A fraude bilionária que DESTRUIU o banco de Silvio Santos
0imagine um banco que cresceu embalado por promessas de crédito fácil apoiado por um dos empresários mais carismáticos do país com uma marca forte e uma base popular sólida Agora imagine que por trás desse crescimento existe uma fraude contábil bilionária tão bem escondida que nem os auditores mais experientes nem o Banco Central nem mesmo a poderosa Caixa Econômica que comprou parte do banco perceberam a tempo O que parecia um caso isolado de sucesso no varejo bancário virou em poucos meses o maior escândalo contábil da história do setor no Brasil Um rombo estimado em mais de R$ 4 bilhões deais Um resgate desesperado envolvendo todo o império de Silvio Santos e um desfecho que mudaria para sempre a forma como o crédito é fiscalizado no país Hoje você vai entender como o Banco Pan-Americano quase arrastou consigo todo o sistema bancário brasileiro Uma história de erros omissões e uma crise que até hoje gera desconfiança no mercado financeiro Mas antes por favor não se esqueça já deixa teu like no vídeo se inscreve no canal e ativa as notificações Toda semana as curiosidades mais interessantes do mundo dos negócios você encontra aqui no Curioso [Música] Mercado A história do Banco Pan-Americano começa em um momento muito diferente do Brasil que conhecemos hoje No final da década de 1960 o país vivia uma onda de urbanização acelerada Milhões de brasileiros migravam do campo para cidades em busca de empregos e uma vida melhor O consumo interno começava a crescer mas o acesso ao crédito ainda era um privilégio para poucos Foi nesse cenário que em 1969 o empresário e apresentador Silvio Santos decidiu entrar no mercado financeiro Silvio Santos já era um fenômeno de popularidade na televisão brasileira com seu carisma único e uma conexão direta com o público popular Ele entendia como poucos as necessidades e os sonhos da nova classe média emergente Sua holding o grupo Silvio Santos já tinha controle do baú da felicidade um sistema de vendas por carnês que se tornara um verdadeiro ícone cultural no Brasil Inclusive vale até relembrar como o baú funcionava O consumidor comprava um carnê pagava pequenas parcelas mensais e ao final recebia produtos como móveis eletrodomésticos e roupas Era quase uma espécie de consórcio para consumo muito antes de cartões de crédito ou financiamento em massa existirem no país No entanto o modelo do baú tinha limitações O sistema era baseado em autofinanciamento dependendo de um crescimento constante de novos carnês para se manter Com esse problema em mãos Silvio enxergou uma oportunidade Se havia tanta demanda reprimida por consumo por que não criar uma instituição financeira própria para facilitar acesso ao crédito assim em fevereiro de 1969 o grupo Silvio Santos comprou a instituição financeira Real Sul e a rebatizou como baú financeira O objetivo inicial era modesto financiar a compra de TVs geladeiras e móveis pelo baú da felicidade ou seja dar crédito aos próprios clientes do grupo permitindo que mais brasileiros realizassem o sonho da casa equipada da TV nova e da geladeira moderna No começo a operação era simples com pequenos empréstimos prazos curtos e valores baixos mas acontece que o sucesso foi extremamente rápido impulsionado pela confiança que o público popular tinha em Silvio Santos À medida que a demanda crescia Silvio percebeu que poderia expandir além dos clientes do baú Poderia se tornar um banco de varejo focado nas classes mais baixas oferecendo crédito direto ao consumidor o famoso CDC E foi exatamente isso que aconteceu nos anos 1980 Um mercado financeiro brasileiro começou a se abrir O Banco Central começou a autorizar novas instituições a operarem como bancos múltiplos com várias carteiras de produtos: comercial crédito financiamento e até investimentos Em 1990 aproveitando essa brecha regulatória a baú financeira se transformou oficialmente em Banco Pan-Americano O Pan-Americano nasceu com uma proposta clara ser o banco do povo oferecendo crédito para quem tradicionalmente era ignorado pelos grandes bancos A ideia era quase a mesma do baú: financiar a compra de geladeiras TVs e eletrodomésticos bens que representavam status e qualidade de vida para milhões de brasileiros Com o tempo o PAN expandiu suas operações passando a oferecer crédito direto consignados para aposentados e pensionistas e até mesmo cartões de crédito Esse mercado era gigantesco e na época era quase inexplorado pelos grandes bancos tradicionais que ainda focavam nas elites urbanas e nas grandes empresas O pan-americano cresceu rápido impulsionado pela demanda reprimida por consumo no Brasil A combinação de fácil acesso prazos longos e parcelas pequenas era irresistível para milhões de brasileiros que nunca haviam sequer pisado dentro de uma agência bancária tradicional Além disso Silvio Santos emprestava ao banco uma imagem de confiança quase inabalável Para o brasileiro médio se era do Silvio podia confiar Lidar com dinheiro é algo complexo E para fazer isso com qualidade e segurança é necessário estar o mais durante a década de 2000 com a estabilidade econômica do Plano Real e o crescimento da renda o banco surfou na onda de expansão do crédito no país E é claro o consumo explodiu O pan-americano estava na linha de frente financiando desde a compra do primeiro fogão até o primeiro carro popular de famílias que finalmente realizavam um sonho da mobilidade Em 2009 o banco alcançou a marca de quase R$ 11 bilhões deais em ativos Um valor impressionante Parecia um caso de sucesso exemplar de como o Brasil havia se transformado em uma sociedade de consumo Mas por trás da fachada de crescimento e prosperidade algumas fissuras já começavam a aparecer A necessidade de fechar balanços no azul ano após ano com números cada vez mais otimistas para atrair investidores e manter a confiança do mercado criou o ambiente perfeito para o nascimento de práticas contábeis duvidosas Assim o que começou como um sonho legítimo de democratizar o crédito no Brasil estava prestes a se transformar em um dos maiores escândalos da história do sistema financeiro nacional Para entender a fraude que quase destruiu o Banco Pan-Americano primeiro é preciso entender uma prática comum do mercado financeiro Acessão de carteiras de crédito Funciona assim Bancos concedem empréstimos para pessoas físicas ou jurídicas Esses contratos ou papéis de dívidas são ativos para o banco Eles representam dinheiro que o banco tem a receber no futuro Se o banco quiser gerar caixa rapidamente ele pode vender esses contratos para outra instituição geralmente com um desconto Isso é chamado de sessão de crédito É uma prática legítima e muito usada principalmente em bancos de médio porte que precisam reforçar o caixa ou reduzir o risco de inadimplência O problema é que o Banco Pan-Americano distorceu completamente essa prática O PAN realmente vendia suas carteiras de crédito para outros bancos certo nisso ele recebia o dinheiro da venda e registrava isso como lucro o que era correto até esse ponto O que ninguém sabia é que secretamente o Pan reortava os mesmos contratos que havia vendido Esse processo era feito por alterações internas nos sistemas de TI do banco Não existia uma operação formal de recompra era uma manipulação contábil O banco fazia com que esses créditos vendidos continuassem aparecendo no seu balanço como se nunca tivessem saído Na prática era como se você vendesse seu carro recebesse o dinheiro mas continuasse registrando que aquele carro ainda é seu como se pudesse vendê-lo de novo ou usá-lo como garantia de novos empréstimos O golpe tinha dois efeitos imediatos e devastadores O primeiro era que as receitas eram infladas artificialmente O banco registrava o lucro da venda mas mantinha no balanço ativos que já não existiam mais Isso fazia parecer que o Pan era muito mais rentável do que realmente era E o segundo era que as perdas eram escondidas Quando um banco vende créditos ele transfere também o risco de calote Só que o PAN continuava com o risco escondido Quando os devedores não pagavam o prejuízo ficava invisível no balanço Esse truque mágico foi sendo feito mês após mês ano após ano A fraude era tão bem organizada que enganou até os auditores externos da Deloit que davam pareceres de contas OK ano após ano e é claro também enganou o próprio Banco Central que fiscalizava periodicamente a instituição Agora tem um ponto extremamente importante para entender essa história Essa manipulação não era feita de maneira grosseira Ela era cuidadosamente fatiada em operações pequenas pulverizadas para não levantar suspeitas Assim mesmo quem olhava os balanços com atenção via apenas números razoáveis dentro da margem de erro Para completar o momento econômico do Brasil ajudava a encobrir o problema Entre 2007 e 2010 o país crescia forte o crédito se expandia e a inadimplência apesar de presente era tratada como um risco normal em um mercado aquecido Ou seja o cenário otimista reduziu a desconfiança natural dos investidores reguladores e auditores Com essa tempestade perfeita acontecendo a reortação de créditos reinou se estabelecendo com uma fraude deliberada com envolvimento de diretores e funcionários de alto escalão do banco que inclusive sabiam do problema e tomavam ações concretas para escondê-lo Em setembro de 2010 por exemplo Rafael Paladino então diretor superintendente do PAN escreveu o seguinte para seus colegas: “Abre aspas precisamos adequar os números às exigências do Banco Central Fecha aspas” Essa simples frase mostra que já havia a consciência interna de que o rombo estava saindo do controle e que o banco precisava ganhar tempo para não estourar os limites regulatórios de capital mínimo A fraude do pan-americano foi montada usando conhecimentos sofisticados de contabilidade de sistema de informação e de gestão de riscos Não foi obra do acaso foi uma construção deliberada para sustentar um crescimento que sem os truques teria estagnado ou pior revelado prejuízos já em 2008 ou 2009 E o mais assustador durante boa parte do tempo o banco distribuía dividendos para acionistas remunerava diretores com bônus e ganhava novos investidores como a própria Caixa Econômica Federal sem que ninguém desconfiasse Tudo isso só veio à tona em julho de 2010 Quando uma checagem cruzada revelou que o que parecia ser um sucesso era na verdade um castelo de cartas prestes a [Música] desabar Após a entrada da Caixa Econômica Federal no capital do banco a instituição passou a acompanhar mais de perto as operações do PAN Era uma prática comum fazer checagens cruzadas para garantir a integridade dos números Em uma dessas auditorias internas técnicos da Caixa perceberam inconsistências no volume de carteiras de crédito cedidas Ou seja o Pan afirmava ter vendido uma quantidade de crédito mas ao mesmo tempo mantinha parte desses contratos contabilizados como se ainda estivessem em sua carteira Esse foi o primeiro fio puxado do novelo e logo ficou claro que havia algo muito errado Em julho de 2010 a Caixa comunicou formalmente o Banco Central e uma investigação conjunta foi iniciada Técnicos das duas instituições começaram a cruzar os dados linha por linha contrato por contrato O que encontraram foi devastador um rombo de pelo menos R 1,4 bilhão deais nas primeiras estimativas A situação era crítica Afinal se o Banco Central revelasse imediatamente o problema ao público poderia haver uma corrida bancária ou seja cliente sacando seus recursos em massa levando o banco à falência instantânea Além disso o pânico poderia se espalhar para outros bancos médios afetando a estabilidade do sistema financeiro O pan-americano era grande o suficiente para contaminar o mercado de crédito de varejo mas pequeno demais para resistir sozinho O Banco Central então optou por uma abordagem controlada Em 4 de novembro de 2010 divulgou uma nota pública informando apenas que havia identificado inconsistências contábeis significativas no Banco Pan-Americano e que estava apurando responsabilidades Cuidadosamente eles não mencionaram números nem falaram em uma fraude numa tentativa clara de ganhar tempo e evitar o contágio Acontece que nos bastidores a situação era muito mais desesperadora O banco precisava de dinheiro novo com urgência já que se não fortalecesse seu capital teria que sofrer intervenção do Banco Central o que seria um golpe brutal para a imagem do sistema bancário brasileiro ainda se recuperando da crise internacional de 2008 Foi nesse contexto que entrou em cena o FGC o Fundo Garantidor de Créditos O FGC é uma entidade privada criada para proteger os depositantes e investidores em casos de falência de instituições financeiras Resumidamente ele é uma espécie de seguro para os correntistas financiado pelos próprios bancos Percebendo o risco de um colapso o FGC aceitou fazer um aporte emergencial No dia 9 de novembro de 2010 foi anunciado um empréstimo de 2,5 bilhões para holding de Silvio Santos dona do Pan-Americano Mas o resgate não foi gratuito Em troca Silvio teve que oferecer todo o seu império construído ao longo de décadas como garantia Quando falamos em todo o seu império estamos falando de 44 empresas do grupo Silvio Santos incluindo o SBT a Jequt Cosméticos e o hotel Jequtimar O contrato previa que o empréstimo seria pago em até 10 anos com 3 anos de carência e correção apenas pelo IGPM Essa solução foi extremamente ousada e inédita já que nunca antes o FGC havia feito uma operação de socorro deste tamanho E publicamente o presidente do Banco Central na época Henrique Meirelles tratou de enfatizar que não houve o uso de dinheiro público Afinal o FGC é composto por recursos privados dos próprios bancos Mas essa explicação não diminuiu o impacto da fraude No dia seguinte ao anúncio do resgate o mercado reagiu mal com as ações preferenciais do Banco Pan-Americano despencando quase 30% na bolsa A Agência de Classificação de Risco Fit rebaixou a nota de crédito do Banco Mercado Nacional um alerta vermelho para investidores institucionais fundos de investimentos e pequenos acionistas que haviam comprado ações acreditando na marca Silvio Santos começaram a entrar com processos judiciais acusando o pan-americano de omitir informações relevantes que afetam diretamente o valor das ações Além disso surgiam dúvidas sobre o papel da própria Caixa Econômica Federal que um ano antes havia comprado uma participação bilionária sem detectar o rombo Até o Tribunal de Contas da União chegou a abrir uma investigação para apurar se houve prejuízo aos cofres públicos Enquanto isso dentro do banco o clima era de caos Diretores eram pressionados a explicar como um rombo havia surgido Funcionários temiam demissões em massa e o grupo Silvio Santos tentava desesperadamente salvar sua reputação No entanto a realidade se impôs O resgate do FGC era apenas um paliativo e o buraco financeiro era maior do que se pensava inicialmente Estima-se que o déficit real considerando provisões e ajustes contábeis corretos tem alcançado R 4,3 bilhões deais Sem alternativas a decisão foi inevitável vender o banco o mais rápido possível E foi exatamente isso que aconteceu poucos meses depois Sem o fôlego financeiro e com a imagem pública em ruínas o grupo Silvio Santos não teve outra saída se não achar um comprador para o seu banco Em janeiro de 2011 começaram oficialmente as buscas No entanto não era uma tarefa fácil O Banco Pan-Americano estava contaminado tanto na percepção sobre o mercado quanto nas suas demonstrações financeiras agora sob suspeita Era preciso encontrar um comprador com coragem e com poder de fogo para bancar uma recuperação longa e custosa Foi então que entrou em cena o BTG Pactual comandado por André Esteves um dos banqueiros mais agressivos e ambiciosos do país Em uma negociação rápida e discreta o BTG concordou em adquirir 37,64% do banco por apenas R$ 450 milhões deais Um valor irrisório se comparado aos R$ 739 milhõesais que a Caixa havia pagado por uma fatia menor apenas 2 anos antes A transação foi aprovada pelo Banco Central em maio de 2011 selando do destino do Pan-Americano Com um controle trocado começava uma operação de saneamento sem precedentes Afinal o rombo no banco era tão grande que sua injeção inicial de capital não seria suficiente Era necessário reestruturar operações demitir executivos envolvidos revisar todos os processos internos e reconstruir a confiança do mercado dos clientes e dos órgãos reguladores Ainda assim até mesmo o nome pan-americano carregava cicatrizes profundas Para tentar virar essa página uma das primeiras medidas do BTG foi encurtar a marca O banco passou a se chamar simplesmente Banco Pan uma nova identidade para tentar sinalizar o mercado uma nova fase que estava começando Internamente os controladores implementaram regras rígidas de governança e a prioridade máxima era mostrar que os tempos de maquiagem contábil haviam acabado Mas enquanto a nova administração tentava reconstruir o banco a justiça começava a responsabilizar os antigos executivos Em 2012 o Ministério Público Federal ofereceu denúncia contra 17 pessoas envolvidas no escândalo incluindo membros da Alta Diretoria e funcionários do Departamento Financeiro O processo criminal avançou rapidamente para os padrões brasileiros Em fevereiro de 2018 a sexta vara criminal federal de São Paulo condenou sete ex-diretores do banco Wilson Roberto Diaro que ocupava o cargo de diretor financeiro recebeu a pena mais severa 12 anos e 6 meses de prisão Rafael Paladino superintendente do PAN foi condenado a 8 anos e 6 meses Por fim Luís Sandoval Marco Antônio Pereira Cláudio Baracate Adalberto Savioli e Luís Augusto Teixeira outros nomes de destaque na gestão do banco receberam apenas de 2 a 6 anos de reclusão As sentenças deixaram claro que a justiça considerava o caso como exemplo de alta reprovabilidade social principalmente por ter ocorrido dentro de uma instituição financeira que lidava com recursos de pequenos poupadores e fundos públicos Paralelamente às ações penais a CVM também atuou abrindo processos administrativos contra o banco seus executivos e a Deloit empresa responsável pela auditoria das demonstrações financeiras O episódio do Pan-Americano virou referência negativa nos concursos de contabilidade auditoria e direito empresarial O impacto do escândalo foi tão grande que até o Banco Central precisou agir institucionalmente Em 2011 o BC publicou a circular 3553 que criou a obrigatoriedade do registro eletrônico de toda sessão de crédito feita no mercado Com isso se tornava impossível fazer uma operação como do Pan-Americano sem que houvesse um rastro documental visível para qualquer auditor ou regulador O escândalo também consolidou o Fundo Garantidor de Créditos com uma verdadeira linha de defesa sistêmica além de reforçar nos investidores a necessidade de olharem para a qualidade das provisões para a perda dos bancos e não apenas nos lucros declarados No fim das contas a saga do Pan-Americano serviu como um grande alerta No mercado financeiro números bonitos nem sempre contam toda a história Hoje o Banco Pan se transformou numa fintec de varejo moderna com foco em serviços digitais cartões de créditos e financiamentos O banco agora totalmente fora da órbita de Silvio Santos é uma nova empresa mas seu nome ainda carrega para muitos a lembrança de uma das maiores fraudes corporativas do Brasil Você sabia que o curioso mercado agora tem sua própria newsletter enquanto todo mundo lê as mesmas notícias de sempre tem gente descobrindo os bastidores do mercado de um jeito diferente Na nossa newsletter você encontra as melhores histórias do mundo dos negócios além de recomendações de conteúdos para você ir ainda mais fundo É gratuito e direto no seu e-mail e sempre tem algo interessante para você ler Aponte a câmera do celular para o Qcode que está aí na tela ou acesse no comentário fixado do vídeo Te esperamos lá M