A HISTÓRIA do CORONELISMO no NORDESTE!

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Pra gente contextualizar, fale, explique o Nordeste pós-monarquia, coronelismo, jagunços, etc. Certo. Tava, antes de da gente começar, a gente falava aqui do, segundo alguns, né, talvez o melhor governador que Pernambuco teve, Caetano Pinto de Miranda, Montenegro, governou Pernambuco de 1804 a 1817. Na verdade, o título não era de governador, era capitão general. O capitão general era o era o então governador das províncias, né? Isso, se você perceber as datas, né? Antes ainda da independência, o Caetano Pinto nasceu em Lamego, cidade agradável lá de Portugal. Nossa, um lugar muito bonito, tem as famosas escadarias de Lamego. Então, nossa nossa, saiu de Lamego, saiu de Lamego para antes de antes de de assumir o governo de de Pernambuco, né, ele era ele estava no Mato Grosso. E aí ele assume o governo e ele fez questão, como diz o meu amigo, o Dr. Saulo, ele fez questão de ir a Pernambuco e conhecer o estado de ponta a ponta. Então, ele entrou em Pernambuco pelo sertão, ele sobe numa viagem extraordinária, cheia de aventuras. Ele chega em Pernambuco pelo sertão, aquela região do São Francisco. E dali ele vai, ele vai seja na pelos rios ou no lombo do jumento até chegar na grande comarca de Flores. Flores é a é a é a comarca mãe do sertão central daquela região do sertão do Pageú. Campanha contra o comunismo com promoção imperdível, frete grátis e três cursos de bônus até o dia 7 de agosto. Aproveite. E lá ele foi muito bem recebido, com toda a sorte de alimentos, etc. E depois ele conclui a viagem dele até a o Recife e ali ele percebeu a necessidade da institucionalização do sertão. Então o Caetano Pinto de Miranda Montenegro, ele é o o patriarca do sertão. É aquele que institucionaliza as províncias. Ele escreve pro rei na época, né? Ele escreve pro rei de Portugal dizendo a necessidade de se institucionalizar através de freguesias com marcas. a institucionalização também de uma força policial, né, de uma força pública, por causa dos problemas das que ano que ele oficiou isso aí? Mais ou menos isso por volta de 1810, o Alvará Régio. Então o Dom João VI já tava no Brasil, já estava no Brasil, né, a partir do Alvara Ré de 1810. E aí ele ele faz essa institucionalização, ele é destituído, embora fosse um bom governador e até mesmo os revolucionários de 1817 reconhecessem isso, ele até foi poupado por causa do trabalho que ele tinha feito eh em prol de Pernambuco. Ele foi poupado e ele foi então exilado do país de Pernambuco em 1817 e depois ele vai ser preso lá na Ilha das Cobras, se me não eu engano, e vai ficar um tempo depois ele ele é solto, né? Mas ele foi o o o quem institucionalizou o sertão a partir da comarca mãe, que é comarca de Flores do Pageú, que nós já estivemos lá, passamos pelo sertão lá, passamos lá em Flores, né? Eh, eh, eh, eh, ali naquela região de de triunfo, flores, né? Então, é a institucionalização. E o sertão após eh Lampião, ele vai nascer no final do século XIX, né? E o sertão, após o o a a República, né, 1889, ele vai passar por um período de desfragmentação. A desfragmentação social eh passa por secas terríveis. Uma das principais secas que marcou a história, nossa história, foi a seca de 1877, que durou 3 anos. E foi uma seca que eh eh causou uma grande tragédia social. Muita gente morreu, muita gente teve que sair, não é? Isso também provocou um duplo fenômeno, né? O fenômeno do cangaceirismo ou do banditismo e também o o fenômeno do messianismo. Esse caso da seca foi grave. O Dom Dom Pedro I chegou a comentar sobre isso daí também. Eh, sobre essa seca, melhor dizendo, com tiveram grandes ciclos, né, de secas. Esse foi um dos mais graves, né? Então, é, acho que, se não me engano, o pior lugar foi o Ceará, não foi? Ceará. Foi o Ceará. Essa é uma história mal contada, é pouco estourada. Morreu muita gente no no no no Ceará. Eh, eh, a população de Fortaleza aumentou muito por causa do fluxo migratório do interior para Fortaleza. E segundo alguns, né, em apenas um dia chegou a ter 1000, mais de 1000 pessoas que morreram por causa da da da fome, das doenças que se seguiram, né? É um triste episódio da nossa história que é totalmente esquecido, né? Episódio, tal do banditismo, né? Já vi. É o banditismo. É o que chama de banditismo social. Não tá me referindo a fome. Ah, se fome, fome seca. Essa seca violentíssima que correu. Bom, mas aí continua lá. E aí também no no na questão do do messianismo, a gente tem, né, homens que eh foram seguir as prédicas do Antônio Conselheiro. E o Antônio Conselheiro, ele é cearense, né, de Quereramobim, mas desce. Ele ele faz todo um percurso, um périplo por várias cidades, eh, principalmente na na nas áreas secas, né? E se instala na Bahia, no lá na na então que vai ser a Troia, né, que a Troia de Taipa, como dizia Euclid da Cunha, na cidade de que na cidade que ele vai fundar, no Monte Santo, na cidade que ele vai fundar em Canudos. Outro também que foi a referência, que foi eh até nossa entrevista, outro também que vai a regimentar um grupo muito grande de Jagunços e Beatos é também o padre Ca nesses grandes, nesses dois grandes polos vai fazer um um sexo de seguidores, né? Então a fragmentação o o a base do poder, ela vai se assentar na arma, poder das armas e também no poder da terra. Então, quem tinha terra, ele vai formar grandes eh pequenos, grandes grandes e e na verdade grandes feudos, né? E aí vai ter a figura o dono da o dono da terra, ele vai se servir de determinados de determinadas personagens que vão atuar em prol das suas dos seus objetivos, que vai ser a figura do vaqueiro, né? um homem habilidoso, um herói para nós dos sertões, fruto de tantas poesias e tantas histórias, né, histórias de de de dos cordéis. Eh, a figura do vaqueiro, a figura do Jagunço, que vai ser aí já uma aí já vai ser um um uma pessoa que vai se dedicar às armas e também a figura do cangaceiro, né? Esses são os três grandes personagens que vão fazer a o a frente, né, a esses senhores de terra. Só para, só para constar, pra gente eh ver, né, pra gente perceber a força que esses homens tinham, eh eu sempre trago a história do Augusto Santa Cruz, que era um coronel do interior da Paraíba e que em 1911 arregimentou um grande quantidade de jagunços e invadiu a cidade de Monteiro e lá fez refém às autoridades da cidade. Hoje é uma coisa inimaginável. né? Por mais que a violência esteja no Brasil crescente e tal, mas é inimaginável uma pessoa que é um dono de terra invadir uma cidade e lá fazer refém. O prefeito, o juiz, o o dono do cartório, né? E dizer, ó, vamos lá todo mundo lá para casa e, né, e fazer uma resistência de dias a uma força policial. Você sabe quantos homens ele tinha? Olhe, ele arregimentou seguramente mais de 50 homens, viu? fortemente armado. Ele lançou uma um chamado, né? E aí o povo se se encontrou na fazenda Areal, que era o nome da fazenda dele. Tem lá a casa ainda, né? Ele pode visitar. E como é que era os compromissos de lealdade? Um um pistoleiro, um jagum, se ele tinha lealdade ao seu coronel ou ele podia mudar e se ele tinha outro coronel? Como é que funcionava? Aí tinha o o vaqueiro, ele tinha ele trabalhava na fazenda, né, do patrão. Então ele tinha lealdade ao o aquele patrão e tinha o o que ele chamava também, né, do do é o cabra, né, a pessoa que trabalhava para ele. E numa eventualidade esta pessoa poderia pegar em armas. Ah, tá sim, né? Ele não era um homem de armas, mas tinha, mas ele poderia ter os jagunços. Esse sim era um estado maior dele. Então era uma pessoa que ele tinha mais era que ele tava estava de prontidão, né? Agora poderia haver uma convocação. No caso do Augusto Santa Cruz, ele não invadiu com todos os jagunços que eram ligados a ele, não. Ele chamou, digo, ó, vamos invadir, eu vou aí, aí faz um acordo, né, de ou de proteção ou de pagamento, ou de pilhagem que vai vai ter e aí faz o acordo, faz o o faz aquele ataque e depois cada qual vai pro seu lugar, né? E depois tem a figura também do do cangaceiro, né, que aí é outra que é outra história. Então veja, o o sertão tava passando por essa fragmentação. Lembremos também, né, que veja, você tem as regiões secas, então não se tem uma diversidade econômica muito pujante. Qual era a grande, né, qual era o grande mote econômico do sertão? era a questão do couro e o couro não tem uma uma uma não tem grandes levas de de contrato assim, não tem uma multidão, como por exemplo a minha região é a região da cana de açúcar. Catende. Catende é a região da cana de açúcar. Então, na época da moagem, tinha que ter muita gente trabalhando para poder fazer o corte da cana. Então, se contratava muita gente no na região do couro, você não precisa contratar uma multidão, né, para vender ou a carne do boi ou o couro. Não precisa contratar uma multidão. É uma é uma é uma é uma economia mais overizada e e que não precisa, né, de tanta gente. Mas houve um surto. é econômico com a questão do algodão, principalmente na época da guerra civil americana, que foi em quando foi, Marcelo? Década de 1860, justamente. E é verdade. Teve principalmente em Paraíba lá, a Campina Grande foi conhecido como a tinha o nome lá quando me esqueci Manchester brasileira. Pronto. O essa família Augusto Santa Cruz, acabei de falar, né, desse senhor que invadiu, eles eram eles eram uma família que tinha ganhado, eles tinham adquirido muita riqueza com algodão. Hum. Justamente com algodão. Então se formou ali uma uma um um grupo econômico forte, né, que teve uma teve um uma época que ganharam dinheiro em Pernambuco, Paraíba, algumas alguns lugares também do Sertão do Rio Grande do Norte. Eh, algumas fábricas de cotonifício, elas se desenvolveram, por exemplo, no Recife. É torre, o bairro da torre no Recife. É um bairro que cresceu em torno da questão do algodão. Camaragibe, que a gente até viu a questão lá do do documentário seu Alberto Menezes, que trouxe a Escola Sagrada da Família também envolvido com Vila da Fábrica, Timbi, tudo isso com o melhoramento do algodão, porque Recife concentrava o porto, né, o porto do Recife. E esse melhoramento do algodão. Agora, esse ciclo do algodão durou quantos anos? Lá ele começa a cair, Marcelo, com o fim da guer da guerra civil americana. Então, durou pouco, durou pouco. Durou pouco. Durou muito não. Foi um voo de Foi um voo de galinha, né? Foi um voo de galinha. Que pena, né? Uma pena. Porque realmente esse daí impactou positivamente, né? Aquelas regiões. Aí depois deu um problema no algodão. Tem prata. A matuta que a suvia não apanha de algodão. Tem mais tem mais beleza canção do que os boas de Paris. Eu só me sinto feliz porque nasci no sertão, né? Tinha até essa poesia, né? Uhum. E aí deu uma praga lá no algodão e o e o nosso algodão passou paulista também. Questão de algodão e o algodão passou a eh não era passou a não ser tão interessante como outrora, né? Uhum. Triste. E aí? E aí o Brasil, meu caro, passa por essas tristezas, né? Aham. Você acaba de assistir um corte do Canavelas Podcast.

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