A TERRA já teve anéis, sabia?

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Este episódio é um oferecimento do Mercado 
Bitcoin, mais detalhes ao final do vídeo! Dificilmente conseguiremos encontrar fotos mais 
bonitas feitas pelas sondas que lançamos do que as que esta aí produziu, durante os treze anos 
em que habitou o sistema de Saturno. Claro que a visita a luas como Titã, onde depositou a sonda 
Huygens, ou a Enceladus, onde confirmou a presença de um oceano líquido que pode abrigar vida, 
foram feitos que enriqueceram tremendamente o conhecimento que temos daquele sistema… Mas sem 
dúvida, o grande astro de lá é o próprio Saturno, o planeta mais interessante e bonito do Sistema 
Solar… Se não colocarmos a Terra na disputa, claro. Desde quando Galileu descobriu que o 
gigante gasoso possui anéis, há mais de quatro séculos, Saturno se tornou sinônimo de beleza 
e exotismo por conta do cinturão de blocos de gelo que acompanha seu equador… Nós já vimos 
anéis orbitando planetas em inúmeros filmes e séries justamente porque sua presença indica 
imediatamente que estamos em um mundo estranho… Mas e se eu te disser que a normalíssima e 
nada extraterrestre Terra já teve seus anéis? Que este tipo de paisagem, visitada pela sonda 
Cassini em seus últimos momentos de existência, já foi vista por seres nascidos aqui mesmo, 
na nossa gigantesca bola de gude azul? Afinal, o processo que forma anéis em volta de planetas 
é bem conhecido, e Saturno não é o único que os possui no Sistema Solar, os outros três planetas 
gasosos também carregam os seus, apesar de mais discretos… Marte deve ganhar anéis daqui a 
quinze milhões de anos porque Phobos, esta lua aí, está se aproximando lentamente do Limite de Roche, 
ponto onde a gravidade do planeta agindo sobre a lua é maior do que a gravidade da lua em si, o que 
a vai despedaçar… Os anéis dos gigantes gasosos são exatamente isto, luas que passaram por este 
processo. Isto quer dizer, então, que a Terra teve outra lua no passado? Como podemos ter certeza de 
que nosso planeta já teve anéis? Quais evidências apontam para isso? Antes de mais nada, eu NÃO 
estou me referindo aos anéis que a Terra teve quando isto aqui aconteceu, a colisão com o nosso 
planeta com Theia, um planetesimal do tamanho de Marte, durante a formação do Sistema Solar… 
Por algumas semanas ou séculos, dependendo do astrônomo a quem você perguntar, a Terra TEVE 
anéis naquela época… Mas eles desapareceram rapidamente porque a matéria atirada ao espaço 
ou voltou para a Terra, ou se transformou na Lua, a dinâmica daquele impacto parece ter sido 
bastante rápida. Percebe-se que a violência de um encontro assim, além de derreter ambos os 
planetas, fez com que a maior parte da matéria nem ao menos se afastasse da Terra, portanto os anéis 
mal tiveram tempo de se parecerem com anéis. Este, porém, não é o assunto deste vídeo… Os anéis a 
que me refiro são bem mais semelhantes àqueles que o irmão maior da Terra carrega consigo! Os anéis 
de Saturno são mais estáveis porque se formaram de uma maneira muito menos dramática do que a 
colisão entre a Terra e Theia. Acredita-se que, há algumas dezenas de milhões de anos, uma lua 
de Saturno com aproximadamente 500 quilômetros de diâmetro ultrapassou o Limite de Roche do planeta 
e se despedaçou. A parte mais próxima do planeta, que estava em uma órbita mais baixa, começou a 
acelerar, enquanto a parte mais distante, em uma órbita mais alta, foi ficando para trás. Isto 
espalhou o gelo que compunha a lua… E formou os anéis que conhecemos atualmente. Mas assim 
como os anéis da Terra primitiva desapareceram, os de Saturno também terão um fim, que assim como 
sua formação, também será bem mais lento. A NASA já confirmou que as partículas dos anéis, 
que são compostas principalmente por gelo, ao serem bombardeadas pela luz ultravioleta do 
Sol acabam se carregando eletricamente e, assim, passam a ser atraídas pelo campo magnético do 
planeta, puxando-as para dentro da atmosfera. Este processo faz as partículas emitirem luz 
na faixa do infravermelho, foi este brilho que o telescópio Keck detectou, indicando que 
o processo está realmente acontecendo… E que os anéis desaparecerão completamente daqui a 
trezentos milhões de anos. Portanto os anéis se vão de duas maneiras: ou caem em seu planeta… 
Ou se aglutinam em sua órbita, formando luas. Como nós não temos uma segunda lua, é fácil deduzir que 
as evidências que apontam para a existência de um sistema de anéis em um passado distante estão por 
aqui, na superfície. E elas foram encontradas pela equipe do astrônomo australiano Andrew Tomkins, 
são pedras parecidas com esta, meteoritos que entraram em nossa atmosfera quatrocentos 
e sessenta e seis milhões de anos atrás. Os sedimentos daquela época são ricos neste 
tipo de rocha, que se chama “condrita L” e é composta por minerais de ferro oxidados 
durante a entrada na nossa atmosfera. Esta maior abundância de meteoritos e a existência 
de inúmeras crateras com a mesma idade indica que a Terra foi bombardeada naquela época, período 
em que apenas seus oceanos eram habitados e esta turminha aqui dominava os mares. Como o 
bombardeamento durou quarenta milhões de anos, a maior parte dos cientistas deduziu que 
ele foi causado por uma grande colisão no cinturão de asteroides, o que teria empurrado os 
fragmentos na direção do Sistema Solar interior e explicaria o bombardeio… O problema é 
que, se isto tivesse mesmo acontecido, os outros planetas do Sistema Solar interior também 
teriam sido bombardeados, inclusive a nossa Lua… E não encontramos uma maior quantidade de crateras 
com quatrocentos e sessenta e seis milhões de anos nem na Lua, nem em Marte, portanto… 
Parece que o evento aconteceu só por aqui, mesmo! Foi isto que fez o Andrew Tomkins pensar 
em uma hipótese alternativa à grande colisão no cinturão de asteroides. Ele imaginou que, 
naquela época, um único asteroide grande, de dez quilômetros de diâmetro, aproximou-se 
perigosamente da Terra… Mas errou nosso planeta, para a sorte dos trilobitas. O asteroide, porém, 
ultrapassou o Limite de Roche da Terra durante sua aproximação e se despedaçou, sendo que parte 
dos pedaços entraram na nossa órbita. Eles, a princípio, se moveram aleatoriamente 
em volta da Terra, mas com o tempo, as colisões entre si e a gravidade ligeiramente 
maior da área equatorial do planeta foram, aos poucos, organizando as partículas como um 
sistema de anéis em volta do equador e… Voilá! Nossa enorme bola de gude azul se tornou um mini 
Saturno! O problema é que a atmosfera terrestre se estende para dentro de seu Limite de Roche, 
área onde os anéis se formaram, o que fez com que suas partículas fossem, aos poucos, perdendo 
energia cinética e penetrando na atmosfera. Foi por isso que os anéis só duraram cerca de quarenta 
milhões de anos, o tempo do bombardeamento… Eles desapareceram, portanto, porque o arrasto 
da atmosfera os atraiu para a superfície. Isto não apenas explica por que só a Terra 
foi bombardeada durante o ordoviciano, como ainda nos permite testar a hipótese, afinal 
se o bombardeamento tivesse vindo do cinturão de asteroides, as crateras estariam espalhadas por 
todo o globo… Mas se ele veio dos anéis, elas se concentrariam na área equatorial. As crateras 
conhecidas, porém… Estão nestas regiões aqui: Austrália, América do Norte e norte da Europa… 
Todas distantes do equador. Distantes HOJE. Lembra que o bombardeamento ocorreu há quatrocentos e 
sessenta e seis milhões de anos? Pois o Andrew Tomkins estudou o movimento das placas tectônicas 
dos dias atuais até aquela época e descobriu isto aqui: as crateras que hoje estão na Australia, na 
América do Norte e no norte da Europa… Surgiram em uma época em que estes lugares estavam, de 
fato, próximos ao equador. Portanto parece mesmo que a Terra teve anéis há meio bilhão de anos, 
época que coincide com o começo de uma era glacial particularmente severa que causou extinções em 
massa… O que, talvez, seja mais uma evidência de que os anéis realmente existiram. O canal 
Answers With Joe criou uma série de simulações de como nós veríamos os anéis, caso eles existissem 
hoje. No equador, por exemplo, eles se pareceriam apenas com um enorme risco dividindo o céu… 
Mas quando nos aproximamos dos polos, os anéis, apesar de lindos, começariam a causar problemas. 
Primeiro, perderíamos as noites escuras, porque, afinal, um bom pedaço dos anéis continuaria 
iluminado à noite, só a parte encoberta pela sombra da Terra escureceria… Mas o maior 
problema ocorreria durante os dias. Durante os verões o Sol refletiria nos anéis e o brilho extra 
aqueceria ainda mais a superfície… E no inverno nossa estrela seria encoberta pelos anéis, fazendo 
com que a temperatura caísse vertiginosamente aqui embaixo. O problema é que a formação de gelo 
durante o inverno aumentaria o albedo da Terra, a quantidade de luz que refletimos ao espaço, e 
nem o calor extra vindo dos anéis durante o verão impediria uma nova e violenta era do gelo, que 
provavelmente acabaria com a civilização humana. Restaria o consolo de saber que a paisagem 
da nossa partida, pelo menos, seria incrível! Como os anéis provavelmente disparariam uma era 
do gelo e isto ocorreu no ordoviciano, o estudo do Andrew Tomkins parece promissor… Para termos 
certeza de que os anéis realmente existiram, porém, seria bom encontrarmos mais crateras 
em áreas que eram equatoriais no ordoviciano. A Terra deve ter sido ainda mais bonita naquela 
época, mas certamente ela é muito mais agradável de se viver nos dias de hoje, estamos melhor 
sem os anéis… Seria engraçado, porém, ver que tipo de explicação a turma terraplanista 
daria para eles. Dá pra imaginar o contorcionismo mental que eles fariam só pra tentar nos manter 
no centro do Universo? Na semana passada eu contei Saturno se formaram? Assista a este vídeo! Estes 
foram os seguidores e membros que contribuíram com o crescimento do canal nesta semana! Se você 
gostou do que viu, considere apertar o botão de seguir agora. Eu sou o Juliano Righetto, e este 
foi mais um “somos míopes porque somos breves”!

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