Como é a relação entre o Brasil com a China e com os Estados Unidos?
0Uma coisa é fato, esqueça a ideia de um mundo multipol, porque nós estamos indo, na verdade, com todas as indicações que nós temos hoje, para um mundo bipolar, caótico. Que que isso significa? No período da Guerra Fria, todo mundo já sabe, nós éramos liderados por duas grandes forças geopolíticas. Estados Unidos de um lado, União Soviética do outro. No meio havia aqueles chamados países não alinhados, mas na prática esses não alinhados arrastavam a asa ou para um ou para outro. Mas havia de certa forma uma organização, uma ordem mundial muito bem planejada e construída, aonde Estados Unidos e União Soviética conseguiam controlar mais ou menos. Mas agora nós estamos indo para um mundo de ordem bipolar, só que caótico, porque aqui Estados Unidos até lhe deram um lado, mas eles não têm tanto controle e força e influência como tiveram na Guerra Fria. E do outro lado, a China, que também não consegue impor tanto a sua influência e a sua força, como a União Soviética fez nos países alinhados a eles lá na Guerra Fria. E diga-se de passagem, os modelos ideológicos e principalmente econômicos mudaram muito. Nenhum dos dois lados hoje em dia pensa em abraçar de fato o socialismo. Mesmo o pessoal falando da China comunista, uma coisa é fato. O que nós vemos na China não é comunismo e nem socialismo. Estaria muito mais próximo de um suposto fascismo do que necessariamente de um cap de um socialismo. O sistema econômico, capo chinês é extremamente dinâmico e vigor. Por isso desconfie de quem fale de colapso chinês. O que a China está prestes a acabar. Isso é bobagem. E a mesma coisa se aplica aos Estados Unidos. Os dois países terão enormes dificuldades no futuro, mas não há nada que indique qualquer chance de colapso ou ruptura do sistema desses dois países. Mas diante disso, como que fica o Brasil? Essa é a grande pergunta, porque muita gente aposta na China enquanto outras pessoas apostam nos Estados Unidos. E a qual que é a nossa relação? Como que o Brasil lida com esses dois? O que que é fátil e o que que não é? É isso que nós vamos ver no vídeo de hoje. Mas antes disso, não se esqueça de se inscrever no canal e de compartilhar esse vídeo com todo mundo que você conhece para ajudar o canal Geopolítica Mundial a crescer. O seu apoio é muito importante, já que o canal Geopolítica Mundial é praticamente esquecido, ignorado pelo YouTube. Então, o seu apoio é muito importante. O meu nome é Adrião Peta e esse é o canal Geopolítica Mundial. [Música] Esse tipo de coleta de dados sobre atividades econômicas, comerciais entre os países ou empresas é o que nós chamamos de inteligência financeira. Mas geralmente você conhece isso como inteligência da parte de segurança, envolvendo a siia, a Mossad, a M6 e por aí vai. Mas o que você não sabe é que empresas privadas também podem ter a sua agência de inteligência privada. Entra em contato com a BCI que está patrocinando aqui o canal. Se você é é a grama. Entenda que o Brasil é a grama. Tem uma coisa que a vasta absoluta maioria das pessoas na direita brasileira não entende. Uma coisa que é um problema tão grave que sufoca qualquer pretensão séria da direita voltar ao comando do país para administrar com estabilidade tudo que é relativo à parte de política externa do país, seja na política ou na área militar ou principalmente na área econômica. E essa coisa é o fato de que o Brasil e os Estados Unidos são rivais naturais e orgânicos em sua essência absoluta. Não inimigos. Isso é importante ficar muito claro, não são inimigos porque há uma relação muito forte, mas são rivais, são competidores. Existem poucas, muito poucas coisas que Brasília pode cooperar positivamente com Washington. Por outro lado, a China não é absolutamente competidora em quase nada com o Brasil. O segundo maior parceiro comercial do Brasil são os Estados Unidos, mas muito, muito dificilmente serão o primeiro algum dia. E de novo, nós não somos inimigos, mas somos rivais. E isso, é claro, também não imperde um certo grau de cooperação dos dois países. E por rivalidade, entenda que a relação Brasil e Estados Unidos, repito, não significa inimizade, mas competição. Isso é importante ficar bem estampado na sua cabeça, porque significa que não devemos escalar inutilmente tensões contra os Estados Unidos ou ter uma política de provocação, mas sim de ficarmos em alerta, porque diferente do que bolsonaristas pensam, o presidente Trump e qualquer outro presidente dos Estados Unidos vai governar pensando no bem dos Estados Unidos e não no Brasil. E se pensar no Brasil será pensando em como isso pode beneficiar aos Estados Unidos. Por outro lado, a cooperação e a relação comercial entre os dois países, Brasil e Estados Unidos, vai sempre existir e sempre será importante. Mas com a China, o Brasil não tem disputas diretamente e sequer indiretas, pelo menos não por enquanto. Entenda que não nos desindustrializamos por causa da China. Isso é um mito. Apenas uma parte é culpa dela. Nós nos desindustrializamos porque, primeiro não temos energia o suficiente para qualquer expansão industrial robusta. Não temos malha logística eficiente, seja em forma de rodovias, ferrovias ou portos. Temos um sistema judiciário absolutamente inseguro e imprevisível, que assusta qualquer pessoa que tenta investir ou contratar funcionários porque nunca sabe dos riscos futuros e por aí vai. E não adianta, quando você tá numa situação complicada ver algum advogado falar que tal causa é ganha, porque na vida real ninguém sabe de nada, porque é um sistema jurídico inseguro e cada processo é uma caixinha de surpresas. Temos também uma carga trabalhista colossal e impostos esmagadores e principalmente não temos mão de obra qualificada e nem qualquer projeto sério de qualificação de mão de obra. Recentemente estávamos discutindo no grupo de membros daqui do canal quando um dos membros comentou que agora trabalhando em mais contato com o setor industrial, ele foi em uma empresa e se lembrou de mim falando aqui no canal que por causa da minha fala de que brasileiro acha que colocar 50 manolos num galpão martelando e soldando já teria uma indústria moderna. Porque foi isso que ele viu? Ele se lembrou disso porque foi literalmente o que ele viu nas indústrias que ele visitou. Os únicos produtos de alta tecnologia nessas fábricas eram produtos importados justamente da China. E como eu falei, não há planos sérios para mudar isso. Se você acha que tem, desencana. Se você viu alguma propaganda de alguma prefeitura governo do estado anunciando algum centro educacional de ponta ou sei lá por formar pessoas qualificadas, não se iluda. Aquilo é paliativo, pequeno e de pouco alcance. Nada de fato existe para qualificarmos a mão de obra brasileira. Nada sério. A China é apenas um pedacinho bastante pequeno na crise de desindustrialização do país. Culpá-los é não só um ato covarde de abstração de realidade, mas mais do que isso, é um ato perigoso, porque ignora que o verdadeiro problema é interno de um estado paternalista, burocrático, corrupto e absolutamente ineficiente e por consequência nos impede de sequer cogitar de resolver esses problemas. Mas há ainda uma outra questão envolvendo agora nesse caso especificamente a direita, que é a demonização da China. Se por um lado temos uma idolatria infundada aos Estados Unidos, por outro temos um ódio descabido da China. E na verdade não é apenas a direita num sentido literal, é algo mais amplo, porque mesmo representantes do agro, setor absurdamente dependente das exportações para a China, frequentemente fazem declarações de como torcem para que a China quebre. A quantidade de gente torcendo pela quebra chinesa no Brasil é impressionante, mesmo com isso custando potencialmente danos incalculáveis ao próprio Brasil, danos de níveis catastróficos. Porque não tenha a ilusão de que se a China parar de nos mandar produtos, nós iríamos magicamente nos reindustrializarmos. Nós não iríamos, pelo contrário, essa nossa já defasada e ineficiente política industrial brasileira, com poucas, muito poucas exceções brilhantes, como a ouraer, depende de material, depende de equipamento ou matériapra que vem da China. Então, sem a China, a nossa pequena capacidade industrial ficaria ainda menor e não maior. Mas como o brasileiro é autodestrutivo, então não vejo muito jeito em resolver isso. Até porque sim, ainda que eu não acredite que a China irá colapsar, como alguns falam, ou que terá uma gigantesca reão ou que seria um tigre de papel, duas coisas são fatos. A primeira é que temos que diversificar ao máximo a nossa clientela global, porque é perigoso dependermos tanto de um único país. Mas por outro, mesmo que esse cenário catastrófico não aconteça na China, os chineses vão eventualmente diminuir as suas atividades econômicas para cá. Os chineses vêm essa dependência do Brasil como vulnerabilidade e estão estudando meios de sanar isso. Até por isso, antagonizar os Estados Unidos também, como os anti-americanos querem, também não é algo viável. e também seria contraprodutivo no longo prazo, seria até infantil e irresponsável, mas ao mesmo tempo sem ilusões de maiores parcerias ou amizades e menos ainda aliança. Porque eu fico repetindo isso porque eu quero forçar muito isso na sua cabeça. O Brasil e os Estados Unidos sempre serão pautados por algum nível de rivalidade, até porque isso é a maior dificuldade dos pró-americanos de entender. Os americanos não têm um plano sobre o que fazer com o Brasil. Somos o arque rival deles no mercado alimentar. E não há planos deles colocarem indústrias no Brasil. Eles querem puxar tudo de volta para dentro do seu território, com algumas exceções, abraçando o México nisso. E não irão tolerar e menos ainda apoiar militarmente uma força que num cenário futuro, em caso de indisposição, poderia vir a se contrapor a eles tão perto deles. Se tem uma coisa que os americanos não são, é serem idiotas. Entenda que desde 2000 o Brasil passou por mudanças drásticas em suas relações econômicas com os Estados Unidos e com a China, iniciando o século com os Estados Unidos como maior parceiro comercial, onde era o destino de 24% das exportações brasileiras em 2000. O país asiático emergeu então rapidamente. Em 2009, a China se tornou o principal parceiro comercial do Brasil, ultrapassando os Estados Unidos. Essa virada refletiu a especialização brasileira em commodities, porque em 2015 quase 60% das exportações para a China eram soja e minério de ferro. Em comparação, as exportações brasileiras para os Estados Unidos se concentram em produtos industrializados de maior valor agregado, como aeronaves, autopeças, eletroeletrônicos e por aí coisas similares. Sendo que em 2023 o Brasil exportou quase 29,9 bilhões de dólares em manufaturados para os Estados Unidos. Esse deslocamento do principal parceiro para a China alterou a pauta exportadora brasileira. As commodities agrícolas e minerais ganharam peso. Já nas importações do Brasil, a China também cresceu e passou de 2% do total em 2000 a quase 18% em 2015, vendendo ao Brasil principalmente bens de alta tecnologia, maquinário e eletrônicos. Os Estados Unidos também mantém uma participação importante nas exportações brasileiras entre 10 a 12% em décadas recentes, ocupando em geral a segunda ou a terceira posição de parceria comercial. De 2019 a 2023, por exemplo, as manufaturas enviadas ao mercado americano atingiram records, empregando 9,5.000 empresas brasileiras. Note que o comércio Brasil Estados Unidos é mais diversificado em termos de produtos, tendo aço, aviões, veículos, café e carne, enquanto Brasil e China permanece fortemente centrado apenas em matérias primas. A dinâmica econômica bilateral também envolve investimentos diretos. Na última década, os Estados Unidos foram consistentemente o maior investidor estrangeiro no Brasil, acumulando centenas de bilhões de dólares em capital produtivo em setores como automobilístico, químico, financeiro e de tecnologia. O Brasil, por sua vez, se tornou o grande receptor global de investimento externo direto, sendo que em 2023 atraiu 64 bilhões de dólares. O segundo lugar mundial atrás apenas do próprio Estados Unidos. Esses montantes incluem investimentos de origem americana e também chinesa. A participação chinesa, porém, se concentra em setores estratégicos ligados à energia. De a 2022, os investidores chineses acumulados no Brasil chegaram a 79 bilhões de dólares, em sua maioria em petróleo e gás, sendo 37%, e energia elétrica em 33%. Na prática, isso significa grandes investimentos da China na estatal Petrobras. em concessões de energia renovável e em infraestrutura elétrica. Mas apesar do volume acumulado, os aportes anuais chineses vem caindo nos últimos anos. Em 2023, foram apenas 1,73 bilhões de dólares, um aumento de 33% sobre 2022, mas ainda um nível historicamente baixo. Ao mesmo tempo, o fluxo de investimento externo direto dos Estados Unidos segue sem grandes oscilações, sendo mais estáveis, o que nos traz, então a relação com os Estados Unidos, porque aqui entra a ilusão dos que acham que o Brasil poderia se industrializar se afastando da China e se aproximar então dos Estados Unidos. Essa venda de produtos industrializados, primeiro que é dependente de equipamentos que vêm da China, porque não teríamos nem recursos para produzi-los. Então, se eles não vierem da China, não adianta, a gente não consegue produzir aqui. Não é algo possível. E segundo, não é algo que agrada aos americanos, que vem isso como uma vulnerabilidade. E é aqui que temos o grande desafio, porque nos últimos anos cresceram o número de queixas americanas relacionadas aos produtos agrícolas brasileiros. No segmento da carne bovina, o governo dos Estados Unidos baniu temporariamente em junho de 2017 as importações de carne fresca do Brasil por supostos problemas de segurança sanitária, citando, entre aspas, preocupações recorrentes sobre a segurança dos produtos destinados ao mercado americano. Esse embargo foi depois suspenso em fevereiro de 2020, quando o Brasil anunciou ter cumprido com as exigências sanitárias, indicando que o mercado americano reabriria as exportações de carne do Brasil. Em relação ao frango, não houve ações recentes e específicas, já que os Estados Unidos tradicionalmente restringem a concorrência estrangeira nesse setor. Na soja, embora não haja medida comercial direta para o Brasil, organismos do agronegócio norte-americano t expressado preocupação indireta com o impacto ambiental e sobre a oferta global. Ambientalistas e alguns analistas recomendam condicionar o comércio às práticas de preservação. Especialistas americanos defenderam que os Estados Unidos deveriam barrar produtos ligados à destruição das florestas, principalmente carne, soja e madeira, que vinham do Brasil. Essa pressão sobre o desmatamento na Amazônia associado à expansão da soja e do gado, na realidade é uma ferramenta política americana para quebrar a expansão do Brasil no agronegócio global. No caso do etanol, diversas lideranças do setor americano reclamam há anos da tarifa de importação de 18 a 20% que o Brasil impõe ao etanol americano. Um dirigente do Conselho Americano de Grãos apontou que enquanto os Estados Unidos cobram apenas 3% de tarifa, produtores brasileiros recebem subsídios ambientais que dão a eles vantagem competitiva desleal. Esses grupos americanos vêm impressionando a representante comercial dos Estados Unidos, a USR, para negociar redução dessa tarifa brasileira ou a impor medidas recíprocas às importações de etanol do Brasil, embora nenhuma sanção tarifária norte-americana tenha sido ainda efetivamente aplicada. E mais recentemente ainda temos a reclamação do governo americano sobre o Pix. Na reclamação eles não falam nominalmente Pix, mas falam de pagamento instantâneo. De acordo com eles, o Pix é uma concorrência desleal dos brasileiros contra empresas tipo Visa, Mastercard, Google Pay e outros. Em janeiro de 2020, a coalizão de fabricantes norte-americanos de molduras e marcenaria apresentou petições antidumping contra importações de molduras e peças de marcenaria de madeira do Brasil. Esses peticionários alegam que as exportações brasileiras estavam sendo vendidas nos Estados Unidos abaixo do valor justo, o que até agora tem sido rejeitado pelo próprio governo americano. Mas a pressão permanece e tem envolvido também políticos americanos na pressão ao governo. Já na indústria siderúrgica, os americanos têm sido muito agressivos, alegando concorrência desleal de importados brasileiros. Em setembro de 2024, os principais produtores norte-americanos, como a Nucore, a West Steel, a Steel Dynamics, a Weding Nipon, com apoio dos sindicatos locais, protocolaram petições junto ao Departamento de Comércio, pedindo investigação por subsídios e duping em aços laminados resistente à corrosão, chamados de core, importados do Brasil. Os peticionários alegam que o governo brasileiro concede subsídios fiscais e financeiros a ciderúrgicas locais, prejudicando então a indústria americana. Como esse caso é recente, ele ainda está em curso, então não temos como saber como que vai ser o resultado disso. Provavelmente com o envolvimento do Trump vai aumentar o número de pressões sobre o governo brasileiro em relação a essa questão do aço. Mas ainda no setor de metais, os Estados Unidos investigam há anos vários produtos de alumínios brasileiros, sendo que em 2020 o governo abriu inquérito antidumping contra as chapas de alumínio do Brasil. Em julho daquele ano já havia determinado margens de dumping preliminares de até 136% para a companhia brasileira de alumínio. Na parte de indústria petroquímica, em 2017, os Estados Unidos também lançaram mão de medidas antidumping contra o insumo brasileiro. A empresa Arnlaxio Brasil, antiga parceria da Diner Monsanto, foi alvo de investigação pelo tipo de borracha usada em pneus, adotando então o dumping de 19,61% para todos os exportadores desse produto do Brasil. E só um detalhe, tudo que eu apresentei até aqui ainda nem sequer tem a ver com as questões envolvendo o aumento tarifário do Trump para 50%. Tudo isso que eu falei até agora é coisa que já existia antes e foi acrescentando ao longo do tempo até chegar agora a essa ameaça do Trump em aumentar as tarifas em 50%. Essas reclamações são mais antigas até mesmo do que essa briga recente. No começo do ano, agora em 2025, ele aumentou, ameaçou aumentar as tarifas em 10% se não houvessem negociações. E agora ele voltou atrás e coloca o Brasil até mesmo com ameaça de 50%. A questão da do Trump aqui não tá muito clara, porque inicialmente ele disse que se tratava de liberalizar o comércio mundial à força. Depois ele evoluiu a discussão falando que na verdade era zerar o déficit comercial americano. O que qualquer pessoa sabe que entendendo mesmo que o mínimo de economia que é praticamente impossível fazer isso através da força. Mas agora ele evoluiu e agora está argumentando tanto uma perseguição política em cima do governo Bolsonaro, do da figura do governo Bolsonaro, perdão, bem como também uma tentativa de que os governo brasileiro estão atacando as bigtechs americanas. Ou seja, cada hora ele tem mudado o discurso, o que fica muito difícil para o governo brasileiro negociar. Mas o pior é que isso pode fazer com que o Brasil acabe sendo jogado de vez no colo da China, o que não é estrategicamente bom para o Brasil ser excessivamente dependente de um único parceiro econômico. O Brasil mantém parceras estratégicas distintas entre China e Estados Unidos. Com os Estados Unidos, há como cooperação em defesa, ciência e tecnologia e acordos de comércio setorial, mas não existe um tratado de livre comércio amplo. O maior esforço institucional bilateral recente foi através de iniciativas setoriais como a parceria comercial Brasil e Estados Unidos em bens industriais desde 2017 e acordos de facilitação comercial. Já com a China, o relacionamento institucional é mais formalizado. Desde 2004, há diálogo estratégico bilateral e cooperação em vários temas que envolvem energia nuclear, construção de satélites, sinobrasileiros ou ciências da vida. Ambos os países figuram como parceiros nos bricks e no novo banco de desenvolvimento e a China mantém uma linha de swap cambial ampla com o Brasil. Diante dessa rivalidade-americana, o Brasil adota uma política externa de, como disse o cientista político Rusen Calu, pendular, o que significa manter vínculos e acordos simultâneos com ambos, de aproximação com o líder econômico, a China, e de equilíbrio liderado pelo outro Estados Unidos. Essa estratégia é bem clara, por exemplo, na busca da modernização tecnológica com ambos, de 5G com equipamentos chineses, acordos de pesquisa médica com os Estados Unidos e na participação ativa em blocos multilaterais distintos. Além dos bricks, que é liderado pela China, o Brasil tenta integrar órgãos ocidentais sendo candidato ao CDE. É bastante óbvio que tanto os Estados Unidos quanto a China vem o Brasil como parceiro chave nessa disputa e buscam atraí-lo para suas esferas de influência. Mas ao mesmo tempo, apesar de retóricas amigáveis, que são isso, apenas isso, palavras amigáveis, na prática, ambos os países deixam firme sua posição de serem contrários à entrada do Brasil no Conselho de Segurança da ONU. Os Estados Unidos, por não quererem outro membro do hemisfério ocidental, e a China por receio de que isso acabe abrindo brechas para a entrada de uma Índia ou de um Japão. Ou seja, o pragmatismo, realismo e neutralidade devem pautar a relação do Brasil com a China e com os Estados Unidos. Um será eternamente rival, competidor, outro possui interesses momentâneos com o Brasil e eventualmente irá se afastar. Seja porque conseguiu achar alternativas, seja porque vai enfrentar algum nível de crise econômica, não importa. Certos setores ganham destaque nessa tríplice relação. No agronegócio, o Brasil é fornecedor de commodities, chave para China, peças fundamentais da segurança alimentar chinesa e que, graças à guerra tarifária com os Estados Unidos, tornou o Brasil indispensável para os chineses. Ao menos preste bem atenção, ao menos por enquanto. E também exporta alimentos etanol aos Estados Unidos. em energia, a cooperação e competição. Empresas chinesas detém participação em campos de petróleo brasileiros e em projetos de energia renovável, enquanto empresas americanas atuam num pressal. No setor de mineração, o Brasil vende minério de ferro, principalmente a China, mas investidores americanos e indianos disputam participação na Vale e em novos projetos. Mas há um problema no horizonte muito, muito sério. Porque se os dois titãs brigarem e perceberem que uma briga pode levar ambos à ruínas, poderão então fazer acordos bilaterais que acabarão por isolar o Brasil. Os Estados Unidos poderão obrigar a China a dar prioridade aos seus produtos americanos em troca de dar acesso aos produtos chineses, ao mercado americano, o que seria uma bomba atômica na economia brasileira, sobretudo no longo prazo. Possibilidade essa que só agora vem sendo motivos de preocupação das lideranças do agrobrasileiro. Pois é, torcer contra a China parecia legal até o momento em que começou a se tornar uma possibilidade real, mas como disse antes, o brasileiro é naturalmente autodestrutivo. A esquerda vai permanecer sendo incondicionalmente anti-americana e a direita brasileira continuará sendo antiinesa e idólatra dos Estados Unidos, mesmo que isso custe o seu próprio bem-estar e existência. E nesse sentido, eu preciso ser enfático e lembrar de novo, o problema não é só o Brasil querer se aproximar dos Estados Unidos. A maior parte dos movimentos políticos no Brasil até iriam querer, mas não adianta querer apenas de um lado. Os Estados Unidos podem até ter palavras doces e gentis e de amizade, mas na prática eles não têm uma estratégia, não existe uma doutrina sobre o que fazer com o Brasil. E enquanto não tiverem isso muito bem desenhado, qualquer aproximação do Brasil com os Estados Unidos acabará sendo temporária, porque eventualmente outras necessidades e projetos vão acabar passando por cima. E o problema é que a China tem um projeto para o Brasil, embora não é um projeto obviamente permanente. O que nos leva a um outro problema, que é o que o Brasil não tem estratégia sobre o que fazer no mundo ou numa situação pós- China. Como que fica a situação brasileira? Num cenário aonde a China possui uma retração econômica ou política de afastamento. Nós não sabemos porque não há estratégia. O Brasil segue apenas improvisando e reagindo de acordo com as circunstâncias, o que foi positivo por enquanto e não teve grandes efeitos negativos, aonde o mundo era mais estável, mas agora no mundo mais instável isso pode ser um problema muito grave. Obrigado a todos. Espero que vocês tenham gostado. Não se esquece de se inscrever no canal e não se esquece de compartilhar o vídeo com todo mundo que você conhece. E considera a hipótese de virar membro. Virar membro não só vai garantir que esse canal fica vivo, o que por consequência já é muito importante, mas também garante que você vai ter acesso aos conteúdos exclusivos. Você vai ter acesso a séries exclusivas como a história geopolítica dos Estados Unidos, a história do geopolítica do Império Mongol, a história militar chinesa, o curso de inteligência que eu forneço também aqui para os membros e outros vídeos exclusivos, além, é claro, das lives fechadinhas e exclusivinhas e bonitinhas comigo. Então, considere virar membro. 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