Como pescadores se defendem dos piratas dos rios do Brasil?
0Você já ouviu falar em Piratas do Brasil? Não estamos falando de histórias antigas ou de filmes de aventura com navios de velas rasgadas e baús de tesouro. Estamos falando de uma realidade cruel, violenta e assustadora que acontece hoje, nesse exato momento, nos rios da maior floresta tropical do planeta, a Amazônia. Prepare-se para conhecer os piratas que não navegam nos oceanos, mas sim nos rios do Brasil. Eles estão armados, organizados e t colocado em risco a vida de milhares de pessoas que dependem da navegação fluvial todos os dias. Mas como assim? O que são os piratas do Brasil? Os piratas brasileiros não se parecem em nada com aqueles dos filmes. Nada de espadas, bandanas ou papagaios no ombro. O que eles carregam são fuzis, pistolas, granadas e até lançadores de granadas. Em vez de navios à vela, usam lanchas com motores potentes que cortam os rios a velocidades impressionantes. Esses criminosos atuam principalmente nos rios Solimões e Amazonas, em uma região onde a presença do estado é quase inexistente. O isolamento, a dificuldade de fiscalização e a vasta malha hidrográfica fazem com que esses rios se tornem verdadeiros corredores para o crime. Segundo investigações da Polícia Federal e da Polícia Civil do Amazonas, os grupos de piratas estão organizados em pelo menos sete cidades ao longo do rio Solimões. E eles não atacam apenas trabalhadores ou embarcações de carga, mas até mesmo outros criminosos, como traficantes e garimpeiros ilegais. É o crime assaltando o crime. Os principais alvos desses piratas fluviais são as balças e embarcações que transportam combustível. Isso porque o combustível é valioso na região. Serve tanto para abastecer motores como para movimentar operações ilegais de garimpo e tráfico. Um galão de gasolina ou diesel pode valer mais do que ouro em certas comunidades isoladas. Há também casos de piratas atacando embarcações com ouro extraído ilegalmente e até sequestrando carregamentos de cocaína vindos do Peru e da Colômbia. Isso mesmo, os piratas brasileiros estão assaltando até mesmo traficantes de drogas armados. Em maio de 2024, uma reportagem revelou que os piratas têm se especializado em atacar embarcações que levam combustível justamente para financiar o tráfico e o garimpo ilegal. Eles sabem exatamente quando e onde atacar. Em algumas ações, chegam a usar drones para mapear os alvos, identificar a rota, a carga e até os pontos cegos da vigilância. Para entender a gravidade da situação, basta lembrar o que aconteceu recentemente com a tripulação de uma balsa que saiu de Manaus rumo a Porto Velho. Sete trabalhadores ficaram sob a mira de armas durante 7 horas, enquanto a embarcação era saqueada. Segundo relatos, o terror começou ao cair da noite, só terminou na madrugada seguinte. Outro caso chocante foi o sequestro de uma lancha com 23 pessoas no rio Amazonas. Os piratas tomaram a lancha, roubaram tudo e abandonaram os passageiros de uma ilha isolada, fugindo sem deixar rastros. Felizmente ninguém morreu, mas o trauma ficou. E nem sempre os finais são felizes. Em fevereiro de 2025, no rio Solimões, um tripulante de balsa morreu e outros dois ficaram feridos em mais um ataque. Os criminosos chegaram armados, dispararam e tomaram a carga. Esse tipo de ataque se tornou comum na região. De acordo com investigações da Polícia Federal, a pirataria fluvial se intensificou nos últimos 10 anos. As causas são uma mistura explosiva. Crescimento do garimpo ilegal, intensificação das rotas de cocaína. vindas do exterior e, acima de tudo, a ausência do Estado brasileiro nas áreas mais remotas. Com pouca ou nenhuma presença das Forças Armadas e das polícias nos rios da Amazônia, os criminosos agem livremente. A vastidão dos rios, os inúmeros igarapés e igapós e o difícil acesso por terra dificultam a fiscalização. Os piratas se aproveitam disso e somem na mata após os ataques. Além disso, o tráfico de drogas pela tríplice fronteira entre Brasil, Peru e Colômbia continua em expansão. As rotas fluviais se tornaram essenciais para os traficantes que enfrentam piratas tão perigosos quanto a polícia. Os piratas não atacam só grandes embarcações ou traficantes. Pessoas comuns também são vítimas constantes. Um caso emblemático foi o do pescador Elias Araújo. Atacado enquanto pescava com um amigo em um arquipélago no Rio Negro. Sete criminosos armados abordaram a pequena lancha dos pescadores. O amigo de Elias conseguiu fugir pulando na água, mas Elias foi capturado. Dias depois, seu corpo foi encontrado por equipes de busca. O crime deixou a comunidade local em choque e expôs a vulnerabilidade dos ribeirinhos frente aos ataques. E esqueça a ideia de criminosos amadores. Os piratas dos rios da Amazônia usam tecnologia de ponta. Com os drones, eles gravam vídeos, fazem reconhecimento do trajeto e organizam emboscadas com precisão militar. Além disso, eles usam rádios comunicadores, rastreadores e até falsificam lanchas com o nome da Polícia Federal para abordar outras embarcações. Em uma das investigações da Polícia Civil, os piratas foram flagrados usando lançadores de granadas, o que demonstra o poder bélico desses grupos. Durante o período da cheia, que vai dezembro a julho, os piratas se aproveitam da elevação das águas para fugir por canais secundários, além de se esconder na mata inundada e até desovar corpos. Segundo policiais, muitos corpos de vítimas aparecem em áreas alagadas com marcas de tiros, mas alguns somem antes mesmo da chegada das autoridades. As áreas de gapós, vegetações alagadas à beira dos rios são esconderijos perfeitos para quem deseja fugir ou se livrar de provas. A floresta vira um labirinto sem fim, onde o crime se dissolve. Mas a pirataria não é exclusividade da Amazônia. No mundo todo, esse tipo de crime tem assustado governos e empresas. Segundo o IMB, só em 2020 foram registrados 195 ataques de piratas nos oceanos, um aumento de 20% em relação ao ano anterior. Esses criminosos agem de forma semelhante aos da Amazônia. Usam armamento pesado, GPS, embarcações rápidas e ameaçam navios comerciais para roubar cargas valiosas. E combater os piratas é uma missão quase impossível. No mar, os países só têm soberania até cerca de 22 km de sua costa. Já nos rios da Amazônia, a dificuldade é logística e estrutural. Faltam barcos, combustível, efetivo policial e apoio militar. Além disso, a atuação dos piratas muitas vezes se mistura com outras atividades ilegais, como o tráfico e o garimpo, tornando o combate ainda mais complexo. Em algumas cidades ribeirinhas, há denúncias de que os próprios moradores lincharam ajudantes de piratas numa tentativa de fazer justiça com as próprias mãos. O Brasil tem que reforçar a atuação das Forças Armadas e da Polícia Federal nos rios da Amazônia, além de melhorar as estruturas de fiscalização usando tecnologia para garantir segurança para as comunidades ribeirinhas e para quem vive no trabalho honesto nos rios. Se você chegou até aqui é porque gostou do vídeo. E se quiser nos ajudar a fazer mais vídeos sobre o meio agro rural que tanto amamos, basta se tornar membro do canal a partir de 7,99 e seu nome vai começar a aparecer no final de todos os vídeos, assim como dos nossos amigos apoiadores. E não esqueça de deixar seu like, se inscrever no canal e deixar aí nos comentários o que você achou. Até o próximo vídeo. Tchau. Tchau. [Música]







