Como as Equipes de F1 realmente ganham dinheiro?

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Como as equipes de Fórmula 1 ganham dinheiro? Ao contrário do que muita gente imagina, não é o prêmio do campeonato que paga as contas de uma equipe. Na verdade, esse valor mal cobre os custos. Ainda assim, ano após ano, as equipes investem centenas de milhões de dólares e muitas delas fazem isso sem jamais vencer uma única corrida. Mas por que então elas continuam competindo? Para entender isso melhor, a gente precisa olhar um pouco além das equipes. Em 2024, a marca F1 faturou impressionantes 3,65 bilhões de dólares. E aqui a gente tá falando só da marca, sem contar as equipes. Mas de onde vem esse dinheiro todo? A resposta vem em quatro partes. A primeira são as transmissões. Mais de 1/3 desse dinheiro vem de quem transmite as corridas, principalmente de canais de TV e plataformas de streaming que disputam os direitos de transmissão. Aqui a gente tá falando de algo em torno de 1,2 bilhão de dólares, só para mostrar carros dando voltas na pista. A segunda maior fonte de receita são as chamadas taxas de hospedagem, que é quando alguém paga uma taxa para sediar a corrida. E quando eu falo alguém, podem ser empresas ou até mesmo governos, principalmente os de países do Oriente Médio, onde dinheiro não é um problema. Essas taxas variam entre uma faixa de 15 a 60 milhões de dólares por ano para ter o privilégio de sediar uma corrida. A terceira maior fonte de receita são os patrocínios globais, aqueles que ficam aparecendo ao redor da pista durante as corridas. Algumas marcas como Rolex, Heineken e Pirelli investem bastante dinheiro nisso. Essa parte responde por cerca de 15 a 20% da receita total e o resto vem de outras receitas diversas, como produtos licenciados, pacotes de eventos VIP, entre outras coisas. Então, tudo isso gera bilhões de dólares pra marca F1, mas ela não fica com tudo. Parte desse bolo é dividido. Cerca de 40% da receita, ou seja, mais de 1 bilhão de dólares vai direto pras equipes. Mas essa divisão não é igual para todo mundo. Funciona mais ou menos assim. Equipes com melhor desempenho recebem mais. E equipes com mais tempo de casa, como a Ferrari, recebem bônus históricos. Na prática, isso significa que Ferrari e Mercedes podem receber mais de 150 milhões por ano, enquanto equipes pequenas ficam com 60 a 70 milhões. Pode parecer muito, mas quando a gente olha o custo de manter uma equipe, essa percepção muda. Antes de 2021 não existia nenhum limite de gastos. Então era uma guerra financeira. A equipe que gastasse mais, geralmente ganhava mais. As equipes grandes facilmente ultrapassavam os 400 milhões de dólares em gastos por temporada. E a maior parte desses gastos vai direto pro coração da performance, o carro e o motor. Design, aerodinâmica, materiais especiais. São vários engenheiros trabalhando pesado para no final chegar em melhorias que nem chegam a um segundo por volta, mas nessa briga 1 segundo é uma eternidade. Depois tem os gastos com a equipe. As maiores chegam a ter mais de 1000 funcionários e as menores operam com 300 a 400 pessoas, o que ainda assim é muita gente para pagar salário. Isso sem contar a logística. A Fórmula 1 é como se fosse um circo global que roda o planeta todo. Transportar carros, peças e equipamentos custa uma fortuna. E para finalizar os custos, tem os pilotos. Os grandes nomes atuais, como Lewis Hamilton e Max Verstappen, chegam a ganhar entre 50 a 60 milhões de dólares por temporada, só de salário. Mas em 2021, a Fórmula 1 criou um teto de gastos. Em 2025, esse teto tá em 135 milhões por equipe, ou seja, as equipes não podem gastar mais do que isso na temporada. Na teoria, isso deixa a competição mais equilibrada, mas não é bem assim, porque esse teto não inclui tudo. Ficam de fora itens como o salário dos pilotos, os salários dos três executivos mais bem pagos da equipe e gastos com marketing. Ou seja, as grandes equipes continuam tendo muita vantagem. Elas simplesmente gastam por fora em coisas que não entram na conta do teto de gastos. Mas então, como as equipes pequenas sobrevivem? Bom, elas precisam ser criativas. Uma estratégia comum é comprar peças de outras equipes em vez de desenvolver tudo do zero. Isso reduz os custos, diminui o tamanho da equipe e permite competir com muito menos investimentos. Mas então, como as equipes ganham dinheiro? Bom, o prêmio da Fórmula 1 pode ajudar, mas não chega nem a cobrir o orçamento de uma equipe. O dinheiro de verdade vem de outro lugar, patrocínios, que a gente pode dividir em alguns tipos. Tem o patrocínio principal, que geralmente envolve a marca que aparece no nome da equipe, tipo a Oracle, que paga cerca de 100 milhões de dólares por ano para Red Bull. Sim, 100 milhões de dólares por ano, só para aparecer no nome da equipe. Depois tem os patrocínios secundários, aqueles logotipos grandes que aparecem em lugares de destaque nos carros e nos uniformes. Eles chegam a custar entre 10 e 30 milhões de dólares por ano. Depois tem os logotipos menores que podem custar entre 1 e 5 milhões de dólares. e até mesmo aqueles adesivos pequenos que mal dá para ver podem custar em torno de meio milhão de dólares. Mas além de exibir o seu logotipo, tem mais um motivo que leva as empresas a patrocinar uma equipe de Fórmula 1. Existe um lugar chamado Padok Club, que é um serviço de hospitalidade de luxo oferecido pela Fórmula 1 e é destinado a convidados VIP e patrocinadores de equipes. Um único fim de semana nessa área VIP custa milhares de dólares. Mas muita gente que frequenta essa área não vai lá só para assistir a corrida com um champanhe na mão, mas também para fechar negócios milionários. Ali se encontram executivos de grandes empresas, como bancos, consultorias, empresas de tecnologia, ou seja, o pessoal que lida com muito dinheiro. E ali eles podem fechar acordos milionários. É interessante notar que muitas dessas empresas que patrocinam equipes não estão tentando vender nada pro público comum, elas estão tentando vender para outras empresas. Por exemplo, a Oracle, que a gente falou antes, é uma empresa que basicamente vende softwares para empresas e não para pessoas comuns como eu e você. E quando uma dessas empresas consegue fechar um contrato gigante dentro do Padok Club, aquele adesivo de 50 milhões de dólares no carro pode acabar dando um retorno de bilhões de dólares em contratos. Mas agora voltando para as equipes, no final das contas elas dão lucro? Historicamente não. A maioria das equipes operava no vermelho. Ou eram bancadas por montadoras ou por bilionários entusiastas que queriam queimar dinheiro por esporte. Mas isso começou a mudar com o teto de gastos. Agora, algumas equipes estão começando a buscar uma gestão mais eficiente para aumentar a receita. Em 2024, a Mercedes teve um lucro de 120 milhões de libras. E também se especula que a Ferrari e a McLaren estão operando com lucro. No começo, parecia loucura gastar centenas de milhões de dólares em um campeonato que talvez você nunca consiga vencer. Mas agora a Fórmula 1 tá deixando de ser só um espetáculo caríssimo e se tornando, aos poucos um negócio sustentável. E talvez essa seja a maior vitória que uma equipe pode alcançar, vencer dentro e fora da pista.

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