cabeças desmontado com ossos fragmentados distribuídos caoticamente nesse imenso cemitério de piterossauros de longe os fósseis mais comuns eram de Caiu Jara cujos adultos atingiam 2,30 m de envergadura mas muitos deles se tratavam de indivíduos jovens que pela quantidade de esqueletos deviam pertencer a uma colônia gigantesca sendo ele um dos poucos piterossauros que temos evidência direta de ter uma vida social e viver em grupos outro piterossauro encontrado na mesma rocha é Torukjara aproximadamente do mesmo tamanho encontrar mais de uma espécie de piterossauro exatamente na mesma camada de rocha é muito raro e indica que eles coexistiram no mesmo espaço e tempo podendo até mesmo terem morrido juntos no mesmo evento ao contrário de Caiu Ajara esse era um animal solitário talvez um oportunista em busca de pequenos animais ou ovos de outros piterossauros para se alimentar nessa mesma camada de rochas também é conhecido Bertassaura um pequeno dinossauro noaurídeo sem dentes e com bico cortante que podia se alimentar de plantas e ovos de outros animais incrivelmente a terceira espécie de piterossauro encontrada nesse grande cemitério é Keris Dracon da família Asdarkid ele tinha 3 m de envergadura e uma cabeça enorme com um bico longo e sem dentes um carnívoro e carniceiro oportunista que pode ter se aproveitado da morte da colônia para se alimentar antes de também morrer por alguma razão desconhecida ele fez parte da família de piterossauros que abrigou os maiores animais voadores de todos os tempos como o já citado Ketzalcoatlos mas também o ainda mais pesado Hatsegopterix que era o predador de topo nas ilhas em que vivia que vieram a se tornar partes da Europa esses animais com mais de 10 m de envergadura e 5 m de altura eram capazes de voar graças à sua leveza conferida por um esqueleto oco e repleto de sacos aéreos que o tornavam aerodinâmico embora fossem equipados com músculos poderosos que os permitiam se lançar no ar e bater suas asas com força para decolar e voar onde podiam passar dias planando de forma muito econômica energeticamente buscando por novas áreas de caça ou até mesmo procurando por carcaças de animais gigantes como imensos urubus do Cretácio no entanto esses eram animais extremamente confortáveis e até mesmo rápidos no chão onde a maioria de suas presas estava como animais pequenos e ligeiros exigindo desses predadores inteligência e mobilidade em terra firme nenhum inseto ave morcego voador nunca atingiu e muito provavelmente jamais atingirá o tamanho que os piterossauros as darquídeos tinham fazendo deles um dos grandes feitos da evolução biológica e um dos animais mais incríveis da história do nosso planeta no auge da existência dos maiores animais voadores da história da vida tudo mudou bruscamente quando um asteroide de mais de 10 km de diâmetro se chocou com a península de Yucatã mais de 40.000 km/h provocando a extinção de 75% das espécies do planeta entre elas todos os piterossauros tendemos a pensar que aves e mamíferos sobreviveram por serem pequenos e por mais que isso seja uma parte importante da história não explica tudo já que a maior parte das aves e dos mamíferos também foram extintos mesmo sendo pequenos isso atesta a gravidade desse evento cataclísmico que marcou o fim da experiência de mais de 150 milhões de anos de evolução dos primeiros vertebrados voadores do planeta talvez se as aves nunca tivessem aparecido muitas espécies menores de piterossauros poderiam existir no fim do cretácio dando mais chance de sobrevivência para esse grupo que certamente teria se diversificado novamente quando a poeira do impacto abaixasse mas se esse fosse o caso a história teria sido outra e não estaríamos aqui para vê-los de qualquer forma para nossa sorte esses animais ficaram no passado abendo a ciência e a arte unirem forças para trazê-los de volta pelo menos na nossa imaginação esse documentário foi inspirado e baseado no livro Piterossauros do Brasil de Luís Eduardo Anelli a quem eu agradeço por ter disponibilizado as imagens originais incríveis do páoartista Júlio da Serda contidas nesse livro você pode comprá-lo pelo link na nossa descrição assim como outras obras sobre paleontologia brasileira na nossa biblioteca um grande agradecimento também ao nosso artista 3D Kelvin Dantas por sua dedicação à modelagem e animação original do nosso Tropognatus que você pode explorar em detalhes no nosso site além de poder baixar um pôster digital informativo sobre piterossauros se esse tipo de arte te interessa fique ligado para as novidades que vem por aí como o curso de Paleo Arartarte 3D ministrado pelo Kelvin detalhando minuciosamente o processo de construção desse tipo de modelo você pode encontrar onde acompanhá-lo pela nossa descrição como sempre muito obrigado por acompanhar até o final e tenha uma ótima vida เฮ [Música]







