ACONTECE a BANDIDOLATRIA no BRASIL?!

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Você acha que no Brasil uma parte da mídia tem a banda idolatria? Como é que você vê a questão da bandid não só mídia, uns falam poder judiciário, outros falam legislativo? Eu não sei. Eu acho que eu acho que a gente, primeiro, a gente tem um dilema assim ou um problema e que é a gente viver num país injusto. De fato, é um país injusto. Eh, de fato é um país que alguns tm muito, outros têm pouco. Então, eu acho que tem gente que entende a raiva que esses caras sentem. Eh, e ao mesmo tempo, eu acho que você tem, de uma forma geral, pessoas que enxergam a violência como forma de você lidar com as coisas. E são pessoas que acham que muitas vezes a violência se justifica tanto no crime como na polícia. Eh, então, eh, eu acho que você tem, eh, principalmente entre homens, eu acho que isso é uma questão de masculinidade mesmo. O cara que vai defender a polícia, o cara que vai defender o crime, o cara que vai ter um discurso meio de de criminoso. Eu acho que hoje, mais do que a imprensa, eu acho que hoje você tem uma aceitação do crime muito maior do que há 20 anos atrás. Então, por exemplo, a gente teve a eleição para prefeito, você tinha dois candidatos com relações eh próximas com gente do PCC, tanto o prefeito tinha a ligação de uma empresa de ônibus da prefeitura, um outro chefe de uma secretaria de licitação que era cunhado do Marcola na prefeitura. Nunca foi comprovado que havia de fato alguma ligação direta, mas em algum outro momento ia ser um escândalo isso. Isso poderia arruinar a carreira de algum prefeito. Hoje isso já é de alguma forma tolerado. O Pablo Marçal da mesma forma, ele eh tem um o presidente do partido dele tinha feito sido gravado com alguns áudios falando que tinha ajudado a um chefe do PCC sair da prisão em Brasília, um chefe internacional do PCC. Um outro amigo dele tinha ligação com com com quadrilhas criminais e campanha contra o comunismo com promoção imperdível, frete grá e três cursos de bônus até o dia 7 de agosto. Aproveite. Eu também não sei se até que ponto é verdade. Especulação esses casos é verdade, mas eu não sei qual a ligação deles. É difícil saber do Pablo do Marçal, se ele sabe, se não sabe tudo isso, mas ao mesmo tempo, antigamente isso seria seriam notícias que gerariam um escândalo e uma indignação que hoje não causam mais. Porque o PCC, as pessoas não enxergam o PCC como crime, eles enxergam como ordem, como empresa, como negócio. Então você, a ostentação, a betting, o jogo, tudo isso faz parte desse universo, as as rifas, a as apostas, eh a cultura da ostentação, né? Então, a própria cultura da teologia da prosperidade, que é o seguinte, você a partir do momento que tem dinheiro, a partir do momento que você é risco, que você é rico, que você anda com uma com Ferrari em São Paulo, você é um abençoado. Eu não quero saber como é que você fez para chegar aí. Isso não me interessa. Mas o fato de você rico já é uma virtude por si só. Ah, entendi, né? Você tem hoje uma percepção da riqueza que é muito diferente que era antigamente. É diferente do que era antigamente. Assim, você é um professor que ganha um salário para sobreviver, mas tem um respeito pela função que você exerce e pelo pelo seu papel social. Eh, agora você vê o Pablo Marçal conversando com bolos, não sei se você chegou a ver, ele falou: “Você virou professor, por que que você não quis ser rico? você continua, você tinha chance de ser rico e continua professor, eh, como se fosse algo indigno e algo inferior, né? Algo inferior. E como que o objetivo da vida seria só ganhar dinheiro, car, pouco importa o mesmo. Como isso? Assim, claro que dificilmente alguém vai falar: “Pô, eu aceito que a pessoa ganha dinheiro roubando”. Mas no fundo a gente tolera, a gente fecha os olhos. E depois essa teologia da prosperidade ajuda nisso, né? faz, começa a fazer parte de uma nova cultura que quando a gente vê, a gente meio que tá aceitando. Então, daí você vê a Virgínia no Congresso e as pessoas pedindo para tirar selfie, sendo que ela ganha dinheiro com a perda dos seguidores dela, com apostas. Quer dizer, é uma coisa meio e é celebrada, ela é super celebrada, tal. Então, eh eh você é uma é uma certa cultura tolerante à riqueza independente das formas. E o crime se aproveita disso e o crime cresce com isso. E então assim, mais do que a mídia, essa bandidolatria, porque o bandido ele gera medo nas pessoas. assim, se você for falar bandido, tanto que tem muita gente que defende, ah, mata mesmo, aquela coisa toda, mas a ideia dessa cultura criminal, ela tá cada vez mais forte. Eu acho que isso sim, a o dinheiro como um fim em si mesmo, que é o que, como pensa um criminoso, eu vou ficar rico independente se eu precisar saltar aquela velhinha, né, botar o revólver na cabeça de uma aposentada de 80 anos. Mas se eu, né, claro que isso é um exagero, eh, mas em outros termos, no mundo virtual e nos golpes e quando o próprio roubo passa a ter o peso da violência que tinha, como agora é possível, né, eu acho que vai tendo uma certa tolerância com essa mentalidade criminal. É, temos perguntas aí, Eduardo. Eduardo sempre tem uma pergunta aí no bolso. Tem a minha aqui do estúdio. Bruno, o recentemente o garotinho, governador do Rio, teve num podcast famoso aí lá do Rio da Região, né? Ele tava falando sobre o crime organizado, que no governo dele ele tentou combater, mas o sistema era muito forte. E aí ele fala que, ah, vou te dar prova que o governo tem um acordo com o crime organizado no Rio de Janeiro. Aí ele dá dois exemplos, né? Ele fala no caso do crime da daquele do médico que foi confundido, tal, e que rapidamente o crime organizado, o Comando Vermelho, julgou, executou, diz ele a pedido a pedido do governo. Uhum. E mais ou menos na mesma época que acontece isso, aquelas armas que tinham sido roubadas, que estavam em Barueri, Aham. aparece do nada lá no Rio de Janeiro e o governo vai lá e pega. Então ele fala: “Olha, isso aqui é um acordo que o governo tem, resolve esse negócio dos médicos que a gente fala para E aí vocês me falam onde estão essas armas”. Aham. Eh, no contato que você teve todo esse tempo, né, com com o pessoal, com os bandidos, tal, lá, com os criminosos, entrevistando eles, você identifica isso mesmo? Você acha que existe isso? Eh, o governo tem um acordo, tá enraizado. Qual que é a sua opinião sobre isso? Não, eu acho que no Rio de Janeiro é uma cena muito dramática, porque as as milícias, né, elas fazem parte do do estado, são quadrilhas formadas por policiais. E hoje é da dimensão do Comando Vermelho no Rio, elas disputam poder comando vermelho e ao mesmo tempo os governadores, os políticos, os prefeitos, os vereadores, os deputados dependem do controle que ela exercem nos territórios para conseguir os votos e ao mesmo tempo eles ganham muito dinheiro com gás, com drogas, até com eh uma série de atividades, cigarro, a eh bebidas, combustível. Hoje tem um monte de atividades que esses grupos todos atuam que financiam campanhas. Então eles estão dentro do estado, então fazem parte na Assembleia Legislativa, na CPI das minícias, quando teve foram vários deputados implicados, né, na na CPI. E continua porque eles garantem votos, esse é o drama, né? e tem um um um peso muito grande. Eh, começou durante o garotinho, eu acho interessante, eu gosto das entrevistas dele, né? Ele é um cara que que fala, mas ele também praticou seus erros, assim. Tanto que o Tropa de Elite 2, que é os inimigos agora são outros depois do quando o Capitão Nascimento vai enfrentar as milícias, a milícia toda é governo garotinho, né? Todo aquele aquele contexto de Rio das Pedras e Campo Grande, Santa Cruz lá do filme, é durante o governo do Garotinho, quando começa assim a coisa sair do controle. Ele diz que não, né? Ele põe a culpa no Cabral, né? Na minha época só tinha uma milícia que era lá em perto de Campos, que é do Rio das Pedras. É, não. A o Rio, o Campo Grande, Santa Cruz, eh, a milícia, Liga da Justiça é do final dos anos 90, começa no final dos anos 90 e ele fica, ele é a Rosinha, né? Depois é porque a Rosinha depois vem em 2000, 2002, 2003. Eh, então ele fica, tem a Rosinha, chama paraa chefia de gabinete um um miliciano de uma de um grupo eh do de Rio das Pedras e de região do eh da região lá da zona oeste de Jacaré Paguá. Legal. E você posso fazer mais uma, professor? E muitos dizem que o Brasil virou um narcoestado. Você acha que isso é exagero ou realmente estamos virando um narcostado? Eu acho que é exagero. Eu acho que é exagero. Eu acho que ainda não virou. Eu acho que ainda não virou. Eu acho que tem muitos estados com problemas, principalmente na região norte. E porque você tem a questão do crime ambiental misturado a isso tudo. Então você tem vários na no norte, né, nos anos 70, quando a Amazônia eh começou a ser vista como empecílio para pro desenvolvimento brasileiro. Se construiu a Transamazônica para ocupar a Amazônia. Você levou muita gente do sul do Brasil para atuar em pasto, em eh gado, em agricultura. E agora a Amazônia precisa ficar de pé. E esses caras que estão lá são vistos como criminosos. Só que eles construíram todas as cidades e precisam fazer crimes. Agora são vistos como criminoso porque eles praticam crimes ambientais e passam a ser estigmatizados porque a mentalidade mudou. Mudou. E mas eles são os prefeitos, os vereadores, os deputados desses estados que tem poder e começa a misturar esse dinheiro com o dinheiro da droga. E aí o dinheiro do crime, de uma forma geral, o dinheiro da ilegalidade e da informalidade começa a se misturar e começa a financiar esse tipo de atividade. Então esses caras começam a ter um uma presença eh forte na política em Brasília. Quer dizer, o crime ambiental se misturou com o tráfico de drogas. É isso. Misturou com o tráfog misturado. Você não sabe quando começa um, termina outro. Quando começa um. E às vezes, eh, é interessante que às vezes surge uma nova tecnologia que transforma tudo. Então, por exemplo, você tem o Starlink agora, que possibilitou que toda a Amazônia, toda a Amazônia passasse a ter internet e não dependesse mais de banda larga. Então, antes era incomunicável você fazer uma ligação de um lugar para outro. Você consegue ligar do seu celular de um garimpo no meio da selva? Sim, verdade. Que e aí você tem uma série de problemas hoje do crime chegando em aldeias indígenas, em áreas quilombolas e em bem no nos no coração da floresta, dando uma outra capilaridade para Verdade. A tecnologia nesse ponto revolucionou lá para o bem e para o mal. Pro bem e para o mal. É impressionante. É. Mais alguma? Só isso. Só isso. Tá bom. Tá bom. Muito obrigado. Obrigado a todos que nos acompanharam. Obrigado, Eduardo, pela pelas perguntas. Muito, muito interessante. Legal. Você acaba de assistir um corte do Canavelas Podcast. Na tela está aparecendo episódio completo e outro corte. Muito obrigado pela atenção.

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