ARTHUR PETRY (fala de Comédia, Podcasts e outros assuntos) | PODCAST do EDSON CASTRO 029
0É um péssimo momento para começar um canal de corte de podcast, inclusive. Muito obrigado. Prazer é enorme. Se eu soubesse explicar todas as minhas ideias, eu seria maior que o Mr. Beast. 4 anos chamando de nazista no seu programa. Para, pelo amor de Deus, me chama aí, eu te explico a história. Eu ficava com muito medo de de ser muito burro e passar muita vergonha. Por que que você acha que a comédia ela sumiu? É política ou é questão de posicionamento, cancelamentos? Do jeito que tá agora, que é militante para lá e militante para cá, arte de ser um bom comediante acabou. Sempre foi uma característica do jovem destruir a ordem e criar caos. Eu não sei porque que essa geração específica tá procurando mais ordem do que causo. Você percebe que tá tendo uma cobrança maior para um posicionamento político, principalmente de quem cria conteúdo? O próprio cancelamento do monarque não tem nenhum efeito no mundo. Assim, se existia nazista no Brasil antes daquilo, eles continuam existindo. Então vai lá perseguir esses caras. Não pega um cara que falou uma frase que você escolheu interpretar de uma maneira errada, que dá dá para entender o que ele quis dizer e persegue o cara. [Música] Seja bem-vindo a mais um episódio do Edson Castro Show, podcast do seu melhor amigo na internet. Meu nome é Edson Castro, jornalista e apresentador. E hoje eu tô aqui acompanhado do Artur Petri, que é comediante, comunicador e podcaster. cara que tem um trabalho incrível, que eu gosto bastante, acompanhar há muitos anos e é um prazer gigantesco estar com você aqui, meu amor. Pô, obrigado pelo convite, cara. Obrigado. Felizão, feliz. A gente tá gravando aqui num sábado, então muito obrigado por vir aqui num sábado. Sei que não, até melhor. Até melhor. Eu ia demorar 6 horas se fosse uma segunda-feira. Então, obrigado por ter aceitado você no sábado. Você tá morando onde? Eu moro lá perto de São Caetano. Ah, perto da minha casa. Eu moro na Vila Prudente. Ah, eu também. A gente não fez lá, então. É, pô. Na próxima a gente faz por lá. A gente vai na minha casa. Tá fechado. Então os dois na marginal vindo pro estúdio do carro, um do lado do outro, um do olhando o outro do, né? Antes da gente continuar esse papo daqui, eu quero só deixar os recadinhos que a gente sempre deixa. Se você ainda não é inscrito aqui nesse canal, quero convidar você para se inscrever não só aqui no canal de gente transmite os podcasts, como também no nosso canal de cortes, o Edson Castro Show. Estamos começando com o canal de cortes, então precisamos da sua ajuda, da sua colaboração, deixando um like, se inscrevendo. Quero dizer também que meu livro Tudo que seus pais não te ensinaram, mas você deveria saber, já está vendo na Amazon. e nas principais livrarias do país. Você pode comprar através do link que vai est na descrição desse vídeo e no primeiro comentário fixado. 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E eu quero saber de você, qual que é, na sua visão a o cenário dos podcasts no Brasil hoje? estranho ele falar isso. Eu sinto que tá acabando. É um péssimo momento para começar um canal de corte de podcast, inclusive. Muito obrigado. Prazer enorme. Mas eu acho, eu acho que a gente tá numa baixa agora, tá tá caindo e sei lá, obviamente tudo é feito de ciclo e, e talvez daqui a pouco volte, né? Mas eu eu percebo que a tendência eh diminuiu bastante e como eu trabalho nessa área, eu sinto nos números e na audiência e e formas de entregar esse conteúdo também que funcionavam antes, não funcionam mais, formas de criar também que funcionaram de maneira até muito fácil, né? 2020, 21, 22, pô, era muito fácil. Qualquer coisa que você soltava dava muita audiência, muito clique e hoje é bem mais difícil assim. Então eu acho que que a gente tá passando por uma baixa, que é um momento que tá todo mundo tentando entender como é que reformula essa linguagem. E eu acho que daqui um alguns anos talvez retome, mas de um jeito que ninguém tá enxergando ainda, porque eu acho que tudo se resume muito a a corte, a clickbait e eu vejo que hoje que o que tá funcionando é debate, né? Hoje o que tá funcionando é botar pessoas divergentes na mesa para conversar. Quem fez isso conseguiu sobreviver e surfar a nova onda. Quem não fez ficou para trás, que é o meu caso. Eu não fiz, não, não parti para esse ponto. Então eu não sei se é como é que é a frase dele. A nova mídia. É o é o a mídia de 2025. De 2025. É. Ele até puxou alguns dados aqui, ó, que é um em cada dois adultos já ouviu um podcast nos últimos 30 dias e o crescimento do formato suporta e supera todas as outras mídias. Hum. Então, talvez não seja um, talvez a gente não esteja num momento de retorno à média, porque assim, o podcast ele, ele nunca nunca foi uma coisa muito grande ali pré 2020, 2019, né? Ele, ele existia, mas ele era muito de nicho, né? Aham. Sim. E pós pandemia a gente teve um boom muito grande, né? É. Então, talvez a gente não vai descobrir agora qual que é a média certa do consumo do do podcast. É, pode ser por esse por esse lado que é uma é uma mídia no sentido de que qualquer um pode criar o seu nicho, né, e se comunicar dessa maneira, talvez seja assim o a a nova mídia, a nova tendência, até porque para você criar uma estação de TV, uma estação de rádio, é impossível, né? Então, nesse sentido de é uma é uma forma de mídia que as pessoas podem se comunicar de uma maneira fácil, eu acho que faz sentido, mas em termos de popularidade, eu acho que a gente tá passando por uma baixa agora. É, e talvez seja realmente essa essa essa volta pra média assim para as pessoas entenderem exatamente qual é o lugar, né, do podcast. Mas de fato, se você abre o YouTube hoje, né, quase 100% do quase 100% não, quase sei lá, 80% do conteúdo é muito podcast ainda, né, de vários formatos e várias formas de se fazer. Então, acho que eu confundi com popularidade o termo ali. Então, é, de fato, é uma nova forma de se comunicar, sim. Eh, mas não tão popular quanto foi, porque a gente foi ficou mal acostumado, eu acho, com a com a audiência que dava, né? Qualquer coisa que você postava funcionava muito. Então, é, eu acho que agora eu comecei discordando e agora eu concordo com o que ele falou. Mas é porque e teve, eu sinto, pelo menos a minha visão quando eu vejo o podcast, a gente teve muitas crias do flow, assim, né? Então a galera, isso costuma acontecer com todo mundo, aconteceu com o Celo quando ele fazia conteúdo, aconteceu com agora tá acontecendo com aquele café com teu pai, a galera vê uma coisa que funciona e ela replica exatamente aquilo que funciona, né? Então a gente tem essa tendência de copiar exatamente a mesma coisa e achar que a fórmula é aquilo e não às vezes entender o formato comunicação. E eu vejo que o podcast foi muito isso, né, do tipo, ah, o papo de bar, o papo não pautado, podcast de 80 horas falando ali sem parar e na pandemia funcionava. Mas depois disso a gente teve um pouco de um um outro cenário, né? Porque agora você sai, você tem sua vida, você tem seus exercícios, então você vai um pouco mais focado no que você quer ouvir, né? É, mas é, então aí quem quem propôs essa essa nova forma de de debate tá se dando muito bem, né? Que eu acho que hoje o que o que mais dá viu é o três irmãos, né? É um dos maiores hoje, né? Três irmãos para fazer debate dessa nova que a gente tá passando pela segunda onda, terceira onda de podcast. Eles são os os que os flows da do momento, né, digamos assim, porque eles entenderam esse novo formato que as pessoas querem ver debate, pontos divergentes de se conversar, né? Então, a gente tem uns caras que conseguiram entender como é que esse jogo funciona agora, que eu acho que é o caso desse dos três irmãos que eu acompanho e acho muito interessante como que eles conseguiram eh pegar esse formato e e criar até uma nova tendência, né? Eu acho que o Vilela também ele alterou a forma como ele fazia, né? Ele era aquele papo de bar e ele começou a pautar as coisas e agora virou debate também. Eh, então nem sei o que eu tô falando mais, mas eu acho que é isso aí mesmo. E você sempre teve uma pira muito grande nos seus podcasts de ser uma coisa muito muito disruptiva, né? Eu vejo muito uma uma pegada sua de programa de rádio americana, assim, eu vejo eu tenho consigo ver um pouco de Howard Stern, consigo ver um pouco de Jo Rogan, um pouco disso. E você sempre teve uma coisa meio off, né, da uma coisa mais mais a sua cara mesmo, menos a cara do outro no seu trabalho, né? É, então é que eu sempre escutei rádio, né? Desde criança eu dormia ouvindo rádio, acordava ouvindo rádio, a minha mãe ouvia rádio muito, então eu peguei esse esse hábito dela. E desde criança eu sempre quis trabalhar com rádio. Então eu até quando era criança eu tinha um um rádiozinho de de brinquedo assim que gravava em fita cassete. E eu fazia meus programas ali, que ele tinha dois microfonezinhos e eu fazia meus programas. Então eu sempre gostei muito de rádio, então eu sempre trouxe essa referência e dentro do meu repertório e depois quando eu descobri podcast também foi uma coisa que eu entendi que era uma linguagem de rádio lá em 2010, 2011, aqueles podcast de áudio, né? Você fazia em Sound Cloud, né? É, eu comecei fazero no Sound Cloud, eu postava lá os meus podcasts, mas as referências sempre foram de rádio. E aí depois de um tempo descobri Howard Stern, Opian Anthony, que também é um programa grande lá nos Estados Unidos, fora o Pânico aqui também, né? E a Atlântida lá no Sul que tem o pretinho básico. Então eu sempre trouxe a a linguagem de rádio por meus programas. Foi uma coisa que era era consciente. Eu acho que até por isso que na época que os podcasts bombaram no Brasil e eu já tava trabalhando com isso, eu acho que eu consegui entrar nessa onda e surfar ela bem, porque as pessoas reconheciam que tinha algo diferente assim no nos meus programas, como você falou. E eu acho que vem dessa desse repertório que eu trouxe desde criança de de ouvir rádio e entender a linguagem. Eu trabalhei com rádio também lá no Sul, né, numa rádio de de esporte. Então eu trouxe essa linguagem mesmo de propósito e eu acho que é por isso que que eu ainda tenho o meu público lá e não foi só um podcast que depois que a onda passou acabou, sabe? Então eu acho que isso me sustenta até hoje. A forma como eu me comunico e eu abordo a produção de todos os programas que eu tenho. Vem vem sim dessa, desse amor pelo rádio, de entender como é que funciona essa linguagem. Você é, para mim, na minha opinião, o meu entrevistador favorito de podcast, assim, é o, por toda vez que pergunta para mim qual podcast, qual entrevistador, falou: “Cara, um dia a meta é chegar metade do Petri, porque acho que eu já vi podcast de pessoas que eu jamais imaginaria ouvir. Aham. Mas é porque era o Petri entrevistando. Falando assim, pô, porque eu sei que o Petri vai conseguir fazer a condução ser muito boa, assim, episódios maravilhosos. tem para mim que talvez seja uma das melhores entrevistas e podcast da história, é a que você fez assim que é incrível, um episódio de 3 horas que eu ouvi, [ __ ] condução, lidar com crise, lidar com tudo assim, é, é para mim é uma coisa que eu sempre fui, fui muito fã, assim, conforme fui consumindo mais. Uhum. E eu queria saber aqui de você mesmo, qual que é o seu eh segredo para fazer uma entrevista, assim, o quanto de preparo você tem para chegar, para conversar com o entrevistado, para trocar uma ideia com alguém? Ah, então o meu nível de preparo, ele é proporcional ao meu nível de burrice. Então, sempre que que eu ia entrevistar alguém, eu ficava com muito medo de de ser muito burro e passar muita vergonha. Então, é por isso que eu sempre me preparei. O o eu sempre assistia o canal do cara antes da entrevista, alguns dias antes. Se ele tivesse algum livro, eu tentava ler inteiro, ou pelo menos algumas partes, mas tudo partindo de um medo de passar muita vergonha assim, né? na entrevista. E eu acho que também parte da da minha curiosidade pela pelo mundo da pessoa também parte de reconhecer que eu não sei nada e não e eu não tinha medo, não tenho medo de fazer perguntas imbecis pra pessoa. Eu acho que muita gente fica com medo de fazer alguma pergunta muito estúpida. E eu eu sempre fiz as perguntas simples e e que poderia ser estúpida pras pessoas. Eu nunca tive eh medo de fazê-las. Então, ao mesmo tempo que eu tinha medo de ser burro, eu me preparava muito por causa disso. E ao mesmo tempo quando eu tava no ar, eu eu eu sentia que [ __ ] deu vou ser burro se isso acontecer. Porque aí que tá o ouro, né? A pessoa que tá do outro lado, ela quer conversar sobre o mundo dela com alguém que não sabe nada. Ela não quer conversar com alguém que já tem alguma opinião sobre o que ela tá falando. Então, desde que eu surgi nos podcast, eu sempre ouvi isso, né, que eu entrevistava bem e tal. Eu tentava pensar, por que será que eu que as pessoas acham isso de mim? E eu notei que é porque eu assumi a minha ignorância mesmo sobre o mundo. E todo mundo que senta na minha frente ali, eu quero entender como é que aquela pessoa enxerga as coisas. Não importa o que que ela enxerga, se as pessoas vão achar certo ou errado, se ela é comunista, se ela é capitalista, se ela é de direita, de esquerda, se ela acredita em pseudociência ou só em ciência, não me interessa. Me interessa como que você enxerga o mundo. Eu quero entender como que você criou essas conexões dentro de você, por que você enxerga dessa maneira. E eu me coloco num papel de extrema ignorância perante a pessoa, porque de fato eu não sei como é que a pessoa enxerga o mundo e nem por que ela enxerga, né? Então, acho que é isso aqui. A aceitar a minha a minha burrice em relação a tudo talvez tenha me levado a esse essa forma de de entrevistar que foi reconhecido pelas pessoas. E o quanto de pauta você tem assim? Tu é um cara que, por exemplo, eu sou jornalista, eu morro se eu não vier com isso daqui. Uhum. Para mim é o meu é o meu a minha pedra de roseta, assim, é onde eu vou caminhar. Óbvio que não fica aqui, mas é onde o os passos que eu quero seguir. O quanto de pauta você tem quando você chega para um podcast? É engraçado porque eu tenho, mas eu não tenho. No sentido de eu eu me preparo, eu estudo a pessoa, eu leio, eu deixo as perguntas brotarem na minha cabeça enquanto eu vejo, sei lá, o último vídeo dela ou leio o livro. Mas de fato eu não anotava nada para não ficar preso aquela aquela pergunta também, porque eu estudei teatro também e faço standup. Então eu eu descobri que o improviso ele é muito incrível, ele é muito interessante para dar vida pras coisas. Então se eu ficar preso a um roteiro, eu posso perder um monte de coisa que aconteceria naturalmente ali na hora. Mas ao mesmo tempo, se preparar é importante, é bom também. Então, eu sempre tentei fazer um mix de vou me preparar, mas na hora que eu tiver no ar, [ __ ] o que eu preparei. Uhum. Se for importante, vai surgir na minha cabeça. Mais ou menos como as pessoas falam assim, e quando o cara vai fazer vestibular ou Enem, chega uma hora que deu de estudar, chega uma hora que [ __ ] se você estudou, você estudou, você vai fazer a prova e e as coisas vão surgir se você tiver estudado bem. Mais ou menos assim. E eu também misturo um pouco do que eu aprendi no teatro, porque de fato você tem que decorar um texto, você decorar a cena, mas quando você tá no ar, você não você não tá com o papel na sua frente. As coisas têm que acontecer, elas têm que surgir espontaneamente. Então eu acho que eu misturei um pouco dessas duas coisas e e quando eu tô no ar é como se fosse o jogo. Eu me, eu treinei, eu me preparei e agora eu não posso ficar perguntando pro técnico como é que faz ou pedindo para ler o plano de jogo. Agora vai ser o o que vai ser a prova final do de se eu me preparei bem ou não. Então é uma é um mix de improviso com pauta mental, mas isso serve também pro standup, porque no standup você escreve, você anota, mas você não pode ficar lendo no palco, né, o texto, ele ele ele tem que vir como você tá sentindo. Então eu acho que eu misturei tudo isso, todos esses esses mundos e e também eu eu se eu tivesse pauta, talvez eu ficasse muito seguro e não prestasse tanta atenção na pessoa também, porque eu sempre saberia que teria algo a que que estivesse me retaguarda, entendeu? Então eu eu como pular de bug jump sem corda, digamos assim, e torcer para Deus me ajudar em algum momento. É assim que eu é assim que eu vejo as coisas. E aí muita coisa surge durante o o papo assim que se eu tivesse uma pauta outra vez eu teria perdido. E aí eu treinei a minha cabeça durante todos esses anos de entrevista a ir registrando perguntas, separando perguntas durante a conversa que eu puxo duas horas depois do cara ter terminado de falar. Então, eu não eu não uso pauta, a não ser que seja algo muito específico, mas eu não lembro de ter usado em algum momento. No máximo anotar palavras chaves na minha notinha do celular ali e talvez nunca tenha aberto. Só se realmente a entrevista tivesse morrendo assim. Eu percebi que fodeu. Eu não, eu não pensei em nada, o cara não tá muito afim. Aí talvez eu tenha pego em algum momento uma pauta assim, porque isso é [ __ ] também, né? Porque tem uns dias que não vai, né? É. É, tem dias que o cara não tá afim ou ou a tua mente também tá tá lenta e defasada. E se você não sabe o que falar também, aí é importante você ter alguma coisa assim. Mas mesmo assim eu passei muito tempo, cara, eu acho que eu nunca, eu nunca fiz, nunca fiz. Eu eu ia no [ __ ] mesmo, quando a conversa morria, eu dava um jeito, mesmo que ficasse ruim a conversa. Então não, eu nunca usei pauta, porque uma crítica que eu vejo muito forte ao formato de podcast é justamente a coisa do papinho de bar, né? Uhum. Ao mesmo po. Pô, é legal, é espontâneo, você tá espontâneo aqui. Mas tem uma hora que vira um, ou vira qualquer coisa. É. Ou você acaba abrindo espaço para um para um charlatão, para um doido. Começa a virar aquelas críticas que a gente fazia do cara que tá gravando o podcast sozinho, né? Que aquele papo, o cara começa, já deve ter tido algum convidado seu que começa a repetir um discurso, você fala: “Puta, o cara deve ter ensaiado isso 80 vezes e tá vindo só repetir aqui invés de trocar uma ideia, né? É, eu nunca passei por isso”. Não, [ __ ] que sorte é sua, irmão. [ __ ] isso aí não. Tu olha e você vê, [ __ ] essa é a frase de efeito do maluco, né? O cara conta a mesma história. Aí a gente que pesquisa, você vê, pô, ele já contou isso nesse podcast, já contou nesse, já contou. Ele tava só esperando a hora que ele ia contar isso, esse gancho aí ou ele tá fazendo corte pro pra rede social dele também. Então tem um, tinha muito essa crítica, né? Então acho que sinto que o Pat você tá passando por um pouco desse ter que olhar para ele mesmo, né? Uhum. É, então porque eu acho que a a principal referência de podcast para nós aqui foi o Joe Rogan, porque foi o Flow que trouxe, né, essa esse formato. E de fato ele fazia assim, né, ele ele fazia no [ __ ] ele não sei se ele fazia no [ __ ] também, eu acho que ele se preparava bastante, era um cara que lê bastante e tá interado sobre as coisas, né, muito esperto. É, nem sei da onde surgiu esse negócio de papo de bar aí, porque acho que vem mais do flow mesmo, né, de não querer estudar, de sentar e e mesmo hoje em dia você vê que o Igor, por exemplo, já vai muito mais pautado pr as paradas, né, do que era no começo, assim. É, por isso que eu achei um mix de se preparar e também aproveitar o a sua capacidade de curtir o momento, né? Mas assim, não dá para falar que o Jorg é um cara que não lê nada e não sabe nada e não se prepara para nada, né? Não, ele se prepara. Então, esse negócio do do papo de bar realmente vem venho mais do flow, né? e pegou. E aí começou a surgir um uma onda de críticas ao formato, né, que era vazio, que não tinha nada, que as pessoas não se preparavam, mas ao mesmo tempo também se você vê como entretenimento, é legal ver pessoas sem nada para falar, falando coisas. Eh, mas aí talvez também tenha isso tenha gerado uma tendência de um monte de gente fazer isso com a desculpa de, ah, um papo de bar, não precisa se preparar para nada. Mas aí cada um acha trabalha do jeito que quiser, né? E aí tu bota um mega profissional na frente de um idiota e fica um, tu olha e fala: “Porra, mas até isso é legal você vê um é legal pra gente rir, né? Não se Então o mega profissional na frente de um cara muito burro é muito legal também. É é muito interessante. Você nunca veria isso em outro lugar. Tipo, é é interessante. Eu não, eu não eu não me junto às críticas eh ferrenhas ao pó de pá, por exemplo, porque eu acho que eles cumprem uma função muito boa no entretenimento nacional. Aquela coisa do estamos competindo, estamos competindo é incrível, aquilo lá é genial e todo mundo criticou, todo mundo falou que os caras são burro. Mas assim, cara, é o, é o, é o pó de pá, é para isso que esse programa tá aí. É para você ver essa coisa mágica acontecendo, o cara perguntando uma pergunta dessas pro Versap. É incrível isso. Tipo assim, se você quer ver ele falando sério sobre Fórmula 1, você vê em outro lugar. Então assim, eu não sei, eu não, eu não, eu não costumo entrar muito nessa onda de crítica ferrenha a podcasts burros. entre aspas, que porque eu também faço uns programas que eu aproveito muito da minha ignorância, que são os meus programas de humor, que são burros mesmo. Eh, e eu acho, eu não, eu não, não acho que que seja um crime você ser burro e parar na frente do Cortela e ser burro para [ __ ] na frente do Cortela, porque eu acho que você pode aprender alguma coisa. Um burro na frente do Cortela vai tirar coisas do Cortela, por exemplo, só que um inteligente não tiraria, entendeu? Então, acho que tem, eu acho que tá tudo no seu lugar, assim, eu não, eu não fico revoltado com a existência de podcasts que, que são burros, entre aspas. E você também tem um trabalho com standup? E eu queria perguntar para você assim, a gente tá vivendo agora um momento, o standup teve um crescimento muito grande nos anos 2000, né? E agora eu sinto que muita gente tem criticado o próprio standup, né? Teve a racha dentro do standup, a gente tem visto críticas ao standup. Sim. Eh, por que que o standup ele tem essa dificuldade de se estabelecer no Brasil, do mesmo jeito que a gente vê em outros países, ele ser um pouco mais solidificado? Porque eu acho que o standup não é uma arte eh feita pro Brasil e não foi criada por brasileiros de acordo com a sua forma de se comunicar. É sim uma arte importada de fora que vai enfrentar barreiras linguísticas de estilo, de de formato que as pessoas no seu geral não vão aceitar e não vão entender. Então eu bati eu bati muito na nessa teoria de ensinar pras pessoas que querem standup, liberdade de expressão e tal, mas eu cheguei chegou um momento que eu entendi, cara, é uma, é tipo você botar baseball no Brasil, não, as pessoas não vão entender porque que tem um cara correndo uma base e batendo uma bola. as pessoas não vão entender e vai ficar num nicho muito específico. Agora, claro que vocês você tem o absurdo que é o estado prendendo ou mandando prender comediantes, tudo que que é óbvio que está errado, mas assim, eu eu joguei a toalha depois de um tempo, eu entendi que que essa rejeição assim, essa discussão toda, é porque não é uma arte feita pra língua portuguesa. É muito difícil, cara. É muito difícil você, porque o standup você tem que ser rápido e conciso nessas ideias para elas baterem na plateia, elas rirem. E o português é uma língua muito sofisticada, ela tem muitas palavras e formas de comunicar a mesma ideia que é ao contrário dos americanos, que eles conseguem passar uma ideia com uma palavra ou duas palavras e já te joga uma ideia na tua cara. Então, de fato, é bem difícil e diferente. Eu acho também que o, por exemplo, o humor negro no Brasil, ele é muito mais difícil de ser feito por causa disso, porque a linguagem brasileira é muito mais difícil do que a americana. Se aí as pessoas falam: “Por que que o David Chapel fala tal coisa e o Léo Lins fala e o impacto é diferente?” Eu acho que é por causa da linguagem, da língua que é é difícil para para dominar o português e e passar sua mensagem para as pessoas. é bem mais complicado do que o inglês. Então assim, eh, eu consigo entender como que uma pessoa vê o show do Leo Lins e se ofende, porque qual foi o cálculo mental que ela fez para sentir aquela sensação. Eu consigo entender perfeitamente, mas a a baixa no standup eu acho que tem a ver com isso e eu acho que ninguém conseguiu dominar a língua portuguesa direito para conseguir fazer, incluindo eu. É muito difícil, cara. É muito difícil fazer mesmo. Você vê até o o nosso melhor comediante foi para fora, foi pr Estados Unidos e lá se deu bem para [ __ ] Aqui ele era cancelado, era processado, nem não entendia muito bem. Isso é muito louco, porque assim, eu fico vendo, eu gosto muito do Chucanízio, né? Eu sou muito fã do Chucanísio. E tu vê alguns espetáculos antigos dele que aquilo é no standup, [ __ ] Tu é é quase um para um pro standup, né? E e se tu pega para pegar uma galera mais da comédia, tu pega um Aritoledo, essa galera da comédia, a gente tinha esse hábito de contadores de de piadas, anedotas, né? É, o cara subia no palco, ele contava piada. É, e isso era aceitável. E as piadas elas eram de humor negro, elas não eram, pô, era da loira, era do português, era do de vários, todas as minorias eram ofendidas igualmente ao mesmo tempo que o muito parecido com o que o Leéo Lins fazia. Sim. Mas isso era muito mais aceito socialmente do que o standup é. Então me pega, falei assim: “Pô, o Chicoíio deu certo, a galera contando piada deu certo com teor, por que que quando você tem uma coisa que é o standup, ele ele gera essa revolta?” Porque tem gente que odeio o standup, tem gente que odeio o standup de espectro político. É uma coisa meio maluca assim, não me desce tanto. Então eu acho que em primeiro lugar o o Nordeste é o berço da comédia no Brasil. Eles criaram, não é, não é, não foi em São Paulo que foi criado, não, foi no Nordeste, tanto que tem discos dos anos 60, 70 desse, dessa, desses comediantes nordestinos que eram incríveis, que era anedota atrás de anedotas, né? Tem um monte de gente que já fazia isso lá. Eu acho que começou a dar problema quando a gente viu o americano fazendo, porque o americano ele impõe muito da sua personalidade no que ele enxerga e ele cria piada sobre o que ele enxergou do mundo. Ao contrário do Chico Aníio, não é o que ele enxergava sobre o mundo, era a piada da da [ __ ] que entrou no trem, era essa piada, não era? Vocês já perceberam que tal coisa, tal coisa e aí quando você faz tal coisa, tal coisa acontece. Isso é americano, né? Então, acho que começou a dar nó na cabeça quando ali em 2010 surgiu essa escola de standup e influenciada pelos americanos, que aí é uma coisa que você já coloca a sua personalidade dentro das dos pontos de vista. E aí começou a confundir, porque de fato no Brasil não existe essa coisa assim, como assim o cara tá tá fingindo que ele é alguma coisa que ele não é? ou ele tá exagerando coisas que ele enxergou no mundo e tá meio que dando uma opinião, mas ao mesmo tempo não é uma opinião. Ele tá falando que ele acha isso, mas ele não acha isso. O Chiconis não dava opinião, o Espanta não dava opinião, o Costinha não dava opinião, ele pegava, contava uma anedota, fulano de tal, entrou na farmácia e tal, coisa aconteceu, era isso, né? Não era uma opinião dele sobre um fato, alguma coisa que ele enxergou. Então acho que nesse ponto começou a misturar um pouco e começou a dar problema, começou a dar da dar da dar da confusão. E eu e aí eu acho que o o essa primeira geração do standup e a segunda elas foram as que se propuseram a realmente fazer comédia, que é do Rafinha, Danilo, depois a do quatro amigos, que também era só standup que que interessava, n? E a galera com texto muito bom, né? Você vê o texto do Afonso é bizarro, não? Fons para mim é um dos melhores dessa geração, porque ele porque ele lê muito, ele lê muito. Então isso isso e ele escreve muito, né? Ele tem substeck, você vê. Então eu eu eu l eu fiz um curso de comédia durante a pandemia, li o livro do Léo Lins, tal, e quando você começa a ver o Afonso, você começa a ver todas as técnicas ali, lindo, né? Então você vê que ele é um dos caras que mais se destaca porque ele lê muito, escreve muito e mesmo assim você vê os rios dele, às vezes ele esbarra em algumas palavras, ele gagueja em algum momento porque a a língua portuguesa é muito difícil. Eu acho que esse é um dos grandes pontos, assim, mas eu acho que a primeira geração, a segunda geração, a terceira não sei qual é especificamente, mas o meu ponto que eu quero chegar é essa geração atual, para mim é a que destruiu a comédia no Brasil. O do jeito que tá agora, que é militante para lá e militante para cá, isso aí acabou. E e tem um lado que se assume militante, que são os comediantes de esquerda, que é Santinelli e essa galera toda. E você tem um outro lado que diz que não é militante, mas se você ouvir bem, eles são. Eles fingem que não são. Então eu acho que a comédia ficou de lado há muito tempo já. É. O que importa hoje é fazer foto pagando de mal na internet, é comprar lado, é comprar briga. E eu acho que o o momento que tá acontecendo hoje é de é desse racha, porque a a comédia de fato ficou para trás. Claro que se tiver comediante ouvindo eh isso aqui, eu sei que na nos clubes de comédia por aí as pessoas estão fazendo comédia. Eu frequento, ou seja, as pessoas estão escrevendo texto, estão tentando, mas assim, o que o que emergiu pra superfície que as pessoas estão vendo é só militância, é só rivalidade, é só briga, é xingamento e e esse tipo de coisa. Então eu acho que de fato a arte de ser um bom comediante acabou. Ninguém tá preocupado mais com isso. A própria comédia ela sofreu muito, né? Você para para ver pós 2010, acho que com com o aumento das redes sociais, a gente vê obras de comédia mesmo. Diminuiu muito, né? Filme, esquece, né? Sim, filme pouquíssimas. A gente tá vendo agora um ou outro filme voltando a fazer comédia. A gente viu os programas de comédia sumirem da Rede Globo, né? né, que é, pô, a maior emissora do do Brasil, dos outros canais também, porque outro canal tem um programa de comédia grande. Hum. Pouquíssimos, né? E pra gente que cresceu na direção que a gente tinha Pânico, a gente tinha os programas de entrevisto da MTV, de de improviso da MTV, Praça é Nossa, então o próprio Zorra Total que você pode falar mal, mas existia [ __ ] planeta e o o Tom Cavalcante na Record, a gente viu isso desaparecer, né? Uhum. Eh, por que que você acha que a comédia ela sumiu, ela sofreu esse daí? É, é, é. política é a questão de posicionamento, cancelamentos. Pois é, boa, boa pergunta. Eu, eu tendo a, aí pro opinião mais clichê do negócio, que é a militância, né? acabou com a comédia, eh, quando eles quando eles começaram a problematizar muita coisa, né, naquela época, se 2017 16 que surgiram esses movimentos, mas ao mesmo tempo eu acho que a reação do lado contrário, que são os politicamente incorretos e que são os antimimi, também foi uma reação muito ruim e eu fui parte disso, que ao invés de focar em seguir fazendo a sua coisa, o que o que eles acreditavam que que era correto, partiram pra briga e aí virou muito mais cool e muito mais legal você se posicionar como um antimimi ou antipoliticamente correto do que de fato você fazer o que você acha produzir na É, eu acho que e eu fiz isso muito cara, eu porque realmente na época que isso surgiu deu muita raiva da dessa militância que problematizava tudo e queria cancelar todo mundo. Eu acho que foi um buraco que quase todo mundo caiu, assim, acho que todo mundo caiu. E aí eu acho que foi mais pela falta de pessoas dispostas a continuar fazendo em silêncio ali o seu trabalho do que a militância em si, porque isso acabou. Não tem mais militância, não tem mais cancelamento, não tem mais isso. Você tem, até separei aqui nas fotos pra gente falar disso, mas é diminuiu muito, né? Não tem, mas você tem algo específico com Léo Lins, que é um cara muito grande, que tem um tem a lupa do estado nele, que já tem um histórico de perseguição, mas assim, eh, você fala uma bobagem aqui ou ali, você não tem mais aquelas coisas de sair na Sony Abrão, de ser cancelado, antes era bizarro, antes era qualquer qualquer coisa, é qualquer coisa. Isso acabou e agora o campo tá livre para as pessoas criarem. E ninguém tá fazendo nada demais, assim, é sempre a mesma coisa. Você vê que essa galera do politicamente incorreto, eles não saem da mesma batida. É, é piada com trans, com gordo, com negro, com gay, nada contra. Eu também faço, mas é só isso o tempo inteiro. E aí eles ainda compram essa briga de nós somos politicamente incorretos aqui, mas ninguém tá mais chorando por causa disso, ninguém se importa mais com isso. E e as coisas não saíram do lugar, entendeu? Ninguém mais tá cancelando nada, ninguém mais sai em mídia, ninguém tá sendo perseguido e ninguém tá fazendo nada, não sai do lugar do negócio. Então, acho que foi mais o lado eh contrário que se perdeu querendo rebater filosoficamente ou de maneira argumentativa contra esses militantes. E a e a habilidade, a ferramenta de se fazer comédia ficou para trás. Eu eu tendo a dizer que é isso, por isso que aconteceu. E você vê também que a que a então nos Estados Unidos existe uma tentativa de fazer uma resposta e e filmes engraçados de novo como nos anos 90, mas você vai ver militância também. É só é só as mesmas piadas com as feministas, com movimento gay. E aí você vê, tá, cara, já foi, cara, já foi a hora de rebater isso aí. Qual que é o seu, a sua opinião ou a sua visão sobre algo específico? Ninguém mais tem. Tem tem duas comédias que eu gosto muito, né? Duas séries. Acho que as séries se seguraram um pouquinho melhor, não tanto. Tem bem bem menos no cé de comédia hoje, mas tem duas séries que eu acho que elas fazem isso muito bem. Não sei se já viu o Alwi Sun em Philadelphia. Não. [ __ ] seria amar essa série. É, é caótico. Ele, eles têm tem uns três episódios deles que não tem no Brasil. Uhum. São os episódios de black face deles. Só que assim, não é eles fazendo black face, é eles fazendo piada sobre quem faz black face. Ah, genial. Fazendo black face. Genial. Então assim, a a vibe assim é que são quatro protagonistas detestáveis, são as piores pessoas do mundo. Você torce contra eles, mas eles são protagonistas da série. Aham. É, é, é brilhante porque é o mesmo tom de humor que tem o South Park. Aham. E o South Park também, pôra, falando do South Park tem é é quase o mesmo tempo de Simpsons hoje em dia, só que South Park continua engraçado. Em Simpsons não, né? E sal sempre teve essa coisa de, pô, a gente vai bater em todo mundo no mesmo com a mesma mão pesada que a gente vai bater num lado, a gente vai bater no outro. O episódio da do South Park sobre a Disney é é brilhante, descendo o pau na Disney, falando mal, tudo mais, mas quando ele faz o episódio sobre o Trump é no mesmo peso, na mesma medida, no mesmo tom, né? Então, Uhum. Eu sinto que falta um pouco mais disso, assim. É, não vejo o que tá acontecendo também. E o e cada é [ __ ] né? Porque o lado, um lado diz que bate sim nos dois e o outro lado também diz: “É, eu bato nos dois sim”. Mas de fato você vê que não. Você vê que cada um tá comprando um lado ali, bate menos ou bate mais. Realmente a gente não tem nada tipo South Park assim que realmente destrói os dois lados. Eu tentei fazer isso aqui no no meu programa, no no saco cheio. Eu eu vinha de uma levada de zoar muito Bruna Luiz e Giovana Fagundes, essa galera. Eu fiquei um ano batendo nessa tecla. Aí chegou um momento que eu pensei, cara, mas isso não é comédia. A graça da comédia é você bater num lado que ninguém imaginava que poderia, primeiro lugar, ser batido e que eu bateria. E aí eu comecei a mirar a a o alvo das minhas sátidas nessa galera antimimi. E não deu certo. Não deu certo. Então assim, eu passei um ano, dois anos e zoando Bruno Luiz e Giovana Fagundes. Era todo mundo me aplaudindo. Toda essa galera do antimimi. Nossa, o Petri fala tudo, ele é muito incrível, ele não tem medo, ele não se rebaixa pra agenda. Aí chegou uma hora que eu pensei, cara, que coisa esquisita, né? comediante eu não tinha que ser aceito. Eu não tenho que receber aplauso pelo que eu tô fazendo. Eu tinha que gerar, sei lá, no mínimo um pouco de incômodo nas pessoas. É muito fácil você fazer um react da Giovana Fagundes e receber apoio das pessoas. E se eu fizer o contrário? Aí eu peguei duas figuras da comédia antimimi e comecei a mirar neles. Comecei a satirezar eles do mesmo jeito que eu fazia com a com outro lar do espectro. Não deu certo. As pessoas odiaram, começaram a me xingar, começaram a falar que era culpa da minha mulher, que eu tinha virado esquerdista, tinha virado walk. É sempre isso. Então acho que isso não funciona no Brasil. Isso aí não tem como acontecer uma coisa dessa, porque as pessoas não vão entender assim, como assim você tá zoando o lado que eu gosto também? Eu zoei o Léo Lins no meu programa um dia e a audiência não entendeu nada não. E eu gosto dele, não é pessoal. Eu só vi ele no Vilela, ele falou que o The Boys era uma série Woke e que era muito previsível, que a agenda Woke era previsível. E eu falei: “Bom, se a agenda W é previsível, o show do Leo Lins é o quê? Eu já sei onde é que ele vai chegar sempre”. Essa era era a premissa da minha crítica. E aí eu postei lá, fiz um monte de música, paródia, tal, falei um monte de bosta, postei no meu canal e aí esses caras eles eles entraram em parafuso. Eles falaram assim: “Ué, como assim? Você tá batendo na direita agora? Você tá criticando o Leo Lins? Que história é essa?” Então você vê que não é nunca foi sobre comédia, sobre arte, sobre criação cômica. Sempre foi sobre lado, sempre foi. Então por isso que eu acho que não funciona. Não adianta quando você mirar o o alvo para alguém para algum lugar que essas pessoas não acham que deveriam ser seu ser o alvo, elas vão se revoltar, elas não vão apreciar aquilo como realmente um tipo de salt park, entendeu? Você falou de antimimi, eu eu trouxe uma que é mais uma leve pesquisa, mas a gente tem empresas hoje que são a Amazon, Google, meta que elas encerraram os programas delas de dia né, que de universidade inclusão. Isso é um momento que ele já tá chegando no Brasil com muita força, né? A galera tem falado isso, a gente tem visto isso acontecer, a gente tem visto diminuição também dessas tretas que a gente falou antes, você viu uma piada qualquer que um cara faz antes, um comentário errado que a gente fizesse aqui. Aham. [ __ ] era um tweet de Sim. Era uma tensão fazer um podcast, né? É, pô. Você entrar no podcast assim, gravar vídeo. Pô, uma vez eu falei que o Jaden Smith tava parecendo um [ __ ] Me chamaram de racista. Eu falei: “Não, só porque ele tava, olha a cara dele, realmente o moleque tava mal. Mas aí aí aí vem, fala assim: “Ah, tá, entendi o que você tá falando, mas não concordo, mas entendo.” Sim. Eh, e hoje você já vê que isso já acontece bem menos assim, você acha que essa era do cancelamento ela acabou? Tá, ela ela acabou. Eh, ainda tem algum resquício, como por exemplo Leo Lins, não dá, não dá para desconsiderar que isso tá acontecendo agora, mas de fato esse esse momento cultural de cancelamento, ele acabou, mas não porque porque as pessoas entenderam que é errado cancelar, mas simplesmente porque o bastão tá do outro lado. Agora os maiores movimentos de cancelamento agora vem da direita, vem dos conservadores. Olha o Twitter como é que ele é. Ele é tomado por pessoas de direita, de extrema direita. É tomado por perfis nazistas, abertamente nazistas no Twitter. Você entra lá, agora você vê o monte e são eles que hoje movimentam as grandes campanhas de cancelamento, de perseguição, de difamação. Tá, tá com eles o bastão agora. E e isso que você falou que agora as empresas tão parando de falar sobre diversidade, estão cancelando esses setores nas suas empresas, isso é só jogada de de do capitalismo. É grana. Que que dá grana agora? O Trump é presidente. O legal é ser de direita. O legal é defender Israel. Legal é ser cristão, legal é tudo isso. Éí que vai dar dinheiro. Aí, aí o Mark Zuckerberg aparece dizendo que tá lutando de gitso e virou conservador. As pessoas acreditam, ah, ele, ele encontrou a verdade. Não, cara, você é uma fonte infinita de dinheiro, cara. Você hoje é o cara que engaja, que cancela, que sente raiva, que persegue e sabe que que dá dinheiro para essas plataformas. Exatamente isso. Se você engajar num tweet sobre a pequena sereia que é negra, o Twitter vai ganhar dinheiro, porque você sentiu raiva com isso. Você compartilhou, você bolou uma tese, você tá lá no Twitter enchendo o saco. Esses caras entenderam isso. Então não é assim, ah, eles entenderam que a diversidade é errada e apoiar a causa LGBT não tá com nada. Não é isso que eles perceberam. Eles perceberam que o que que dá grana hoje são as pautas da direita. E quando for conveniente defender de novo movimento gay, LGBT ou movimento negro, eles vão voltar, cara, porque eles querem o seu dinheiro. Então não, eu não vejo que é só uma coisa assim, acabou a era do cancelamento, não, ela tá em outro lugar agora. E essas grandes empresas, elas vão onde o dinheiro tá. É assim que eu enxergo as coisas. Eu não acreditei quando o Marcos Zuckerberg apareceu de conservador, Gil Giteiro e as pessoas caíram. Não, não. Cara, o cara de todes até ontem, né? Era o cara mais progressista do universo até um ano atrás. Exatamente. Como é que pode, cara? As pessoas caem nisso, cara. Eles caem tua grana, cara. Eles só compreendendo que vocês dão dinheiro agora e vocês cancelam hoje. Essas são essas pessoas que cancelam hoje em dia. Mas você não acha também, Petri, que a gente teve uma banalização do cancelamento? Porque assim, antigamente quando rolava um cancelamento era uma coisa muito grande, era uma coisa muito, pô, eh, tu pegava um cara que o Harvey Weinstein, o Jeff Ipstein, o Arkellis, pegava esses caras que cometiam uns crimes muito grandes, muito grandiosos. tu pegava eh, pô, quando teve ali a acusação da da ex-namorada do O Tavião contra ele de relacionamento abusivo, que era um cara super feministo que foi pego. Aí depois o PC Siqueira com os computadores com aqueles absurdos, com as trocas de mensagens absurdas dele e tal. Beleza, você entende um pouco do choque contra aquilo. Mas a gente começou a ter uns cancelamentos por por besteira, por coisa pouca, né? você começa a ter uns cancelamentos que você já não, ah, esse cara falou que não gosta de tal música, esse cara falou não sei o quê. Você acha que não não vira uma banalidade do cancelamento também que causou ele não tem mais tanta importância assim? Então é eu eu acho que a a galera que tava cancelando no auge, né, quando a esquerda era hegemonia cultural, eles gastaram muito da da capacidade deles de cancelar as pessoas, né? E eu acho que a o ponto final assim, o quando eles gastaram o todas as balas que eles tinham foi com com o Monark, porque aquilo não foi nada, né? pelo menos pelo do meu ponto de vista, não foi algo distorceram o que ele falou e deram uma intenção que ele não tinha para aquela frase e depois daquilo não teve mais nenhum cancelamento porque não não acontece nada assim culturalmente falando, como que melhorou, o que que o que que parou de acontecer no Brasil, porque as pessoas cancelaram o monarca na piorou, né? Tem gente falando coisa pior hoje, né? Tem gente, tem gente coisa que fala, tem gente falando coisa muito pior e não acontece nada com essas pessoas porque o poder foi jogado fora quando quando perseguiram um cara que só tava eh tentando se expressar de uma maneira burra, estúpida. Aí você pode discutir sobre isso, né? Mas o poder do cancelamento ele foi jogado fora. Que bom, até porque não é não é bom que as pessoas tenham esse poder, né? por por esse lado é muito bom, mas pensando do ponto de vista estratégico de quem gostaria de cancelar os outros, eu acho que eles jogaram fora o poder que eles tinham de combater seus inimigos, digamos assim. Que bom. Mas isso aconteceu, eh, foi banalizado porque muita coisa começou a ser considerada crime ou comportamentos foram foram considerados errados e foram perseguidos, né, que de fato não não tinha nenhum efeito na no mundo. Até o próprio cancelamento do monarque não tem nenhum efeito no mundo. Assim, se existia nazista no Brasil antes daquilo, eles continuam existindo. Eles continuam tendo suas células por aí, eles estão nos seus fóruns por aí, sei lá onde eles estão, no Discord, no Twitter, sei lá onde é que eles estão. Mas eles continuam lá. Quem quem diz que quer combater o nazismo, não tá combatendo, porque quem faz isso é a Polícia Federal. Então, se você aí eh quer combater o nazismo, é faz um concurso da Polícia Federal e vai combater esses caras. Eles estão por aí, você pode prender esses caras. A volta e meia surge aí uma uma matéria que descobriram uma célula nazista, não sei onde e tá lá os caras sendo presos. Então, vai lá perseguir esses caras. faz alguma coisa eh prática. Não pega um cara que falou uma frase que você escolheu interpretar de uma maneira errada, que dá para dá para entender o que ele quer dizer e persegue o cara. É que o Monarcão voa muito perto do sol também, né? Porque ele Eu eu sei, mas é começou com fogo de artifício de cachorro. Aí teve é que ele foi é que eu entendo o que você tá falando. Eu também não acho que o Monak é nazista, acho Monarca é só burro, né? Que talvez seja um consenso da da internet, mas acho que também teve uma provocação, né? É tipo você chamar pra briga uma galera e a galera foi, né? A galera gostou muito dessa briga, né? Tanto que quando ele foi monarcado, é, foi monarcado, monarcado é um bom, foi monarcado, é um ótimo termo, mas quando ele foi cancelado, entre aspas, né, ele ele uma galera que comemorou e e tão é tão doido assim, porque ele desafiava a própria lógica do cancelamento, né? Você vê depois que os programas dele no Rumble ainda faziam muito sentido, né? A galera ainda assistia, ainda tinha uma audiência muito grande. Sim. Mas aí o cara foi pro [ __ ] também, né? Aí esquece também, né? Então, mas eu acho que a o discurso dele em si, qual que foi a o efeito? É nada, que aconteceu? Aumentou, diminuiu, nazista no Brasil? Não, continua a mesma coisa. Quem é que assim, ninguém tá fazendo nada, entendeu? Um, um cara tá falando opiniões burras ao vivo, uma galera se diz combate diz que tá combatendo o nazismo e o e e nada disso tá acontecendo. De fato, os nazistas estão aí em algum lugar, eles não estão sendo combatidos, aliás, estão sendo por quem trabalha com isso. Então, fica todo mundo falando nada com nada, eh, dizendo que tá fazendo algo, mas não tá fazendo nada. Você só exilou um cara, agora o cara tá fora do Brasil, maluco lá. Nós perdemos um cara que era super legal. Ele tá em outra vibe agora. a gente pode ver recentemente como é que tá eh o discurso dele, como é que ele tá se comunicando com outras pessoas, tá uma coisa bem ríspida, bem agressiva. Eu entendo porê, porque essas pessoas fizeram isso com ele. Então assim, de fato, o que que aconteceu, qual foi o efeito de cancelar o Monark pro Brasil? Nenhum. Tu acha que você ter esse tipo de cancelamento que nem foi do Monarque ou esse tipo de resposta que a gente tinha, ele joga, porque tem uma galera que fala isso assim, joga a galera no lado oposto? E, por exemplo, você tem um discurso que ele é não necessariamente ele é radical, que ele é um centro direito, um centro esquerda, ele ele é uma coisa que ele o o do monarque não não, não. O do monarque é loucura, mas tô falando, pensa alguém que tem um discurso mediano, assim, ele não é tão ponderado, tá? E a partir do momento que ele é cancelado, ele é ostracizado por um lado que a única alternativa que ele tem é tipo assim, não, meu rolê agora é com os biruta, né? Exato. É isso aí. É isso aí. Exatamente isso que aconteceu. Você vê hoje quem quem tá erguendo ainda o monarque até hoje é essa galerinha de Twitter, de Discord, essa essa esse grupinho mais de direita extrema, essa galera que tá erguendo ele. Mas ele não queria, porque se tu parar as a ideia de liberdade de expressão é restrita não é de direita, é de esquerda. E sempre foi. Os esquerdistas eram presos nos Estados Unidos porque eles queriam exercer sua liberdade de expressão. Eu acho que um dos primeiros caras a ser preso na América por expressar alguma coisa era um comunista que ficava numa praça panfletando sobre o Partido Comunista. E aí eu, qual que era o presidente da época? Alguém vai saber? Tem um termo específico isso. Então é um cara de esquerda foi preso e a e a visão de liberdade expressão irrestrita que todos podem falar foi abraçada pela esquerda por muito tempo. É na época do macartismo, na época da caças bruxas nos Estados Unidos, o macartismo é a a primeira é primeira emenda. É primeira emenda. É ela ela usada o tempo todo, né? Você assisti aqueles filme do Jry no cinema, filme bacaninha. Qual? Ele é é um que ele é um cara, que ele é um escritor, que ele é acusado de ser comunista, mas tem várias histórias sobre isso, né? Até o até o próprio jazz foi proibido por muito tempo porque era considerado algo dos negros que estavam envolvido com drogas e que ia eh desestabilizar a família americana. E a esquerda nessa época usou a liberdade de expressão restrita para defender essas pessoas. Então assim, Larry Flint, [ __ ] Larry Flint era um pouco disso também que é o do Jz Larry Flint era da pornografia. Qual que é essa? fazia hustle, que ele fazia a revista dele, ele foi perseguido porque ele tirava foto com modelo tudo mais. É. Então, e aí quem que usava esse argumento da liberdade de expressão? Sempre foi um argumento de esquerda. Eu lembro quem cancelava, quem censurava, sempre foi conservador baseado nessa ideia de que certas ideias iam eh desestabilizar a sociedade. Então, algumas coisas não poderiam ser ditas, né? Só que você vê que a loucura é tão grande que depois inverteu. E aí você tem um cara que se você analisar friamente, o monarque, o maconheiro que liberdade, que defende liberdade de pressão, é um cara de esquerda. Se você olhar friamente Aham. e aí você vê a esquerda combatendo esse cara e a direita erguendo. Tipo assim, é tudo muito estranho, é tudo muito maluco nessa nessa vida. E aí, de fato, dependendo do clima cultural, um vai defender ou um vai atacar. E e o e o cara que é o alvo dessas críticas todas, ele vai ser abraçado por um dos lados e e vai ser sempre pelo lado extremo. Então, se você tá sendo atacado pela esquerda, a direita vai te abraçar e você vai se sentir confortável na direita e você vai você vai começar a repetir discursos de direita, às vezes até sem perceber ou até ou por uma, por uma maneira, né, de ter carinho das pessoas, você vai começar a simpatizar mais com esses assuntos. Ou se você for cancelado pela direita, você vai ser erguido pela esquerda, que vai te abraçar. Então fica sempre esse jogo assim das pessoas caindo pros extremos e a gente foi treinando esse algoritmo, digamos assim. E hoje para você cair por um dos lados é muito fácil. É só você faz uma piada de Jesus, é perseguido pela galera do Bolsonaro, vem à esquerda, te abraça, pronto, você virou um esquerdista. Mas não porque você quis, mas porque ali é mais seguro. E é a mesma coisa que o Monárquica. Eu vejo que esse movimento da galera da direita radical, twitira, nazista, é de extrema direita, que tá no Twitter agora falando um monte de absurdo, defender ele é isso. É porque eles tudo começa mais ou menos, começa meio morno e aí um lado vai batendo, vai batendo, vai batendo e o cara vai caindo e quem tem culhão ou coragem de defender sempre vai ser o extremo. Pessoas como eu, por exemplo, vai abandonando. Porque a última versão que eu vi do Monark é de um cara de extrema direita, completamente maluco, que tava me xingando numa live lá. Isso foi triste, velho. Aí eu pedi para participar da próxima. Aí ele começou a falar que é o gado domado pelo sistema. [ __ ] que te pariu. Então essa esse papo de vocês dois foi maior triste, mano. Mas tá entendendo o o que acontece? O cara ele apanha tanto de um lado que ele cai para um extremo bizarro. E aí tem pessoas como eu, que tá que tá no meio, que tá morno tentando entender as coisas. E aí eu agora sou considerado contra o monarca ou contra a liberdade de expresição, só porque eu não fui até o fundo na teoria, na conspiração e na loucura, entendeu? E agora eu sou considerado de esquerda só porque eu não só porque eu não cavei um buraco e me joguei junto, entendeu? Então esse movimento sempre acontece, sempre acontece e é muito perigoso e e é difícil você manter a calma e perceber que isso tá acontecendo, porque eu já fui abraçado pela direita várias vezes e às vezes eu caí, eu pensava: “Pô, esse é o meu lugar, então a o pessoal aqui gosta mais de mim, então vou começar a falar mais dessas coisas”. Mas eu não sei por eu sempre tive um incômodo quando eu tava sendo muito aplaudido, que foi o que eu te falei antes, que eu comecei a provocar a galera do meu lado da comédia. Eu comecei a zoar eles, mas é porque talvez, não sei, eu não sei por que eu tenho esse ímpeto de fazer isso. É, eu sinto que as pessoas hoje elas tem um problema muito grande de projeção, né, de conforto. É muito da lógica das redes sociais, né? Então, o cara espera do Petri, é o que eu imagino do Petri, não o que o Petri é. Eu quero que o Petri performe algo que eu gosto. Uhum. Então, se se tangencia ou bate em qualquer coisa que eu não concordo, automaticamente eu odeio você. Aham. Então o cara consegue ver, tipo assim, o TP, ele tem 10 opiniões. Eu posso concordar com duas e discordar com oito. Não, você tem que cortar com as 10. Ele projeta isso, né? Essa coisa muito projetada. Eu tive um um problema um pouco parecido com o seu em menor escala. Aham. Pô, que eu entrevisto gente de tudo quanto é canto. Então, já trouxe aqui eh galera mais libertária para falar de economia, já trouxe uma galera mais petista para falar de economia, já trouxe comunista, já trouxe direitista, tudo mais. E trouxe o mamãe falei. Uhum. O dia que eu trouxe uma mãe e falei, pô, conhecidos meus fazendo tweet de pirracinha falando, é um influenciador aí que eu conheço agora se mostrou fascista, mostrou a verdadeira cara fazendo não sei o que sei o cal p e aí e aí de novo eu sou eu resolvo as coisas de outro jeito. Mandei um DM pro maluco, falei: “Irmão, você tem meu WhatsApp, você tem meu telefone, você me conhece, você já falou comigo? Você fica mandando um diretinho no Twitter, pô, seja homem e fale comigo”. Agora assim, eu posso entrevistar todo mundo. Uma pessoa que eu entrevisto, automaticamente eu sou fascista por causa disso. Então vai lá falar com Vilela, vai lá falar com o o Igor, vai lá falar com com todos os outros podcasts que o cara falou. Ah ah não, veja bem, eu passei por isso quando eu entrevistei comunista, né? Porque eu acho que eu fui o primeiro programa que deu luz para eles, né? Porque eu descobri essa esses web comunistas, acho que 2000, eu não lembro 2021, o primeiro que eu descobri foi o Ian Neves, tá? Eu descobri o canal dele, eu fiquei viciado, eu ia dormir ouvindo porque eu achei assim tão diferente porque eu sempre tinha escutado uma versão do comunismo e aí eu descobri um canal de um cara falando tudo ao contrário. E eu lembro que na época eu até pensei, cara, eu tô sentindo a mesma coisa que eu com Ian Neves com o que eu senti com Olavo de Carvalho. Olha a doideira. Porque quando eu descobri o Olaf lá 2008, era uma coisa assim completamente diferente do que eu tava acostumado a ouvir sobre o mundo. E aí eu achei muito interessante e acompanhei ele. Depois abandonei porque ficou mais do mesmo. Quando eu descobri o Neves, bateu a mesma coisa em mim. Eu pensei: “Caralho, é uma coisa completamente diferente do que eu tava acostumado a ouvir”. Eu me viciei nele e aí nisso eu descobri a bolha toda deles. E eu acho que eu levei uns sete ou oito comunistas no programa para conversar com eles, porque eu fiquei fissurado naquela nova forma de enxergar esse assunto, né? E a galera da direita ficou muito braba comigo, muito braba, dizendo que eu tinha virado comunista, que eu ia me [ __ ] que ia acontecer isso, que ia acontecer aquilo. Então assim, você traz uma mãe, falei: “E fascista, eu levo os cara”. Eu virei o de esquerda comunista que dei palco. Uma coisa que eu nunca imaginei à direita falar, tá dando palco para discursos tais. Eu achei que fizeram a favor de liberar de expressão. Cara, eu tô exercendo a minha porque eu realmente achei muito interessante o mundo desses caras. Eu nunca tinha visto alguém eh falar sobre o comunismo desse jeito. Posso ouvir o cara, pelo amor de Deus. E aí eu tava num hiperfoco violento, eu levei sete ou oito caras do comunismo. E aí depois disso, até hoje eu recebo comentário assim, quando eu posto alguma piada que tem um um lado mais de direita, digamos assim, por exemplo, eu postei uma piada criticando o aumento do IOF e aí os caras vêm, mas você levou os comunistas lá no seu podcast, agora você não pode reclamar, entendeu? Ainda tem essas coisas nesse sentido assim, mas é por isso que eu acho que no Brasil as coisas não vão funcionar, que nem a gente estava falando no início sobre Salt Park, sobre bater em tudo. Assim como as pessoas não entendem que você pode bater em tudo, elas não entendem que você pode ouvir tudo, que você pode tá curioso sobre tudo. É uma, o fato de existir rejeição a quem se propõe a ouvir tudo ou a testar várias ideias é um indício muito ruim de uma cultura que a gente vive. Isso, isso é dos dois lados, né? Infelizmente você percebe que tá tendo uma cobrança maior e é uma coisa que eu achava não pensei que ser tão grande como tá sendo agora assim por um posicionamento político, principalmente de quem cria conteúdo. Ah, sim. [ __ ] eu achei que que que a pior parte tinha passado já, mas não. Eu também pensei. Tá cada vez pior. Tá cada vez pior. Mas de novo, para mim, pelo menos, o que eu mais vejo a gente de direita cobrando. Os de esquerda não parece que eles não cobram mais. Eles estão mais, eles entendem mais quando você tá falando de uma maneira humorística. ou des pretenciosas, pelo menos a minha experiência, assim, para mim, quem mais enche o saco hoje é a galera de direita. E e sim, eu eu recebo comentários que eu não me posiciono, que eu tenho que me posicionar, que cada dia eu sou uma coisa diferente. E eu sempre penso, cara, mas essa essa essa foi era a minha missão quando eu comecei a trabalhar com entretenimento, comédia, comunicação, eu sempre quis fazer isso. Eu sempre quis cada ano testar uma coisa diferente, ser algo diferente, abordar os assuntos de maneira diferente. Eu eu gosto disso, eu quero ser isso, é isso que eu me irei ser. Só que agora, não sei se em algum momento isso foi bem visto, mas de fato existe uma pressão para as pessoas se posicionarem, o que eu acho que é uma carência enorme das pessoas, porque elas querem se ver nos lugares, né? Elas não querem ver aquela pessoa, elas querem ver o que elas fariam se elas estivessem com o microfone na boca. Então, elas estão sempre pressionando as pessoas a se posicionar, mas não a se posicionar livremente, a se posicionar em relação ao que eu acho que você deveria se posicionar. Então é uma carência de se sentir representado, sabe? O que é engraçado também, porque a gente passou por uma era de representatividade e eu ouvi todo esse tempo a galera da direita dizendo que era bobagem, que representatividade era ridículo, que não precisava, que era o indivíduo que importava. Mudou agora, agora você precisa representar as ideias corretas, as ideias de direita, as ideias conservadoras, senão o Brasil vai pro buraco. Pelo amor de Deus, né? E e tem uma dificuldade muito grande também, pelo menos eu como como pessoa, eu me eu me vejo em contradição. Eu consigo chegar minha contradição. Então, por exemplo, eu tenho um viés muito progressista de comportamento. Uhum. Para [ __ ] Só que eu tenho um viés muito conservador de segurança pública. Uhum. E eu tenho um viés conservador de economia, mas eu tenho um viés mais progressista de moradia e trabalho. Aham. E qual o que tá certo? Não sei, mas eu eu não consigo olhar e falar, [ __ ] eu sou, não consigo não ser contra a escala 6 por um, sabe? Sou contra, mas ao mesmo tempo eu sou a favor de passar bandido na rua. Tem que passar mesmo, [ __ ] Uhum. Que que eu sou? É, é, é, é difícil, pô. Por que que eu tenho que ter? Ah, então a partir do momento que eu sou contra os cara 6 por um, eu preciso abraçar um bandido, preciso abraçar uma árvore. Então tem um, é difícil você cobrar alguém de seja uma coisa única própria, uma linha que respeite ideais políticos, né? E olha que eu nem dou opinião sobre essas coisas assim, tipo 6 por um, qual que é o melhor sistema, o que que tem que fazer com B? nem dou essas opiniões assim e eu já recebo comentários do tipo assim, você tem que se posicionar, você não tem opinião nunca, você só zoa, você não leva nada a sério. E eu fico, cara, isso que eu faço da minha vida, esse é o meu, esse é o meu objetivo mesmo. Por que que você tá querendo que eu faça alguma coisa? Por quê? que ele quer se ver representado. Ele quer ver, é porque você tá com o microfone aí na frente da da sua boca, ele quer que você diga o que ele falaria se ele tivesse aqui. Esse é esse é o ponto. Esse é o ponto. Faz muito tu. Alguma coisa tua já virou um corte e viralizou muito uma fala sua específica? Já já. Algum alguns trechos, alguns n rios, algum alguns cortes já viralizaram. Visualizaram. O que eu sinto que acontece era uma coisa que acontecia quando eu fazia texto de relacionamento. Uhum. Quando eu fazer um cito de relacionamento, era muito comum acontecer o cara fazer o quê? Ele marcar o ar da namorada e da noiva e falar assim: “Amor, é isso que eu sinto por você”. O cara não consegue escrever aquilo. Aham. O cara, ele Mas ele consegue ver alguém que que visualizou. Uhum. Outro dia eu tava falando numa live falando um pouco sobre se o rolê de favela venceu. É, eu acho que eu vi isso que p mano muita gente viu isso daí. Você viralizou para [ __ ] assim por tudo quanto é canto. E aí muitos amigos meus vieram falar comigo e que que todos os meus amigos vieram falar para mim? [ __ ] tu falou exatamente o que eu sinto. Uhum. E que eu não posso falar numa mídia. Só que ao mesmo tempo que eu falo isso, eu também falo: “Pô, tem que acabar a escala seis por um.” Fala: “Caralho, mas tu é comunista agora”. Irmão, a gente fez o gravei os dois vídeos no mesmo dia. Uhum. Eu não posso trocar de partido político no Então é isso, assim, as pessoas não conseguem entender a complexidade do do que é o Artur, do que pode ser um Edson, do que pode ser uma pessoa, porque elas querem ver todas as opiniões do outro lado, né? Isso é isso é cruel, né? É, ela quer se ver representada, né? Ela quer ver o a opinião dela representada em todos os lugares do mundo. Não pode ter um lugar que fale algo fora da linha, mas é um movimento natural do ser humano, né? Não, não, não, não tem o que fazer. Mas o que eu acho muito esquisito é que a gente passou por uma era de pessoas dizendo que representatividade era bobagem, era frescura, mas agora não é mais assim. Agora você tem que representar certas coisas e o cara lá precisa se sentir representado. Então assim, você entende agora porque era importante ter gorda na no comercial da Dolve. Agora você entende porque você tá pedindo isso de mim. Você tá pedindo, só que agora você é a gorda que tá querendo participar da propaganda da Dve, só que você quer ver as suas opiniões prestadas por mim. Eu não, cara. Fala o que você quer aí e faz o seu programa e fala o que você acha maneiro aí. Cara, eu tô tentando também. Tô me, mas eu acho interessante ver como conforme o clima cultural muda, o grupo que se dizia oposto a certas opiniões começa a repetir os comportamentos sem perceber que tá repetindo os comportamentos. Por falar em clima cultural e repetir o comportamento, a gente viu um crescimento muito grande das comunidades redpillou, masculinista, eh, crescendo, criando discursos. Agora eles, se antes era uma coisa de nicho, né? Pu comecei a criar conteúdo em 2012, eu vi essa galera em Reddit, vi essa galera em fórum. O mesmo papo de hoje já existia em 2012. A galera que acha que a novidade é porque não tava dentro disso. Hoje você vê a galera em TikTok, Instagram, galera sendo eleita, galera com podcast grande. Por que que você acha que esse conteúdo masculinista cresceu tanto? Então eu eu acho que é porque essa essa geração é a primeira geração mais conservadora do que acho que de todas, né? Acho que nunca existiu uma geração nova e conservadora. Isso é uma coisa muito esquisita, porque a juventude sempre foi marcada por por anarquia, por vontade de testar coisas, por por expressões artísticas diferentes e e desafiar ordens e autoridade. Sempre foi uma característica do jovem eh destruir a ordem e criar caos. Sempre foi. Eu não sei porque que essa geração específica tá procurando mais ordem do que caos. Eu não sei porque foi muito caos. Aconteceu muita loucura ao ponto de a gente não saber mais se gênero existe. Mas foi velho. Entãoz. Olha os anos 2000. O que que a gente fez? Os anos 2000 era tu ligava a TV, era um link, era, ó, era American Pie, era Blink cantando, era Jack Kess, a gente questionou casamento, não devia mais casar, aí depois já era relacionamento, tinha que ser aberto ou não. A gente questionou heteronormatividade. Então, pô, eu me formei no colegial, tinha nenhum gay na minha turma. que é impossível porque eu estudei num colégio que tinham oito turmas de terceiro colegial com 40 alunos. Sim. Impossível que alguém ali não deu a bunda, sabe? Pra mas que não podia. Hoje em dia pode. Aí você tem religião, a gente questiona religião, a gente talvez seja a primeira que começou a fugir de vez da missa, do culto, eh, feminismo, um monte de coisa. Então, pô, por isso o moleque deve ter crescido. O cara não tinha regra para seguir, né? Deve ser muita bagunça. E a gente precisa de uma regrinha para ser feliz, né? É, mas hoje você vê, sei lá, o perfil de um moleque de 14 anos com um versículo na Bill e foto na igreja. É que você percebe que tá esquisito assim, porque tudo bem que a gente precisa concordar que talvez existam dois gêneros, mas também você não precisa estar na igreja todo domingo com 14 anos, né? Eu acho que existe, talvez seja um efeito sanfona, né? que a cada um vai botando a linha mais para frente. E aí o era era tanta rigidez do sistema de de trabalho, de casar, de religião, de igreja e enorme tinha que seguir que isso explodiu em não existe gênero, eu sou uma árvore, eu vou virar um cachorro, uma boa, né? E agora a gente tá tentando controlar um pouco a loucura que essa geração criou. Talvez seja isso. Pensa, pensa para homem. Olha os cursos como era, pô. Eu comecei um eu comecei um canal público masculino no pior momento possível, porque era um momento que era um momento, tipo assim, a gente começou, a gente teve dois anos que a gente fazia conteúdo muito de boa, 2, tr anos e aí começou uma pauta muito forte do feminismo online. Qualquer coisa que a gente fazia era cancelado na hora. Sim. Eu perdi um contrato com um grande portal uma vez, olha o papo que eu tive. Chegou um e-mail de uma da pessoa que cuidava do grande portal falando assim: “Pô, a gente tá parando de chamar as matérias de vocês, tal, porque a gente que elas estão com viés machista”. Eu falei: “Caralho”. E na época quem escrevia as minhas matérias era uma mulher. Uhum. Não era, eu nem mais escrevia a matéria, né? Aí eu chamei a menina tava lá comigo, falei: “Mano, e aí?” E a mina era feminista. E a mina falou: “Mano, não pode ser, porque eu que tô escrevendo essa porra.” E a gente virou pra mulher e falou assim: “Pô, você consegue mostrar pra gente o que que é tal?” Então, a gente não achou nenhum exemplo aqui, mas a gente acha vocês machista. Por quê? Porque era um site voltado por masculino. Automaticamente era isso. Sim. Uhum. Então aí você tinha o cara chamado porque ele era machista, que homem não presta, que homem é lixo, que homem não sei o que, não sei quear. E não tô falando que homem não faça merda para um [ __ ] E tinha muita coisa errada para ser resolvida. Mas você sai de um discurso que você é hegemonia automaticamente você ser massacrado na mídia, no público, você gera o a sanfona, né? É claro. Então é é um por isso que eu acho que o redpill é o novo feminismo, que é é a mesma histeria, é a mesma perseguição, são as mesmas insanidades e e a a tendência de ver eh maldade e conspiração e perseguição em tudo, né? Assim como e na época falavam que todo homem é um estuprador de potencial. Hoje também você vê eh abertamente pessoas e categorizando mulheres e dizendo que elas têm um comportamento igual e e que toda mulher é uma vagabunda até que se prove o contrário. Tem gente falando isso pela internet. Então você vê que aí você aí você tem que parar para pensar, né, quem que começou, porque isso que é [ __ ] né? Quem quem que começou a pesar a mão que desencadeou esse efeito todo que agora tá gerando esse esse grupo. Você pode ter certeza que daqui 10 anos vai vir um uma outra forma de feminismo, porque esses caras estão pesando a mão agora, né? estão pesando muito a mão. E a a resposta vai vir de novo, de uma maneira muito mais insana do que foi a anterior, que já era uma resposta a um machismo que tinha sido eh criado e nutrido lá nos anos 90, que que por sua vez foi uma resposta ao movimento lá que liberou o HIP lá dos anos 70, 80, que por sua vez também foi uma resposta os anos 50 e 60. Então você nunca sabe quem começou e onde que vai parar, mas o que eu sei é que é é o efeito sanfona, é uma tentativa de buscar ordem no caos. É uma é uma é uma geração que tá muito perdida, que precisa de respostas e precisa, eu acho que principalmente homens que não entendem muito bem o universo feminino e gostam muito de mulheres e se sentem muito rejeitados pela figura feminina, eles caem nesse nesse papo, porque ele te dá respostas e ele te dá culpa. Ele fala, a culpa é delas porque elas são hipergâmicas, porque ela vai dar pro Zé droguinha enquanto você tá estudando aí, ela tá dando para alguém. E eu acho que gera um conforto no cara. Pô, é verdade, essa esse ser que eu tenho tanta vontade de interagir e de ter para mim e e que não me dá nenhuma resposta, não é não é culpa minha que eu não consigo fazer nada. É dela porque ela é má ou porque existem head flags ou porque, sei lá, o que eles inventam. Tudo para não se expor ao mundo. É tudo para o cara não sair de casa e tomar um fora e sentir a vergonha que é você chegar numa mulher e ela não te dá atenção. Sabe o que fodeu muito isso assim? E aí eu eu consego colocar uma boa parcela de culpa nisso. Foi a pandemia. Uhum. Porque pensa assim, tem um período de socialização na sua vida de uns 15 a uns 18 anos, que ele é um período quase natural de socialização, porque tu é muito jovem, tá cheio de hormônio, você tá na escola, tem vários eh acontecimentos acontecer na sua escola, né? Aqui a gente tem festa de 15 anos, festinha de aniversário, bailinho, aí você tem a formatura, a entrada na faculdade. Então tem esse período que você é muito socializado. Por mais que você odeie a mulher, você vai estar convivendo com elas, conversando com elas, conhecendo elas. Em uma hora ou outra, cara, se tu não for minimamente apresentável, todos os dentes na cara, tem um papo minimamente legal. Uhum. Sobra alguma mina para você, alguma coisa rola. Eu era um adolescente feio, eu beijava na boca. Impossível que que hoje em dia adolescente não beijo na boca. Agora tu pega a pandemia, tu vi teve um período ali de 2, 3 anos que o cara ficou em lockdown, que aí ele ficou o tempo todo dele em casa sem conhecer ninguém. Esse período pau duraço. Pau duraço. Hormônio aqui, ó, na testa, né? Aí ele não tá em socialização, ele não tá saindo com as pessoas, ele gera um cara mais introspectiva, ele gera um cara mais tímido, tá consumindo conteúdo para [ __ ] o algoritmo tourando, porque o algoritmo recebe um, manda 10. Então vira uma coisa retroalimentada. Ele abre o Instagram dele, vê o amigo dele que era um pouquinho mais bonitinho, saindo com uma menina, ele fica puto. Por que eu não? Porque ele iria, ele ia uma hora ou outra, ele ia acabar sobrando alguma coisa para ele, ele acabar dando bom em algum momento. Porque a vida é assim, a vida sempre foi assim. Mas eu acho que os caras dessa comunidade, eles não enxergam isso que tu tá falando, que uma hora eles iam conseguir. Eu acho que eles não conseguem. É, é uma, é uma baixa, é uma baixa autoestima. É uma baixa autoestima de Tu já viu uns cara feio, os cara bonito falando que era feio, que era em céu? Como é que é? Eu pergunto, tu já viu algum cara? Porque eu recebo muita pergunta de aparência, os caras tipo, não, eu sou em céu, tal. Se fota o cara fala: “Irmão, você não é, porque o cara é bonito.” O cara é bonito. Ah, tá, entendi. Eu nunca vi isso, cara. É bizarro. É bizarro. O cara acha que ele é feio, acha que ele é horrível. Você falou: “Não, você não é feio, você não é, pô, você não é deformado, você não é nada. Você é uma pessoa normal, você é um adolescente, cara. Toma um banho, troca de roupa.” Então, porque eu entendo que o teu ponto que a pandemia pode ter contribuído, mas eu acho que esse movimento ele já existia antes da pandemia, ele gravou, né? Mas eu acho que é uma galera que tem uma baixa autoestima mesmo e o medo do de se colocar no desconforto. E eu acho que também tem uma coisa muito importante. Eles eles sentem muita inveja do poder que a mulher tem nos relacionamentos, porque no fim é ela que decide quem vai transar e quem não vai. E eu acho que isso dá um deve dar uma raiva assim, por que que ela tem o direito de escolher e eu tenho que ser bonito, eu tenho que saber conversar, eu tenho que ser legal. Ela não precisa ser, ela não precisa ser engraçada. Eu preciso, eu acho que rola um pouco de raiva porque o cara enxerga isso como uma injustiça. Eu acho que tem disso, mas que é uma bobagem, porque se você parar para pensar pelo lado positivo, nessa troca quem vai evoluir é você. Você vai aprender a ser carismático, a ser engraçado, a saber conversar. Você você tem a possibilidade de fazer isso, se for verdade, essa essa tese que eu trouxe aqui, não? E é [ __ ] porque eu acho que bota é um papel muito vitimista, chato, tá ligado? Porque assim, pô, é como se o homem nunca desse fora em mulher, como se o cara nunca rejeitasse mulher, como se homem. Mas esses esses caras não acham que isso pode acontecer. É bizarro. Eu eu eu tô te falando, eu já recebi muito comentário desses caras. Esses caras, como tu falou antes, que se já foi chamado de red, eu também fui por muito tempo, porque eu falava muito sobre relacionamento também no meu podcast de uma maneira cômica e eles se viram identificados por mim pela forma como eu falava sobre isso e eu comecei a perceber que tava esquisito e comecei a me distanciar deles. Então assim, eu entendo eh o por que o cara se mete nesse buraco. É medo, é baixa autoestima e uma sensação de injustiça em relação por que elas podem só botar uma maquiagem e ficar parada num bar que elas vão conseguir e ir ou não. Eu acho que tem muito disso também. E aí vem esses palhaços aí que tão tudo rico, né? Tão tudo rico vendendo solução por uma coisa que é só você sair de casa, cara. Se você passar um ano indo num bar ou numa festa ou num parque e tentar interagir com mulheres, em um ano você vai saber fazer isso e você vai se dar bem com mulheres depois de um ano. É só você começar a fazer isso. Mas não, o cara fica no quarto vendo esses conteúdos de imbecil que tão todo mundo rico com o seu dinheiro, com a sua insegurança, com a sua fragilidade. Esses caras estão enchendo o cu de dinheiro, sendo que era só você sair de casa e tentar conversar. Eu falo isso que eu fiz isso. Eu também passei por esse por essa fase que eu tava assim, é, é triste porque eu não pegava mulher, como é que faz para chegar nas mulheres? E chegou um momento que eu pensei, cara, quer saber? Eu vou pra rua, eu vou começar a sair, eu vou começar a interagir e eu vou tomar fora. Tomei um monte de fora. Uma mulher um dia fez o sinal de vômito quando ela olhou pra minha cara. Ela me olhou, eu olhei para ela, ela fez assim, eu senti essa dor e eu pensei, cara, ô Petr, eu tomei uma vez, tava tinha um, tinha uma garota, tava com uma amiga. Comecei a conversar com a garota o papo para lá, na hora que eu fui beijar a menina, a amiga dela enfiou a mão no meio, empurrou a garota, olhou para ela e falou assim: “Não, amiga, esse não, pô, [ __ ] você falou: “Cara, eu sou um lixo, né? Mas isso quer dizer que eu nunca mais beijei na boca?” “Não, eu beijei depois disso. Da vida, entendeu? É, é, é do game, né? É o medo de passar por isso que que esses caras têm. E aí eles compram fórmulas prontas de de caras que você vê que, cara, esses caras não sabem nada também. Vai ver como é que é a vida amorosa deles. Pra que que que é isso? Sai com um desses caras aí um dia e vê como é que eles interagem com mulheres. Você acha que Calvo do Campare sabe interagir com uma mulher? Sabe conversar? Sabe ser legal, engraçado e dominar uma conversa? Ser maneiro? Vá, pelo amor de Deus, cara. Tu já teve algum contato com a galera do Pua, então? Pô, foi aí que eu aprendi esse negócio, porque basicamente, ah, eu lembro era um gordinho, um gordinho ruivo, como é que era o nome desse cara? Um dos principais. Então, quando eu vi esse cara, eu sei que isso virou depois de um tempo virou uma merda isso aí, né? Porque o objetivo ficava mulher, depois de um tempo desvirtuou. Nem sei se desvirtuou ou se já era. E eu caí também nesse nesse golpe aí. Mas eu lembro que uma das coisas o cara falava era isso, cara. Você tem que sair, você tem que conversar, você tem que tentar, você tem que sentir a vergonha de tomar um fora. Depois você vai dominar essa esse negócio. Eu lembro disso, cara. O o eu tive um contato com essa galera, conheci algumas pessoas, tenho até alguns amigos que são desse meio assim. Aham. Mas sempre foi meio que eu fui muito crítico, né? O ódio de uma galera Redp minha começa justamente porque eu criticava os pus, depois eu fui criticar red pill porque um caiu, acabou pingando no outro, né? Tanto que tem muito Redpill hoje que era [ __ ] partes, né? Aham. E aí para quem não sabe o que que éa, né? Pua é picupartes. É os artistas da sedução, são os caras que t truques, tal. Era muito louco assim, porque tinha algumas coisas que os caras iam falar comigo, tá? Ah, não sei que não sei que lá, pô. Sempre, sei lá, depois de um inter momento da minha vida, eu nunca mais tive problema com mulher, né? Tive problema adolescente, que acho que todo mundo tem ali no começo dos 20 anos, mas a partir de certo momento da minha vida, a coisa clicou assim. E aí, cara, como é que você faz para trocar ideia com mulher? Falou assim, eu falava, cara, eu oi. Sei lá, eu eu troco ideia, né? troca ideia do jeito que eu troco ideia com você, com ele e tal, a diferença é que eu não quero muito de comer, né? Talvez se quiser. É, é, é um pouco diferente, mas mas é só tratar como ser humano. Tão difícil assim? ia para falar com meus amigos, ficava na área de fumante, trocava uma ideia, fazia duas, três piada boa, uma menina tava rindo, de repente tava na cama, pô, porque sou engraçadinho, funciona. E aí eu vi como é que os caras bicho, bicho, o cara colava com o celular com manual de instrução que vai falar, a gente vai fazer de regra do texto, uma mensagem que vai mandar e não sei o quê. E aí um diz: “Cara, você quer ir pro infield para ver?” Falou: “Pô, vamos no infield”. Enfi de sair na rua e tentar pegar mulher. É a vida de qualquer pessoa. É, tá ligado? E aí os caras iam com um microfonezinho. Não, mas só sua abertura foi errada. Não sei se aqu tratava como se fosse um show de standup assim. Não, cara, você vaiar como se fosse um jogo de futebol americano. Tu vai para dois, vai para três, desce para quatro, desce para cinco. E aí eu troca ideia com o moleque, mas e aí e você é de tal falando assim, cara, que esses bagulhos que vocês racionaliza muito uma ideia que eu tenho e às vezes dá muito ruim, às vezes dá muito bom. É, é. Mas eu tô muito mais pela ideia às vezes do que pela pelo que vai rolar, né? Tá presente na no local e seja o que Deus quiser, deixa acontecer, né? Ver o que que rola. Mas isso vem muito de insegurança, velho. Acho que você você você matou muito a pau. Porque o cara às vezes ele é tão inseguro e onde é que ele busca a certeza? Me cria uma regra, me cria uma tabela. É exato, né? Qual são os passos que eu tenho que percorrer para não me [ __ ] É por isso que aí vem a red flag. Se a mulher tem filho, Red Flag. E se ela for do [ __ ] cara? E o cara for um merda. O cara lá foram um baita de um pau no cu. Ela descobriu no meio do relacionamento que o cara era um golpista e agora ela tem um filho. E ela é mulher da sua vida. Vocês vão ser muito felizes. Pode ser que seja, pode ser que ela também seja uma golpista e deu o golpe no cara, sei lá. Mas assim, não impõe uma regra antes, né? A mulher que tem tatuagem, eh, vai ser um problema, sei lá, se vai ser, cara. E a tatuagem de borboleta. Às vezes você vai na igreja e conhece uma uma menina de igreja que é uma baita filha da [ __ ] e ela tá lá justamente porque ela sabe que se ela tiver na igreja ninguém vai desconfiar que ela é uma filha da [ __ ] Não existe regra, cara, para ser humano. Não existe padrão assim, esse tipo de padrão, pelo amor de de hobbies e coisas que ela faz na vida dela, você não vai te garantir nada. Mas é é um é um passo a passo que garante uma segurança pro cara e ele acha que não vai se [ __ ] Só que a graça da vida é você se [ __ ] e você descobrir os padrões que funcionam para você, né, cara? Quantos caras conheceram as suas mulheres na igreja e foram chifrados? Quantos caras? Você tem um monte de história assim, não é garantia de nada, cara. E às vezes você conhece uma mulher que tem uma banda de rock, tem um monte de tatuagem e uma mulher do [ __ ] que vai ficar o resto da vida com você e vocês vão ver uma vida de artista aí, vão criar um monte de coisa junto. Você não sabe, cara. Você não sabe. Pode ser qualquer coisa. A única coisa que você tem que fazer na sua vida é se jogar, se arrisca, tenta. Aí o que acontece? Fica um monte de moleque de 16, 17 anos vivendo os traumas desses caras aí, Redpill que já tem 40, que só fizeram merda na vida, criaram um monte de trauma, transformaram esse trauma em conteúdo, que é red flag, conteúdo, faça isso, faça aquilo. E agora você tem um monte de moleque vivendo trauma deuns caras adultos. Você não tá entendendo não, cara. Você vai criar sua história. Vive a sua história, entende como é que a vida funciona, conhece as pessoas, conversa com elas e entende: “Ah, esse tipo de padrão aqui não é bom para mim. aquele lá me sacaneou. E aí você vai criando o seu texto, o seu livro, as suas red flags, se quer botar esse termo assim, mas não vive a o trauma de alguém que tá te passando regras. Você nem sabe de onde essa pessoa tirou regras. É, e acho que eu tenho uma questão de tolerância a rejeição muito forte também. A gente tem um, eu sinto que isso é uma coisa que diminuiu muito de diversas áreas, de diversas pessoas, uma tolerância ao não, né? É, é principalmente no no âmbito sexual. Bate muito na pa, a gente sabe, todo mundo que já foi rejeitado sabe como bate. Você se sente, você se sente uma pessoa que não devia existir quando alguém te rejeita sexualmente, né? É uma mensagem muito forte pro seu sistema biológico, assim, mas tem que passar por isso, né? Mas que é questão de resiliência, né, velho? Acho que talvez é muita coisinha que dá dopamina fácil pra gente. É, né? muita coisinha que a aceitação, ah, eu quero, eu ouço, pô. Outro dia tava ouvindo um cara falando: “Ah, eu não vou pra balada que toca música ruim, que eu não gosto, né?” E aí prefiro ficar em casa ouvindo minha playlist. Eu falou: “Pô, você tá certo, entendo onde vem esse raciocínio.” Mas justamente várias vezes que eu saí, que eu conheci pessoas, eu conheci embaladas de música ruim. É porque eu queria sair com meus amigos. Eu cresci numa geração que ou você saia de casa ou fodeu. E aí, pô, ia para sertanejo, ia para forró, não sei o que, não sei o que lá, ia para eh pagode e pô, e acabava me dando bem porque tava com meus amigos num rolê e e passava. Se se expor a coisas que você acha que você não gosta, são excelentes, cara. Óbvio que você não precisa viver para sempre uma vida que você não gosta, né? Mas se expor a informações diferentes, grupos diferentes, músicas diferentes, isso é muito bom, cara. Você você muda bastante, cara. Eu lembro que quando eu eu fui demitido do meu último último emprego antes de trabalhar com com comunicação, né, que eu trabalho hoje, eu peguei o dia da rescisão e aí eu investi uma parte, eu criei a empresa que eu tenho hoje com outra parte e o que sobrou eu ia viajar e aí eu ia viajar pra Islândia porque o meu sonho era ir para um lugar frio, igual eu adoro frio, inverno, escuridão. Sempre foi esse cara. E eu não sei o que que me deu, mas na última hora assim eu pensei, quer saber cara? Eu vou pra Ponta Cana, [ __ ] porque eu eu tava assim, eu odeio areia, eu odeio praia, eu odeio festa, eu odeio multidão, eu odeio galera. E algo em mim falou: “Cara, então vai para esse lugar e vê que acontece dentro de você se você tiver num lugar desse”. E eu fui e foi a melhor experiência da minha vida. Eu descobri que eu podia ser alguém que eu não sabia que eu poderia ser. Então eu fiz amizade, eu conversei, eu conheci mulheres, eu fiquei com mulheres, eu joguei bola, joguei fut vôlei, conheci um cara da Nigéria, fiz amizade com o cara. Se eu tivesse optado pela zona de conforto de ir para lugar frio e escuro, que um dia eu espero ir ainda porque eu acho legal, eu não teria descoberto isso em mim, entendeu? Então vai para um lugar que você acha que você não gosta e vive essas coisas. Deixa para ser carrancudo eorado depois dos 40, mas vive primeiro, senão você vai jogar fora a sua vida, cara. você vai jogar fora. Você tá ligado que é uma pesquisa falando sobre isso, né, recente? É, que é a gente tá vivendo a geração de jovens mais pessimista da história. É, porque tem uma parada que chama curva de u de felicidade. Então, historicamente, o jovem ele é mais feliz, otimista, esperançoso. O pessoal mais da faixa dos 30, 40 é mais pessimista, né, carrancudo. Só que quando você volta a ser velho, você volta a ser otimista, esperançoso, tudo mais. Depois do divórcio, é, né? Depois do segundo divórcio, é só alegria. E o que que tá acontecendo? A gente achatou a ponta desse U. Hum. Então, pela primeira vez, o jovem, ele é tão ou mais pessimista do que a galera de 30, 40 e muito mais do que o pessoal mais velho. E mostra e fala um pouco sobre, até porque é importante falar de geração, né, que você mostra que a geração Z e alfa ela é mais pessimista do que os millennials, que são muito mais pessimistas que o baby boomers, geração X, etc. interessante. Talvez, talvez seja alguma coisa de algoritmo aí que te mantém sempre com as mesmas informações e você não acessa essa essa coisa de se expor a coisas diferentes. Talvez tenha alguma coisa aí, porque eu eu percebi pelo menos na minha experiência que eu sempre dei grandes saltos de felicidade ou de autoconhecimento quando eu fazia coisas que aparentemente eu achava que eu não gostava. E talvez o algoritmo tenha fechado todo mundo em em num looping de coisas que ela acha que gosta. E é isso, né? Talvez seja um reflexo disso. E o dr do scrolling pesado, né? Pensa a quantidade de de eh ponto de contato que você tem com você tinha com notícia ruim há 20 anos atrás e hoje. É também. É, você, a gente, a gente, a gente teve uma coisa que o jovem não tem mais hoje em dia, que a gente teve a, a, a perspectiva de poder sonhar. Você podia ser otimista para [ __ ] Por pior que fosse onde você nasceu, você podia acreditar que as coisas iam melhorar, que existia não sei o quê, que a coisa podiam ser melhor, tu tinha um discurso muito unificado, era tudo muito simples, né? Poxa, tu abre seu celular, você consegue ver a notícia desgraçada da gente consegue descobrir que morreu alguém nessa rua hoje e mil possibilidades de caminhos para seguir também. É, então você fica pinóia porque tudo é parece que o mundo tá acabando o tempo todo, né? É isso, isso faz, deve [ __ ] a cabeça dessa molecada de um jeito absurdo, mano. É, acho que na a geração que nasceu com o celular já colada na cara, é, acho que é por causa disso que tá todo mundo meio mal, triste e pessimista e tudo mais, né? É [ __ ] cara. Se eu pudesse deixar um recado, é, cara, larga o celular e e e faz alguma coisa aí que que te deixa nervoso, sabe? alguma coisa que você acha que você não vai, não vai ser legal ou que não vai ser interessante ou que vai contra a sua personalidade. Tenta se expor a esses lugares e e ver o que acontece, cara, que às vezes tem muito mais coisa guardada em você do que você pode imaginar, né? E uma última pergunta que eu queria fazer para você, mano, é, eu vi outro dia você falando que você tinha sido diagnosticado com autismo. É real isso ou era bait? Não é real. É real. Mas eu já não sei mais porque todo mundo tá aparecendo com isso aí. Eu já não sei mais se é verdade ou se não é. ser uma grande máfia, uma indústria. Mas isso isso aconteceu porque quem quem começou a notar certas coisas em mim foi minha mulher, né? Porque eu passava muito tempo eh olhando pra parede, em silêncio e a minha forma de interagir também era estranha e diferente. Sempre que a gente tinha algum lugar, eu ficava quieto num canto assim. E aí a gente foi notando assim ao longo do tempo que eu tinha dificuldades de coisas que eram normais para as outras pessoas. Por exemplo, uma coisa que eu que é que eu corrigi depois de saber que eu que eu sou autista, eu não eu não eu não dava oi nem tchau pras pessoas porque eu não entendia o sentido de fazer isso. Então eu chegava no lugar e eu sentava no lugar e ficava quieto, porque para mim é óbvio que eu tô ali. Não preciso anunciar que eu tô ali para ninguém. Você é tipo Batman, você me viu, eu tô aqui, né? Porque o Oi é o quê? Oi, eu tô aqui. Sim. Você tá aí? Eu já vi que você tá aí. Para mim era seu raciocínio, então eu nunca achei, achei que eu precisava dar oi. E tchau, a mesma coisa. Eu sempre que eu eu sempre sumia depois de show ou qualquer evento que eu tivesse com os amigos, eu só ia embora. Eu não dava tchau para ninguém. E aí depois quando eu me reencontrava com as pessoas, elas falavam: “Pô, você sumiu na última vez que a gente tava junto, se não dá tchau para ninguém”. E aí eu pensei a mesma coisa, cara, mas se eu não tô mais lá é porque eu fui embora. Por que que eu preciso dizer que eu tô indo embora? E aí foram coisas nesse sentido assim que não é, eu sei que é engraçado, mas eu achava real que eu não precisava ter essas trivialidades sociais, entendeu? Várias, várias dessas coisas aconteciam. E aí a gente foi entendendo que talvez eu ti e aí tem uma coisa também importante, eu tinha crise de fibromialgia que eu achava que era e aí eu fui descobrir depois que não era. Mas eu eu de tempos em tempos eu tinha essa essas crises que eu ficava com dor no corpo e eu dormia dois dias seguidos assim. Meu Deus, era uma loucura, não conseguia levantar. E eu sempre achei que era era resquíço da COVID, porque na COVID eu tive muita dor no corpo e era muito parecido. E aí eu ficava dois dias morto, dormindo dois dias seguidos com a o corpo inteiro doendo, a cabeça doendo. E isso foi mais uma coisa que juntou assim as coisas que eu tinha. E aí na na neuropsicóloga, ela me explicou que isso era shutdown, não era fibromialgia, porque eu me diagnostiquei, pensei: “Pô, isso aqui é uma doença autoimune, fibromialgia, só pode ser isso porque era muito parecido”. E ela falou que era shutdown. Então eu comecei a perceber que toda vez que eu interagia com muitas pessoas, eu tinha isso logo depois, um dia ou dois dias depois. Então se eu vinha de uma semana que eu fazia show, que eu entrevistava alguém no A deriva, que eu fazia o Taraja Preta lá com algum convidado, mais o desinformação também que é meu outro podcast, depois de uma semana muito cheia, eu sempre tinha isso e sempre relacionado à interação muito intensa com pessoas, principalmente em show, que depois você bate papo e tira foto e conversa. Eu comecei a ter isso muito frequentemente e aí foi juntando várias coisas, essa minha dificuldade de socializar, essas essa esse sintomas de dor no corpo, de cair, nada. E a gente foi eh procurar uma uma profissional da área para ver se era isso mesmo. Aí lá você passa por vários testes. Eh, são seis encontros com vários testes científicos mesmo, que você passa por desafios, você resolve, quebra-cabeça, tem cara, tem um monte de coisa. E aí no fim ela falou: “Cara, isso aqui é é autismo nível de suporte nível um”. Mas aí você vê tanta gente surgindo com isso aí que eu já não sei mais se é mesmo ou não é, né? É, eu já não sei. Então até até evito ficar falando porque quando eu descobri eu achei muito interessante, eu falava bastante, aí eu parei porque depois que eu vi que todo mundo tem, eu fiquei mais na minha. Mas é uma coisa que que aí, pô, é interessante também que aí eu conversei com meus amigos da época da escola e eles falaram: “Porra, era óbvio, né, que você que você era era óbvio, porque é forte”. E aí o cara falou que um dia depois de um campeonato de futebol eu fui pra casa dele, eu tinha dado um carrinho no durante o jogo numa grama sintética e tinha aberto uma ferida assim na minha na minha perna. E eu fui pra casa do meu amigo almoçar, porque era um campeonato o dia inteiro, e a mãe dele eh passou mertiolate na na minha canela, que na época doía, né? E aí ele me relatou que aconteceu o seguinte diálogo. A mãe dele perguntou para mim assim: “Eh, cuidado que vai doer”. E começou a passar. E eu fiquei em silêncio. Aí ela perguntou: “Não tá doendo?” Eu falei: “Tá sem nenhuma reação, sem nenhuma dor no rosto, nada.” Eu falei: “Tá do”. E ele falou: “Cara, ali eu percebi que você tinha alguma coisa que era esquisita assim, mas nunca ninguém sabia o que que era isso, né?” Então assim, eu acho que é real, mas também pode ser que não seja, mas as coisas foram juntando e deu esse diagnóstico. Aí é, é muito engraçado porque você falou uma parada que o Gaveta, quando ele eu entrevistei ele no falecido, ele falou que o o Gaveta foi diagnosticado com TDH. Aham. Ele falou que uma coisa que o TDH trouxe para ele assim foi uma um sentimento de alívio muito grande, porque ele falava assim que a vida inteira dele ele teve TDH, ele não sabia. Uhum. Então, muitas das coisas que aconteciam com ele, que dava merda, eram consequências do TDAH, só que ele não sabia entender. Uhum. E a partir do momento que deram para ele, falou assim: “Você tem TDH”, ficou como se ele conseguisse, sabe, conectar, abordar a vida melhor, né? Tipo, fui eu com ansiedade. Quando eu fui diagnosticado com ansiedade, pô, eu consegui olhar para várias coisas da minha vida. Falei assim: “Caralho, acho que eu Uhum. Acho que eu tenho isso desde muito novo. Aí eu consegui entender, ah, isso aqui foi uma crise de ansiedade, eu não sabia o que que era, isso aqui foi um sintoma”. Então você começa a se entender um pouco melhor a partir desse diagnóstico, né? É, é. E tem, mas tem a velha questão, né? É falta de caráter ou é algum diagnóstico específico? Ah, não tem tem a de tem autista [ __ ] também, né? Então, porque eu vejo assim, um dos meus padrões da minha vida é são sempre relacionamentos muito distantes com as com as minhas namoradas. Todas minhas namoradas sempre reclamaram que eu era muito fechado e distante e não dava carinho de um jeito que é normalmente aceito, né? Isso acontece no meu atual relacionamento também. Até por isso que a gente procurou e entendeu que esse é o meu padrão, que eu funciono de um jeito diferente e tal. Mas às vezes me pergunto, será que eu não sou um baita de um pau no cu e sempre fui com as minhas namoradas assim? Até onde é algo que o meu cérebro funciona diferente? Porque aí também eles explicam que o autista ele expressa carinho e amor de outras maneiras, não é tanto com abraço e expressão. A pessoa faz coisas que aí você tem que entender que ela tá dizendo que você ama ela. É, eu penso, eu faço isso, eu eu tenho mais atos eh a ações que te mostram que eu gosto de você do que de fato eu te falar todos os dias e dar carinho caloroso. Então assim, é é uma é uma coisa que eu ainda tô pensando, será que eu não só sou um cara mal educado com as pessoas? Eu eu não sei ainda, mas me ajudou assim também a entender certos padrões de comportamento e entender que a minha ansiedade social não é um problema também. Às vezes quando eu tô num lugar, quando cheguei aqui, eu fiquei ansioso porque tinha muita gente e eu acho que eu tenho que falar alguma coisa. Não sei se eu preciso dar oi, como é que eu faço? E aí eu eu percebo meu coração disparado, se aconteceu tudo ali quando tava sentado e aí eu aceito. Ah, tá. Autismo, então isso aqui e aí me tranquiliza. Se é um baita de um placebo também ou não, mas o importante é que me me dá uma resposta para eu estar sentindo isso. Mas que ajuda também dar ferramenta, né? Eu falei: “Pô, diagnóstico de ansiedade para mim, pô, resolveu metade da minha vida”. Porque a partir de um momento que você fala assim: “Pô, olha isso”. e te dá pelo menos uma listinha de tipo assim, ó, se acontece isso, tem isso, tem isso, tem isso, tem isso, você começa a ter ferramenta para lidar com a situação. Porque assim, eu tive a mesma coisa que você com relacionamento, f assim: “Ah, eu sou um [ __ ] no relacionamento ou essa é minha ansiedade tourando?” Pô, minha ansiedade tourando de ter discussão com uma pessoa falou assim: “Mano, quer saber? Vou embora.” Embora no meio de uma DR. É, terminava, eu fico ansioso, tá? Tá me, me tá me fazendo mal, tá ligado? Eu não quero ficar aqui, eu quero ir embora daqui que tá me deixando. Eu entendi. Não, isso aqui é minha ansiedade. Então eu preciso às vezes até comunicar, né, pros outros. Você aprende a comunicar, pô, você com sua menina deve ter melhorado o para [ __ ] do tipo, amor, ó, tô com tal. Sim. Aham. Aham. Quando eu morria, eu passava dois dias deitado, ela não entendia, né? Ela ficava tentando resolver, achava que era alguma coisa com ela. Que que tá acontecendo? E eu não sabia explicar que tava acontecendo também. Imagina, você começa a sentir dor no corpo, você deita e você dorme dois dias seguidos. Você também não sabe o que tá acontecendo, né? E a pessoa que compartilha a vida com você também fica tentando entender. Então depois que a gente compreendeu que isso acontece, vai acontecer. Agora é engraçado porque sempre que ela ela vê no meu rosto que eu tô começando a ter chatidão, ela olha para mim e fala: “Você tá tendo, né?” Aí eu falo: “Não, tô tudo bem, mas tá, mas tá.” Aí dá 10 minutos eu tô jogado no sofá dormindo com almofada na cara, eu vou pro quarto. Então isso é é bom para [ __ ] Que agora ela ela sabe que não é assim, ah, ele não tá triste ou ele não tá não tem nada acontecendo fora do do diagnóstico dele. Ele tá passando por isso, tá sentindo dor, ele precisa descansar. E é maluco porque depois de dois dias eu acordo e parece que eu sou um atleta. Eu acordo depois de dois dias e faço tudo que eu tinha que fazer. É como se eu tivesse recarregado mesmo a a energia, pô. É engraçado que eu lembrei agora que na época da escola eu tinha isso também. Eu lembro que tinha uma época da minha da minha adolescência que eu chegava da escola, sei lá, 1 da tarde, 2as da tarde e eu dormia e acordava para ir pra escola no dia seguinte, né? É, eu vivia isso talvez um ano ou dois anos assim de maneira espaçada e era um sono descontrolado assim, né? Uma coisa que doía, pesar, parecia que eu pesava 200 kg, né? Então essa é mais uma coisa que você vai pensando e vai relembrando, cara, pô, é verdade. Então talvez seja alguma coisa mesmo, né, diferente que funciona em mim dessa maneira, né? É, eu tive com o neurocirurgião aqui, o neurocurgão, neurocientista aqui, ele falou um pouquinho sobre sobre isso, né? Que eu perguntei, pô, eh, era subnotificado ou o autismo tá na moda, né? Aham. Ou são as vacinas, né? É, né? Ou foi a Pizer, né? E aí ele respondeu para mim que era os dois. Uhum. Então assim, a gente tinha uma doença que ela era muito subnotnosticada porque você não tinha os meios. Então, pô, na década de 90, na década de 90 não tinha nem ansiedade, nem depressão, era tudo doido, né? Era tudo hospício, vai embora. Uhum. Então você tinha um problema muito grande de saúde mental e hoje também você tem uma super notificação também, porque é o bagulho mais fácil de você pegar, né? Então, né? Dá grana, né? É, [ __ ] Agora aqui então que tá entrando em bolsa, autismo, lugar preferencial, comprar carro, [ __ ] que que a rapaziada vai querer? evitar de pagar um IPVA agora é maluquis, né? Porque o Ray Man canto, né? Então é é uma via de dois fatos, né? De de dois gumes assim. É, po, é [ __ ] né? Pode ser que tenha gente que fincha que tem o É que teoricamente é muito fácil você você manipular lá o teste, né? Você pode relatar pr pra médica lá que você tem coisas que você não tem, né? Então é muito complicado assim, mas eh vendo assim o meu histórico, eu tendo a crer que de fato tem alguma coisa, mas ao mesmo tempo eu vejo assim graus de autismo bem bem graves, né? E pô, são pessoas que não conseguem ouvir nenhum barulho. São casos bem graves, que eu até me sinto mal de me colocar no mesmo patamar de uma pessoa que passa por isso, né? De uma mãe que tem que eh cuidar de uma criança que tem o nível mais grave de autismo. Então é é [ __ ] né? É [ __ ] você ficar, eu não sei, não sei. Talvez seja só uma forma diferente de se viver mesmo e aí diagnosticaram perto do autismo. Eu não sei, me sinto meio culpado, sabe, de falar porque tem casos bem bem graves, né? Eu tenho um conhecido meu que a gente gravou um uma live uma vez que ele é atleta atleta paraolímpico. Uhum. Olha isso. O cara se formou na faculdade. Ele jogava muito bem ping-pong na faculdade, né? Tênis de mesa, desculpa, pingpong é o termo errado. Eles não gostam pingong. Pingong, a nação tenas, tênis mesista vai ficar brava comigo, tipo motoqueiro, né? É, pô, fala ping-pong pr os caras, os cara fica puto. Eh, jogava tênis de mesa, tal, ele se formou, trabalhava, cara, jornalista, tal. E aí ele um dia num trabalho dele, alguém virou para ele, falei assim: “Pô, tu já reporou que você tem um atraso na sua fala?” Ela falou: “Não, você tem um atraso na sua fala, tal, você tem um arrasto, tal, você tem uma dificuldade motora, tal”. Eu acho que você tem uma uma questão, eu não lembro direito qual que era a doença que ele teve assim, falou: “Não, imagina, pô, eu tenho 20 e poucos anos, tal, jamais”. Falou: “Não, você tem, vai no médico ver isso”. O cara foi, o cara descobriu que ele teve uma condição quando era mais novo, só que era um quadro muito pequeno. Hum. Que isso gerou um atraso de fala, gerou uma certa atraso motor. Só que ele achava que ele só era mais lerdo. Ele achava que ele era diferentão, mas não. Ele tinha uma condição. Uhum. por causa dessa condição, ele conseguiu ir para uma parolimpíada e hoje ele é atleta parolímpico. Ah, entendi. Entendi. [ __ ] imagina, cara, o bagulho tipo, só que assim de nível menor, tá ligado? Aham. Aham. Então assim, acho que às vezes é um pouco do de você entender a sua condição, né? Deve ser muito libertador isso, assim. Pensa um cara que a vida inteira achou, pô, eu sou meio lerdo, pô, não sou. Você entende? Pô, não, na verdade, eu tenho um bagulho aqui que é, é, para mim o que mais me conforta agora é entender que quando eu tô na presença de muitas pessoas e eu trabalho com comunicação, né? É, por exemplo, sempre foi uma tortura para mim. Quando a pessoa chega no estúdio já era um negócio assim, eu não sabia lidar, não sabia dar oi, não sabia indicar a pessoa onde sentar, então eu sempre precisava de alguém junto porque eu ficava muito ansioso mesmo. E aí eu e eu sempre eh me desgastava muito, me desgasto até hoje para fazer esses programas, né? todos que têm convidados, eu me desgasto muito emocionalmente, mas agora eu entendo. Então, conforme eu tô eh ansioso ou ou tenso de não saber como lidar, eu já tô falando para mim mesmo, cara, isso aí é do autismo, da condição, tá tudo tranquilo. Nada que você tá pensando é real, assim, não tá acontecendo nada de estranho. Então, seja como você é com a pessoa e tal. Antes, quando eu não sabia, eu só me sentia desajustado mesmo. Eu sentia que eu tava fazendo as coisas erradas ou que eu era um pau no cu, que não sabia dar oi pras pessoas e não sabia tratar bem as pessoas. E então, depois que eu descobri isso, a minha vida tá mais leve assim, tá? As as coisas não param de acontecer, mas você pelo menos dá uma resposta assim para você não sofrer tanto, né? Isso é muito bom. E para se despedir daqui é normal? Você dar tchau? Pode dar tchau. Então, no ar, eu entendo. No ar eu entendo que eu tenho que dar oi, que eu tenho que dar tchau, que eu tenho que conversar de volta, que eu tenho que falar. É, é bizarro isso. Tanto que isso é uma das coisas que meus colegas lá do Saco Sh TV falam, né, que é bizarro, que quando acaba o programa parece que eu viro outra pessoa, eu não falo mais nada, acabou, tchau, boa noite, tchau, acabou o taj preta, por exemplo, eu morro assim, eu fico em silêncio, eu sento no sofá e fico parado olhando. E as pessoas como cara, é estranho assim, é estranho de um jeito interessante, né, que no ar tá lá e solta sound de board, bota música e conversa e faz piada, acabou o programa, você não não existe mais. O Mamãe Falei também falou isso, que quando ele quando ele me conheceu a primeira vez no programa que ele foi, ele ele notou isso também. Então várias pessoas foram notando essa esse comportamento, né? Então aqui eu sei dar tchau. Aqui eu sei que dá tchau, mas depois na porta eu não te prometo nada. Então deixa eu aproveitar o tchau do Petri aqui. É quem quiser conhecer mais o seu trabalho, onde é que eles te acompanham, Petri? É no saco.tv, que é a minha plataforma de podcast privada lá, onde as pessoas podem financiar todos os programas que a gente tem na casa, que a gente tem um monte. É como se fosse uma uma rádio online com um monte de programa que acontece lá diariamente. O Aeriva tá lá, o Tarja tá lá, tem programas novos também, o Saco Cheio, tudo lá. É bem legal. Saco cheio.tv e o meu Instagram é Artur Petri 77, Artur com th, Petri com Y. E eu acho que é isso. Standup eu não vou, eu tô fazendo uma vez por mês aqui em São Paulo. Quem quiser acompanhar eu divulgo no meu Instagram. Não tô fazendo show pelo Brasil aí, eh, como eu fiz antigamente. Tô dando uma uma pausinha para dar uma descansada no cérebro. Mas é isso aí, Instagram e saco cheio.tv Petri, prazer enorme estar com você. Gosto demais do seu trabalho, sou muito fã. Gente, assistam as entrevistas do Petr, são muito, muito boas da Deriva, car, um dos melhores programas de de entrevista que tem. Gosto muito do seu trabalho, acompanho você faz um tempo, um prazer enorme. Demoramos para conseguir fazer esse podcast aqui, mas aconteceu feliz demais. Muito obrigado a você que ficou comigo até agora. Um grande beijo. É nós.