CHINA MENTE DADOS E BRASIL ENTRA EM ALERTA DE RISCO MÁXIMO | BRUNO MUSA
0Quanto de fato nós podemos confiar nos dados que vem da China? O que obviamente coloca o Brasil numa situação um pouco mais complicada. Será mesmo que aqueles produtos que exportamos que com as tarifas podem não mais ir aos Estados Unidos? Haverá espaço para que a China absorva tudo isso? Teremos que conhecer dados, fatos e números da própria economia chinesa. E a coisa é bastante controversa. Quais possibilidades temos? Por onde podemos escapar? Como isso nos afeta? inclusive aos nossos investimentos. Vamos entender mais a fundo, porque nas entrelinhas é onde estão os verdadeiros detalhes. Vamos adiante. Antes de tudo, eu sou Bruno Musa, economista e sócio da Aquavera Investimentos. Atua 19 anos no mercado financeiro com a parte de investimentos no Brasil e fora, onde já atuei em alguns países por alguns anos. Atuo e comento também na equipe do TR em um na Jovem Pan, na parte econômica e investimentos e como toda a parte política nos afeta, como podemos nos proteger, como podemos buscar oportunidades. Portanto, a ideia aqui é trazer reflexão. Se esse tipo de vídeo te ajuda, por favor, comente, se inscreva no canal, compartilhe, ative o sininho. Isso ajuda o YouTube a distribuir esse conteúdo. E claro, quem quiser falar a respeito das oportunidades e receio frente ao que vivemos atualmente no Brasil e no mundo como um todo, o link tá aqui no desrittivo. brunomusa.com.br/investimento br/investimento no singular. Pois bem, a China enfrenta problemas de desemprego juvenil, a demografia, endividamento dos governos regionais, alta poupança e baixíssimo consumo. Tudo isso eu tive a oportunidade de explicar num vídeo detalhado que está aqui no canal e quem quiser eu altamente recomendo. Mas agora vamos repassar todos esses dados e mostrar como isso afeta também ao Brasil, uma vez que agora estamos nesse embróglio. Será que conseguiremos exportar os produtos brasileiros para outros países, sendo que a China é o nosso principal parceiro comercial? Então, vamos mergulhar nesses dados. O primeiro dele é em relação ao consumo no PIB. O PIB é o produto interno bruto, resultado de tudo que um país produz. E a parte de consumo no PIB chinês representa meros 38%. bem abaixo do que vemos em outros países. Por exemplo, nessa lista que eu deixo aqui, que infelizmente não tem dados da China, mas numa outra matéria a gente consegue encontrar que por volta de 35, 38, 40% no máximo é o que se refere ao consumo dentro do PIB chinês na Europa representa 53%, no Japão 54%, no Brasil 64% do nosso PIB vem do consumo. e nos Estados Unidos, 68%. Portanto, a China tem claramente um baixo nível de consumo. Mas veremos aqui por ao levar em consideração a poupança dos chineses, ou seja, quanto na média o chinês poupa frente à sua renda, os dados mostram que se aproxima de 40%, o que é altíssimo. Ou seja, eles poupam muito, não consomem, portanto, um baixo consumo frente ao PIB. Ao olharmos a China, esse nível de poupança chega próximos a 40%. De novo, os dados da China são altamente divergentes e muito difícil de ser levado em consideração, mas na média está ali entre 35 e 40%. Ao olharmos o Japão, esse nível está por volta de 15%. A zona do euro, a mesma coisa, por volta de 15%, o Reino Unido, 12%, os Estados Unidos, 4,5%. E no Brasil, abaixo disso, os dados também divergem, mas estaria por volta de 3% de poupança. Portanto, claramente a China poupa mais e consome menos, o que acaba afetando no PIB chinês. Se as famílias chinesas não consomem, como é que o PIB vem crescendo desde o começo dos anos 2000? É isso que nós aprofundaremos aqui agora. Quando olhamos, por exemplo, as famílias americanas, muitos deles investem, inclusive sem saber parte desses 4,5, 5% que os dados mostram que é a poupança do americano. Muitos deles, inclusive nos seus contratos com as suas empresas já investem em índices como S&P 500, onde compram cotas disso através do seu sistema de previdência das empresas ou dos planos de investimentos com seus próprios empregadores. No Brasil, menos de 3% da população investe em bolsa e nós temos hoje mais de 1 trilhão investido em poupança. Vale lembrar que a poupança rende menos da metade do CDI da taxa SELIC, que hoje está em 15% ao ano. Portanto, a poupança claramente é usada pelo governo para oferecer taxas de juros subsidiada e oferecer um retorno muito menor aos investidores, aos poupadores com mais de 1 trilhão, como olhamos aqui. Portanto, não deixe o seu dinheiro em poupança. Deixe o link aqui no descritivo novamente, porque há outras formas de você direcionar o seu capital. especialmente em momentos de taxa de juros extremamente altas, como no Brasil nesse momento, para ter um retorno com o mesmo risco, ou seja, um risco muito muito baixo, se aproximando de zero, com taxa de juros mais do que o dobro da própria poupança. Vamos aprofundar aqui na China porque agora entramos em dados que inclusive moldam o comportamento, o que colocará uma dificuldade maior nessa mudança, como veremos no final do vídeo. Nos últimos 400 anos, a China passou por 10, pelo menos, fomes severas. Uma fome a cada 12 anos. A última delas aconteceu entre 1959 e 1961, quando mais de 30 milhões de chineses morreram de fome. E claramente isso molda comportamento. Estamos falando que foi a última no ano de 1961. pessoas ali que vivenciaram aquilo ou filho de quem vivenciou aquilo severamente segue vivo e isso foi passado de geração em geração. Portanto, isso molda comportamento e faz com que o receio do futuro faça com que as pessoas poupem mais e consumam menos. Há grandes estudos mostrando como a grande inflação no Brasil, isso moldou o comportamento. Eu que estou há 19 anos no mercado financeiro, vejo aquela geração que vivenciou profissionalmente a inflação, a severa hiperinflação no Brasil, tem dificuldade de pensar no longo prazo. Afinal de contas, naquela época o que a pessoa ganhava já era convertido ou em dólar ou em ativos que nos protegiam da inflação. Aqueles mais pobres corriam para consumir, comprar comida, porque no dia de amanhã claramente a moeda desvalorizaria e os preços estariam mais alto, a moeda valendo menos. Ou seja, tudo isso molda comportamento de poupar, molda comportamento de investir. E na China, claramente isso direciona a população. O que eles vivenciaram de altíssima escassez, instituições fracas, controle estatal vem gerando medo nas últimas gerações e claramente estimula mais poupança sem o devido consumo, que acaba afetando o crescimento do PIB. Inclusive a política do filho único, um absurdo. O estado interferindo em quantos filhos uma família pode ter. A política do filho único ficou em vigor por 35 anos na China. E agora o que nós vemos é uma população, uma família que teve basicamente um filho por ordem estatal que precisa sustentar com o seu trabalho os pais e muitas vezes os avós que continuam vivos. Ou seja, eles precisam, sim ou sim, dada a fraqueza estatal em suprir serviços básicos, eles precisam poupar e isso vem de comportamentos moldados pela escassez, como falamos, poupar mais e consumir menos para ajudar a sua família, o que é uma cultura na própria China. Um outro problema severo é a demografia chinesa que está em franco declínio. Inclusive, algumas projeções mostram que até o ano de a população chinesa pode ter diminuído pela metade. Já está no terceiro ano consecutivo de queda. Em comparação aos Estados Unidos com uma demografia positiva e a mesma coisa a Índia, que já ultrapassou a população chinesa. Tudo isso força mais poupança e um menor nível de consumo. Mas então, como o PIB cresceu no começo desse século a taxas superiores a 10% ao ano, claramente foi um PIB criado pela construção, estimulado pelo Estado e não pelo consumo. Construíram portos, aeroportos, rodovias e coisa que aparece agora, cidades fantasmas construídas, estradas que levam do ponto A ao ponto B, onde não há demanda, onde não há carros passando. Tudo isso inflou o PIB ao longo dos últimos anos, principalmente na primeira década desse século. Construir estradas, portos, aeroportos, cidades, prédios, universidades, estradas que ligam ponto A ponto B. Tudo isso demanda aço, demanda matériapra, demanda força de trabalho e isso estimula e cresce o PIB, só que sem uma eficiência. Agora que está tudo construído, não há condição de transformar tudo isso em consumo. Portanto, o PIB cresceu baseado na construção, sem a devida demanda em locais onde não há interesse de compra. Inclusive, muitas pessoas, muitos chineses que compraram seus apartamentos não conseguiram receber as chaves. O setor está complicado. Veja, 25% do PIB chinês é representado pelo setor imobiliário e toda a sua cadeia produtiva. E o que nós vimos foi que construir sem necessidade levou agora a situação de 50 milhões de imóveis na China que não tem ocupação. A Evergrand e a Country Garden, dua das maiores imobiliárias empresas do setor imobiliário, praticamente a banca rota, como vimos logo depois da pandemia. E um outro ponto extremamente relevante, os governos regionais estão altamente endividados. Conseguimos ver que já 1/3 dos governos regionais usam 100% da sua arrecadação ou até mais simplesmente para pagar a sua dívida. não tem mais espaço para praticarem as políticas kenesianas do modelo econômico chinês, ou seja, estímulo de investimentos e financiamento às empresas estatais e a infraestrutura. Tudo isso usando dinheiro público, se endividando para construir algo que não há demanda e agora com uma dificuldade tremenda em transformar tudo isso em consumo. Os governos provinciais, os governos regionais, eles não têm liberdade de emitir a sua própria dívida. Portanto, eles acabaram usando um instrumento que chama local government financing vehicles, ou seja, veículos para captar dívida. Uma vez que os governos regionais em si não podem se endividar, eles criam essas empresas, esses instrumentos financeiros e acabam colocando terras, imóveis, ativos que pertencem aos governos regionais em nome dessas empresas e usam esses ativos como colateral, como garantia para captar dinheiro e estimular esses programas estatais nos governos regionais. Só que aqui tem um grande problema. A dívida fica oculta porque elas não entram no balanço dos governos provinciais, dos governos regionais, o que obviamente gera uma distorção na dívida PIB da China, que é muito maior do que os dados divulgados. Naquele outro vídeo que eu fiz, que eu mencionei no começo deste sobre os dados chineses, a gente mostra a dificuldade de encontrar realidade nos dados chineses. Portanto, ao que parece, os dados da economia são todos inflados. E o pior, a receita dos governos regionais caem, uma vez que elas também crescem. A arrecadação desses governos cresce quando a economia tá pujante. Só que o fôlego estatal está chegando ao fim. Assim como também já tive uma oportunidade há poucos dias de fazer um vídeo a respeito da Rússia, como esse modelo kenesiano de endividar o Estado, de construir, destruir, colocar na contabilidade do PIB para depois construir novamente, isso tem um fim. o endividamento chega num nível em que ele começa a produzir inclusive mais inflação. No caso da China, até deflação que eles estão vivendo justamente por conta de uma desaceleração econômica. Claro que todos esses dados podem apresentar divergências. A China vem investindo forte em inteligência artificial e não saberemos como eles conseguirão continuar nesse projeto. Será que o estado terá fôlego para tudo isso? A verdade é que os dados são realmente difíceis de encontrar e ao que parece nas estatísticas oficiais e nas instituições que tentam colher sentimentos da população na economia real, os dados chineses são extremamente alarmantes, as estatísticas são falsas. E aqui aparece como mudar, portanto, essa situação da China, que inclusive membros do governo já começam mostrar a sua preocupação. Basicamente eles teriam que estimular mais consumo, mas você não molda comportamento numa canetada. O consumo chinês teria que crescer a níveis parecidos de outros países, como mencionados no começo desse vídeo, para estimular o PIB, uma vez que construir já está estrangulando o estado, chegando no modelo de esgotamento. Mas como estimular mais consumo quando você tem todos esses modelos culturais dentro da cabeça do chinês e mais toda a falta de previsibilidade e falta de confiança que eles têm no futuro? como você estimula esse consumo. Eu não vejo outro modelo, a não ser eles buscarem mais desregulação, mais livre mercado, com livres capitais circulando, o que vai justamente contra o Partido Comunista Chinês. Mais setor privado e menos estado, o que também vai contra o modelo de planificação central dado pelo Partido Comunista Chinês. Ora, eles já implantaram a CBDC, Central Bank Digital Currency, a moeda digital centralizada pelo governo chinês. Será que eles poderiam chegar no momento em que eles diriam: “Ora, se você não gasta em seis meses o teu dinheiro no banco, ele simplesmente vira pó?” Não, Bruno, isso é simplesmente maluco. Eu não duvido de políticos, não estou dizendo que irá acontecer, mas é um modelo que estimularia o consumo no curto prazo. Será que ao invés de tirar o poder da planificação central de suas próprias mãos, eles poderiam fazer isso? Quem questiona na China? No Brasil, nós passamos por confisco da poupança. Eu não acho que nem perto chegaremos disso aqui, mas de qualquer maneira, duvidar de políticos pode ser extremamente perigoso. Isso tudo faz com que os nossos produtos não necessariamente sejam facilmente colocados lá na China, uma vez que o consumo doméstico é extremamente baixo e eles têm estoque altíssimos baseado nas suas altíssimas produções e com dificuldade de colocar os seus produtos nos Estados Unidos e na Europa, obviamente se torna mais difícil absorver produtos do Brasil, que o que eles compram são basicamente commodities, como eu também mostrei na análise do balanço de pagamento no vídeo disponível na terça-feira aqui. aqui nesse canal. Portanto, muita atenção aos dados da China. A situação é extremamente alarmante e preocupante. E todo esse jogo, como já analisei em vários outros vídeos da imposição das tarifas de Trump, tem a ver com o jogo geopolítico e não econômico. E isso passa por aglutinar a China e não permitir que ele faça crescimento dos seus tentáculos, especialmente e também aqui na América Latina. Tudo isso muda o jogo de investimento e muda a forma como encaramos as oportunidades que no meio do caos elas se apresentam em números expressivos. Não deixe isso passar. Me coloco à disposição e sempre interessante analisar a ótica econômica dentro dessa ótica geopolítica. Seguimos. [Música] เ







