Chechênia sem Rei – Quem herdará o trono de Kadyrov?
0Caros amigos, bem-vindos a mais um episódio de hoje no mundo militar. Neste vídeo falaremos sobre a proximidade do fim da era de Hanzan Kadirov como ditador da Xenia e os desafios que Putin enfrentará para encontrar um sucessor capaz de manter aquela região sob total e estrito controle. foi a face do poder absoluto na Xenia, um senhor da guerra transformado em líder regional, com a missão de manter aquele território sob rígido controle com o aval de Moscou. Mas agora, sinais claros de deterioração física, ausência prolongada da vida pública e mensagens oficiais indicando o seu desejo de abdicar do poder indicam que uma transição pode estar próxima, com o Kremelin precisando preparar o terreno para aquilo que virá. Mas antes de entrarmos na atual crise que é sombra xexênia, é essencial entender como essa pequena república montanhosa do Cáaso, encravada no sul da Rússia, se tornou palco de algumas das guerras mais sangrentas da era pós-soviética e como uma única família ascendeu ao poder absoluto em meio a tanto caos. A Xênia declarou independência em 1991, logo após o colapso da União Soviética. Mas Moscou se recusou a aceitar a separação, dando assim início à primeira guerra russo-chexena entre 1994 e 1996. Um conflito brutal com tropas russas enfrentando uma feroz resistência de guerrilheiros cheenos. Após milhares de mortos de ambos os lados, a Rússia foi derrotada, retirando-se de forma humilhante da região, com o então presidente Borisin assinando um cessar fogo, mas sem reconhecer a independência da Xênia. A paz durou pouco e em 1999, o então primeiro- ministro Vladimir Putin, recém catapultado ao centro do poder em Moscou, lançou a Segunda Guerra cheena com o objetivo de restaurar a autoridade russa sobre a região. Foi uma campanha implacável e ainda mais terrível, marcada por bombardeios indiscriminados, cercos a cidades inteiras e uma repressão brutal contra civis. Grosn, a capital xchena, foi reduzida a escombros por Vladimir Putin, transformada, segundo a ONU, na cidade mais destruída da Europa desde a Segunda Guerra Mundial. E foi nesse contexto que emergiu a figura de Akmad Kadirov, um influente clérigo muçulmano que havia lutado ao lado dos separatistas na Primeira Guerra, mas que mudou de lado na segunda. Apostando que a Xênia teria mais a ganhar ao se reintegrar a Rússia do que ao permanecer em guerra, ele se aliou ao Kremlin e assim traindo seus ex-companheiros e fornecendo a Putin informações cruciais como a localização de bases e depósitos. A Rússia venceu a Segunda Guerra da Xênia e como recompensa, Putin o nomeou chefe da administração regional com poderes absolutos, subordinado apenas ao próprio Putin. Essa aliança selou o destino político da Xenia com Akmad Kadirov se tornando o rosto da nova ordem pró Moscou no Cáaso, governando com Mão de Ferro. Mas a sua trajetória foi interrompida em 2004, quando Akmad, visto como traidor por muitos xchenos, foi assassinado em o atentado da bomba em Grosm. Putin, ciente de que a Xenia não poderia permanecer sem um líder submisso à suas ordens, tratou de preencher o vácuo de poder com Hanzan Kadirov, filho do ditador assassinado, assumindo o poder de fato mesmo antes da idade mínima legal. Jovem, impiedoso e implacável com seus inimigos, Hanzan transformou a Xênia em um regime dinástico autoritário, fortemente apoiado pelo Kremlin e financiado por bilhões de rublos em subsídios federais. Sob seu comando, a região trocou a guerra aberta por uma paz envenenada, mantida à base de repressão, culto à personalidade e eliminação sistemática de qualquer oposição, com a Xênia se tornando um enclave, onde as leis russas são interpretadas de forma singular, muitas vezes subordinadas à vontade de Kadirov e aos valores islâmicos mais conservadores. Hanzan Kadirov, hoje com 48 anos, teve carta branca para governar como um verdadeiro senhor feudal, com o seu poder indo além do território cheeno, construindo uma base de influência própria, mantendo relações internacionais com países do Golfo e organizando a sua própria força militar, uma milícia armada com cerca de 25.000 combatentes, treinada com verba federal russa. Desde 2023, vídeos transmitidos pela mídia estatal revelam um Cadirov visivelmente debilitado, com uma locomoção lenta e fala arrastada e ofegante. Em maio de 2025, apareceu em vídeo para expressar repúdio aos boatos sobre a sua saúde, mas não os desmentiu, fazendo questão de dizer que tensciona abidicar do poder, pedindo ao Parlamento cheeno, que é totalmente controlado por ele, para avançar com os procedimentos necessários, visando a sua saída do poder. e a partir de então praticamente desapareceu das redes sociais e da televisão, onde antes era onipresente. Tudo isso leva a crer que Kadirov está preparando o terreno para o seu sucessor, com o escolhido sendo aparentemente o seu filho de apenas 17 anos, Adam Kadirov. O jovem foi recentemente nomeado secretário do Conselho de Segurança da Xeixênia e representante do pai junto ao Ministério do Interior da região. Recebeu duas condecorações e militares em apenas 10 dias e se casou em uma cerimônia luxuosa que contou com as felicitações de Vladimir Putin. Mas há um detalhe, a legislação russa exige que governadores regionais tenham pelo menos 30 anos. Mesmo assim, muitos lembram que o próprio Hanzan assumiu de fato o controle da Xenia com 20 e poucos anos, mesmo sem o título formal, com o apoio direto do Kremelin. Mas apesar dos indícios de que Kadirov aposta em seu filho com o objetivo de manter a dinastia da família no poder, há outros candidatos em potencial, com dois nomes se destacando. Agomedov, aliado histórico de Kadirov e conhecido por liderar uma campanha de perseguição a homossexuais em 2017. Hoje é quem frequentemente representa Hanzan Kadirov em cerimônias públicas. O outro nome é Apti Alaudinov, ex-chefe da segurança Xena e veterano da guerra na Ucrânia, elevado por Putin ao posto de tenente general. é figura frequente na TV estatal russa, com seus vínculos com o Kremlin e o seu currículo militar, o tornando um candidato sério aos olhos de Moscou. Com o apoio irrestrito do Kremlin e orçamentos generosos, a Shexênia recebe cerca de 700 milhões de dólares por ano, um valor 15 vezes maior do que a região russa de Kursk, na fronteira com a Ucrânia, que foi recentemente invadida, mas já libertada. Com tanto dinheiro à disposição, os Kadirov vivem no luxo extremo, decidindo quem enriquece e quem permanece à margem, com seus filhos, incluindo filhas, primos e tios, já ocupando altos cargos nas áreas de segurança, cultura e administração. Esse arranjo, a estabilidade em troca de bilhões de rublos agrada ao Kremlin, com especialistas acreditando que esse modelo continuará mesmo após a saída de Hanzan. O fim da era de Hanzan Kadirov parece próximo com Putin, pessoalmente atento à questão da sua sucessão, diretamente interessado em continuar mantendo a Xênia debaixo de um forte e estrito controle central. E nada melhor para obter isso do que financiando a vida de luxo de um ditador excêntrico e corrupto. [Música]