A Geração Z e os perigos invisíveis da internet
0Você é geração Z, né, Noa? Sim. É. Quantos anos você tem mesmo? 20. 20 anos. Você cresceu com internet? Uhum. E esse é um é uma solução, problema hoje paraa nossa vida e pros jovens, eu vejo que é um problema assim seriíssimo, é algo assustador, porque quanto mais eu chafurdo nessa lama, mais eu me assusto com isso, assim, aquele negócio das panelinhas do Discord e e e filmar crime ao vivo, como o Artur diz, como se aquilo fosse ficar evanescente. Depois você fez ali na internet, como você fez para publicar na internet, aquilo vai sumir de alguma forma, sabe? Como que vocês vocês tiveram, na verdade, não nem como que isso aconteceu, porque eu não sei nem se aconteceu, vocês tiveram que lidar com essa questão da internet, porque você trabalha com isso hoje, né, Noa? Isso já foi um empecílio para vocês? Se você vê isso à volta, isso chega ao consultório. Eu queria pegar como que vocês estão vendo a internet hoje e esses problemas, né, tão pungentes. É de ser uma pessoa pública, né? Exposição, assédio. É, ainda tem isso. Como é que isso entra também? Quando eu era pequeno, a gente surfava junto com uma GoPro, que é aquelas câmeras de ação de os filmes, inclusive são ótimos. Ah, a gente colocava na prancha e ia surfar junto. Nessa gente, eu dei muita sorte por ter crescido com muitas recordações, muitas mídias dos momentos que a gente viveu tanto surfando junto, enfim, indo surfar no meio de chuva, enfim, ondas de 3 m. E eu postava esses videozinhos no meu Facebook e eu usava a internet só para isso, eu postar esses videozinhos, queria ir surfar para fazer mais imagem e postar. Por quê? Porque para mim era importante para conseguir apoiador. Eu queria patrocinadores, queria apoiadores. Então a gente fazia esses vídeos surfando. Eu com 10 anos pegava, entrava no Instagram de um monte de marca, pegava e-mail, começava a regidir uns textos. Quando eu vi a minha prancha tava com uns 20 adesivos, com 10 anos. E você pode sim usar a internet para se beneficiar, ainda mais se você for um atleta, você colocar o seu trabalho ali. E hoje mudou muita coisa, né, daquela época de 2012 para hoje 2025. Mas eu acho que tem que ter um pouco de cuidado, porque às vezes você coloca muito da sua vida ali e a gente não pode esquecer que tem pessoas com má intenções, tem pessoas eh que não querem fazer o bem. Uhum. Mas é super importante uma criança, não, um adolescente desde cedo, ainda mais se tiver um esporte, colocar o seu trabalho lá. Uhum. Assim como eu fiz. E isso hoje em dia se tornou o meu trabalho que a gente vai falar que mudou muita coisa. Mas o começo foi isso, foi pela minha paixão dominante. Uhum. E agora meu pai vai falar um pouco da Isso aqui, gente, eh tá destruindo famílias. É destruindo famílias. Eu gosto sempre de brincar assim, né? Há 50 anos a nossa avó, vamos imaginar, a gente volta no tempo, né? Nossa vó tá na cadeira de balanço, a gente passa ali e fala: “Ah, onde é que tá sua filha?” Ela fala: “Minha filha tá com um estranho aqui no quarto conversando”. Coisa louca. Nossas avós nunca deixavam as filhas conversar com estranhos, né? Os pais eles outorgaram isso aqui livremente pros filhos, né? E eles estão no quarto conversando com estranhos e eles estão sendo forjados, né? Eles estão, o imaginário deles tá sendo construído com base nos influenciadores que eles têm acesso, né? Isso não passa em cume na vida, né? Eh, é desesperador você ver o que que tá acontecendo. Eu tô atendendo um caso eh de uma menina de 14 anos, 14 aninhos de idade, né? E que a mãe fala da noite pro dia ela mudou, ela passou a nos odiar e ela falou que se descobriu lésbica, está apaixonada por uma menina e quer viver esse grande amor. E a menina com 14 anos, né, ela fala abertamente: “Eu quero viver com a minha mulher. Eu quero viver com a minha mulher”. O problema não é nem esse de viver com uma mulher. O problema é uma menina de 14 anos falando dessa maneira, né? E a mãe tinha outorgado pra filha livre acesso a tabletes, a celulares. E daí quando ela foi ver as conversas, ela ficou completamente assustada, completamente horrorizada, né? Então existe hoje, né, essa cultura walk é uma cultura muito perigosa, porque ela é violenta. Ela é violenta, um desequilíbrio identitário, né? gera, gera um desequilíbrio identitário enorme, né, num momento em que a sexualidade ainda não tá nem manifesta. Uhum. O problema não é a homossexualidade, o problema é a sexualização precoce da juventude. Eh, você tem crianças de 7 anos, de 8 anos sensualizando no TikTok com apoio das mães, né? Foi completamente diferente o o acesso ao NOA, do Noah ao celular, né? Ele, como era um uma criança patrocinada, ele queria eh fazer a divulgação das empresas e ele conseguia empresas para patrociná-lo, né, com aninhos de idade. Ele ele fechou um contrato com a Decathlon, né? Ele falou: “Pai, eh, eu entrei em contato com a Decathlon e agora o diretor quer falar com você”. É, então ele entrava em contato pelo Facebook. Oi, meu nome é novo. Dá uma olhada no reunão amanhã meio-dia. Agora, eh, podia ter dado errado. Sim, podia ter dado errado. Eu fui muito imprudente, né? Mas como Noa já falou, mas foi muito presente também. É, eu era presente, né? Mas ele teve o celularzinho dele, ele editava os videozinhos dele, ele postava no Facebook, eu olhava, falava: “Ô, que bonitinho, né?” Ele desde sempre ele fazia as edições dos vídeos. Então ele usou como uma ferramenta de trabalho eh precocemente e deu certo, mas podia ter dado muito errado. Podia ter dado muito errado. Eu lembro que quando não era pequenininho, eu tinha duas casas, né? Eu tinha uma casa aqui na Vila Madalena, que era uma empresa. Eu ficava meio período aqui em São Paulo, meia semana e meia semana lá embaixo. E a gente tinha um apartamento muito pequenininho em frente à praia. E o Noa costumava falar, né, pai, nossa casa é bem pequenininha, né, mas a piscina é enorme. Uhum. né? Então ele não ficou refém do celular. Agora, eh, não é a realidade na maioria das famílias, né? Morar num litoral de frente praia. Nem só litoral, né? Né, Danuca? Hoje em dia você vai, você tem play às vezes em prédios, né? Lá no Rio chama play, não sei se aqui em São Paulo chama também. Parquinho, você desce ali, aí fica, tem quadra, tem às vezes um monte de coisa. Ou rua. Eu cresci em rua fechada, assim era fechado, jogava bola, brincava na rua. Sabe, não tinha isso. Hoje em dia você vê um monte de criança em festinha de criança também, tudo um celularzinho assim, ninguém conversa, mas com as crianças não estão seguras no condomínio fechado, né? Isso é uma uma ilusão dos pais. Elas não estão seguras no condomínio fechado, né? E tem um livro muito bacana que eu já falei em algumas ocasiões, é um livro de uma psicóloga chamada Judith Hit Harris, chama Diga-me com quem Andas. Eh, e ela desmistifica essa crença de que, ah, se eu sou um pai, eh, que dou uma boa formação ética e moral pro meu filho, ele tá protegido. Tá uma ova, né? Eh, a circunstância que o filho está inserido fora de casa, ela é infinitamente mais importante na constituição do caráter. A constituição da personalidade, ela é múltipla, né? Você tem elementos congênitos que são herdados, você tem o acaso, você tem o teu temperamento, mas você tem também a circunstância, né? E o grupo de amigos, ele pode ser maravilhoso, mas ele pode ser devastador. Ele pode ser devastador. E os pais muitas vezes eles descuidam dos amigos, dos filhos, né? Isso é uma coisa que eu sempre fiquei muito atento, né? Muito atento com quem que ele anda, quem são os amigos. Tanto é que grande parte dos amigos dele são meus amigos hoje, né? Os meus amigos de infância são amigos dele e os poucos amigos que ele tem da geração Z são meninos queridos que a gente recebe em casa, mas muitos se perderam, como ele falou muit sobre isso. Eh, jogando também a bola pro Noa, queria falar um pouquinho de educação, porque acho que tem tudo a ver esse círculo social. Hoje em dia os pais eles estão preocupados ali, alguns pais, né, claro, que estão mais atentos a a essa questão da educação dos filhos. Então, ah, em casa aqui cuido eu, tal, vou educar nos nas virtudes, nos valores e tal. Aí o filho vai pra faculdade. Aí na faculdade é cultura walk, é cabelo roxo e é feminismo e não binário e é tudo isso. E aí daqui a pouco o seu filho que começou no primeiro período, já no oitavo período ele é outra pessoa. Uhum. Como é que você sentiu isso? Como é que foi a tua tua relação com vida de estudos? Eu sei, claro, você viajou para caramba. A gente vai falar um pouco também dessas viagens e tal, mas como é que você se sentiu e eh nesse mundo acadêmico? Eh, esses grupos sociais, depois eu queria uma palavrinha tua sobre isso. O no não, você não optou por não ir pra faculdade, né? É, eu optei por não ir pra faculdade agora. Nada impede daqui uns anos no futuro, mas eu tive relação com poucas pessoas assim que fizeram faculdade e tiveram uma grande mudança, mas mesmo na escola eu consegui ver um pouco da mudança. Eu tinha alguns professores de filosofia que colocava filme de uma parte, de um lado e não colocava de outro. Bem tendenciosos. E eu observava desde o início ali no ensino médio a mudança de algumas pessoas de opinião por não ter uma chance de entender o outro lado ainda na escola. Isso na faculdade Uhum. potencializa. Potencializa 10 vezes. Ele fala direto para mim dos casos que vê de filhos de amigos, de como mudam e mesmo hoje eu indo pra faculdade, ele ainda ficaria com medo. Uhum. Eu acho que não tá pronto. É, né? Eu acho que ele não tá pronto, né? E e para mim é muito dolorido isso, né? Porque eu ministrei aulas em vários lugares em universidade por 38 anos. Eu tenho duas faculdades, três pós-graduações, mestrado, doutorado. E é com muita dor no coração que eu falo que hoje o pior lugar que você pode enviar um filho é escola e universidade com raríssimas e honrosas exceções, né? Eu eu tive nesses 38 anos o desprazer de ver o desmantelamento total da educação no Brasil. É assustador, né? Outro dia eu postei no meu Instagram uma comparação do hábito de leitura dos indivíduos de do da década de 70 pros indivíduos de hoje. E assim, eu participei de inúmeras salas de professores, né? Acho que eu vi esse vídeo, né? professores, eu afirmo categoricamente 99% dos professores não leem, não lêem, muito pelo contrário, me chacoteavam quando me viam com livros, né? Sala de professor hoje é, infelizmente, é o local propício para os professores chacotearem dos alunos, né? falarem absolutamente de tudo, menos daquilo que interessa, menos daquilo que é importante. Então, eu sempre falei pro Noa, falei: “Filho, eh, imagine o que que aconteceria se você se disponibilizasse a maratonar todo o conteúdo da Brasil Paralelo por 3 anos, por 4 anos, ou fazer o COF, ou fazer o meu próprio curso, meu curso de formação que ele tá fazendo, né? Isso vai dar solidez moral, isso vai dar solidez ética, isso vai conhecimento, né, para para ele fazer o contraponto com os professores. Então, quando quando Noa começou a trabalhar com marketing digital, pelo fato de desde pequenininho ele ter postado algumas coisas com relação ao esporte, ele tinha um número de seguidores relativamente grande. Aí ele começou a estudar marketing digital, virou afiliado, né? e começou a ganhar dinheiro muito rápido com isso, que ele vai falar um pouquinho do trabalho dele, né? Muito rápido. Eh, nos primeiros três meses, o começou a ganhar mais do que eu ganhava com 40 anos de idade. Caramba. Assim, como é que eu vou chegar pro cara e falar, você precisa fazer uma faculdade se ele tá bebendo em fontes como BP, como o curso online de filosofia do professor Olávio de Carvalho, se ele tem um referencial intelectual bom em casa, um ótimo leitor, né? Não, não é o leitor que eu gostaria que fosse, mas é muito acima da média, muito acima da média. É o que eu sempre falo pro no né, falo no livro por ano. Eh, você é muito acima da média da tua geração, mas muito abaixo do que você pode ser. Eu pego pesado com ele o tempo inteiro, né? É, tem treta em casa, né? O pessoal fala: “Ah, puxa vida, essa coisa de família perfeita não existe, né?” Ah, o Danuca, orientador filosófico, familiar, tem altas tretas em casa. Altas tretas. Educar é sempre um enorme e é porque vocês não jogam poeira para baixo do tapete, então elas estão sempre sendo resolvidas, né? Então é, eu fico feliz dele não ter ido jogar a régua para cima. E o o Elon Musk outro dia falou, né? Você não precisa ir paraa faculdade para adquirir conhecimento bom. Hoje o YouTube tem tudo ali. Agora, se você tem a vocação para ser um médico, um neurocirurgião, se você quer ser um engenheiro, você ainda vai ter que ir pros bancos escolares, né? Mas eu acho que hoje o no ainda não está preparado, né? E daqui a uns três ou 4 anos, quando o cérebro dele esver mais maduro, né? Talvez seja a hora dele ir, se ele quiser. É aquela frase, né? Não deixe que o a faculdade atrapalhe seus estudos.