Anjos, Entre Luz e Trevas

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[Música] ا [Música] De todos os seres que habitam o imaginário das crenças ao redor do mundo, poucos são tão presentes e, ao mesmo tempo, tão enigmáticos quanto os anjos. Asas majestosas, vestes brancas, auréulas brilhantes. A imagem clássica de um anjo se tornou quase universal. Para muitos, eles são mensageiros celestiais, protetores benevolentes. Para outros, são guerreiros temíveis, guardiões do divino, entidades cuja presença inspira tanta reverência quanto o medo. Mas a verdade é que por trás dessas representações populares existe um universo vasto, cheio de histórias esquecidas, interpretações ocultas e simbologias mega profundas. Os anjos não são apenas figuras do bem. são complexos, antigos e muitas vezes surpreendentes. E é por isso que no vídeo de hoje eu quero te levar por uma jornada através do intrigante e misterioso mundo dos anjos, um mergulho nas suas origens, nas suas formas, hierarquias e nas sombras que também o cercam. Eu sou o Zod, seu apresentador, e seja muito bem-vindo a Zodíaco. [Música] No início dos tempos, quando a escuridão reinava absoluta e o silêncio era a única linguagem do cosmos, uma ordem ecoou na vastidão do nada. Uma ordem primordial capaz de romper as trevas. Faça-se à luz. E assim, antes mesmo do primeiro dia, a luz surgiu. Não o sol, não o fogo, mas uma luz primordial, pura, incorrupta, a luz que marca o início de tudo, a centelha que separa o caos da criação. O criador viu que essa luz era boa, mas ele sabia ainda faltava muito. O projeto do universo estava apenas começando. Antes da matéria, antes do tempo, era preciso criar consciências, seres que pudessem cumprir ordens, zelar pela harmonia e, acima de tudo, carregar fragmentos da sua vontade. Foi nesse momento que eles surgiram. Os anjos, como seriam conhecidos em tantas culturas, com tantos nomes, foram moldados a partir da própria luz da criação. Não nasceram de carne ou osso, mas da essência vibrante da primeira energia divina. Foram feitos para obedecer, para observar, para agir e um dia para guiar a obra mais bela que viria a ser criada. Eu e você, anjos aparecem em quase todas as crenças do mundo, sob formas, nomes e interpretações diferentes, mas em todas elas há um ponto em comum. Esses seres têm um papel essencial no elo entre o divino e o terreno. No judaísmo, essa criação é profundamente simbólica e espiritual. Lá os anjos são chamados de malakim, literalmente mensageiros. Eles não possuem corpo, desejos ou livre arbítrio. São feitos da vontade divina e movidos unicamente por ela. Segundo o Talmud e o Midrash, Deus criou anjos em momentos distintos da criação. Alguns textos dizem que surgiram no segundo dia, outros no quinto. Há até quem diga que o criador os faz e os desfaz, como quem molda o vento. Mas todos concordam. Os anjos não escolhem, eles executam. São extensões da consciência de Deus. Na tradição islâmica, os anjos também são criados da luz. São isentos do ego, do desejo e do pecado. Enquanto os humanos foram moldados do barro e os digins do fogo, os anjos são substâncias puras e imaculadas. O Alcorão descreve suas funções com precisão aos que registram com cada ação humana, aos que governam fenômenos naturais, os que guardam os portais do paraíso e os abismos do inferno. Mas o que todas essas tradições deixam claro é que os anjos são intermediários. Eles não são deuses e nem humanos. são outra forma da existência, uma que habita um plano onde o tempo não corre em linha reta e a matéria não tem o mesmo peso. Alguns textos cabalísticos, como o Zohar e o Sefer abarir sugerem que os anjos são emanações da luz divina, não são apenas seres criados, mas manifestações vivas da própria intenção do criador. Com o tempo, os anjos deixaram de ser apenas mensageiros e passaram a ser peças fundamentais do tabuleiro cósmico. Nas tradições judaicas, há relatos marcantes. Quando Abraão levantou a faca para sacrificar seu filho Isaque, foi um anjo que o chamou, impedindo o golpe. Não um sussurro espiritual, mas uma presença nítida, quase física. Quando Ló fugiu de Sodoma, foram anjos que guiaram pelas ruas em chamas, cegando os perseguidores e conduzindo à salvação. No islamismo, os anjos têm papéis ainda mais definidos, quase como um exército celestial. E assim, antes mesmo que Adão abrisse os olhos, os céus já estavam repletos de vozes que não cantam, olhos que não piscam, asas que não batem, mas que se movem com a ordem pura do Altíssimo. Eles estavam lá antes da primeira estrela, antes da primeira palavra, testemunhas do nascimento da matéria, da dança dos planetas, da centelha da vida. E segundo as antigas tradições, eles ainda estão [Música] Quando se fala em anjos, é quase inevitável que o pensamento voe diretamente ao cristianismo. Não por acaso é hoje a maior fé do mundo. E dentro dela os anjos não são apenas citados, são venerados, invocados, chamados para interceder. Desde os primeiros séculos da fé, eles têm sido peças centrais na ponte entre o divino e o humano. E se o cristianismo floresceu como conhecemos, muito disso se deve ao trabalho invisível, porém fundamental desses seres de luz. Quando Deus escolheu enviar seu filho ao mundo, não foi um rei, nem um sacerdote, foi um arcanjo. Um anúncio à Virgem Maria feito por Gabriel selou o momento em que o céu invadiu a terra. Desde os tempos mais antigos, enquanto a humanidade tentava compreender o mistério de Deus, os anjos estavam ali entre o silêncio do céu e o clamor da terra. No cristianismo, eles não são metáforas poéticas ou figuras simbólicas, são espíritos reais, conscientes, criados antes mesmo da matéria. Seres de pura inteligência e vontade, que habitam uma realidade paralela à nossa, mas que, vez em outra cruza com o nosso mundo. Santo Agostinho, um dos pilares da teologia cristã, acreditava que os anjos foram criados antes da luz visível do mundo. Quando Deus disse: “Haja a luz”, talvez falasse de uma luz espiritual, a emanação dos primeiros seres celestiais. Para ele, todos os anjos foram criados bons, mas houve uma escolha. Alguns permaneceram fiéis, outros, movido pelo orgulho, acabaram caindo. A diferença entre eles não está na essência, mas no uso da liberdade. Agostinho também fazia uma distinção poderosa. Anjo não é um nome de natureza, mas de missão. Eles são espíritos por essência, mas se tornam anjos quando executam a função de mensageiros. E a Bíblia está repleta dessas missões. Gabriel aparece a Maria. Um anjo guia José em sonhos para ele não a abandonar. Outros libertam Pedro da prisão. São momentos em que o céu toca o tempo, como se por um breve instante a eternidade abrisse uma fresta. Depois de Agostinho, Santo Tomás de Aquino levou o pensamento ainda mais a fundo. Ele mergulhou na natureza dos anjos com uma precisão quase científica. Para Tomás, cada anjo é uma espécie única, irrepetível. Eles não aprendem como nós. Com o único ato de pensamento, compreendem uma verdade por inteiro. Eles não precisam de palavras. Sua comunicação é direta, instantânea, como se a própria ideia fluísse de uma mente para outra. E mesmo com tamanha inteligência, escolhem servir, escolhem amar. Vários santos viveram experiências místicas com esses seres. Santa Camila Batista Davarano dizia ter sido conduzida por serafins até a presença do Cristo crucificado. Santo Padre Pio mantinha diálogos constantes com seu anjo da guarda, a quem tratava com carinho e familiaridade. São João da Cruz, Santo Afonso Maria de Ligório, São Gregório Magno, todos relataram a presença ativa desses seres e não falavam em metáforas. Falavam com o peso de quem viu, sentiu e viveu. E no Novo Testamento, o papel dos anjos acaba se intensificando. Eles se tornam presenças constantes e decisivas nos eventos centrais da fé cristã. Como eu disse anteriormente, foi um anjo quem apareceu a José. no sonho para impedir que ele abandonasse Maria, explicando que o filho no ventre dela era a obra do Espírito Santo. Foram anjos que anunciaram aos pastores o nascimento de Jesus, enchendo o céu de cânticos e proclamando a paz à humanidade. Durante a tentação de Cristo no deserto, após 40 dias de jejum e provações, anjos vieram servi-lo. No Getsemman, enquanto Jesus suava sangue em agonia, um anjo lhe apareceu para fortalecê-lo. uma cena quase invisível, mas de profunda intimidade espiritual e não para por aí. No túmulo vazio, após a ressurreição, anjos aparecem à mulheres, dizendo: “Por que procuras entre os mortos aquele que vive?” Nos Atos dos Apóstolos, os anjos libertam os discípulos das prisões, como Pedro, que foi acordado por um anjo e guiado até fora das muralhas da cidade. Eles também aparecem guiando o apóstolo Felipe, anunciando a conversão de Cornélio e acompanhando o desenrolar do nascimento da igreja. Esses não são relatos vagos ou distantes. São testemunhos de uma realidade que, segundo a fé cristã, ainda opera nos bastidores da história. O Catecismo da Igreja Católica afirma com clareza: “Os anjos estão aqui. São espíritos ministradores enviados para servir aqueles que herdarão a salvação. Estão ao nosso lado, mesmo quando não os percebemos. Eles não dormem, não hesitam, não se distraem. são vigilantes eternos. Santo Agostinho dizia que os anjos contemplam o rosto de Deus e mesmo assim se voltam a nós, pequenos, falhos, passageiros, com amor e fidelidade. Eles vivem na eternidade, mas se inclinam para o tempo. Fazem parte da cidade de Deus, mas caminham entre os muros da nossa história. E talvez, talvez estejam mais perto do que imaginamos. [Música] Há uma ordem no céu, uma estrutura silenciosa, invisível, que rege as forças do alto com precisão absoluta. Entre os mistérios mais antigos da fé cristã está a hierarquia dos anjos, uma escada de luz que liga a criação ao criador. do mais elevado serafim até o mais discreto anjo da guarda. Essa ideia não surgiu da noite para o dia. No final do século V, um autor enigmático, conhecido apenas como Dionísio Areopagita, que se inspirava em Paulo, mas não era ele, escreveu uma obra que ecoaria por séculos, A hierarquia celeste. Nesse tratado, ele revelava que os anjos não formam uma multidão caótica, mas sim um exército meticuloso, organizado em nove coros divididos em três grandes esferas celestiais. Cada hierarquia, cada couro possuem um papel específico e irrenunciável no equilíbrio do cosmos. Na primeira esfera estão os serafins, querubins e tronos. Os mais próximos de Deus. Os serafins descritos no livro de Isaías ardem em amor puro. São fogo consciente, espírito em chamas que clamam incessantemente: Santo, santo, santo é o Senhor querubins, longe da imagem infantilizada da cultura popular, são guardiões do conhecimento divino e dos portais sagrados. Foram eles que ficaram à entrada do Édenem, empunhando espadas flamejantes. Já os tronos sustentam o próprio juízo de Deus. Neles repousa a justiça eterna. Na segunda esfera habitam as denominações, as virtudes e as potestades, os arquitetos do plano divino. As denominações distribuem tarefas, supervisionam e mantém a ordem espiritual. As virtudes são responsáveis por milagres, curas e sinais. São forças que impulsionam a vida em direção ao bem. E as potestades, por sua vez, são os guardiões do equilíbrio universal. Eles mantêm o mal sob controle, vigiam os limites entre a luz e as trevas e confrontam os poderes sombrios em nome da ordem celeste. Por fim, na terceira esfera, estão os mais próximos de nós, os principados, os arcanjos e os anjos da guarda. Os principados velam por povos, reinos, cidades. inspiram governantes e líderes tentando semear a justiça e a sabedoria entre os homens. Os arcanjos, por sua vez, são os embaixadores das grandes revelações e entre eles há três que se destacam como colunas sagradas da tradição cristã. Miguel, o mais conhecido. Seu nome significa, quem como Deus? Uma pergunta que é também uma afirmação de fé. Miguel é o general do exército celeste. É ele quem lidera as hostes angélicas contra as forças do mal. É ele quem expulsa Lúcifer do céu e quem no apocalipse retornará para enfrentá-lo novamente. Em muitas representações, seus olhos estão fechados, como quem luta, não pela própria força, mas pela confiança cega no poder divino. Depois, Gabriel, o mensageiro. Seu nome pode significar homem de Deus, ou Deus é minha força, ou até emissário do Senhor. Ele é o anunciador dos grandes mistérios. Foi ele quem explicou a Daniel as visões proféticas, quem anunciou a Zacarias o nascimento de João Batista e também quem revelou a Maria o maior segredo de todos, que ela daria luz ao filho de Deus. Gabriel não é apenas um portador de meras palavras. Ele é quem carrega o impacto da eternidade em cada mensagem. Depois, Rafael, o curador. Rafael significa Deus cura. E ele aparece no livro de Tobias. Quando desce a terra, disfarçado de homem para proteger o jovem Tobias em sua jornada, expulsa um espírito muito maligno. Promove um casamento abençoado e cura a cegueira de Tobit, pai de Tobias. Rafael é o anjo das estradas, da saúde e da providência. é o braço oculto da misericórdia divina. E por fim, temos os anjos, os mais discretos, os mais íntimos e os mais silenciosamente presentes. São eles que nos acompanham desde o nascimento até a morte. Nossos anjos da guarda que escutam nossas orações, protegem nossos caminhos e intercedem por nós mesmo quando não percebemos. É curioso pensar que esses couros invisíveis estão por toda parte. No sussurro de uma intuição, na súbita força que nos levanta, no desfecho improvável de um milagre. Eles estão aqui em cada gesto inexplicável, em cada silêncio profundo. Eles existem, servem, protegem e cumprem com exatidão divina o que pedimos nas mais conhecidas das orações. [Música] [Música] No princípio, os anjos foram criados como seres da luz, puros imortais, repletos da sabedoria e do poder. Cada um deles trazem em si a centelha divina e uma missão sagrada no grande plano do criador. Mas Deus não os fez autómatos. Aos anjos foi concedido a capacidade de amar por vontade própria ou de se rebelar. E foi essa liberdade que deu origem à mais trágica e poderosa das quedas celestiais. Entre todos os anjos, havia um cuja beleza era incomparável. Seu nome era Lúcifer, o portador da luz. Seu esplendor irradiava como a aurora. Sua inteligência ofuscava. Sua glória, refletida por Deus parecia não ter limites, mas ele se perdeu no espelho do próprio brilho. Em seu coração nasceu o orgulho, a vaidade o cegou. E ele ousou desejar aquilo que nenhum anjo deveria sequer imaginar, ser como o Altíssimo. Seu coração se elevou por causa da tua beleza. Corrompeste tua sabedoria por causa do teu esplendor e eu te lancei por terra. Diz a profecia em Ezequiel. Arrastando consigo um terço das hostes celestes, Lúcifer se rebelou contra o trono eterno e houve guerra no céu. Miguel, o arcanjo, brandiu sua espada e, em nome de Deus, combateu e venceu. Lúcifero, sua luz se apagou. Seu nome se perdeu e ele se tornou Satanás, o adversário, o acusador, o anjo da queda. E com ele, os anjos rebeldes foram lançados às profundezas, onde aguardam o juízo final. Mas essa não foi a única queda. Em um texto misterioso, banido das Escrituras canônicas, mas profundamente influente, o livro de Enoque. A outra narrativa igualmente perturbadora, nela. Cerca de 200 anjos, chamados de vigilantes ou Grigori, observavam a terra do alto e viram as filhas dos homens e desejaram-las. Liderados por Samia, desceram ao monte Hermon e selaram entre si um pacto. Tomariam esposas humanas e gerariam filhos. E assim o fizeram. E dessas uniões nasceram os nefiles, gigantes de força brutal e sede de destruição. O mundo mergulhou em um caos. Violência, luxúria, degradação. A ordem sagrada foi corrompida. Esses anjos ensinaram aos humanos o que estava oculto. Azazel revelou os metais e as armas, os espelhos e os cosméticos. Cocabiel ensinou a astrologia. Penemue, a escrita e o engano. Gadriel, a sedução e os encantamentos. Armaros, os segredos da feitiçaria. O conhecimento, quando separado da obediência tornou-se um veneno. A resposta divina, obviamente, foi rápida. Deus ordenou que os arcanjos intervissem. Miguel acorrentou Samiasa e outros líderes nos abismos da terra, selados até o dia do juízo. Rafael capturou Azazel e o enterrou no deserto de Dudael rochas eternas. Gabriel exterminou os nefiles e purificou a terra da corrupção trazida por eles. Essa história, embora excluída das bíblias protestantes e pouco conhecida fora da tradição apocalíptica, carrega um peso simbólico profundo. Enquanto a queda de Lúcifer representa a ambição de ser como Deus, a queda dos vigilantes reflete o desejo de viver como os homens e de ultrapassar os limites entre o sagrado e o profano. A teologia cristã, a partir de Santo Agostinho, reforça que os anjos foram criados bons, mas que aqueles que se rebelaram e fizeram por decisão própria e definitiva. O diabo e os outros demônios foram criados bons por Deus, mas tornaram-se maus por sua própria culpa, ensina o Catecismo da Igreja Católica. Para os anjos, a escolha é eterna, sem carne, sem tempo, sem dúvida. Um sim é para sempre e um não também. Esses anjos caídos não sentem arrependimento. Eles não buscam perdão. Suas naturezas foram distorcidas pelas suas escolhas. Eles deixaram de ser a luz e, por isso, tornaram-se trevas, não por fraqueza, mas por orgulho, não por ignorância, mas por ousadia. Lúcifer caiu pela soberba, os vigilantes pela paixão e pela vaidade do conhecimento. E em ambos os casos, a lição permanece. Até os seres mais sublimes, quando se afastam da humildade diante de Deus, podem se perder para sempre, pois da luz, quando separada do amor, também pode nascer a sombra. [Música] Entre as figuras mais fascinantes do universo espiritual estão os anjos que não foram reconhecidos oficialmente pelo cristianismo tradicional, mas que ainda sobrevivem nos textos apócrifos, nos manuscritos esquecidos, nas tradições místicas e até mesmo nos rituais secretos de ordens esotéricas. Um dos mais famosos é Uriel. Seu nome significa fogo de Deus ou luz de Deus. E apesar de não ser cultuado pela Igreja Católica, ele é citado com destaque em livros antigos, como o Apocalipse de Esdras e o livro de Enoque. Uriel é retratado como um anjo de sabedoria, de julgamento e de arrependimento. Em algumas versões da tradição judaica, é ele quem guarda o portão do Édenem, empunhando uma espada flamejante. Para outras correntes, Oriel é o responsável por trazer profecias e por proteger a humanidade dos segredos perigosos do universo. O motivo pelo qual foi excluído da veneração oficial é histórico. século VI, durante o concílio de Roma, a igreja decidiu limitar o culto a apenas três arcanjos, Miguel, Gabriel e Rafael, para evitar o surgimento de doutrinas paralelas e cultos não autorizados. Outro anjo notável é Raguel, cujo nome significa amigo de Deus. Ele é descrito no livro de Enoque como um dos sete arcanjos que vigiam os atos dos outros anjos e restaram a harmonia nas esferas celestiais. Raguel seria um juiz angelical, aquele que pune os seres celestes que se desviam do caminho divino. Apesar do seu papel de defensor da ordem, nunca foi incorporado à liturgia cristã, sendo mantido apenas em círculos esotéricos ou em alguns ramos do cristianismo oriental. Depois tem Sariel, também conhecido como Suriel. É outro nome poderoso e muito antigo. Ele surge no mesmo livro de Enoque como responsável por vigiar os espíritos dos homens. E em algumas tradições está ligada à lua e o destino. Em certos textos gnósticos, Sariel aparece como um anjo da cura e da revelação, enquanto na tradição cabalística ele tem um papel ambíguo, por vezes sendo associado ao anjo da morte. Essa dualidade o manteve afastado dos cultos oficiais, mas não impediu sua permanência em grimórios, textos místicos e orações secretas. Remiel é outro desses anjos antigos, citado como o observador dos mortos. Seu nome significa misericórdia de Deus e ele aparece como aquele que conduz as almas no pós-vida, observando seu destino e consolando os justos. No apocalipse de Esdras, Remiel é responsável por acompanhar os que morrem com fé até os portões da eternidade. E embora seu papel compassivo e nobre, ele nunca foi incorporado de forma litúrgica no cristianismo ocidental. Há também Baraquiel, o anjo das bênçãos. Diferente dos anteriores, Baraquiel até chegou a ser venerado em alguns círculos da igreja ortodoxa, onde é visto como protetor das famílias e dos lares. Seu nome significa bênção de Deus e ele é representado com pétalas de rosas nas vestes, como se sua presença espalhasse prosperidade. Ainda assim, no cristianismo romano, ele permaneceu como uma figura marginal, mais próxima da devoção popular do que dos altares oficiais. Além desses, há nomes ainda mais obscuros, como o Geramel, que aparece nos textos apócrifos, como aquele que guia o espírito dos justos e outros que são mais conhecidos dentro da Cabala e do misticismo judaico. É o caso de Metatron, um dos seres mais misteriosos de toda a tradição angelológica. Metatron, segundo a Cabala, foi Enoque, o patriarca que não experimentou a morte e foi transformado por Deus em um anjo de fogo, tornando-se o escriba celestial. É dito que ele é tão poderoso que apenas Deus está acima dele, sendo chamado por vezes de pequeno Yahé. Seu nome é Tabu em muitos círculos e sua figura provoca tanto admiração quanto o temor. Todos esses anjos formam um universo paralelo ao canone cristão. Um mundo espiritual vasto, simbólico e cheio de significados, onde as hierarquias celestiais são mais fluidas e os mistérios são guardados por seres de luz que caminham entre o oculto e o revelado. Não são personagens de simples devoção, mas arquétipos muito complexos, presentes em manuscritos que sobreviveram aos séculos e continuam a sussurrar ao ouvido dos curiosos e buscadores do sagrado. [Música] Bem, ficamos por aqui. Se você gostou desse vídeo, não esqueça de se inscrever e ativar o sino das notificações para ter mais vídeos como esse. Deixe seu like e também o seu hype para esse vídeo chegar a mais pessoas. E se você quiser apoiar o meu trabalho, clique no botão de valeu demais. Desde já eu agradeço muito o seu acesso. A zodíaco fica por aqui. Um abraço. [Música]

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