como CRIAR um BURACO NEGRO
0Essa aqui é uma imagem minha com cabelo
que deveria ser banida da internet e da existência como um todo, por isso eu
vou transformá-la em um buraco negro. (amassa e comprime com MUITA FORÇA)
Ok, isso foi comprimido em uma bolinha muito pequena, por que eu sou realmente muito
forte… mas isso ainda não é um buraco negro. Pra conseguir comprimir especificamente
essa folha A-QUATRO num buraco negro temos que olhar pra essa fórmula aqui.
De uma lado temos a massa do objeto a ser comprimido em um buraco negro,
que no caso, é a massa de uma folha A-QUATRO que é cerca de uns CINCO gramas.
E do outro temos o raio da bolinha que precisamos comprimir até chegar a um buraco negro.
Bom e o resto aqui são constantes universais então não precisa se preocupar com isso.
O ponto é que a única coisa que a gente precisa saber é a massa. Apenas com
essa informação a gente sabe o quão pequeno devemos comprimir um certo objeto.
Então se a gente botar CINCO gramas aqui, e adicionar os valores fixos dessas constantes,
teremos no final um resultado meio assustador. Essa folha com essa imagem abominável só
vai se transformar em um buraco negro se a gente compimir seus CINCO gramas em um volume
esférico de aproximadamente SETE quetômetros. E o que é um quetômetro?
Bom, essa é uma medida de tamanho assim como o metro, só que bem menor. Pra ter
um senso de o quão menor, olhe pra essa tabela. Essa tabela nos mostra no topo o
metro, e depois UM milímetro que equivale a ZERO VÍRGULA ZERO ZERO UM.
Essa é uma magnitude que nós estamos acostumados no nosso dia-a-dia, nós podemos interagir com
objetos que possuem mais ou menos esse tamanho. Porém se podemos ir mais fundo e
adicionar magnitudes menores. O micro, nano e o pico. Aí nós já atingimos DOZE
ZEROS. Isso é um trilionésimo de UM metro. Podemos continuar essa brincadeira
pelo fento, atto e zepto. Chegando a um bilionésimo de um trilionésimo de um metro.
E por fim indo ainda mais fundo nessa loucura encontramos o yocto, ronto, e queto. E já que um
salto de cada magnitude você fica MIL vezes menor, no final, no queto, chegamos a um bilionésimo de
um bilionésimo de um trilionésimo de um metro. Isso quer dizer que se o buraco negro dessa
folha tem um raio de SETE quetômetros, então isso equivale a ZERO VÍRGULA ZERO ZERO ZERO ZERO ZERO
ZERO ZERO ZERO ZERO ZERO ZERO ZERO ZERO ZERO ZERO ZERO ZERO ZERO ZERO ZERO ZERO ZERO ZERO ZERO ZERO
ZERO ZERO ZERO ZERO SETE metros. São TRINTA ZEROS! Pra você ter uma noção, o raio de um próton
é cerca de ZERO VÍRGULA OITO femtômetros o que é um valor muito maior. É como se a
gente cortasse quase metade desses ZEROS, jogando fora CATORZE deles.
Ok, então se eu consigo comprimir uma folha A-QUATRO com uma terrível imagem até virar
um buraco negro, o que mais podemos transformar num buraco negro? Bom, basicamente qualquer coisa!
– Mas não sugiro transformar em buracos
negros o seu dinheiro . Seria melhor transformar tudo em um buraco negro.
– Tá, então podemos pegar coisas mais
pesadas, como um golden retriever, que podemos dizer que pesa uns TRINTA quilos. Mas
dessa vez um de verdade, e não uma folha de papel. Aplicando a mesma fórmula, descobrimos que um
objeto de TRINTA quilos comprimido o suficiente gera um buraco negro de QUARENTA rontômetros.
O que é uma magnitude acima do nosso buraco negro anterior, ou seja, algumas milhares de vezes
maior. Mas ainda trilhões de vezes menor do que um próton, que está na magnitude de femtômetros.
Agora vamos comprimir objetos bem maiores, tipo, o planeta terra inteiro.
Se a gente fizer isso, passando pela fórmula, temos que, se a terra
pesa SEIS TRILHÕES DE TRILHÕES de quilos, temos que o resultado da sua compressão é
um buraco negro desse tamanho que tem mais ou menos uns NOVE milímetros.
Certo então vamos comprimir objetos muito maiores que a terra, vamos comprimir a
mais massiva estrela conhecida pela humanidade. BAT NOVE NOVE – NOVE OITO tem uma massa
DUZENTAS E VINTE E SEIS vezes maior que a massa do nosso sol e essa fórmula nos diz
que sua compressão daria num buraco negro com raio de SEISCENTOS E SETENTA quilômetros.
Pra ter uma noção desse tamanho olhe pra esse mapa mostrando todo o meu país. Bom esse buraco
negro teria o diâmetro desse círculo aqui, teria MIL TREZENTOS E QUARENTA quilômetros.
Indo desde Canindé no Ceará até Porto Seguro na Bahia. Isso realmente é muito grande!
Certo, tudo isso é muito divertido e tudo mais, porém vamos ser realistas
aqui, como na prática nós podemos transformar tudo isso em buracos negros?
Vamos dizer que queremos de fato encontrar uma força real grande o suficiente que possa
comprimir absurdamente uma A-QUATRO, um golden, a terra e a estrela mais massiva do universo a
ponto de aparentemente quebrar as leis da física! A força necessária pra isso é difícil de
imaginar porque não faz parte do nosso cotidiano. Mas nós podemos encontrá-la nos
primeiros instantes logo após a criação do universo. Frações de segundo depois do Big Bang.
Vamos supor que esses cubinhos aqui representam toda a matéria do universo. Isso aqui representa
o estado atual das coisas em que temos a matéria bem espalhada e distante uma da outra.
Mas acontece que se a gente voltar no tempo pra logo depois do Big Bang, vamos ver que
tudo se expandiu a partir de um único ponto. Isso quer dizer que frações de segundo depois
do início de tudo, toda a matéria do universo estava concentrada em um lugar muito pequeno.
E toda essa pressão fez com que aqui acolá alguns lugares se tornassem tão concentrados de matéria,
que assim que o universo nasceu, os primeiros buracos negros já foram nascendo também.
Esses buracos negros eram muitas vezes bem pequenos com massas menores
do que uma folha A-QUATRO. Tipo, CENTENAS DE MILHARES de vezes menores. Por
isso eles eram muito, mas muito pequenos. Eles eram tão pequenos que nem sequer caberiam
na nossa tabela. Eles teriam apenas um tamanho um pouco mais de UM comprimento de planck.
Isso é um número com TRINTA E CINCO ZEROS. Tamanhos menores do que isso basicamente
param de fazer qualquer sentido físico. Certo, então depois do seu primeiro segundo
de vida, o universo foi se expandindo e nunca mais houve concentrações de matéria tão
grandes. Ou seja, nunca mais um buraco negro nasceu de novo… ou pelo menos dessa forma.
A verdade é que existe uma segunda forma deles nascerem. E isso tem acontecido até hoje.
Essa é uma estrela genérica relativamente massiva, que tem pelo menos VINTE vezes a massa do
nosso sol. E nós podemos ver o interior dela. Ela, assim como toda estrela do seu tipo,
tem tanta matéria, tanta gravidade que o seu núcleo é capaz de fazer espontaneamente
fusão nuclear. Ou seja, a estrela está fundindo átomos leves em átomos mais pesados.
Esse processo libera muita energia, que faz a estrela tender a se expandir.
Porém, sua enorme gravidade faz tender a se contrair. E essas duas “forças” de contração
e expansão se equilibram mantendo a estrela estável. Até que uma hora não dá mais.
Depois de muito tempo vivendo sua vida fazendo fusão nuclear, chega um momento
em que os átomos vão se fundindo ficando cada vez mais e mais pesados, e quanto
mais pesados mais difíceis de fundir. Isso faz com que a energia fique cada vez
mais fraca e assim diminui a “força” de expansão que ela exerce. Com isso ocorre um
desequilíbrio de forças e a contração vence. Nesse momento a estrela inteira colapsa com sua
própria gravidade e depois de uma supernova, resta um objeto estranho com matéria
tão densamente compactada que nem mesmo a luz pode escapar da sua influência
gravitacional. Assim nasce um buraco negro.