Copan: A Cidade Vertical de São Paulo Que Nunca Dorme

0
Share
Copy the link

imagine um edifício tão imponente que possui seu próprio CEP abriga uma população equivalente à de uma pequena cidade e exibe uma fachada que serpenteia entre as construções retas do centro de São Paulo Acrescente a isso partilhas que se desprendem histórias de fantasmas polêmicas milionárias e um arquiteto que se afastou do projeto Esse é o edifício Copan um ícone da arquitetura moderna brasileira e talvez a mais profunda contradição urbana do país Mas afinal o que torna o Copan tão especial e porque ele continua sendo objeto de debates inspirações artísticas e controvérsias quase seis décadas após essa inauguração em 1951 as vésperas do quarto centenário de São Paulo Oscar Niemia foi convidado a projetar um edifício monumental A inspiração o Rock Feller Center de Nova York A ambição unir habitação comércio cultura e turismo em um único complexo Nasci o Copan ou melhor o projeto da Companhia Pan-Americana de Hotéis e Turismo daí o nome Copan No entanto antes mesmo do início das obras o país enfrentou mudanças significativas O Banco Nacional Imobiliário faliu e a PANAM retirou o seu apoio ao empreendimento Somente em 1957 o Bradesco assumiu financiamento mas já era tarde A utopia seria moldada pela realidade econômica Com 115 m de altura e 120.000 m² de área construída o Copan é até hoje a maior estrutura de concreto armado do Brasil São 32 andares divididos em seis blocos com mais de 1160 apartamentos de tamanhos variados Estima-se que mais de 5.000 pessoas residam ali e com cerca de 70 estabelecimentos comerciais o Copan é praticamente uma cidade vertical Não por acaso possui CEP próprio 01 046 925 A fachada de curvas sensuais segundo Neemer mais humanas que linhas retas é revestida por 72 milhões de pastilhas cerâmicas O problema elas começaram a se desprender e em 2014 foi necessário instalar rede de proteção já que os próprios moradores recusaram uma reforma de 23 milhões em três assembleias Curvas belas mas com manutenção complexa Uma metáfora perfeita do Brasil urbano moderno O Copan começou como símbolo de progresso mas nos anos 70 e 80 com o declínio do centro da cidade tornou-se o símbolo do abandono O bloco B com 448 kitnets e 192 apartamentos conjugados ganhou fama de cortiço vertical marcado por assaltos batidas policiais e conflitos noturnos Já o bloco D com apartamentos de alto padrão abrigava a elite paulistana O contraste interno refletia desigualdade do lado de fora Nos anos 90 veio a retomada O prédio passou a ser administrado pelos próprios moradores e começou a atrair a classe média artistas jornalistas e arquitetos em busca de autenticidade e localização O Copan é tão icônico que virou personagem Está em livros filmes novelas documentários e até eventos budistas no Elonto Ele aparece em novelas como Belíssima e Anjo Ma em filmes como Não por acaso e Ensaio sobre a Cegueira de Fernando Meirelles além de videoclipes exposições e campanhas publicitárias sua silhueta inconfundível virou assinatura visual de São Paulo Várias figuras conhecidas também já passaram por ali O músico o arquiteto Paulo Mendes da Rocha e o artista Guto Lacá já estiveram entre os seus moradores Jornalistas cineastas intelectuais o escolheram como lar ou inspiração não apenas pela arquitetura mas pela alma urbana do lugar O livro A arca sem Noé de Regina Reda venceu o prêmio Jabuti retratando histórias reais do cotidiano no prédio O bar da dona onça um dos restaurantes mais prestigiados da cidade funciona no terrio E os elevadores ainda tm máquinas originais da década de 60 funcionando Aliás o Copan é repleto de soluções inteligentes O andar técnico sobre os apartamentos facilita manutenção e um gerador próprio manteve o prédio iluminado no apagão de 2009 mas também enfrenta desafios Por décadas os moradores usavam um caderno para registrar visitantes por falta de interfone Hoje ele é visitado como ponto turístico É possível agendar visitas gratuitas ao terraço e até se hospedar no prédio Há unidades de temporadas disponíveis E como todo gigante o Copan também tem seus fantasmas literalmente Moradores relatam vultos vozes barulhos estranhos e até um espírito que habita a casa de máquinas dos elevadores Existe até grupos de WhatsApp dedicados a catalogar aparições O humorista Paulo Vieira afirma ter presenciado fenômenos E há quem diga que espalhar essas histórias é útil Afinal assombrações podem reduzir o valor do aluguel O Copan é mais que arquitetura é concreto que pulsa cidade que vive e curva que resiste Ele resume São Paulo e talvez o Brasil em um só gesto arquitetônico Se você apreciou essa jornada inscreva-se no Edificado Aqui transformamos arquitetura e engenharia em histórias envolventes Até a próxima M

Comments

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *