Como FUNCIONA a LEI da FAVELA? – RODRIGO PIMENTEL e JOEL PAVIOTTI
0Mas se a gente fosse falar, é uma pergunta assim pessoal que eu eu faço para muitas pessoas, porque eu tenho muita dúvida sobre isso. Se a gente falar em pena de morte no Brasil, né? E quero saber até a opinião de vocês, se puderem falar, claro, o que que eu penso para alguns casos que são provados e que são mais do que provados, porque a gente sabe que tem muitas pessoas que respondem são inocentes, né? Daria certo no Brasil, por exemplo, estuprador, não é provado, realmente sabe? pena de morte, assim como tiver nos Estados Unidos, etc. Daria certo aqui no Brasil? Pô, cara, é que é que Carol, quando a gente fala aprovado tudo, eu tenho um grande problema de discutir isso no Brasil quando o primeiro deputado da história desse país foi preso em 2004. Pô, é verdade. Mas calma aí, mas pô, é [ __ ] Mas assim, ó, estuprador, deixa eu deixa ser a posição clara aqui. Estuprador é cara que mexe com criança. Eu quero que vá pros quintos dos infernos. Tá exato. Você sabe que a gente tem um amigo que ele é da Polícia Federal e ele da área de pedofilia e ele contou para nós que assim, eles já tem tudo provado porque eles fazem um estudo daquilo ali muito tempo antes de e ele falou: “Carol, eu vou lá e eu ainda apanho.” Ele falou: “Os caras me chutam, eu apanho e eu tenho que ficar quieto”. Então quer dizer, a polícia que é uma pedofilia é um absurdo, né? Que nem a gente tá falando. E o cara ainda tem que chegar lá e apanhar do pedófilo e falar: “Não, não fui”. e sair o policial sai como ele tem que aceitar. Isso é um absurdo. Ô Carol, eu não confio na justiça brasileira, nem na polícia brasileira, na capacidade de elucção da polícia para que a gente tenha pena de morte no Brasil. E se você puder assistir lá um documentário dele, eu acho que foi o primeiro documentário que eu vi dele, foi do do lá da do fazendeiro lá do Rio de Janeiro, do da morte do da época do Pedro I, condenado à morte. Ah, o fera de Macabu. Se puder assistir. Tá tirou. Tá lá ainda não? Não tá lá, mano. É um dos mais. Ele fala sobre a última pena de morte do Brasil. Branco, né? O negro ainda foi executado. Que depois você vai investigar. Não tinha não tinha sentido. Não foi ele que fez, foi ele que matou. Ele só tinha inimigos poderosos que ele eram desafetos dele e ele acabou sendo e o Dom Pedro segundo se arrepende depois, né? É. É, ele nunca mais manda executar um e nos Estados Unidos acho que é alto índice de pessoas que vão pra pena de morte, acabam morrendo, mas que depois descobrem que elas eram inocentes. Então, se não, se se nos Estados Unidos tem problema, aqui no Brasil pode ser pior. Agora eu queria entrar em um assunto com vocês agora, só um segundo, cumprir a pena inteira, por exemplo, 60 anos de pena, 70 anos de pena, eu sou a favor para um esprador e tal, etc. Só que no Brasil sai muito antes, né? Se acontecer na periferia, não vai nem preso, tá? Uhum. Não vai preso nãum. O crime não deixa ser preso. Não, não, não. É que eu falo que ah, o crime resolve lá. Resolve. E é isso que eu queria entrar agora com vocês. É sim. Tribunal do crime, o que que a população que mora na comunidade pensa sobre isso? Muitas vezes resolve a vida do cidadão que mora lá ou eles têm medo do tribunal no crime? E assim, vamos supor que a pessoa seja julgada culpada. a gente já viu chicoteamento, qual que são a a a assim as as decisões mais cruéis assim que eles fazem? Cara, eh, uma das das em certas localidades, uma das formas de você entender se o traficante faz uma boa gestão ou não faz na localidade ou o chefe do crime, é a habilidade dele de resolver problemas cotidianos que tem muitos lugares. A gente tem problema aqui para definir uma sociedade. A gente não manda o pistoleiro. Algumas pessoas mandam o pistoleiro do aluguel, mas a gente entra na justiça, a gente consegue pagar, dá um processo aqui, outro processo ali e tal e etc. Eu tô recebendo processo de sócio. Beleza, a gente resolve dessa maneira. Na periferia o cara não vai na polícia, não vai na delegacia, muito longe, não resolve e tal. Os problemas cotidianos são resolvidos por quem tem o poder lá. Quando exacerba vira um crime muito grave, como por exemplo o estupro, alguma mexida com criança e tal, o tribunal do crime vem e já era, mano. Ele passa o rodo de verdade. Não tem segunda instância. Não tem segunda instância. Os cara passa o rodo mesmo. É rapidão você se reúne com os cara, faz uma, os caras faz ata. Inclusive tem uma ata que os caras faz, porque os caras tem que justificar depois lá para cima que tá fazendo. Caiu no tribunal do crime, já era. Aqueles três médicos no Rio de Janeiro, teve um caso na Barra da Tijuca que quatro médicos, eles foram num congresso, ortopedistas e eles estavam ali no quiosco na Barra, né? Tinham uma cerveja, o cara, dois caras descem no fet pus e pum, fuzila os caras. O irmão da deputada Samia, inclusive, né? Inclusive você me ligou uns uns minutos, depois você falou: “Mano, isso não é crime de polícia.” Foi. Falei para ele na hora. É na hora. Falou na hora. Eu já tava falando de polícia e tal, olha só que doideira, né? Aí ele já falou assim: “Mano, isso não é crime de polícia, o cara não fez bagulho de confere e tal e sair e tá errado.” Os cara confundiu. Eles confundiram os médicos com milicianos. A irmão da Samia Bf tava no meio disso daí. Ele era médico, né? E ele foi executado, infelizmente, era irmão da deputada federal. Que que aconteceu? O Tribunal do Crime achou os cara e matou os cara em 45 minutos depois do do do do acontecido. Acho que ainda mandou chamar, né? Mandou chamar ainda, né? Mandou chamar, né? Mandou chamar. Dizem aí, a Vera falou que talvez supostamente esses caras tenham feito uma videoconferência até dentro da própria cadeia e resolver, dizem e resolver era o BMW, Jean e Lecleo, não é isso? É só que o o Leque e o esqueci o o outro Leque, o Philip. Philip. E aí os dois foram executados e colocados, mas um deles era era filho de um porteiro do meu do meu prédio antigo, sabe? Caramba. Que era que e que ele me contou meses antes, ó, meu filho era miliciano e fez a transição pro Comando Vermelho. Olha o pai me contando essa história, né? Então assim, e depois o pai me contou, meu filho tava naquela pistolagem e e e morreu. Foi foi pro tribunal. E e aí lá ele é fuzilado. Ele foi fuzilado, né? Foi fuzilado. É, no caso porque tinha que fazer o serviço rápido, né? Em algumas situações os caras fazem outras coisas comador, acho que era uma resposta do comando vermelho pra sociedade, viu? Acho que era uma resposta do comando vermelho pra era bem assim, não? Deixou os caras num carro, no mesmo carro que aconteceu barato para não ter problema, deixou os caras no porta-mala e ó, é aqui, já julgamos, já condenamos, já o erro foi inadmissível, a gente não queria fazer isso. Mas deixa eu dar um outro um outro contexto disso também. Quando você tá no teu num prédio da zona sul do Rio de Janeiro, na Tijuca, em São Paulo, Salvador, e teu vizinho de cima deixa uma infiltração entrar na tua casa, você vai acionar o síndico e depois você vai partir pro pro juizado especial cívil, né, pro pro pro juizado. Vai ter uma decisão favorável. O vizinho de cima vai ter que fazer a obra, vai falar que pode fazer a obra só em 24 vezes a perder de dinheiro. Exato. Agora imagina isso numa laje de favela. O que que a gente que que a gente viu na época da UPP? A o PP foi estabelecida no Rio de Janeiro e o morador comprou uma laje. Aí ele comprou a laje de uma de uma de um barraco por É muito comum você vender sua laje para que alguém levante uma casa em cima. Aí o morador comprava a laje por 50.000, 60.000. Na hora que ele ia fazer a casa dele, o cara que vendeu a laje dizia: “Ó, te vendi a laje, mas não te vendia servidão para tu fazer a escada”. Ué, então é, perdeu, vendia laje, mas não vou te franquear a servidão. Uhum. Aí o morador procurava. [ __ ] hein? E o policial da UP não é juiz. O policial da UPva pro morador: “Olha, procura a justiça, né, porque você foi vítima de uma fraude, né?” Aí o morador dizia pro policial da PP: “Porra, vocês são os bundão, hein?” Uhum. Era o dia inteiro resolver unidade de polícia pacificadora, né? Que é aquela na quando o tráfico tava aqui, eles resolviam isso na hora. E realmente o tráfego chamava o meu irmão, que [ __ ] é essa? Tu vendeu a [ __ ] da laje? não vendeu a CV. Você é cauzeiro, você agora você vai você vai construir a escada até semana que vem. Então, e mas isso é o sinal claro de perda da soberania do Estado, porque uma das funções do Estado é levar à justiça, né? Claro. Agora pergunta se o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, aqueles desembargadores juízes, aqueles promotores, quando a Polícia Militar do Rio de Janeiro montou as bases das UPPs, nós montamos o PP no alemão, no Jacarezinho, no Santa Marta, pergunta se o o Tribunal de Justiça queria colocar um juiz dentro da favela, um fórum dentro da Rocinha, um fórum dentro dado negativo. Isso não é pra gente não. Inclusive os juízes do Rio de Janeiro fizeram uma proposta de ensinar mediação de conflito pros policiais militares para que os policiais resolvessem isso. Mas isso não é policial. Nossa, eu conversei com o policial da, ele falou: “Cara, era o dia inteiro resolvendo o problema”. Isso masculembação. É, é, é ausência de um plano de de país, como esse cara falou aqui, como o Joel começou falando Pimentel, não tem um plano de país. Então, para, pra gente recuperar a soberania, é importante o policial lá no terreno, a justiça no terreno, o promotor no terreno e assim vai. Eh, e você, que que a gente recebe todo dia o Joel? A gente até deleta essas porcarias. Eu recebi um morador em Salvador queimado pela uma facção. Ele roubou. botaram fogo no cara e ninguém podia pagar e as pessoas tinham que assistir, pessoal queimando. Car, eu gostaria de mandar esse vídeo paraos meus amigos de direitos humanos. Olha, olha o que que acontece quando a gente não recupera território. Olha o que que acontece quando eu deixo o comando vermelho, o BDM tomando conta de um território. E ele viu um caso também, não sei se você já fez vídeo sobre isso, cara, de três crianças do Rio de Janeiro que furtaram um passarinho de uma gaiola. Nossa, isso é um absurdo, né? Elas foram torturadas e degoladas, sabe assim, criança pelo comando vermelho. Elas tinham 9, 10 anos. 9, 10 anos de idade, passaram numa numa numa gaiola, viram o passarinho. Pô, vamos furtar. Rio de Janeiro ainda tem aquela cultura do passarinheiro. Tem São Paulo? É isso não, né? Aí furtaram o passarinho e o traficante era dono do passarinho ou então conhecia o dono do passarinho do comando vermelho. O traficante resolveu na mesma hora resolveu o problema, né? Então o tribunal ele vai resolver o cara que é pego em flagrante abusando e fazendo essas coisas, mas ele também vai fazer esse tipo de coisa com criança que vai fazer uma coisa que tenha sentido e uma coisa vermelho com ele depois nesse caso os dois os dois que envolveram isso eram um casal que era do do negócio do tráfico e depois os caras apagaram eles apagaram também. Ou seja a justiça, os os traficantes promoveram a justiça, mataram os meninos, né? E depois o comando vermelho provocou a segunda justiça, matou os caras, né? É, considerou uma decisão errada dos caras, irreversível foi lá e apagou os caras, né? É.