Bolo é Servido Com Uma Pá Pela Plebe

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eu sou o príncipe da burguesia o único representante da classe média alta brasileira e eu queria falar uma coisa você que tá assistindo esse canal e já foi numa festa de prefeitura que tem aqueles aqueles bolos grátis que fica todo mundo atacando no bolo se você está nesse canal aqui queria falar que esse canal não é para você eu peço que você se retire senão você vai se ofender aqui com o vídeo que eu preparei peço que você se desinscreva se você da pleb se desinscreva desse canal que esse canal é segregado só para classe média alta tá é só gente muito fina aqui é no mínimo uma pessoa que quando vai viajar paraos Estados Unidos leva um bolo de dólares desse tamanho aqui tá para gastar bastante lá não é gente que usa troca R$ 2 5 IOF para comprar dó lá e pagar IOF de 3,5% tá não dá mais para ter dólar agora com esse IOF de 3,5% ó o que vocês aprontaram aí e agora como é que fica mas que cena dantesca que espetáculo eddo e repulsivo que só poderia ocorrer nesse chão ignóbil chamado Bostil agora permita-me plebe ignara que por algum motivo insondável ousa ouvir as palavras do príncipe da burguesia permita-me narrar com riqueza de detalhes a cena que eu presenciei e que há de me assombrar até o fim dos meus últimos dias como uma úlcera moral cravada no epitélio da minha memória era um dia de comemoração ou melhor um dia de pantomima dessas festividades putridas e organizadas pela municipalidade com o dinheiro público para entreter a ralé era uma tentativa desesperada de maquiar a miséria com glacê industrializado e balões de látex comprados no Atacadão e até algumas pixorras tá e lá estava o objeto de culto um infame bolo de prefeitura uma monstruosidade de chantilly e esgoto estirado ali sobre uma mesa trôpega montada do lado de um caminhão pipa com a caixa d’água rachada um bolo que não é um bolo mas sim um monumento a decadência um monumento gula instintiva e ao vício ancestral de que a plebe ela quer tudo gratuito então os meus nobres gametas da aristocracia porque apenas os gametas nobres compreenderão o horror eis que surge brotando das sarjetas como se fossem ratos famintos saindo das tubulações fértidas a plebignara a prébia brota com seus calções tudo manchado de óleo de pastel aquelas regatas furadas aqueles chinelos arqueados todos exalando odor milenar da sujeira impregnada naqueles chinéis que foram usados por mais de duas gerações gente era gente que nunca jamais em sua existência viu um bolo de verdade né aquele bolo preparado com farinha italiana manteiga importada e açúcar refinado das planícies de Cuba não eles conhecem apenas o bolo feito de resto né de subproduto de emulsificante gordura vegetal hidrogenada e foi então como quem avança sobre uma carniça eles se lançaram não na verdade não eles se aproximaram eles se atiraram como se fosse um enxame de insetos hematófagos né como se fosse um bando de hienas pegando dando mordidas num guinu caído na savana africana e o que se seguiu o que se seguiu foi uma cena em que nem o Dante nem o Hierônimus Bosch nem o Goia poderiam conceber então você vê ali um indivíduo um indivíduo de cabelos encebados né aqueles cabelos que nunca conheceu um shampoo na vida arranjou uma pá uma pá né uma pá não era um talher não era uma colher não era uma espátula era uma pá de construção né o indivíduo ele pega aquele instrumento grotesco que minutos antes talvez tivesse remexido uma brita um cimento e golpeou o bolo afundou aquela pá como se fosse um carrasco decapitando um condenado e a massa aquela massa semisólida aquela mistura patética de glacê e bactérias saiu espirrando pelos ares e respingando nas camisetas falsificadas e naquele monte de short do Goku né era uma coisa horrorosa e aquele aquele monte de grito lá é grátis é de graça pega logo olha mãe eu consegui todos eles estavam disputando migalhas como se fossem pombos famintos no Largo da Misericórdia e lá iam eles cada um metendo as suas mãos nuas é as mãos deles estavam completamente nuas no interior do bolo aquelas unhas encardidas aquelas unhas tudo preto os dedos ásperos e calejados por aquela lida sem fim cravando nas camadas flácidas e insípidas do pão de ló mal assado e a cada puxada uma lasca se descolava uma lasca não uma vícera do bolo e eles levavam aquelas víceras do bolo com a mão toda suja toda lambuzada misturando glacê com a oleosidade dérica deles misturando glacê com resíduos de nicotina de cigarro que eles estavam segurando momentos antes e o bolo o bolo que deveria ser cortado em fatias geométricas né com uma precisão cirúrgica e um e o uso de um compasso ele foi estraçalhado como se fosse uma carcaça no lixão e eu o príncipe da burguesia eu assisti esse vídeo aqui impotente observando eu eu nunca vi um ritual tão bárbaro parecia um ritual antropofágico e tinha ali um senhor que parecia que tinha comido um cachorro quente minutos antes e ele sem qualquer vergonha na cara ele enfiava a mão e tirava um naco e lambia o dedo e tornava a enfiar a a mesma mão que ele botou na boca naquele buraco fétido que tinha no bolo né aquela massa deforme e ali estavam eles com todas aquelas mãos sujas aquelas bocas escancaradas bocas que jamais conheceram o brilho de um consultório odontológico todas elas mastigando e babando voando partículas para todo lado e urrando de prazer pela conquista daquela coisa gratuita chamada bolo é como o pobre gosta de tudo que é grátis não importa se é bolo se é vacina vencida se é cesta básica infestada de larvas se é grátis a pleb vai como se fosse uma boiada guiada por um beante rumo ao abate e se você quer sair da pleb se você quer deixar de sair da pleb quer deixar de nesses nessas coisas conheça o curso do príncipe da burguesia o curso que vai te tirar da pleb e colocar na classe média alta que fica lá em cima conhece o curso do príncipe da burguesia que ali você vai aprender a ficar mais inteligente seu QI vai aumentar estamos com uma promoção de 99% de desconto tá o link tá na descrição aqui e o cupom de 99% de desconto tá aqui é o príncipe tá te vejo nas aulas mas voltando aqui não é só a gula que tava em jogo nesse vídeo do bolo não era ali é um ritual de destruição alimentar ali manifesta-se o que há de mais viu na alma da plebe a ânsia pela vantagem a recusa pela fila a celebração do caos é uma substituição da ordem pela anarquia pegajosa de mãos e imundas e bocas vorazes ali não tinha guardanapo não tinha talheres não havia sequer um fiapo de civilidade ali apenas a pá as mãos sujas encardidas e a horda horda e a cada agarfada improvisada com os dedos a pleb ela confirmava o que sempre suspeitei não há salvação não existe regeneração o pobre ele não quer acender ele não quer evoluir ele quer apenas devorar entendeu por que que o meu curso tá com 99% de desconto porque o pobre ele gosta desses descontos gigantescos entendeu desconto de 99% se eu falasse que quer que era o mesmo preço sem dar desconto eles não vão querer porque eles vão achar que eles não estão tendo vantagem mas voltando aqui a Pleb ela quer devorar o bolo ela quer devorar o tempo ela quer devorar o dinheiro alheio os impostos ela quer devorar e defecar num ciclo interminável de miséria e gula e eu o príncipe da burguesia assisti esse vídeo e gostaria de desvê-lo tá tô aqui solitário ereto limpo e higienizado com o meu mármore esculpido né a minha mesa de nogueira cercado pela razão tava lá observando não certo fascínio tá é um fascínio mórbido que me fez gostar desse vídeo zé não coloque isso não tá e quando o bolo acabou quando as últimas migalhas se perderam nas fissuras do asfalto a pleb ela se dispersou rindo arrotando lambendo os beixos como se fossem cansarnentos após revirar uma ligeira e eu o príncipe da burguesia não sei como eu consegui assistir esse vídeo como sempre acima acima da lama acima do glacer acima da paza e com a certeza inexorável ó plebe que me ouve vocês podem pegar o bolo vocês podem comer com as mãos vocês podem até se lambuzar né mas jamais jamais vocês tocarão na pureza da aristocracia que corre nas veias da burguesia yeah

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