Como os Marinheiros da Era das Navegações Sobreviviam aos Invernos Gelados
0como era sobreviver ao inverno nos oceanos em noites escuras vento cortante chuvas e nevascas sem cobertor seco sem casacos térmicos só o frio o sal e a madeira gelada sob o corpo hoje vamos revelar os segredos os improvisos e os sacrifícios de quem desafiou o frio e escreveu a história com o próprio corpo ao pensar em grandes viagens como as de Vasco da Gama Pedro Álvares Cabral ou Fernão de Magalhães muitos imaginam mares tropicais sol escaldante coqueiros ao longe mas isso é só parte da história as rotas portuguesas espanholas e mais tarde inglesas e holandesas também passavam por zonas de clima extremamente frio as embarcações cruzavam regiões como o norte do Atlântico próximo à Bretanha Irlanda e Mar do Norte a costa sul da África durante o inverno austral o Atlântico Sul com ventos gelados e mar bravo eno caso das voltas ao mundo áreas próximas ao extremo sul das Américas essas regiões não perdoavam e o frio do mar é diferente do frio da montanha ou da cidade ele é úmido constante invisível e penetra nos ossos em Alto Mar abrigo verdadeiro os marinheiros raramente tinham acesso aos poucos compartimentos fechados reservados aos capitães oficiais ou cargas valiosas a maioria dormia no Convés ao relento nos porões entre barris e umidade em redes de pano quando havia ou simplesmente no chão da embarcação com o que tivessem para se cobrir sem isolamento com pisos de madeira congelados e correntes de ar constante o frio era tão presente quanto o sal ou o vento documentos da época relatam casos de marinheiros com barba congelada roupas endurecidas pela geada dedos enegrecidos e corpos que literalmente endureciam durante a noite muitos não acordavam no dia seguinte se você acha que o segredo era vestir uma boa jaqueta esqueça a realidade era outra as roupas dos marinheiros variavam conforme a nacionalidade o poder aquisitivo e o tipo de expedição mas em geral eram feitas com os materiais mais rústicos e baratos disponíveis o tecido mais comum era a lã grossa muitas vezes reaproveitada remendada ou reciclada a lã diferente do algodão ou do linho tem uma propriedade que a tornava valiosa no frio ela continua isolando o corpo mesmo quando molhada marinheiros vestiam camisas largas de linho ou algodão cru enrolavam-se em mantos panos velhos ou peles de animais uma técnica pouco conhecida mas muito usada engordurar as roupas com gordura animal sim untavam os tecidos com banha sebo ou óleo de peixe criando uma camada repelente à água e ao vento claro que isso criava um problema colateral as roupas cheiravam mal atraíam insetos e com o tempo emboloravam ou apodreciam mas quando a escolha era cheirar mal ou congelar a decisão era fácil as botas eram escassas muitos usavam apenas sandálias de couro cru ou embrulhavam os pés em panos criando verdadeiros sacos térmicos improvisados as mãos eram protegidas com luvas costuradas manualmente quando havia ou com pedaços de tecido enrolados como ataduras e a cabeça o calor corporal se perde em boa parte por ali e os marinheiros sabiam disso usavam gorros de lã chapéus de couro ou simplesmente enrolavam o que tinham em volta da cabeça e do pescoço mas mesmo assim o frio vencia muitas vezes se você acha que os navios da era das navegações tinham algum tipo de sistema para aquecer seus tripulantes pode esquecer não havia lareiras nem fornalhas seguras na verdade ter fogo em um navio de madeira era quase um crime ou uma tragédia em potencial a bordo das naus e caravelas do século X o fogo era monopolizado pela cozinha quando existia e ainda assim o fogo precisava ser pequeno contido em caixas de pedra areia ou ferro locais seguros para esse fogo eram os chamados fogareiros de bordo estruturas simples muitas vezes feitas com tijolos soltos ou pedaços de cerâmica onde se acendia um braseiro pequeno quase sempre na popa ou em algum canto isolado do Convés mas esse calor era apenas para cozinhar e raramente era permitido durante tempestades ventos fortes ou no meio da noite então o que restava para os marinheiros três únicas fontes de calor o próprio corpo a principal forma de se manter aquecido era com o próprio calor corporal por isso os marinheiros dormiam juntos encolhidos em grupos tentando reter calor sob lonas trapos ou barris vazios camadas de roupas e trapos como já vimos quanto mais camadas melhor roupas secas eram ouro por isso quando o tempo permitia expunham-nas ao sol ou ao vento para secar bebidas alcoólicas vinhos baratos rum aguardente e vinagre eram consumidos para aquecer o corpo por dentro mas havia um problema o álcool dilata os vasos sanguíneos dando uma falsa sensação de calor o que na verdade acelera a perda de temperatura corporal muitos marinheiros beberam demais tentando se aquecer e não acordaram na manhã seguinte imagine tentar dormir diretamente sobre um convés de madeira encharcado de água do mar com vento constante e sal impregnado por todo lado com o frio da noite a madeira congelava em mares como o Atlântico Norte ou em passagens próximas à Antártida há registros de geada se formando sobre os mastros e nos cabelos dos marinheiros e como se isso não bastasse a umidade constante criava um ambiente propício para doenças respiratórias fungos escorbuto e o temido febrão como chamavam as febres sem explicação para alguns capitães o frio era um teste de resistência e a morte de marinheiros por hipotermia era quase rotina substituíam-se os corpos com novos recrutas no próximo porto cruel mas real comer bem em alto mar já era difícil agora imagine tentar manter o corpo funcionando no frio comendo bolachas duras carne salgada e água barrenta a alimentação a bordo era básica repetitiva e na maioria dos casos fria as refeições quentes só aconteciam se o mar estivesse calmo o fogareiro estivesse acessível e o cozinheiro ainda tivesse algo decente para preparar o cardápio padrão do frio os alimentos mais comuns incluíam biscoito naval ou hardtech uma bolacha dura como pedra feita de farinha e água sem fermento carne salgada ou seca de boi porco ou peixe leguminosas secas feijões grão de bico queijos curados vinho ralo ou vinagre diluído em água para desinfetar em dias bons podiam fazer ensopados com água do mar desaconselhável mais comum sopas de feijão com carne seca mingaus de farinha ou aveia quando disponíveis e claro quando as provisões acabavam comiam o que tinha mas o objetivo de uma refeição quente não era só matar a fome ela aquecia o corpo era uma forma de resistência mental ao frio ao medo a solidão quando cozinhar era impossível os marinheiros usavam truques como guardar porções quentes de manhã dentro das roupas para manter o calor durante o dia ferver água e misturar com vinagre ou vinho bebendo em goles pequenos ao longo da noite mastigar especiarias como cravo ou gengibre para ativar a circulação isso quando havia e havia até crendices alguns acreditavam que beber caldo quente e dar três passos de costas espantava o frio da morte outros dormiam com uma colher de ferro nas mãos para atrair o calor do barco em resumo comer era sobrevivência mas comer quente no frio do mar era um milagre e um milagre que poucos podiam repetir todos os dias a bordo das naus e caravelas o frio não era um incômodo era um assassino invisível não fazia barulho não dava aviso e não tinha misericórdia a hipotermia acontecia em silêncio começava com tremores depois vinha a confusão os olhos perdiam o foco os dedos endureciam e em poucas horas o corpo adormecia e não acordava mais não era preciso uma nevasca o vento constante a roupa molhada e a exaustão física bastavam para que muitos sucumbissem relatos de bordo falam de marinheiros encontrados mortos encolhidos entre barris como se estivessem dormindo com as pálpebras congeladas e a barba coberta de gelo que ao levantarem de manhã deixavam pedaços de pele grudados na madeira do Convés não havia cobertores térmicos remédios ou socorro e quando alguém morria o ritual era simples o corpo era enrolado em um pano e jogado ao mar sem caixão sem oração a viagem continuava o frio constante enfraquecia o corpo e isso abria as portas para doenças como pneumonia a maior causa de morte a bordo nos meses frios gangrena nos dedos nas orelhas nos pés quando o sangue deixava de circular e havia o febrão naval uma mistura de febre dor nos ossos e delírio ninguém sabia explicar alguns diziam que era a maldição do vento frio outros que era o castigo por ter deixado a terra o que se sabe é que a cada expedição perdiam-se dezenas de homens e os sobreviventes voltavam transformados fisicamente emocionalmente espiritualmente apesar de tudo muitos marinheiros sobreviveram e escreveram com o próprio corpo o começo da globalização das rotas dos impérios mas como não foi com tecnologia foi com o instinto companheirismo improviso e uma resiliência que não se ensina só se aprende vivendo os homens que enfrentaram o mar não tinham nomes conhecidos não eram nobres eram anônimos mas foram eles que com mãos rachadas e corpos cobertos de trapos cruzaram os oceanos e mudaram o mundo e é por isso que contar a história deles importa porque ela é feita de frio dor mas também de coragem silenciosa hoje nos protegemos do frio com jaquetas calefação e edredons de pena mas por séculos foram homens como esses que desafiaram as águas congelantes e abriram as veias do mundo moderno se esse vídeo te ajudou a enxergar os bastidores da história com outros olhos já deixa seu like aí embaixo isso aquece o canal mais do que qualquer lareira compartilha com alguém curioso por história e se inscreve porque a maré da história está cheia de descobertas ainda não contadas até o próximo embarque