A Farsa da Indústria dos Óculos.. (E como ela te faz de TROUXA)

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Depois de sentar em cima do meu óculos da 25 
de março eu fui obrigado a comprar um novo, mas dessa vez queria comprar um bom. Fui 
numa loja e a atendente me mostrou 2 óculos, um mais “simples” de 300 reais e um rayban 
de 600 reais, eu acabei pegando o de 300, mas fiquei pensando, por que será que um óculos 
que não é da 25 de março custa tanto dinheiro? Óculos não são um produto tecnológico. Pensa 
bem: é só um pedaço de plástico ou metal, uma lente comum e uns parafusos. Nada de inovação 
absurda, nada de chips ou alta tecnologia. Mas enquanto celulares, TVs e computadores ficam 
melhores e mais baratos com o tempo… os óculos? Eles continuam exatamente os mesmos. E ainda 
custam uma fortuna. Como isso faz sentido? Investigando mais a fundo eu 
descobri que muitas dessas marcas, aparentemente concorrentes, pertencem à mesma 
empresa, numa espécie de monopólio mundial. Esse monopólio dá a uma única empresa o poder 
de controlar preços, eliminar concorrentes e manipular o mercado ao seu favor. Mas as coisas 
estão mudando: o monopólio está sendo desafiado, e os preços finalmente podem começar a cair.
Então, quem é essa gigante que faz um pedaço de plástico custar tão caro? Como o domínio dela 
pode estar chegando ao fim? E o que isso significa para você, consumidor? A resposta vai mudar a 
forma como você enxerga o mercado — literalmente. A grande empresa “malvadona” é a Luxottica.
A história dela começa em 1961, na cidade de Agordo, na Itália. Leonardo Del Vecchio, 
fundador da empresa, começou a trabalhar como aprendiz em uma oficina de moldes para 
peças metálicas. Foi ali que ele teve a ideia de integrar todos os processos de produção 
de óculos em uma única empresa, criando o conceito de negócios verticalmente integrado.
Nos anos 80, a Luxottica deu seus primeiros passos rumo à dominação do mercado global. 
Sua estratégia foi basicamente comprar marcas renomadas e redes varejistas, consolidando o 
controle sob a cadeia de produção e distribuição. Um marco importante foi a compra da LensCrafters 
em 1995, que expandiu sua presença no varejo e lhe permitiu vender diretamente ao consumidor final, 
eliminando intermediários e maximizando os lucros. Outro movimento crucial ocorreu em 99, 
quando a Luxottica adquiriu a Ray-Ban, ou como a gente conhece aqui no Brasil, 
Raibã, uma marca em declínio na época. Sob o controle de Del Vecchio, a Ray-Ban foi 
reposicionada como uma marca de luxo. A empresa restringiu a distribuição dos óculos, colocando-os 
em lojas premium e elevando os preços, o que aumentou sua percepção de exclusividade. 
Essa estratégia foi replicada em 2007, quando a Luxottica comprou a Oakley, ou 
como a gente conhece aqui no Brasil, Ókley, fortalecendo sua presença no mercado esportivo.
A Luxottica dominou o mercado: comprou a Sunglass Hut para liderar o varejo de óculos de sol e 
a EyeMed Vision Care para entrar nos seguros, controlando tudo, da fábrica até você.
Em 2017, a Luxottica deu seu maior passo: se uniu à Essilor, líder em 
lentes, criando a EssilorLuxottica, uma gigante que domina o mercado global de óculos.
A Luxottica não parou de engolir concorrentes e fornecedores e em janeiro de 2017, comprou a 
rede brasileira Óticas Carol por 117 milhões de dólares, pouco depois de sua fusão com a 
Essilor. Antes disso, a Luxottica já marcava presença no Brasil com a Sunglass Hut. Mas 
com a compra das 950 lojas da Óticas Carol, ela deu um salto gigantesco em sua estratégia de 
venda direta no país, controlando ainda mais a distribuição. É o tipo de movimento que transforma 
mercados inteiros — e coloca você em desvantagem. A fusão entre Essilor e Luxottica também 
encerrou a competição entre as duas empresas em seus negócios principais anteriores 
— a Luxottica na fabricação de armações e a Essilor na produção de lentes.
Essencialmente, a empresa tenta possuir uma parte de tudo relacionado a um par de óculos.
Ela simplesmente domina 80% do mercado de óculos de sol de luxo.
A Luxottica faz tudo: fabrica, distribui e vende direto ao consumidor, e controla parceiros como 
lojistas e seguradoras, eliminando a concorrência. Mas como esse domínio afeta você, consumidor? E o 
que está sendo feito para quebrar esse monopólio? Apesar de emblemática, a história da Luxottica não 
veio sem críticas. Tim Wu, professor de direito da Universidade de Columbia, observou que produtos 
de algumas indústrias, como laptops, parecem ficar cada vez melhores e mais baratos, enquanto outros, 
como óculos, permanecem estranhamente caros, com apenas inovações superficiais.
Isso aqui não é só um óculos caro. Isso aqui é 80% de um mercado inteiro controlado 
por uma única empresa que decide quanto você paga. E aqui tá o problema: quando uma única empresa 
domina a fabricação, a distribuição e até o varejo, ela pode basicamente ditar 
o preço do que a gente usa no rosto. Se você tentar ir em outra ótica, ainda vai 
pagar caro. Porque a Luxottica basicamente define o padrão de preço do mercado.
E o pior: quando aparecem concorrentes tentando vender mais barato, a Luxottica usa seu 
domínio no mercado pra dificultar a vida deles. Ou seja, você não tá só pagando pelo nome na 
armação. Você tá pagando por um sistema inteiro que mantém os preços artificialmente altos.
Segundo o Canadian Journal of Ophthalmology, a falta de concorrência é um dos principais 
fatores que mantém esses preços nas alturas. Mas talvez o aspecto mais frustrante 
desse monopólio seja a falsa sensação de escolha. A Luxottica controla cerca de 80% 
das marcas mais populares — Ray-Ban, Oakley, Prada, Chanel — além de redes varejistas 
como LensCrafters e Sunglass Hut. Parece que você tem muitas opções, mas, na verdade, 
está sempre comprando do mesmo conglomerado. Isso se chama “ilusão de escolha”. Em um mercado 
tão concentrado, a inovação fica estagnada, e os consumidores acabam pagando caro por produtos 
que mal mudaram em relação a modelos anteriores. A semelhança com outros mercados 
e marcas é mera coincidência. E não são apenas os consumidores 
que sofrem. Para novos concorrentes, o caminho é praticamente intransitável.
É embaçado. E tem gente incomodada com isso. A Warby Parker, por exemplo, surgiu pra 
basicamente chutar a porta do monopólio. Em vez de seguir o caminho tradicional, cheio 
de intermediários e marcas de luxo caríssimas, eles fizeram o óbvio que ninguém fazia: vender 
óculos de qualidade direto pro consumidor. Sem atravessadores, sem redes de lojas caras. O 
modelo de negócios deles é simples e direto—eles criam o próprio design, controlam a produção e 
focam em uma experiência de compra sem firulas. O resultado são óculos bons, estilosos e com preços 
que não fazem você repensar suas decisões de vida. E o modelo deles tem um porquê.
Dá uma olhada nesse gráfico aqui. Essa é uma comparação entre um óculos 
da Luxottica e um da Warby Parker, Um par de óculos da Luxottica custa 200 
dólares. Um da Warby Parker 95 dólares. E não, a diferença de quase 100 dólares não tem nada 
a ver com materiais mais caros ou tecnologia avançada. O segredo está em 
onde o dinheiro vai parar. A Luxottica coloca uma boa parte do custo em 
royalties de marcas famosas, marketing e uma margem de lucro enorme—tipo, 166 dólares de lucro 
em um único par. Já a Warby Parker faz o oposto: corta os intermediários, trabalha direto 
com fornecedores de lentes e armações e, pronto, consegue vender óculos 
por menos da metade do preço. A lógica da Warby Parker é simples: se 
você controla sua cadeia de suprimentos, controla seus custos. Eles não pagam por nomes de 
grife, nem por licenciamento de marcas luxuosas, tipo Prada, que faz parte do império da Luxottica. 
O custo das armações e lentes da Warby Parker é de apenas 10 dólares, enquanto a Luxottica gasta 
24 dólares com a mesma coisa. Isso porque a Warby está focada em eficiência, não em status.
E eles não estão sozinhos nessa. Marcas menores, como a Ollie Quinn, fazem o mesmo. Eles 
trabalham com fabricantes independentes, alguns locais, o que corta ainda mais os custos. 
Como disse Priscilla Anderson, da Ollie Quinn, o fato de o fabricante das lentes estar no 
Canadá permite que eles controlem cada etapa do processo—sem pagar extra por marcas 
famosas ou direitos de licenciamento. E aqui no Brasil acontece a mesma coisa. 
Um amigo aqui no RS tem a marca Vincit, com óculos bons e bonitos a preços justos. E assim 
como ele tem uns quantos por aí que prestam um bom serviço com produtos de qualidade.
Eles simplesmente criam uma marca, compram direto de fábricas tanto 
de fora quanto do Brasil e vendem diretamente pro consumidor ou para as óticas.
Esse movimento significa óculos mais baratos para o consumidor e um modelo de negócios 
que desafia gigantes como a EssilorLuxottica. Quando uma ótica vende um óculos da Luxottica, ela 
já pega um produto com um custo inflado—por causa de royalties de marcas de luxo, marketing 
pesado e uma margem de lucro absurda que a própria Luxottica já embute. Aí o lojista ainda 
precisa colocar a própria margem em cima pra cobrir aluguel, funcionários, impostos… e, claro, 
lucrar. No final, um óculos que custou uns 30 ou 40 dólares pra ser produzido chega na prateleira 
por 200, 300 dólares ou mais. Esse é o efeito cascata do modelo que a Luxottica domina.
E quando falamos em óculos de grau, a Warby Parker também tem opções, mas ainda assim 
a Luxottica encontrou um jeito de dificultar as coisas. Segundo David Gilboa, cofundador 
da marca, lojas controladas pela Luxottica muitas vezes se recusam a fornecer informações 
básicas, como a distância pupilar — essencial para produzir óculos em empresas independentes.
Isso mostra como a Luxottica utiliza seu poder para dificultar a concorrência e proteger 
sua posição dominante no mercado global. Mas o impacto do monopólio vai além do financeiro.
Ao transformar marcas como Ray-Ban e Oakley em símbolos de status, a Luxottica elevou os óculos 
a itens de luxo, onde o preço reflete a marca, não a funcionalidade. Essa estratégia é uma 
extensão da visão de Leonardo Del Vecchio, fundador da empresa, que sempre acreditou que 
óculos poderiam ir além de sua função prática e se tornar acessórios que expressam personalidade .
Mas com o crescimento de novas marcas e a pressão de reguladores, os primeiros sinais de um 
desafio à sua hegemonia começam a surgir. Em 2021, a EssilorLuxottica foi 
multada em 125 milhões de euros pela Autoridade de Concorrência Francesa por 
manipular preços e restringir vendas online. Já nos Estados Unidos, o senador Chuck Schumer 
propôs regulamentações para dar aos consumidores mais controle sobre suas prescrições, permitindo 
buscar alternativas fora do domínio da Luxottica. Em 2023, a EssilorLuxottica foi acusada pela 
Autoridade de Concorrência da Turquia de violar compromissos assumidos durante sua fusão. A 
empresa foi considerada culpada por combinar seus negócios de lentes e máquinas oftálmicas 
de forma a excluir concorrentes do mercado. Mas essas rebeliões globais de marcas 
e governos estão realmente ameaçando o monopólio da Luxottica? Estamos finalmente 
caminhando para óculos mais acessíveis? Então eu finalmente descobri o porquê 
de uma diferença de preço tão grande entre um Ray-ban e o outro óculos. E 
eu confesso que fiquei meio incomodado. E aparentemente tem mais gente 
que se incomodou com isso Um dos primeiros golpes veio em 2023, quando a 
Bulgari, uma das marcas de luxo mais icônicas do grupo LVMH, anunciou que não renovaria 
seu contrato com a Luxottica. Essa parceria de mais de duas décadas chegou ao fim, com a 
Bulgari optando por transferir suas coleções de óculos para a Thélios, uma subsidiária 
da LVMH criada justamente para assumir o controle direto da produção e distribuição .
E essa decisão não foi isolada. Marcas de luxo estão cada vez mais investindo em suas próprias 
infraestruturas, rompendo a dependência histórica da Luxottica. Para essas marcas, o objetivo 
é claro: recuperar o controle sobre preços, exclusividade e distribuição — algo que era 
impossível sob o domínio da gigante italiana. A Thélios, por exemplo, já assumiu coleções 
de marcas como Dior, Fendi e Celine, que antes dependiam de contratos 
de licenciamento com a Luxottica ou outras empresas similares. Esse movimento é 
uma clara mudança no mercado de óculos de luxo, colocando pressão direta sobre o 
modelo de negócios da Luxottica, que se apoia fortemente em contratos de 
licenciamento para manter sua influência. Mas não é só isso. As multas na França 
e na Turquia não são apenas punições financeiras — elas são um sinal claro de que 
os reguladores estão atentos e prontos para agir contra práticas monopolistas. Isso pode 
forçar a Luxottica a repensar suas estratégias e abrir espaço para novos competidores entrarem 
no mercado, oferecendo aos consumidores mais opções e preços mais competitivos.
Enquanto isso, marcas independentes continuam a ganhar terreno tanto lá fora quanto 
aqui no Brasil. Essas empresas desafiam o modelo tradicional ao vender diretamente para 
o consumidor, cortando intermediários e reduzindo custos. Com preços bem mais baixos e uma 
experiência de compra simplificada, elas oferecem alternativas que atraem consumidores cada vez mais 
conscientes do peso do monopólio da Luxottica. A Luxottica justifica os altos preços afirmando 
que óculos são produtos de uso prolongado e nega ser um monopólio, alegando que sua participação 
global é limitada e que grande parte das vendas ocorre em redes independentes. Só que 
o preço final não depende só da demanda – é uma questão de poder e controle sobre o mercado.
Talvez por isso muita gente opte pela pirataria. Segundo uma pesquisa do IFec RJ, quase 76% 
dos consumidores optam por falsificados por conta do baixo preço. E faz sentido, 
afinal, pagar muito por algo básico como um óculos pode parecer injusto.
Mesmo sabendo que é crime, milhões de pessoas continuam comprando.
Mas no geral os consumidores estão mais exigentes e conscientes, enquanto o sistema 
começa a apresentar sinais de transformação: marcas de luxo se reposicionam, regulações 
se intensificam e novos modelos de negócio emergem. Isso pode resultar em preços mais justos 
e na redução da compra de óculos falsificados. No meu caso, os óculos de 300 reais cumpriram bem 
com o objetivo. Ainda acho que não foram baratos, mas é muito melhor do que o de 600 e muito 
melhor do que os de 50 da 25 de março. E você, o que acha disso tudo? Acha que 
vamos ter alguma queda nos preços dos óculos? Deixa aqui nos comentários e não 
deixe de me dizer o que achou desse vídeo.

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