A Fraude do ETANOL (E como o Crime está SILENCIOSAMENTE DOMINANDO o Brasil)
0parar em um posto de gasolina para abastecer o carro é um daqueles momentos que causam arrepios em muitos brasileiros Considerando o preço médio de março de 2025 encher o tanque de um carro popular com capacidade para 55 L custa R$ 353,65 Esse valor equivale a cerca de 23% do salário mínimo o que significa que para encher o tanque uma vez por semana seria necessário gastar praticamente o mesmo valor que muita gente recebe por um mês inteiro de trabalho O alto preço da gasolina pode ser explicado por diversos fatores como a pesada carga tributária brasileira a variação do preço do barril de petróleo no mercado internacional e outros custos envolvidos com o preço da gasolina nas alturas O etanol que custa em média R$ 4,36 por litro poderia representar uma enorme economia no bolso Com esse valor encher o mesmo tanque sai por R$ 239,60 o que gera uma economia de mais de R$ 100 a cada abastecimento E é aqui que surge a primeira enganação Na prática essa economia não existe já que o etanol rende menos do que a gasolina E para realmente compensar o preço teria que ser ainda mais baixo O curioso é que essa deveria ser uma opção viável e econômica para o brasileiro já que o etanol não está sujeito às variações do preço do petróleo e temos condições de sobra para produzir o combustível em grandes quantidades Mas não podemos esquecer que isso aqui é Brasil e o que deveria ser um produto para beneficiar a população se tornou uma grande oportunidade para a formação do que muitos chamam de a máfia do etanol Muitos podem pensar que o termo se refere a um grupo de empresários que usam seu poder e influência para aumentar seus ganhos Mas a verdade é que existe muito mais do que isso Nos últimos anos uma das maiores organizações criminosas do país entrou de vez no negócio de produção de etanol está controlando fatias cada vez maiores Mas afinal quando e por o etanol se tornou a opção viável de combustível como um produto que foi símbolo de eficiência energética virou um negócio lucrativo nas mãos de criminosos E como a máfia do etanol prejudica milhões de consumidores Se você quiser saber as respostas é só assistir a esse vídeo porque hoje vamos ampliar nosso conhecimento global sobre a máfia do etanol Em 1979 o cantor Raul Seixas lançou a música Movido a Al Diga seu novidade Já faz tempo que eu espero uma chamada do Senhor Com essa canção ao artista que já era conhecido por suas letras irreverentes e críticas ao regime militar voltou toda a sua artilharia contra o Proalcool o programa criado pelo governo federal para desenvolver uma alternativa à gasolina O programa havia sido criado 4 anos antes em 1975 como uma resposta direta à crise do petróleo que abalou o mundo em 1973 Naquele ano uma coalizão de países árabes decidiu atacar Israel no episódio que ficou conhecido como a guerra do Yonkpur Como Estados Unidos e vários outros países ficaram ao lado de Israel no conflito vários países árabes que dominavam a produção de petróleo decidiram colocar o pé no freio na extração como forma de atingir os aliados de Israel Mais do que atingir os Estados Unidos a medida afetou o mundo inteiro Para se ter uma ideia o barril de petróleo que custava cerca de 1,90 centavos em 1972 passou a valer 11.20 apenas 2 anos mais tarde O encarecimento e a escassez de petróleo fez o mundo procurar alternativas Nos Estados Unidos por exemplo começaram a sair de cena os carros grandes e potentes típicos dos anos 50 e 60 e começaram a chegar modelos pequenos que priorizavam a economia de combustível Já no Brasil a aposta foi por desenvolver um novo combustível que fosse renovável e que libertasse o país da dependência do petróleo Foi assim que nasceu em 1975 o Proalcool considerado pela Associação dos Fabricantes de Veículos Automotores a Anfávia como o maior avanço tecnológico da indústria automotiva nacional Mas Raul Seixas parecia não concordar com isso já que para o cantor derramar cachaça em automóvel parecia uma estupidez Ei ei Derramar cachaça em automóvel é a coisa mais sem graça de que eu já ouvi falar Mais do que isso Raul Zito fazia uma previsão de que a utilização de álcool como combustível era uma ideia com prazo de validade Já sabendo que o álcool também vai ter que acabar Além do cantor uma parte importante da sociedade brasileira também se posicionava contra o Proácol A principal crítica era em relação aos altos investimentos feitos pelo governo federal tanto em incentivos para os produtores quanto em subsídios para os consumidores Vale lembrar que eram tempos de ditadura militar e não existia qualquer oposição aos projetos do governo Dessa forma o projeto seguiu adiante e começou a mostrar resultados O objetivo naquele primeiro momento era desenvolver uma substância que pudesse ser misturada à gasolina e ajudasse o país a reduzir os gastos com a importação de petróleo que estavam afetando seriamente a balança comercial brasileira Por isso na visão de muitos o álcool seria uma solução temporária que seria descartada quando o preço do petróleo voltasse a cair Mas em 1979 a revolução iraniana fez o barril disparar novamente e mostrou ao mundo que talvez nada voltaria a ser como antes Naquele momento o Brasil já havia mudado o objetivo do Proálcool e no lugar de encontrar um complemento para a gasolina estava trabalhando na produção de veículos movidos 100% a álcool O grande salto nesse sentido aconteceu em 1979 quando a Fiat lançou uma versão do modelo 147 que entrou para a história como o primeiro veículo totalmente movido a álcool Apelidado de caixa por conta do cheiro que saía do escapamento o carro abriu as portas do mercado para veículos a álcool e eles rapidamente caíram nas graças dos brasileiros Segundo uma reportagem do G1 em 1985 a cada 100 carros produzidos no Brasil 96 rodavam com álcool Contudo o sucesso começou a dar sinais de desgaste em 1987 O petróleo realmente teve uma redução no preço e a gasolina voltou a ser competitiva Além disso os proprietários de carros a álcool sofriam para ligar o carro principalmente em dias frios E também era comum a falta do combustível nos postos Um pouco mais tarde em 1992 o então presidente Color decretou o fim do Proco e também abriu mercado brasileiro para carros importados fabricados para funcionar com gasolina Durante grande parte da década de 90 o álcool foi um combustível esquecido e poderia realmente ter desaparecido de vez das bombas Porém em 2003 a Volkswagen lançou o primeiro carro flex do Brasil que poderia rodar tanto com gasolina quanto com álcool Assim como o cachacinha havia feito em 1979 o Golf Flex abriu novamente o mercado para o combustível que foi rebatizado como etanol e ganhou uma nova oportunidade Entretanto isso também representou uma nova oportunidade para verdadeiras organizações criminosas que atuam no setor de produção de etanol Mas como esses grupos atuam não é nenhum segredo que o setor sucro energético que envolve a produção de açúcar etanol e energia elétrica entre outros é muito importante para a economia brasileira Além de gerar aproximadamente 700.000 empregos o setor é responsável por cerca de 2% do nosso produto interno bruto o famoso PIB No topo do setor estão algumas empresas gigantes como a Risen a Tereos e a BP Bio Enenergy que são de longe as que maisem cana de açúcar por aqui Mas nem sempre foi assim Durante a maior parte do século passado a produção de açúcar e etanol estava pulverizada nas mãos de vários grupos menores que em muitos casos controlavam apenas uma usina ou um pequeno grupo regional À frente desses negócios estava uma das figuras mais controversas do país o zineiro O termo até pode ser novo mas o poder que esse grupo possui é bem antigo O usineiro do século passado nada mais é do que o antigo senhor de engenho dos templos coloniais uma figura central e polêmica na história do Brasil Nos séculos onde o açúcar era o principal produto de exportação nacional os senhores de engenho tinham poder quase absoluto dentro de suas propriedades podendo impor suas leis e muita influência junto a todas as esferas de poder incluindo o rei A mudança de monarquia para a república parece não ter mudado muita coisa já que os novos senhores de engenho continuaram muito perto do poder principalmente em algumas regiões como Alagoas por exemplo O estado apesar de ser um dos menores do Brasil aparece como sétimo na lista dos que mais produzem cana de açúcar no país Por lá o plantil e o processamento da cana de açúcar é a principal atividade econômica e fonte de muito poder para os usineiros Durante muito tempo os donos de usinas do estado atuaram nos bastidores da política disputando cargos legislativos e principalmente através do financiamento das campanhas de políticos alinhados aos interesses do setor João Lira por exemplo um dos maiores usineiros do estado segundo a Veja doou junto com outros usineiros a bagatela de 25 milhões de dólares para a campanha de Fernando Color de Melo a presidência da República em 1989 Mas em 2006 de olho em reduzir o ICMS para o setor e conquistar outros benefícios dois usineiros decidiram concorrer ao governo do estado A disputa foi entre o próprio João Lira e Teutônio Vilela Filho E de acordo com a nota da Folha de São Paulo a disputa foi acirrada e com direito a acusações de mando de assassinatos e corrupção Teutônio Vilela saiu vencedor da disputa e depois foi reeleito em 2010 Enquanto em Alagoas os usineiros foram para a frente dos palanques No restante do país eles continuam atuando como antes ou seja nos bastidores e despejando milhões de reais durante as eleições Não é à toa que nas últimas quatro eleições a lista dos maiores doadores para as campanhas tenha sido encabeçada por um empresário do setor O título de doador mais generoso pertence a Ruben Isometo que somente em 2024 despejou mais de 17 milhões deais nas campanhas de 163 candidatos de 15 partidos diferentes Com a ajuda do empresário 31 prefeitos e 40 vereadores conseguiram sair vitoriosos das urnas Caso você não saiba Ruben Zometo é um dos homens mais ricos do país e sua fortuna vem do conglomerado Cosan que controla várias empresas entre elas a Heisen maior produtora de etanol do Brasil Assim como Ometo vários outros usineiros do país investem pesado no período eleitoral para colher benefícios depois e pode apostar que eles colhem Em 2022 o deputado federal de Minas Gerais Diego Andrade apresentou um projeto de lei para exentar as usinas produtoras de etanol do pagamento de vários tributos A grande coincidência da história é que o projeto foi protocolado apenas 2 meses após o deputado receber uma doação de R$ 200.000 R para sua campanha à reeleição da empresa Delta Sucro Energia que possui três unidades em seu estado A influência do setor em Brasília vai além do Congresso Em 2020 por exemplo enquanto o país estava mergulhado na crise provocada pelo coronavírus os usineiros atuavam nos bastidores para não perderem receitas Para evitar que a gasolina ficasse mais barata e que fossem obrigados a baixar também o preço do etanol Os usineiros tentaram emplacar um aumento de impostos para o combustível concorrente Segundo informações os ministros de Minas de Energia e da Agricultura apoiavam a ideia que não foi pra frente por veto do então presidente Jair Bolsonaro Esse jogo pesado nos bastidores em Brasília e os milhões injetados em campanhas políticas gera ao setor bilhões em economia com isenções fiscais e outros benefícios Mas a da verdade essa prática apesar de possíveis questionamentos éticos não esbarra em ilegalidades e é comum em vários setores É longe de Brasília depois das porteiras das propriedades rurais e atrás das cercas das usinas que a atuação de vários usineiros ganha contornos mais parecidos com ações mafiosas Foi exatamente isso que constatou uma investigação Gaeco braço de combate ao crime organizado do Ministério Público do Rio de Janeiro Segundo a denúncia ex-diretores da usina cana brava compravam metanol que é uma substância mais barata e altamente tóxica que era misturada ao etanol produzido pela empresa O combustível adulterado recebia um certificado de qualidade falso e era vendido para as principais distribuidoras do país entre elas Shell Ipiranga e Petrobras De acordo com os promotores o esquema gerou mais de R$ 9 milhões de reais de ganho para os envolvidos Indo mais fundo no submundo da produção de etanol é possível encontrar inúmeras denúncias de abusos dos direitos trabalhistas Em 2022 o setor foi o que mais registrou o resgate de pessoas em situação análoga à escravidão No ano seguinte houve uma ligeira redução e o setor passou para a segunda colocação no ranking Ainda assim foram encontrados 250 pessoas trabalhando nessas condições dentro de canaviais É possível ainda encontrar situações inimagináveis como a que revelou uma comissão da Assembleia Legislativa de São Paulo Os levantamentos apontaram que em 2011 os usineiros estavam incentivando o consumo de craque pelos cortadores de cana porque com o consumo da droga eles trabalhavam cerca de 14 horas por dia sem interrupções E se somente com a atuação dos usineiros o setor já tinha atitudes que podem ser consideradas de máfia investigações recentes indicam que tudo pode ficar ainda pior Em um evento realizado em Nova York no ano passado o governador de São Paulo Tarcísio de Freitas fez a seguinte declaração: Que preocupa no crime organizado Quando a gente vê que um PCC tem 11 postes de gasolina quando a gente vê que eles estão começando a comprar usinas de etanol porque ele não vai pagar o preço justo pela cana de açúcar ele vai chantagear o produtor para pagar um preço menor Ele vai usar força para isso Por mais absurdo que possa parecer uma das maiores organizações criminosas do país começou a atuar na produção de etanol Uma reportagem da Veja mostra que o interesse da facção começou com os postos de combustíveis Olhando para o setor é fácil de entender o motivo Os postos de gasolina são estabelecimentos com uma rotatividade enorme de clientes muitos pagamentos feitos em dinheiro vivo e uma infinidade de transações sem emissão de notas fiscais Esses fatores converteram os postos em uma importante engrenagem do esquema de lavagem de dinheiro do crime organizado Em 2017 segundo dados da Federação Nacional de Comércio de Combustíveis e Lubrificantes o PCC comandava cerca de 150 postos de combustíveis no estado de São Paulo Os dados mais recentes divulgados pelo governador indicam que o negócio prosperou e hoje são cerca de 100 postos sob o comando da organização Depois de escalar no comércio de combustíveis o grupo decidiu dar mais um passo e segundo empresários do ramo pelo menos cinco zinas no estado de São Paulo e outras seis na região Centro-Oeste já pertencem à organização Se nada for feito o grupo deve avançar cada vez mais e tomar ações que prejudiquem tanto produtores quanto consumidores Como o próprio governador afirmou dificilmente uma organização como essa vai se dispor a pagar um preço justo ao produtor pela cana Através de chantagens e ameaças devem tentar baixar ao máximo o valor pago para a maximização dos lucros Além disso como todos sabemos essas organizações não se submetem a nenhuma lei e portanto vão produzir combustíveis sem seguir as regras impostas ao setor E no final da linha seja através de lobby e financiamento de campanhas seja por meio de organizações criminosas no final da linha somos nós os consumidores que continuaremos pagando caro por um combustível que tinha tudo para ser uma opção mais barata a gasolina E não para por aí [Música] Ao chegar em um posto e ouvir o frentista perguntar se queremos abastecer com gasolina ou etanol o consumidor até pode ter a sensação de que realmente tem escolhas Mas mesmo que a eleição seja gasolina é impossível escapar do etanol e tudo que está por trás da sua produção Isso porque desde que o Proálcool foi criado lá na década de 70 a gasolina brasileira passou a ser misturada com etanol No começo o percentual de etanol adicionado à gasolina deveria ficar entre 10 e 22% Mas com o passar do tempo e a pressão dos usineiros o percentual foi aumentando Em 2014 uma nova lei foi aprovada e definiu que esse intervalo deveria ficar entre 18 e 27,5% E esse percentual elevado foi mantido mesmo quando fazia o menor sentido como em períodos entre safra quando falta etanol e os preços aumentam Em 2021 diante desse cenário a Federação dos Combustíveis sugeriu deixar a mistura nos mínimos permitido pela lei devido à escassez de etanol Porém o lobby falou mais alto e a mistura continuou em 27,5% Mas recentemente o Congresso Brasileiro aprovou a lei do combustível do futuro que prevê aumentar o percentual de etanol na gasolina para até 35% A aprovação aconteceu em um momento em que de acordo com a analista Isabela Garcier o etanol estava sendo vendido nas usinas 20 centavos mais caro que a gasolina pura na refinaria Na prática seria como dizer que adicionar ouro na prata vai servir para baixar o preço Claro que os preços são flutuantes e a depender do preço do barril de petróleo no mercado internacional o preço da gasolina pode ficar muito mais alto Mas engana-se quem pensa que o etanol tem seu preço estável Embora o preço do combustível não esteja sujeito a questões geopolíticas como o petróleo os produtores conseguem manipular o preço aumentando a produção de açúcar e reduzindo a oferta de etanol tática já utilizada várias vezes O lobby do etanol também tem atuado com todas as forças para evitar que os carros elétricos ganhem mais fatia de mercado Além das questões econômicas a atuação mafiosa na produção de etanol traz sérias consequências para os veículos O aumento recente do percentual de etanol na gasolina não deve prejudicar os carros que possuem motores flex mas para veículos com motores que só podem rodar com gasolina os problemas podem ser graves Segundo a BBC cerca de 12% da frota brasileira de veículos incluindo a maioria das motocicletas não estão preparados para o combustível do futuro A opção nesses casos conforme a reportagem seria utilizar a gasolina premium que custa 40% a mais do que a comum Mais uma vez o consumidor final paga o preço Assim como existem atitudes que podem ser consideradas mafiosas nos bastidores da indústria do etanol existem também em outros setores como das farmacêuticas E é sobre isso que falamos nesse vídeo que está aparecendo na sua tela É só clicar e continuar ampliando o seu conhecimento global