ARGENTINA ESCONDIDA | Os Lugares Mais Incríveis e Joias Ocultas da Argentina | Guia de Viagem 4K
0Argentina.
A terra da Imensidão… onde a natureza não conhece limites.
Esta é a terra dos contrastes impossíveis: as geleiras eternas da Patagônia,
os picos andinos que tocam o céu, e as planícies infinitas do Pampa.
Um continente inteiro, mas em miniatura. Descobriremos metrópoles que pulsam de tango e
paixão, desertos de sal que confundem o horizonte, e cachoeiras que brilham na selva subtropical.
Mas a Argentina é também um laboratório de biodiversidade!
Baleias que nadam na Península Valdés, condores que planam sobre os picos
andinos, pumas que caçam na estepe sem medo. Bem-vindos nesta viagem através
das terras mais remotas, e das paisagens mais grandiosas desta nação.
Entre fogo e gelo, entre tradição e modernidade. Bem-vindos na terra dos Gaúchos.
Bem-vindos, na República Argentina! El Chaltén e Monte Fitz Roy
Entre os ventos implacáveis da Patagônia, El Chaltén aparece como um
ponto fixo na vastidão infinita da estepe, e existe por um só motivo: ser a porta de entrada
ao Monte Fitz Roy, a montanha mais fotografada da Argentina e talvez da América do Sul.
Os indígenas chamavam este pico de “Chaltén”, que significa “montanha que fuma”, porque seu
cume de três mil quatrocentos e cinco metros está quase sempre envolvido por nuvens
lenticulares, e portanto que mudam de forma. Para os alpinistas de todo o
mundo, o Fitz Roy representa um dos desafios mais técnicos do planeta.
paredes de granito lisas como espelhos, que se elevam por mais de mil metros,
sem uma rachadura onde descansar. Mas não é preciso ser escalador
extremo para se apaixonar por ele. As trilhas que partem do pequeno centro de El
Chaltén, com apenas mil e quinhentos habitantes que vivem de turismo e paixão pela
montanha, levam através de vales onde os condores desenham círculos no ar, e os rios
cantam melodias com o ruído do gelo derretido. O vilarejo mesmo parece suspenso
entre realidade e lenda, com suas ruas de terra batida que no
inverno se esvaziam quase completamente, deixando apenas os mais corajosos para
guardar este canto de mundo extremo. A Laguna de los Tres, alcançável com uma caminhada
de oito horas, lhes oferece o reflexo perfeito do Fitz Roy em suas águas verdes, enquanto o
amanhecer pinta a rocha de um rosa tão intenso, que os locais o chamam de “efeito alpenglow”.
Nestes momentos, entre silêncio e maravilha, entenderão por que esta montanha é considerada
sagrada por qualquer um que a encontre. Ushuaia O vento sopra tão forte, que parece
sussurrar algo, enquanto se aproximam da cidade mais austral do mundo.
Claro, há quem conteste este primado citando Port Williams no Chile, mas com suas
poucas centenas de habitantes é mais um posto avançado que uma verdadeira cidade.
Ushuaia permanece indiscutivelmente a metrópole na fronteira do mundo.
E se acomoda entre as montanhas nevadas e o canal de Beagle, aquele braço
de mar que separa a Argentina do Chile. Mas o que torna este lugar tão magnético?
Talvez seja o fato de que aqui tudo termina. De fato termina a Panamericana,
que é o continente sul-americano, e até mesmo as certezas
geográficas que acreditavam ter. As casas coloridas se arrastam pelas encostas, como se quisessem fugir do frio que sobe
do mar, enquanto o porto fervilha de pescadores que retornam com os caranguejos
gigantes que habitam estas águas geladas. O ar tem sabor de sal e aventura, porque
daqui partem as expedições rumo à Antártida, a apenas mil quilômetros de distância. Mas apesar disso, Ushuaia nem
sempre foi um destino turístico. Até mil novecentos e quarenta e sete abrigava
a penitenciária mais temida da Argentina, onde os detentos construíam estradas
entre florestas impenetráveis. Hoje porém, essas mesmas estradas os
levarão ao Parque Nacional Tierra del Fuego, onde a natureza selvagem da Patagônia
se revela em toda sua majestade. E para finalizar, quando o sol se põe atrás
das montanhas, tingindo tudo de rosa e ouro, entenderão por que este canto do
mundo é chamado de “o fim do mundo”. Terra do Fogo
Imaginem um canto de mundo onde o silêncio tem um som próprio,
e até mesmo o eco se perde na imensidão. A Terra do Fogo deve seu nome aos fogos que
Magalhães viu acender pelos indígenas Selk’nam, ao longo das costas em mil quinhentos e vinte. Aqueles fogos hoje estão apagados para sempre,
junto com a cultura de quem os acendia, mas a ilha continua a queimar de uma beleza
selvagem, que não conhece compromissos. Aqui, o pampa encontra a montanha,
em um abraço brusco e inesperado. Um momento caminham entre as pradarias
infinitas, onde o vento faz ondular a grama como um mar dourado, no outro se encontram
imersos em florestas de faias antárticas, que no outono explodem em vermelhos e
amarelos tão intensos que parecem irreais. Os guanacos, que são parentes selvagens das
lhamas, os observam curiosos antes de fugir, com aquela sua andadura elegante e um pouco arrogante.
A estrada que atravessa a ilha é uma viagem na viagem.
atravessa turfeiras onde crescem musgos antigos de milhares de anos,
costeia lagos de cor turquesa impossível, e se arrasta em passos montanhosos onde o silêncio
é tão profundo que sentem seu coração bater. cada quilômetro aqui é uma
descoberta, e cada curva uma surpresa, que os lembra o quão grande e misteriosa é
a natureza, quando decide dar espetáculo. Parque Nacional Los Glaciares Preparem-se para sentir o
ruído do tempo que passa. No Parque Nacional Los Glaciares,
patrimônio da UNESCO desde mil novecentos e oitenta e um, assiste-se a
um espetáculo que continua há vinte mil anos. o gelo avança, se retira, desmorona,
e então renasce em um ciclo eterno, que faz sentir pequeninos
mas incrivelmente sortudos. O protagonista absoluto é o Perito Moreno, um
gigante de gelo largo cinco quilômetros e alto setenta metros, que avança dois metros por dia.
E se não acreditam, é realmente assim: esta geleira cresce ao invés de se retirar,
desafiando o aquecimento global com a teimosia de quem sabe ser especial.
Quando um bloco de gelo se solta e precipita no Lago Argentino, o estrondo ecoa
por quilômetros, como um trovão primordial. Mas este parque não é apenas o Perito Moreno. Aqui se escondem outras trezentas e cinquenta e
seis geleiras que nascem do Campo de Hielo Sur, a terceira reserva de água doce do
planeta, depois da Antártida e Groenlândia. O gelo conta histórias de eras geológicas, através de nuances de azul que vão do celeste
pálido ao azul profundo como a noite. E quando o sol o atinge, cada cristal se torna
um prisma que espalha arco-íris no ar gelado. E enquanto observam esta obra-prima da
natureza, perceberão que estão olhando a água que os dinossauros bebiam,
agora transformada em arte pura. Bariloche O que acontece quando os Alpes europeus
decidem se transferir para a América do Sul? Nasce Bariloche, onde a Patagônia
argentina se veste de cartão-postal suíço, mas mantém o caráter selvagem sul-americano.
As águas do Nahuel Huapi, que significa “ilha do jaguar” na língua mapuche, refletem
bosques de murtas chilenas e faias austrais, que no outono explodem em vermelho e
ouro tão intenso que parecem artificiais. O Cerro Catedral domina tudo com seus dois mil
trezentos e oitenta e oito metros, oferecendo panoramas que se estendem da cordilheira
dos Andes até as estepes infinitas. Mas é quando descem em direção às margens
do lago, que está a verdadeira magia. Encontramos praias de seixos negros
vulcânicos, onde a água cristalina reflete as montanhas nevadas o ano todo.
Os bosques escondem cachoeiras secretas, enquanto trilhas antigas levam entre refúgios de pedra.
Mas é quando o sol se põe atrás dos picos, que este lugar revela seu maior segredo.
um céu que se incendeia de cores impossíveis, refletindo-se nas águas imóveis dos
lagos, como em um espelho mágico. San Carlos de Bariloche
parem um momento, e sintam o aroma do ar. Sentem aquele perfume de chocolate que se
mistura à madeira e à água de montanha? Bem-vindos a San Carlos de Bariloche, onde a
arquitetura alpina encontra a alma patagônica, em um abraço que tem sabor de fondue e aventura. O centro cívico, construído nos anos quarenta com pedra local e madeira de cipreste,
parece saído de um conto de fadas, mas basta se afastar poucos metros para se
encontrar imersos na natureza mais pura. A Catedral de San Carlos, com
sua sóbria elegância neogótica, vigia o centro da cidade enquanto suas pedras
cinzas contrastam com as águas azuis do lago. Mas Bariloche não é apenas natureza de
cartão-postal, aliás, no inverno se transforma na capital argentina do esqui, com o “Cerro Catedral”
que atrai esquiadores de toda a América do Sul. Suas pistas se estendem entre os bosques,
enquanto os chalés espalhados pelas encostas oferecem aquele chocolate
quente que tornou famosa a cidade. E para os mais aventureiros, as trilhas do
Parque Nacional partem exatamente daqui, prometendo trekking entre lagos
escondidos e refúgios de montanha. Villa La Angostura No coração da região dos lagos, Villa
La Angostura aparece como um segredo bem guardado entre as águas do Nahuel Huapi, e os
picos que fazem de coroa a este canto de paraíso. O vilarejo se estende ao longo da margem
do lago com uma elegância discreta, com suas construções de pedra e madeira que
parecem crescer naturalmente do terreno. Não há pressa aqui, não há o caos
turístico de outros destinos. Há apenas o silêncio, interrompido
pelo leve marulho das ondas, e pelo vento que sussurra entre os ciprestes.
A rua principal guarda pequenos tesouros, entre os quais oficinas artesanais
onde nascem objetos únicos, cafeterias que perfumam de tortas caseiras, e
aquele ritmo lento que faz esquecer o relógio. Mas a verdadeira magia começa quando
se sobe em uma das embarcações que sulcam o lago em direção à península de
Quetrihué, onde as árvores de arrayanes criam quase esculturas naturais,
com suas cascas cor de canela. Além disso, quando chega o inverno, o Monte Bayo
se veste de branco e atrai os amantes da neve, enquanto o verão transforma cada
trilha em um convite à aventura. Parque Nacional Lanín
No centro de tudo está o vulcão Lanín, com seus três mil setecentos
e setenta e seis metros de cone perfeito, que os mapuche chamavam de “a rocha que mergulha”
por sua forma que parece mergulhar no céu. Mas este parque esconde muito
mais que uma montanha fotogênica. Aqui se estende a floresta valdiviana mais
setentrional do mundo, que é um ecossistema único onde crescem as árvores sagradas dos
nativos, que podem viver além de mil anos. Seus galhos se abrem como guarda-chuvas gigantes, criando florestas onde o silêncio é quebrado
apenas pelo canto dos pássaros endêmicos, e pelo farfalhar do vento entre as folhas.
Os lagos vulcânicos pontilham a paisagem. Huechulafquen, Paimún, e Tromen, cada
um com sua personalidade cromática, que frequentemente muda com a luz e as estações.
Mas são os veados nativos e os pássaros endêmicos os verdadeiros donos da casa.
os primeiros deixam pegadas nas trilhas lamacentas, os segundos enchem o ar de
chamados, que ecoam entre os troncos. Parque Nacional Los Alerces Preparem-se para caminhar entre os
gigantes mais antigos do planeta. No Parque Nacional Los Alerces crescem as árvores que viram nascer civilizações e impérios.
Os alerces são ciprestes patagônicos, que podem ultrapassar os 4.000 anos de
idade e atingir 70 metros de altura. Estes colossos crescem apenas
poucos milímetros por ano, alcançando idades incríveis: muitos já eram
gigantes quando os europeus chegaram à América. Nos bosques, os troncos são tão altos e densos
que embaixo deles cresce pouca vegetação, e se caminha sobre um tapete de folhas
secas em uma penumbra constante. Além disso, os lagos glaciais
do parque, como Futalaufquen, Verde, e Rivadavia, estão incrustados
entre montanhas que superam os dois mil metros, criando anfiteatros naturais
onde o eco ricocheia por quilômetros. As águas são transparentes, e se podem ver os
peixes nadando a quinze metros de profundidade, enquanto os condores desenham espirais no ar. Aqui, o tempo tem outro ritmo.
aquele das geleiras que se derretem gota a gota, dos troncos que crescem milímetro por milímetro,
e do vento que esculpe a rocha grão por grão. É um lugar onde se pode sentir
o peso e a beleza da eternidade. Córdoba Extensas planícies douradas se perdem
no horizonte, interrompidas pelas doces colinas das “sierras”, que desenham perfis azuis
contra o céu, por causa da neblina atmosférica. A província de Córdoba é o coração agrícola
da Argentina, onde campos de soja e trigo se alternam a pastagens com milhões de bovinos,
que produzem a carne mais preciosa do mundo. As sierras, por sua vez, que são
montanhas secundárias e pouco altas, oferecem um refúgio fresco da planície. Os lagos destas montanhas se tornam
espelhos perfeitos que refletem o céu, enquanto há também vales verdíssimos,
onde o ar é tão puro que é considerado um dos melhores do mundo.
Os rios que descem das sierras, além disso, oferecem aventuras de caiaque
entre corredeiras suaves e poços tranquilos, enquanto quem busca altitude pode desafiar o
“Cerro Champaquí”, o pico mais alto da província a dois mil oitocentos e oitenta e quatro metros, de
onde o olhar abraça infinitas extensões douradas. No coração de tudo isso, a cidade de
Córdoba guarda séculos de história em sua majestosa catedral barroca, cujas
cúpulas dominam o centro histórico, lembrando a herança colonial desta terra,
que sabe ser antiga e moderna ao mesmo tempo. Vale também lembrar, que com mais de
um milhão e trezentos mil habitantes é um importante centro universitário,
que atrai estudantes de todo o país, criando uma atmosfera jovem
e vibrante entre suas ruas. Buenos Aires As ruas de Buenos Aires pulsam com o ritmo
da cidade mais europeia da América do Sul. A metrópole se revela através
de seus contrastes mais audazes, onde os arranha-céus cintilantes de Puerto Madero
se espelham nas águas do Rio da Prata, os mesmos cais onde um tempo atracavam os navios carregados
de sonhos e esperanças de milhões de imigrantes. No bairro de San Telmo, o tango emerge espontâneo
das calçadas de paralelepípedos polidos, onde casais de dançarinos se movem como em um ritual
antigo que tem sabor de paixão e melancolia. Para não falar do vibrante bairro de La
Boca, que conta histórias de marinheiros e imigrantes através de suas icônicas
casas de chapa pintadas de cores vivas, um arco-íris urbano nascido
da criatividade popular. No meio do cimento e do trânsito, Palermo oferece
um respiro verde que a cidade sabe merecer. seus parques frondosos se tornam o
pulmão da metrópole, onde as famílias se reúnem para piqueniques dominicais, e
corredores percorrem trilhas sombreadas, enquanto os laguinhos refletem árvores em
flor que tingem de violeta os dias primaveris. E depois há Puerto Madero, a transformação urbana
mais espetacular da América do Sul, onde os antigos armazéns portuários de tijolos vermelhos
renasceram como lofts exclusivos e restaurantes de luxo, enquanto a “Puente de la Mujer” se
destaca contra o céu como uma escultura moderna. Aqui, o futebol é religião, Maradona permanece uma
divindade imortal, e os domingos se transformam em celebrações coletivas, quando La Bombonera ruge
com a voz de milhares de torcedores apaixonados. Nos cafés históricos do centro, além disso,
o tempo parece ter parado nos anos dourados da imigração europeia, onde as conversas se
misturam ao tilintar das xícaras enquanto lá fora a cidade continua sua dança frenética.
Buenos Aires não é simplesmente um destino: é um verdadeiro estado de espírito que
transforma qualquer um que a atravesse. Rosario Aqui nasceu Che Guevara, aqui deu
os primeiros passos Lionel Messi, e aqui o Rio Paraná flui com a majestade
de um rio que sabe ter visto nascer lendas. Rosario se estende ao longo da costa fluvial, como uma cidade que escolheu a água como
companheira de vida, com praias urbanas onde os habitantes se relaxam observando os
barcos, que transportam soja para o mundo. O centro histórico pulsa ao redor do Monumento
à Bandeira, um obelisco de setenta metros que comemora o lugar onde Manuel Belgrano criou a
bandeira argentina em mil oitocentos e doze. Mas a verdadeira alma da cidade se
descobre caminhando pelos boulevards, onde os plátanos centenários criam túneis verdes
que protegem do sol estival, e nas ruas do Bairro Pichincha, onde a arquitetura art nouveau
se mistura à arte urbana mais contemporânea. Há diversos parques na cidade,
e a maioria margeia o rio. são eles o coração verde de
Rosario, onde os residentes correm e andam de bicicleta entre as árvores.
Da orla, por sua vez, se admira o skyline moderno, enquanto as ilhas verdes pontilham o rio, que
neste trecho é largo mais de um quilômetro. Tigre Subam em um barco, e se deixem embalar
pelas águas cor de café do Rio da Prata. Tigre é um labirinto líquido, onde Buenos
Aires se dissolve em centenas de ilhas, conectadas por canais que parecem
desenhados por uma criança caprichosa. as ruas aqui são rios, e os carros são barcos, que sulcam as águas tranquilas entre as
casas de madeira coloridas que flutuam. A estação de Tigre é uma joia da arquitetura
ferroviária de época, enquanto o Museu de Arte Tigre, guarda coleções de arte em um palácio
que parece saído de um conto de fadas europeu. Os jardins que circundam o porto colorem as
margens com palmeiras e flores tropicais, criando um contraste encantador
com as águas escuras do delta. Também por isso, nos fins de semana os
habitantes de Buenos Aires fogem para cá para reencontrar silêncio e relaxamento.
os barcos públicos, por sua vez, levam através dos canais, onde vivem famílias que
cultivam flores e verduras em ilhas flutuantes, vendendo seus produtos no mercado de frutas e
verduras que acontece diretamente sobre a água. Tigre é a prova de que a Argentina sabe
ser também isso, um canto de paz onde o delta do Paraná oferece momentos de quietude
a poucos quilômetros do caos de Buenos Aires. Salta e Los Cardones
No norte da Argentina, onde a terra se eleva majestosa em direção
às nuvens, surge a antiga cidade de Salta. Suas ruas se entrelaçam como um mosaico
vibrante, ricas de edifícios que mudam tonalidade com o passar das horas,
enquanto o sol ilumina o Vale Calchaquí. No coração de Salta, a catedral rosa e creme
se ergue imponente sobre a praça principal, cercada por pórticos que contam
séculos de história colonial espanhola. No Parque Nacional Los Cardones, por
sua vez, milhares de cactus gigantes emergem da terra árida, alguns vigiando
estes lugares há mais de trezentos anos, testemunhas silenciosas do
tempo que passa inexorável. A água, tesouro precioso nestas terras secas,
esculpiu pacientemente seu caminho através das rochas, criando formações que evocam
as antigas civilizações pré-colombianas. Os condores planam majestosos sobre os
desfiladeiros profundos em busca de presas, enquanto as vicunhas percorrem as trilhas
traçadas por seus ancestrais através de gerações. Quebrada de Humahuaca e Purmamarca Um canyon espetacular atravessa
os Andes, revelando uma história geológica que remonta a dez mil anos atrás.
As paredes da Quebrada de Humahuaca se elevam dramaticamente em direção ao céu, enquanto
o Rio Grande continua seu percurso milenar, erodindo a rocha metro após metro,
exatamente como fez por eras geológicas. Quando se chega a Purmamarca, o
célebre Cerro de los Siete Colores domina completamente o horizonte.
Estas camadas rochosas estratificadas contam a épica formação das montanhas
andinas, enquanto nas ruas do vilarejo abaixo a vida flui seguindo ritmos ancestrais,
marcados pelo som dos sinos da igreja colonial. As ruas calçadas de Purmamarca se estendem ao
redor da praça central, onde uma igreja colonial resiste desde mil seiscentos e quarenta
e oito, enquanto no mercado tradicional, um dos mais antigos da Quebrada, os produtos
da terra se misturam com o artesanato local, e os habitantes se movem entre bancas
coloridas e becos de paralelepípedos. Cafayate e a Quebrada de las Conchas As vinhas se agarram às encostas do vale, nutridas pelo sol intenso que bate
sobre a terra vermelha característica. Cafayate surge a mil seiscentos e
oitenta e três metros de altitude, onde a uva Torrontés encontrou seu habitat
ideal entre as montanhas, produzindo um dos vinhos mais distintivos e apreciados da Argentina.
Aqui se encontra também a espetacular Quebrada de las Conchas, que corta a terra entre Cafayate
e Salta, onde vento e água esculpiram a rocha através de milhões de anos de erosão.
O rio escavou seu percurso através das formações geológicas, criando o Anfiteatro
natural, a sugestiva Garganta do Diabo e a particular Janela, monumentos naturais
que emergem das paredes do canyon. As ruas da cidade de Cafayate, por sua vez, se
desenvolvem harmoniosamente ao redor da praça central, onde a igreja de Nossa Senhora
do Rosário resplandece sob o sol andino. O silêncio profundo da Quebrada
é interrompido apenas pelo vento que sopra entre as formações rochosas,
levando consigo a poeira vermelha do vale. Tafí del Valle
Entre as montanhas do Tucumán, a dois mil metros de altitude, se abre o sugestivo vale
de Tafí, onde o vento andino modela o território caracterizado pelos menhires, monólitos de
pedra erguidos pela antiga civilização Tafí, que permanecem como guardiões milenares da história.
As trilhas conduzem a pontos panorâmicos de tirar o fôlego dos quais o olhar se estende
livremente, seguindo o perfil dos relevos que se sucedem até o horizonte infinito.
Os dias começam com o silêncio quebrado apenas pelos sons da natureza intocada, enquanto os
pastos verdes se estendem até alcançar as margens do lago La Angostura, espelho de água cristalina
que coleta e reflete cada nuance do céu. Os restos arqueológicos, escondidos
estrategicamente entre as colinas, testemunham a presença de povos antigos que aqui
deixaram sinais indeléveis de sua civilização. Ao cair do sol a luz se transforma magicamente,
transformando cada canto da paisagem, enquanto o vento continua sua viagem eterna, movendo as
nuvens e desenhando formas sempre novas no céu. Salinas Grandes
O horizonte desaparece a três mil quatrocentos
e cinquenta metros de altitude, e as Salinas Grandes se estendem por
duzentos e doze quilômetros quadrados. São de um branco ofuscante, com o céu
que se reflete sobre a crosta de sal, criando um efeito espelho que
confunde toda certeza visual. Caminhar aqui é como flutuar em uma
dimensão paralela, onde a terra se torna céu, e o silêncio tem um som próprio.
Este deserto de sal nasce da evaporação de um antigo lago andino, e hoje os trabalhadores do
sal continuam a quebrar a crosta com picaretas, coletando os grãos e deixando-os secar
sob o sol implacável do altiplano. Mas é quando chega a estação
das chuvas que acontece a magia. A água transforma a superfície em
um espelho perfeito, onde as nuvens caminham sobre a superfície, e toda forma
de vida parece levitar sobre o infinito. Os flamingos rosa chegam aos
milhares, e criam manchas de cor que contrastam com o branco absoluto.
Há também a Estrada Estadual cinquenta e dois que corta este deserto salino, enquanto nas margens
as lhamas pastam indiferentes à imensidão branca. Jujuy
Preparem-se para ver a terra que muda de cor, como um caleidoscópio geológico.
As montanhas de Jujuy são o resultado de seiscentos milhões de anos de estratificações, que
contam a história do planeta através de nuances que vão do vermelho óxido ao verde malaquita,
e do violeta intenso ao amarelo enxofre. Aqui, entre os vales andinos, os cactus cardón
se elevam como sentinelas, e alguns superam os quinhentos anos de idade, testemunhas imóveis
de uma paisagem que muda com o passar do tempo. Suas sagradas monumentais pontilham as
encostas, criando um contraste surreal entre o verde espinhoso da vegetação
e as tonalidades minerais da rocha. Mas a paisagem de Jujuy não é feita
apenas de montanhas coloridas. da vastidão do altiplano desértico
se desce aos vales verdes das Yungas, que é a selva subtropical que contrasta
com as áreas áridas, até as fronteiras com a região do Gran Chaco no sudeste.
Em Maimará, o cemitério se estende aos pés de paredes rochosas que parecem pintadas à mão livre,
enquanto mais ao norte, os picos de Hornocal, conhecidos como a montanha das quatorze
cores, desafiam toda lógica cromática. Na vertente oposta, o Pucará de Tilcara vigia
do alto de sua colina, e é uma antiga fortaleza pré-colombiana que guarda os segredos de povos
que já sabiam ler o céu, e venerar a terra. Iruya
Esqueçam as estradas asfaltadas e se preparem para uma viagem no tempo.
Para chegar a Iruya vocês devem atravessar a Bolívia, percorrer estradas de terra
que se agarram entre as nuvens, e enfrentar curvas de fazer o coração disparar,
mas quando finalmente chegam a este vilarejo de mil e duzentas almas, aninhado a dois
mil setecentos e oitenta metros, entendem que cada quilômetro de esforço valeu a pena.
Iruya parece ter crescido da própria rocha. As casas de adobe, ou seja, de tijolos
de barro e palha, se agarram às encostas, enquanto as ruelas de pedra sobem e
descem, seguindo os caprichos da montanha. Aqui não existem semáforos, mas apenas o
ritmo lento da vida andina, onde os burros ainda transportam as cargas, e as senhoras
vendem coca e quinoa no mercadinho do sábado. Por fim, a igreja colonial de mil setecentos
e cinquenta e três domina a praça principal, com sua fachada branca que contrasta com
o vermelho das montanhas circundantes. Catamarca Bem-vindos à província que
a Argentina quase esqueceu. Catamarca se esconde entre as dobras
dos Andes, como um segredo bem guardado, onde desertos de areia vermelha se
alternam com oásis verdes e lagoas rosa. Aqui encontramos o Ojos del Salado, que a
seis mil oitocentos e noventa e três metros é o vulcão ativo mais alto do mundo,
e domina a fronteira com o Chile. Há também a “Quebrada de Las Angosturas”
que é um canyon multicolorido, e o “campo de Piedra Pómez”, que
é similar a uma paisagem lunar, com milhares de formações de pedra-pomes que
foram esculpidas pelo vento em formas impossíveis. No Cañón del Indio, além disso, as paredes
rochosas têm formas que lembram rostos indígenas, enquanto passagens estreitas se abrem entre as
rochas vermelhas deste antigo leito fluvial. Mas Catamarca não é apenas deserto. De fato, às margens das extensões
arenosas crescem bosques de algarrobo, que são árvores retorcidas que sobrevivem graças
a raízes que afundam até trinta metros no subsolo. Zonas Úmidas do Iberá A água reina soberana neste
habitat no coração da Argentina, dando vida a um dos complexos de zonas úmidas
mais extensos do continente sul-americano. Os canais se entrelaçam através
da imensa planície, formando um labirinto aquático onde a vida explode
vigorosa, de todas as formas e maneiras. Aqui, os jacarés repousam imóveis nas
margens lamacentas, enquanto as capivaras, que são os roedores maiores do mundo, se movem
calmas entre a vegetação aquática flutuante. O veado-do-pantanal, espécie símbolo
reintroduzida após décadas de extinção local, encontra novamente refúgio
entre a densa vegetação palustre, enquanto os imponentes jabiru constroem seus
ninhos maciços no topo das árvores mais altas. O ecossistema do Iberá persiste
graças a um equilíbrio delicadíssimo, onde cada espécie individual desempenha um papel
crucial, na intrincada rede da vida aquática. Nestas águas do pântano, a natureza
prossegue seu ciclo ininterrupto há milênios, resistindo tenazmente ao passar do tempo,
e às transformações do mundo circundante. Cataratas do Iguaçu Sentem aquele estrondo que
aumenta enquanto se aproximam? São duzentas e setenta e cinco cachoeiras, que
precipitam de alturas até oitenta e dois metros, criando um espetáculo que gera uma névoa
permanente visível a quilômetros de distância. Bem-vindos às Cataratas do Iguaçu,
onde o rio homônimo se lança no vazio, em um festival de borrifos e arco-íris. A Garganta do Diabo é seu coração pulsante.
uma garganta em forma de U, onde quatorze cachoeiras se unem, em um estrondo
que vocês sentem nos ossos. Quando se debruçam das passarelas suspensas, a água desaparece no abismo, levantando
uma névoa que os envolve completamente, enquanto as andorinhas voam através do
vapor e fazem ninhos atrás das cachoeiras. Mas as Iguaçu escondem a Selva Paranaense, onde onças e antas vagam entre árvores
cecropia e palmeiras tropicais. Aqui a natureza não sussurra: grita sua
magnificência, com uma potência que os deixa sem palavras, e com o coração batendo em
uníssono, com o ritmo eterno da água que cai. Rio e Delta do Paraná Imaginem um rio que nasce
no Brasil, e decide tomar todo o tempo do mundo para alcançar o oceano.
O Paraná, que significa “grande como o mar”, flui por quatro mil oitocentos e oitenta quilômetros
coletando histórias, sedimentos e afluentes, até se render em um delta de quatorze mil quilômetros
quadrados, que é pura poesia geográfica. Durante seu longo percurso, atravessa
três países e se torna a autoestrada de água da América do Sul, transportando
barcaças carregadas de soja e trigo, em direção aos portos de Rosario e Buenos Aires.
Suas águas cor de café alimentam usinas hidrelétricas e irrigam milhões de hectares de
campos, enquanto ao longo de suas margens crescem cidades que devem sua fortuna econômica,
à generosidade deste gigante de água doce. Seu delta, por sua vez, não é um qualquer, mas é
um entre os maiores do mundo por extensão, e é um labirinto de mais de dois mil e quinhentos ilhas
e ilhéus, onde o rio se divide em mil riachos. Aqui, a água doce encontra a salgada do
Rio da Prata, criando um ecossistema único, onde convivem peixes de água doce e marinha, e
onde os salgueiros-chorões se espelham nas águas. Mar del Plata na costa atlântica, onde
o oceano encontra o Pampa, se ergue Mar del Plata como
uma ponte entre dois mundos. O mar molda a terra através de ondas que não
param nunca de bater na costa, enquanto os barcos dos pescadores partem ao amanhecer, para
retornar com as redes carregadas de pescada e camarões que acabarão nos mercados de todo o país.
O vento do Atlântico transporta o perfume salgado através das ruas desta cidade, enquanto a
Torre Tanque, alta oitenta e oito metros, domina o horizonte desde mil novecentos e
quarenta e três como um farol de tijolos vermelhos, que viu passar gerações e gerações.
Durante o inverno, quando a cidade se esvazia dos turistas, as baleias-francas-austrais passam
ao largo da costa durante sua migração em direção ao norte, oferecendo espetáculos gratuitos a
quem tem a paciência de escrutar o horizonte. A cidade vive no ritmo das estações e
das marés, transformando-se de porto pesqueiro tranquilo a destino turístico
frenético com a mudança das estações, quando dois milhões de argentinos invadem
suas praias em busca de sol e liberdade. Puerto Madryn
Nas profundezas do mar patagônico, ganha vida um ritual antigo.
As baleias-francas-austrais percorrem as rotas oceânicas em direção ao Golfo Nuevo,
transformando-o no lugar onde a vida toma forma. De junho a dezembro, as águas se tornam escola
de sobrevivência, enquanto as mães transmitem aos filhotes os segredos da vida marinha.
Os movimentos dos cetáceos seguem uma rota primordial nas profundezas marinhas, quando
na terra firme os pinguins-de-magalhães escavam refúgios na terra costeira.
O vento molda as dunas levando consigo as vozes das orcas durante a caça, enquanto a
cidade guarda os vestígios dos pioneiros galeses chegados em mil e oitocentos, fundindo
suas tradições com o ritmo das marés. Península Valdés
Parem, e respirem o ar salgado. aquilo que os cerca, é um dos santuários
naturais mais preciosos do planeta. A Península Valdés se projeta no Atlântico como
uma fortaleza natural, onde cada metro quadrado conta uma história de adaptação extrema.
Aqui, a natureza criou um laboratório a céu aberto, onde observar a evolução em ação.
As costas irregulares escondem colônias de focas e leões-marinhos, que se adaptaram aos
ventos patagônicos mais ferozes do continente. O interior da península, por sua
vez, revela um ecossistema único. tatus que escavam tocas profundas até três metros,
raposas cinzas que caçam ao entardecer, e a inconfundível mara patagônica que saltita através
da estepe, com movimentos que lembram um canguru. Mas das águas vem o espetáculo mais emocionante.
as orcas se encalham voluntariamente, para capturar os filhotes de leão-marinho, uma técnica
de caça transmitida apenas neste canto do mundo. O Pampa Olhem o horizonte, e tentem
encontrar onde termina a terra. Não conseguirão, porque o Pampa
é o infinito que se fez pradaria. Duzentos e setenta mil quilômetros quadrados de
grama, que ondula ao vento como um mar verde, onde os gaúchos navegam a cavalo há três séculos, guardando tradições que misturam
sangue espanhol, indígena e crioulo. Esta é a terra que nutre a
Argentina, e boa parte do mundo. aqui crescem o trigo que se torna massa
italiana, e a soja que alimenta a Ásia, enquanto cinquenta e dois milhões de bovinos pastam livres,
produzindo a carne mais preciosa do planeta. Mas o Pampa não é apenas agricultura, aliás é um
ecossistema sutil, onde cada grama de terra preta conta histórias de decomposição e renascimento.
Há também as “estâncias” tradicionais que mantêm viva a cultura gaúcha, e são as grandes
propriedades rurais dos gaúchos, onde os dias começam antes do amanhecer para reunir o
gado, marcar os bezerros e reparar as cercas. Uma viagem neste lugar, ajuda certamente a
entender por que os habitantes de Buenos Aires, dizem que aqui bate o coração
verdadeiro da Argentina. Mendoza e a Rota do Vinho
No coração dos Andes, Mendoza revela um mundo onde a natureza criou
as condições perfeitas para a viticultura. O território se estende entre as montanhas
e o deserto, onde a água de fusão das geleiras flui através de um sistema de canais,
construído pelos indígenas Huarpe séculos atrás. Os vinhedos se estendem ao longo da “Rota do
Vinho”, onde centenas de adegas transformam a uva, em vinhos que conquistaram o mundo.
O solo arenoso e a altitude acima dos novecentos metros criam um microclima único, enquanto o
sol da região de Cuyo, se reflete nas folhas das vinhas que se agarram aos suportes.
Os dias começam ao amanhecer, quando os trabalhadores colhem os cachos à mão, seguindo
tradições transmitidas entre as gerações. Ao entardecer, o céu mostra um espetáculo de
cores, enquanto nas adegas o mosto fermenta lentamente nos barris de carvalho, guardando
os segredos de um processo antiquíssimo. Ruta quarenta Preparem-se para a viagem mais
longa e selvagem da Argentina. A Ruta quarenta, de fato, atravessa todo o país.
um percurso de cinco mil quilômetros, que une onze províncias e vinte parques nacionais,
através de duzentas e trinta e seis pontes e vinte e sete passagens andinas.
O traçado inicia na Puna, onde os vulcões dominam a paisagem e os flamingos
se reúnem nas lagoas em alta altitude. A estrada prossegue através dos vales vitícolas
a três mil metros de altitude, para depois descer na estepe patagônica batida pelo vento.
O percurso termina em Cabo Vírgenes, ponto de encontro entre continente e
oceano, onde os pinguins ocupam a costa. Caminhoneiros e viajantes percorrem já
há décadas este traçado, que se sobrepõe às trilhas das caravanas coloniais, e às
rotas dos gaúchos ao longo do território. Esta, portanto, é a Argentina!
um caleidoscópio de maravilhas naturais e culturais, que desafiam a imaginação.
E se vocês quiserem explorar outros fantásticos lugares no mundo, escolham da nossa
playlist que encontram aqui à direita.