CRUZANDO OS LIMITES DA VIA LACTEA (PARTE 2) | DOCUMENTARIO 2025
0[Música] Quando olhamos pro céu noturno em um lugar bem escuro, longe das luzes da cidade, podemos ver uma faixa esbranquiçada cortando o horizonte. Essa faixa é a nossa galáxia, a Via Láctea. O nome vem do latim e significa caminho de leite, porque parece mesmo uma estrada leitosa cruzando o universo. Mas por trás desse espetáculo suave se esconde uma estrutura gigantesca e cheia de segredos que só começamos a desvendar recentemente. A Via Láctea é uma galáxia espiral com braços cheios de estrelas, poeira e gás que se enrolam em torno de um núcleo central. Estima-se que contenha algo em torno de 200 a 400 bilhões de estrelas. E uma dessas estrelas é o nosso sol, que fica em uma região chamada braço de Orion. Mesmo sendo apenas uma entre bilhões, nossa estrela é especial, pois foi ao seu redor que a vida surgiu. Nas últimas décadas, os astrônomos fizeram descobertas impressionantes sobre a Via Láctea. Utilizando telescópios espaciais como o Hubble, o Xandra e o Gaia, fomos capazes de medir movimentos de estrelas, observar radiação invisível a nossos olhos e até mapear a posição de milhões de astros com precisão. Com essas observações, aprendemos que a Via Láctea não é uma ilha isolada. Ela interage com galáxias vizinhas e já engoliu outras menores ao longo de bilhões de anos. E graças a essas sondas e décadas de estudos e observações, descobrimos uma variedade incrível de objetos que vão desde buracos negros passando por estrelas de nêutrons e exoplanetas promissores que podem suportar a vida. E no vídeo de hoje visitaremos alguns desses lugares fascinantes que servem para entendermos melhor não apenas nossa galáxia, mas o universo como um todo. Nossa jornada começa aqui mesmo no nosso sistema solar e o lugar que visitaremos é a maior lua de Netuno, Tritão, um mundo incrível com atividade geológica, montanhas e vulcões e que, ao que tudo indica, não se formou na órbita de Netuno, mas sim no cinturão de Kiper, sendo capturado pelo gigante azul muito tempo após sua formação. Agora, saindo do sistema solar, conheceremos alguns exoplanetas fascinantes capturados pelo telescópio Kepler. E eles tem algo em comum. Aparentemente todos são parecidos com a nossa casa, a Terra. Então, será que em algum desses mundos existe vida? Seguindo em frente, visitaremos alguns aglomerados estelares que estão localizados aqui na nossa galáxia. É importante compreendermos essas estruturas não apenas para entender a dinâmica das estrelas em um espaço tão pequeno, mas também porque esse bolo estelar esconde alguns monstros em seu interior, os buracos negros de massa intermediária. Diferente dos buracos negros supermassivos e de massa estelar, essa ainda é uma categoria pouco compreendida de buraco negro. E a resposta que precisamos pode est nesses aglomerados globulares. E para finalizar nossa viagem pela Via Láctea, visitaremos J09520607, uma estrela de nêutrons feroz que tá consumindo matéria da sua estrela companheira a todo vapor. Esse astro que é um dos mais extremos do universo, tá quase no seu limite máximo de matéria. Quando finalmente atingir seu estado crítico, ele entrará em colapso, dando origem a uma rápida explosão e, após isso, um buraco negro. Se isso acontecer em breve, essa será a primeira vez que veremos a formação de um buraco negro em tempo real. Apertem os cintos. Nossa jornada pela Via Láctea começa agora. [Aplausos] [Música] [Música] Existem centenas de luas no sistema solar e, por incrível que pareça, algumas são até mais fascinantes do que os planetas que orbitam. Até junho de 2024, um total de 294 luas foram descobertas. A maioria bem pequena, como as luas de Marte, Fobos e Demos, mas algumas são grandes o suficiente para exibir características impressionantes, como o oceano escondido sob a crosta congelada de insélado, a densa atmosfera que envolve titã ou o cenário vulcânico e extremamente ativo de IO. Acredita-se que a maior parte dessas incríveis luas tenha se formado junto com seus planetas no início do sistema solar ou tenha surgido a partir de colisões gigantescas, como aconteceu com a nossa própria lua. Mas existe uma lua em especial cuja origem permanece o mistério, talvez a mais estranha de todas. Tritão, a maior lua de Netuno. Um mundo que não nasceu com Netuno e nem se formou a partir dele, mas que foi capturado em uma órbita invertida, destruindo quase todo o antigo sistema de satélites do gigante azul, como se fosse uma espécie de assassino de luas. E como toda boa história de suspense, essa também tem uma revirvolta surpreendente no final. Tritão foi descoberto pelo astrônomo William Lel, que em 1846 avistou a lua apenas 17 dias após a descoberta do próprio Netuno. Como podemos ver nessa imagem do telescópio James Web, Tritão é claramente um mundo grande. Na verdade, é a sétima maior lua do sistema solar e tem mais de 200 vezes a massa de todas as outras luas de Netuno somadas. Mas embora Tritão possa ser vista da Terra com o telescópio, nenhum detalhe real da sua superfície é visível. Foi só em 1989 que, pela primeira vez conseguimos ver esse mundo misterioso de perto, quando a sonda Voyager 2 fez um sobrevoo pelo satélite, concluindo sua histórica missão pelo sistema solar exterior. [Música] Durante esse encontro, a Voyager 2 registrou imagens que deixaram os astrônomos surpresos, pois havia sinais claros de que Tritão, mesmo estando a bilhões de quilômetros do sol, era um corpo ativo. Nessas imagens próximas, é possível ver uma superfície geologicamente jovem, com que parecem ser jaseres ativos, liberando material a partir de sua crosta congelada, um indício de que pode existir um oceano subterrâneo escondido no interior da lua. Apesar da superfície de tritão ser extremamente fria, chegando a -235ºC, abaixo dessa crosta congelada pode haver água líquida circulando. O que levanta a mesma pergunta já feita sobre Europa e célado. Se há um oceano, poderia existir vida ali. [Música] Enquanto a Voyager 2 passava pela lua gelada, ela conseguiu mapear apenas cerca de 40% dela. No entanto, as bizarres de tritão não param na sua superfície. Se ampliarmos a nossa visão do sistema de Netuno, perceberemos que Tritão orbita seu planeta. Ao contrário, as grandes luas do sistema solar, como a nossa lua, e todas as principais luas de Júpiter, Saturno e Urano, orbitam aproximadamente no mesmo plano de seus planetas e na mesma direção que seus planetas giram, que visto do Polo Norte é no sentido antihorário. Mas Tritão ignora completamente essa regra. Esse estranho mundo orbita na direção oposta à rotação de Netuno e em uma inclinação absurda de 157º em relação ao equador do planeta. Essa órbita em comum, chamada de órbita retrógrada, sugere que Tritão teve uma história muito diferente das outras grandes luas do sistema solar, levando os astrônomos a suspeitarem que ela, na verdade, foi capturada de outra região do espaço. [Música] É claro que hoje ainda é impossível saber exatamente como Tritão acabou orbitando Netuno, mas usando modelos de computador junto com as informações que já coletamos sobre essa lua misteriosa, podemos ter uma boa ideia do que aconteceu. Segundo os astrônomos, o modelo que faz mais sentido é o seguinte: Tritão já foi parte de um sistema duplo vagando pelo cinturão de Kiper, a mesma região onde tá Plutão, por exemplo, que por sinal também tem uma grande lua, Caronte. Em algum momento na história do nosso sistema solar, Tritão e seu companheiro cósmico se aproximaram demais de Netuno. A poderosa gravidade do gigante azul acabou capturando o tritão, que estava se movendo e sentindo retrógrado em relação ao seu parceiro. Esse movimento fez com que Tritão perdesse velocidade o suficiente para ser puxado e ficar preso na órbita de Netuno, em um lar novo e, provavelmente indesejado. Mas e o destino do seu antigo companheiro, bem, provavelmente foi lançado pras profundezas escuras do sistema solar, condenado a vagar sozinho para sempre. Esse jogo de pimba cósmico acabou transformando tritão na nova lua de Netuno e a única grande lua do sistema solar que orbita no sentido horário. Se esse modelo estiver certo, isso significa que Tritão já foi o verdadeiro rei do cinturão de Kiper, já que possui um tamanho maior que Plutão. Mas a história desse sequestro celestial não termina por aí. Antes de Tritão chegar, Netuno, assim como Júpiter, Saturno e Urano, provavelmente tinha um sistema cheio de grandes luas orbitando ao seu redor. No entanto, hoje as luas originais de Netuno são muito pequenas e estão bem próximas do planeta ou então estão espalhadas em órbitas alongadas e excêntricas. Isso sugere que a chegada de Tritão causou um verdadeiro caos, expulsando as luas externas para longe. Atualmente, Netuno tem apenas 16 luas conhecidas, enquanto, por exemplo, Júpiter tem 95. Agora, sabendo que Tritão provavelmente veio do cinturão de Kiper, as coisas começam a fazer sentido. Se olharmos novamente pra sua superfície, ambos são incrivelmente parecidos em tamanho e também tem superfícies geologicamente jovens, quase sem crateras de impacto, o que indicam que são mundos ativos e que constantemente renovam suas superfícies com erupções de gaseres. Sabemos também que ambos possuem uma fina atmosfera de nitrogênio e compartilham materiais semelhantes em suas superfícies. Tritão tem inclusive uma coloração naturalmente avermelhada, provavelmente causada pela transformação do gelo de metano em tolinas sob a ação da luz ultravioleta, exatamente como acontece em Plutão e outros planetas anões. Por isso, mesmo sendo hoje a sétima maior lua do sistema solar e ligeiramente maior que os planetas anões Plutão e Eris, Tritão provavelmente já foi um dia o verdadeiro rei do cinturão de Kiper. No entanto, o plot twist envolvendo esse suspense cósmico é que Tritão provavelmente tá destinado a um fim violento. Seu tempo, como a maior lua de Netuno, tá com os dias contados. [Música] Por causa de sua órbita única, a gravidade de Netuno tá constantemente desacelerando o Tritão, o que faz com que ele se aproxime cada vez mais do planeta. Tritão já tá mais perto de Netuno do que a nossa lua, tá da Terra. E um dia, em cerca de 3,6 bilhões de anos, ele cruzará o limite de rochê, que é a distância mínima na qual um objeto pode se aproximar de um planeta antes de ser despedaçado pela gravidade. Depois desse ponto, não há mais volta. Tritão provavelmente será destruído em um evento espetacular, resultando na formação de um gigantesco anel em torno do gigante azul, possivelmente tão magnífico quanto os anéis de Saturno. E assim a história épica de Netuno e Tritão continua até hoje. Mas esse não é um conto de Davi contra Golias, porque aparentemente Netuno vai vencer essa batalha gravitacional, despedaçando o tritão e transformando seu corpo em um anel magnífico. Uma lembrança de um momento grandioso na história do nosso sistema solar. Mas enquanto esse cenário sombrio tá distante, não podemos esquecer que Tritão possui água abaixo da sua crosta de gelo. Então, será que esse mundo exótico poderia abrigar a vida? Apesar de estar completamente coberto por gelo, oceano hipotético abaixo de toda essa camada superficial congelada poderia ser aquecido e, portanto, quem sabe abrigar a vida. Isso porque, como sabemos, a água é um fator crucial no desenvolvimento da vida, servindo como meio principal para muitos processos biológicos necessários para qualquer organismo vivo que conhecemos. Além disso, a possibilidade de vida, entretão, é influenciada por vários outros fatores importantes. Além dos jaseres que lançam nitrogênio na superfície, a Voyager observou outra pluma criovulcânica. Essa era bem diferente. Ela tinha uma coloração mais escura. Estudos mostraram que a cor preta em comum da pluma, que era expelida a 12 km de altura, indica que, provavelmente, ela é composta por materiais ricos em carbono. E como sabemos, o carbono é a base fundamental pra formação de um organismo, desde o mais simples até algo mais complexo, como nós. No entanto, tritão é muito frio, então é improvável que formas de vida complexas, como as que conhecemos, possam existir por lá. Além disso, embora o satélite tenha uma atmosfera rica em nitrogênio, assim como a Terra, ela é muito fina, o que significa que não conseguiria reter calor suficiente. No entanto, a temperatura na superfície de tritão ainda pode subir, embora não há níveis muito altos. Em 2010, cientistas usando o telescópio VLT descobriram que Tritão também tem estações, assim como a Terra, mas cada uma dura não 3 meses, mas 40 anos. Atualmente é verão no hemisfério sul e inverno no hemisfério norte da lua. À medida que o hemisfério sul se aquece, uma fina e gelada camada de nitrogênio, metano e monóxido de carbono na superfície de tritão sublima-se em gás, tornando a atmosfera gelada do satélite mais espessa à medida que a estação progride no decorrer da órbita de 165 anos que Tritão executa em volta do Sol. Baseado na quantidade de gás medido, os astrônomos estimam que a pressão atmosférica de Tritão aumentou consideravelmente quando comparada às medições feitas pela sonda Voyager 2 em 1989, quando a lua de Netuno ainda estava na primavera. A pressão atmosférica de Tritão encontra-se agora entre os 40 e os 65 microbars, 20.000 vezes menor do que a da Terra. Os cientistas já sabiam que o monóxido de carbono estava presente na superfície da lua sob a forma de gelo. Mas esse estudo mostrou que a camada mais superficial possui 10 vezes mais gelo de monóxido de carbono do que as camadas mais profundas. E é essa camada superficial que alimenta a atmosfera. No entanto, se existir um oceano, isso não exclui a possibilidade de que formas de vida simples possam se desenvolver na água do satélite. Mas é importante ressaltar que isso é apenas uma ideia e nenhum tipo de vida jamais foi detectada fora da Terra. E para tentar desvendar alguns dos mistérios de Tritão, uma visita havia sido proposta em 2019, mas infelizmente foi cancelada. A missão da NASA se chamaria Tridente e seria lançada nesse ano, em 2025, aproveitando um alinhamento planetário. A ideia era utilizar a assistência gravitacional de alguns planetas, incluindo Júpiter, para chegar a Netuno, o que permitiria uma aproximação de Tritão, semelhante como a sonda New Horizons fez em Plutão em 2015. A sonda tridente mapearia a superfície de Tritão, estudaria sua fina atmosfera e, é claro, examinaria seus jeres ativos na esperança de encontrar evidências de um oceano subterrâneo. A missão Tridente foi cancelada porque perdeu uma disputa contra as missões em Vênus da 20 Plus e Veritas que serão lançadas na próxima década. As sondas irão estudar mais profundamente a atmosfera tóxica do planeta e fazer mapas detalhados da superfície de Vênus. Infelizmente, não vai ser dessa vez que novamente veremos Tritão de perto, mas de qualquer forma Vênus é um planeta fascinante e com certeza essas novas missões trarão descobertas incríveis. A importância em desvendar os mistérios de Tritão vai além do fascínio científico. Cada revelação sobre essa lua distante pode fornecer insites cruciais sobre a formação e evolução dos corpos celestes no sistema solar. Além disso, a busca por vida extraterrestre ganha um novo impulso com a descoberta de ambientes potencialmente habitáveis, mesmo que sob condições extremas. Talvez em breve possamos responder as perguntas sobre como oceanos globais se formam em planetas e satélites gelados, o que os torna geologicamente ativos e, finalmente, se estamos sozinhos. À medida que desvendamos os segredos de Tritão, expandimos os limites do conhecimento humano, nos conectando de maneira mais profunda com os mistérios do universo. Os oceanos da Terra contém mais de 1 bilhão 300 milhões de kilômetr cic de água. Uma quantidade simplesmente impressionante. Se algum dia você for à praia e encher um balde no oceano, ele se encherá apenas de água, certo? Mas isso não significa que não existam e inteiros prosperando sob a superfície. O mais incrível é que isso não apenas mostra como a vida na Terra é fascinante, mas pode servir também como uma analogia ao universo. Hoje, nossos instrumentos, apesar de terem evoluído bastante, ainda são extremamente limitados. Quando utilizamos eles para procurar vida no universo, estamos basicamente enchendo um balde com água do oceano. Isso porque mesmo que não tenhamos encontrado nenhuma vida na nossa busca limitada, não significa que não exista formas de vida simples ou até mesmo avançadas universo aa no grande cenário do universo, nossas explorações ainda representam apenas um fragmento e mesmo assim já revelaram dezenas de exoplanetas potencialmente habitáveis. Cientistas do mundo todo estão em uma verdadeira caçada por mundos alienígenas que possam abrigar a vida. E para isso eles buscam planetas com as mesmas características da Terra: tamanho semelhante, clima suportável, presença de água líquida e uma estrela que não queira nos fritar como um ovo no asfalto quente. Entre milhares de candidatos espalhados pelo universo, alguns se destacam. Eles têm órbitas familiares, luz suficiente para alimentar plantas e a nossa vitamina D e até chances de ter oceanos, vulcões e talvez, quem sabe vida. O mais incrível, muitos desses planetas foram descobertos quase por acaso, como se o cosmos estivesse tentando nos mostrar que não estamos sozinhos nessa imensidão. Na busca por planetas habitáveis, os cientistas procuram por gêmeos da Terra, mundos que se assemelham bastante ao nosso. O gêmeo da Terra, como o nome sugere, tem um tamanho similar ao do nosso planeta, o que aumenta a chance de possuir uma superfície rochosa. Além disso, é essencial que o planeta orbite uma estrela parecida em tamanho e atividade com o nosso Sol e que esteja a uma distância adequada, claro, dentro da chamada zona habitável. O exoplaneta Kepler 452B foi o primeiro planeta com características terrestres encontrado orbitando uma estrela similar ao Sol e talvez seja um forte candidato a mundo habitável. Em 2015, os cientistas o consideravam o planeta mais parecido com a Terra já descoberto e com bons motivos. Isso porque, assim como o sol, a estrela Kepper 452 é uma anã amarela do tipo G, com temperatura parecida, mas cerca de 1,5 bilhão de anos mais velha. Apesar de ser um pouco mais brilhante e maior em diâmetro, a energia que atinge Kepler 452B é apenas 10% superior à que a Terra recebe do Sol. Com um diâmetro de cerca de 1,6 vezes maior que do nosso planeta, há mais de 50% de chance dele ser o mundo rochoso. Até mesmo as órbitas dos dois planetas são semelhantes, já que Kepler 452B leva cerca de 385 dias para completar uma órbita ao redor da sua estrela. Kepler 452B também tá na zona habitável, cerca de 5% mais distante em relação a distância entre a Terra e o Sol. Cientistas acreditam que esse planeta teve uma vantagem considerável pro surgimento da vida, passando cerca de 6 bilhões de anos dentro da zona habitável da estrela. Mas claro, isso só seria relevante se ele tivesse desde o início as condições certas pra vida. No entanto, descobertas recentes mostram que Kep Kep Kepler 452B atende a alguns desses critérios. Um estudo aponta que se a concentração de CO2 em sua atmosfera for semelhante à da Terra, ele pode sim ser habitável. Mas como seria viver nesse mundo alienígena? Por ser mais massivo que a Terra, o planeta também teria uma gravidade de superfície mais intensa. Nesse novo ambiente, os humanos sentiriam seu peso praticamente dobrado, precisando se adaptar a essa nova condição. A locomoção seria difícil no início, mas com o tempo a adaptação aconteceria, permitindo que a evolução seguisse seu curso. Um ex-astronauta da NASA acredita que assim como os povos que vivem em altitudes se adaptaram às condições em que vivem, nossos corpos também se adaptariam ao novo ambiente, ficando gradualmente mais fortes. Mas, no entanto, nem tudo seria diferente. Graças à sua atual proximidade com a estrela, Kepler 452B teria um clima que lembraria bastante o da Terra, com níveis de luz solar e temperatura superficial muito parecido com os nossos. As plantas provavelmente ainda dependeriam da fotossíntese como a principal fonte de energia, crescendo com o ritmo e intensidade semelhantes ao que vemos por aqui. Cientistas também especulam que esse hexoplaneta pode ter uma atmosfera densa, água em estado líquido na superfície e até vulcões ativos. Se a maioria dessas previsões estiver correta, Kepler 452B é um fortíssimo candidato a se tornar a Terra 2.0. Mas talvez isso não dure para sempre. Pesquisadores acreditam que o planeta poderá enfrentar um efeito estufa descontrolado em cerca de 500 milhões de anos. O mesmo fenômeno que transformou Vênus no inferno escaldante ao prender enormes quantidades de dióxidos de carbono na atmosfera, se tornando 90 vezes mais densa que a da Terra. Ainda assim, 500 milhões de anos é bastante tempo pra humanidade colonizar o planeta e chamá-lo de lar, se um dia tivermos tecnologia suficiente para isso. Claro. [Música] Kepler 452B é um mundo fascinante, mas infelizmente tá muito longe. Até a luz levaria 1800 anos para chegar até lá. Agora, e se para essa viagem usássemos o objeto mais rápido já criado pelo ser humano? Quebrando seus próprios recordes de velocidade ao se aproximar do sol, a sonda Solar Parker atingiu incríveis 196.000 km/h. Um feito impressionante, mas ainda é apenas 0,063% da velocidade da luz. Se utilizássemos uma nave que fosse capaz de atingir a mesma velocidade da Solar Parker, uma viagem direta da Terra até Kper 452B levaria espantosos 2,8 milhões de anos. É, acho que por enquanto a humanidade vai ter que esperar para ver esse mundo de perto. Há, entre aspas, apenas 500 anos luz de distância, na constelação de Cisney, tá Kepper 186, uma estrela anã vermelha. Foi nesse canto do Cosmos que os cientistas descobriram o primeiro exoplaneta do tamanho da Terra, orbitando na zona habitável de uma estrela. Desde então, astrônomos acreditam com confiança que existem diversos mundos de tamanho semelhante ao nosso no universo, com potencial para abrigar água líquida em sua superfície. E aqui também temos um planeta Kepler 186F, que é apenas cerca de 10% maior que a Terra. E com um período orbital de 130 dias, esse mundo alienígena fica mais próximo ao limite externo da zona habitável. Por isso, recebe apenas 1/3 da energia que a Terra recebe do Sol, tornando seu clima mais parecido com o de Marte. No entanto, isso pode ser uma vantagem. Estrelas Anãs vermelhas costumam apresentar explosões solares intensas e rápidas, mas a estrela Kepler 186 é menor, menos massiva, mais fria e bem menos brilhante que o Sol. Então, mesmo que essa estrela do tipo M tenha surtos frequentes de radiação, o planeta pode estar longe o suficiente para escapar dos efeitos letais. Mas a chance de existir água líquida e talvez vida em Kepler 186F não depende só da distância em relação à estrela, mas também das condições atmosféricas. A posição atual do planeta pode indicar a presença de água congelada, mas seu tamanho maior permite uma atmosfera mais densa do que a da Terra, capaz de reter e redistribuir o calor, possivelmente mantendo a água em estado líquido. Os outros quatro planetas do sistema têm apenas metade do tamanho da Terra e órbitas bem curtas, o que os torna mundos internos extremamente quentes, fora do alcance da vida, como conhecemos. Hoje, para chegar nesse sistema, levaria cerca de 780.000 anos. Mas imagine que em um futuro distante inventemos uma nave capaz de atingir 90% da velocidade da luz. Em apenas 550 anos, nossos descendentes poderiam pisar pela primeira vez em Kepler 186F. Mas como seria a experiência por lá? A estrela, a Nã vermelha Kepper 186 é menor e cerca de 25 vezes menos brilhante que o nosso sol. Se você estivesse na superfície do exoplaneta ao meio-dia, a luz do céu pareceria com a que vemos cerca de uma hora antes do pôr do sol aqui na Terra. Os cientistas afirmam que o planeta mantém inclinação axial estável, o que permite estações regulares e um clima consistente, assim como o nosso. Com base em cálculos, eles determinaram que essa inclinação tem permanecido estável por dezenas de milhões de anos. E isso é crucial, já que uma inclinação irregular pode causar consequências desastrosas, transformando o mundo habitável em um deserto inóspito. Basta lembrar de Marte, onde essa instabilidade pode ter contribuído pro seu clima hostil atual. [Música] A busca pelo gêmeo da Terra continua e os melhores candidatos muitas vezes são descobertos por acaso. Em 2020, por exemplo, o exoplaneta Kepler 1649C foi encontrado por acidente durante uma revisão de dados antigos depois de ter sido classificado erroneamente como um falso positivo. Ainda sabemos pouco sobre esse mundo, inclusive sobre sua atmosfera, mas como ele recebe 75% da luz que a Terra recebe e tem um período orbital de 19,5 dias, é possível que suas temperaturas sejam semelhantes às do nosso planeta. Se Kepler 186F não tiver uma atmosfera capaz de reter o calor, sua temperatura superficial giraria em torno de -38ºC. Isso pode parecer extremo, mas a Terra, sem os gases do efeito estufa, também teria temperaturas bem mais frias, algo perto de -1ºC. Mesmo se as atmosferas fossem parecidas, Kepler 186F ainda exigiria uma quantidade maior de gases para compensar a diferença de tamanho. Outros mundos pelo cosmos também lembram a Terra em tamanho ou temperatura, como Thorpist 1F, Thorpist 1D, T Garden C e Toy 700D. E eles estão muito mais próximos de nós. Por enquanto, Kepler 1649C inalcançável. seriam necessários cerca de 470.000 anos para chegar até lá. Mas quando e se a humanidade chegar nesse nível de viagem espacial, a jornada valerá a pena, pois nenhum desses exoplanetas próximos combina tanto as características promissoras quanto Kepler 1649C. Esse mundo extraordinário pode não só compartilhar temperatura e tamanho com a Terra, como também orbita na zona habitável de sua estrela, o tornando uma descoberta realmente única. O sistema ainda tem outro planeta, Kepler 1649B, que é cerca de 8% maior que a Terra, mas muito mais próximo da Anã Vermelha. E por conta de uma rara proporção de órbita entre os dois mundos, que é de quatro para nove, é possível que haja um terceiro planeta oculto nesse sistema. Em breve, observatórios de nova geração nos darão mais pistas sobre a habitabilidade desses mundos. Mas enquanto isso, seguimos para outro corpo celeste impressionante, localizado há 100 anos luz na constelação de Lira. [Música] A cada 112 dias, Kepler 442B completa uma volta ao redor de uma estrela do tipo K, acerca da metade da distância entre a Terra e o Sol. Essa proximidade poderia causar diversos problemas para qualquer forma de vida por lá. Normalmente, planetas muito próximos de suas estrelas ficam presos em rotação sincronizada, sempre mostrando a mesma face, o que cria ambientes extremos. Mas Kepler 442B tá um pouco além dessa zona de risco, onde a gravidade da estrela causaria esse travamento. [Música] Estrelas do tipo K geralmente são menos brilhantes que o Sol e a própria Kepler 442 é menor e mais fria. Isso coloca o exoplaneta em uma posição ideal, cerca de 0,4 unidades astronômicas de sua estrela, bem próxima em relação à Terra, claro, mas essa proximidade é compensada pela baixa atividade da estrela. Os cientistas consideram as estrelas do tipo Kais na busca por mundos habitáveis. Elas não são tão brilhantes quanto as estrelas do tipo G como o sol, nem vivem tanto quanto as anãs vermelhas tipo M, mas oferecem uma combinação muito promissora. E acredite, só num rai de 100 anos luz do nosso Sol existem mais de 1000 estrelas do tipo K. Essas anãs alaranjadas podem existir por períodos entre 15 a 45 bilhões de anos. e durante toda sua vida, em sequência principal, aumentam sua luminosidade em apenas 10 a 15%. Enquanto isso, o Sol, por exemplo, pode tornar a Terra inabitável em apenas um ou 2 bilhões de anos. Mas afinal, o compromissor é Kepler 442B. Astrônomos costumam classificar planetas com base em seu potencial de habitabilidade. Uma escala atualizada chamada índice de habitabilidade aprimorado melhora os métodos anteriores a considerar vários fatores. Ela leva em conta a composição do planeta, dando preferência a mundos rochosos, além da excentricidade da órbita, que influencia na estabilidade da luz e do calor recebidos da estrela. Outro elemento considerado é o Albedo, que mede quanto da energia solar é refletida pela atmosfera do planeta. Esses fatores juntos são fundamentais para avaliar a habitabilidade, mesmo em órbitas não muito regulares. Assim como o índice de similaridade com a Terra, que já vimos algumas vezes aqui no canal, esse novo índice vai de zero a um, sendo que valores mais altos indicam maior potencial para abrigar a vida. Em ambas as escalas, Kepler 442B recebeu uma pontuação aproximada de 0,84. Infelizmente, o Exoplaneta é escuro e pequeno demais para ser observado diretamente com os telescópios atuais. E viajar até lá, como você deve imaginar, é meio inviável. Isso porque levaria 1.700.000 anos para chegar até lá. Mas há algo que conseguimos investigar daqui, sua biosfera. Um estudo focado nos níveis de radiação recebidos por exoplanetas potencialmente habitáveis destacou Kepler 442B como especialmente interessante. Ele recebe luz solar suficiente para sustentar uma biosfera significativa e isso poderia ser detectado pelo telescópio espacial James Web em um futuro próximo. De qualquer forma, enquanto o web analisa esse mundo, talvez também seja interessante voltar sua atenção para outros dois exoplanetas intrigantes na mesma constelação. No sistema estelar Kepler 62, dois planetas estão tranquilos, posicionados perfeitamente na zona habitável. Os outros três orbitam muito próximos da estrela do tipo K, obviamente se tornando quentes demais para abrigar a vida. Os cientistas acham Kep Kepler 62E e Kepler 62F particularmente interessantes, já que são mundos possivelmente ricos em água. Esses exoplanetas receberam índices de similaridade com a Terra de 0,83 e 0,69, respectivamente. Kepler 62e completa sua órbita em 122 dias, enquanto Kepler 62F leva 267 dias. Acredita-se que Kep Kepler 62e tenha uma atmosfera densa e nublada, com um clima constantemente quente e úmido, até mesmo em suas regiões polares. Essas condições tornam o planeta um candidato excepcional para abrigar a vida. Outro dado importante é que um estudo de 2014 sugeriu a possível presença de uma grande lua orbitando Kepler 62E. Se isso for confirmado, as chances de o planeta ser habitável aumentam ainda mais, já que luas grandes são consideradas essenciais paraa evolução de formas de vida complexas, como aconteceu aqui na Terra, por exemplo. Isso acontece porque, por meio das forças de maré, as luas ajudam a regular a rotação e a inclinação axial do planeta, o que impacta diretamente os padrões climáticos. Elas também funcionam como um escudo protetor, desviando ou absorvendo possíveis impactos de asteroides ou cometas, protegendo assim o planeta e seu ecossistema. [Música] Embora a posição mais distante de seu vizinho Kepler 62F implique em temperaturas mais frias em sua superfície, ainda há potencial para que o planeta seja amigável à vida. Mas mesmo que essa hipótese seja verdadeira, imaginar uma civilização tecnologicamente avançada ali é um grande desafio, considerando a ausência de terra firme, metais e do elemento fundamental, o fogo. Processos como a metalurgia, essenciais pro avanço tecnológico, parecem impossíveis nesse contexto. Ainda assim, a complexidade da natureza abre espaço pra existência de criaturas muito mais engenhosas do que nós, capazes de encontrar caminhos alternativos para ultrapassar nossos próprios feitos tecnológicos, talvez até vivendo debaixo d’água. Mas se existissem e a humanidade decidisse enviar uma mensagem a bordo da ação da Solar Parker para qualquer forma de vida inteligente que porventura habite esses mundos distantes, ela só chegaria lá daqui a 1.850.000 anos. Por outro lado, se enviássemos um sinal de rádio hoje, ele levaria apenas 1200 anos para alcançar os dois exoplanetas, um piscar de olhos na escala cósmica. Embora Kepler 62e e 62F não sejam hoje gêmeos perfeitos da Terra, a constante mudança nos sistemas planetários traz a esperança de que esses mundos possam passar por transformações. Afinal, nosso próprio planeta já foi inteiramente coberto por oceanos e com o tempo se tornou um mundo diverso, com terra e água coexistindo. Pesquisadores consideram o desenvolvimento futuro desses exoplanetas e especulam que eles também podem evoluir para ambientes parecidos com o da Terra, com equilíbrio entre vastos oceanos e massas de terra. Um dos maiores desafios em estudar mundos tão distantes tem sido justamente a imensidão dessas distâncias. Mas talvez nem precisemos esperar por telescópios super avançados para mudar esse cenário. Dados do telescópio Kepler e da Agência Espacial Europeia indicam que metade das estrelas semelhantes ao sol no universo podem abrigar mundos rochosos potencialmente habitáveis. E algumas dessas estrelas podem estar bem mais próximas de nós. Isso significa que há 95% de chance de pelo menos um gêmeo da Terra tá escondido há menos de 20 anos luz da gente. Ou seja, a vida alienígena pode estar bem próxima de nós. [Aplausos] [Música] Nos confins do universo, os buracos negros desempenham um papel fascinante e misterioso. Esses postos gravitacionais, onde a gravidade é tão intensa que nada, nem mesmo a luz pode escapar, são protagonistas de uma dança cósmica que desafia nossa compreensão. Já tem algum tempo que os cientistas vem detectando um tipo curioso de buraco negro que ainda nem sequer compreendemos completamente, os buracos negros intermediários. Isso é curioso porque se os buracos negros estelares são nascidos do colapso de estrelas massivas e os supermassivos residem no coração das galáxias, onde se encaixa os intermediários. Bom, compreendê-los pode fornecer peças essenciais pro quebra-cabeça da formação e evolução desses objetos celestes. [Aplausos] E como se os buracos negros já não fossem complicados por si só, eles podem estar diretamente ligados com outra força do universo, da qual, se existir, sabemos muito pouco, a energia escura. Essa força misteriosa que acelera a expansão do universo permanece como um dos enigmas mais desafiadores da cosmologia. É então, será que realmente existe uma ligação entre os buracos negros super massivos e a misteriosa e pouco compreendida energia escura? Atualmente temos dois tipos claros de buracos negros. os gigantescos super massivos que se escondem nos centros das galáxias e possuem milhões a bilhões de vezes a massa do nosso sol e seus primos menores, os buracos negros de massa estelar, nascidos da morte violenta de estrelas massivas, pesando apenas algumas vezes a massa do nosso sol. E é exatamente entre esses dois que tá os buracos negros de massa intermediária. E uma descoberta inovadora em um aglomerado estelar próximo tá desafiando essa classificação e oferecendo uma oportunidade rara no estudo e na compreensão dos buracos negros. Astrônomos encontraram evidências desse buraco negro raro na nossa vizinhança cósmica, localizado a cerca de 6.000 anos luz no aglomerado estelar M4. Mas o que há de tão especial no tamanho desse monstro cósmico? E por nunca encontramos um desses buracos negros intermediários antes? E o mais importante, como os astrônomos fizeram essa descoberta emocionante. Com base em pesquisas existentes, um dos locais mais promissores para encontrar buracos negros de massa intermediária é dentro do núcleo de aglomerados globulares. Imagine milhares até centenas de milhares de estrelas aglomeradas de maneira esférica, formando uma comunidade estelar única. Isso é um aglomerado estelar. Essas estrelas, todas nascidas da mesma nuvem de gás e poeira, compartilham uma conexão íntima, exibindo propriedades químicas semelhantes. A Via Láctea possui vários aglomerados globulares dispersos na região de seu centro galático. Esses aglomerados são frequentemente alvo de estudos, proporcionando informações sobre a formação e evolução estelar, bem como sobre as propriedades e a história da galáxia em que estão localizados. Alguns candidatos a buracos negros de massa intermediária foram identificados dentro desses aglomerados ao redor de nossa própria galáxia. No entanto, essas descobertas, embora promissoras, têm sido inconclusivas devido à falta de dados suficientes para confirmar essas hipóteses. Isso torna a recente investigação em M4 tão significativa, porque esse aglomerado tá aproximadamente 6.000 anos luz da Terra. dentro da constelação de Escorpião, sendo o aglomerado globular mais próximo do nosso planeta. Com uma idade estimada em 12,2 bilhões de anos e um diâmetro de 75 anos luz, M4 se destaca como uma oportunidade única de estudo. Os astrônomos analisaram 12 anos de dados do telescópio espacial Hubble, os combinando com informações da missão Gaia. Essa colaboração tinha como objetivo examinar de perto as estrelas no núcleo do aglomerado. Ao fazer isso, os pesquisadores rastrearam os movimentos precisos de 6.000 estrelas. Ao estudar de perto as órbitas e velocidades dessas estrelas, os astrônomos perceberam algo estranho. As estrelas estavam sendo influenciadas por um forte campo gravitacional de quase 800 massas solares situado no centro do aglomerado. Essa descoberta levanta uma questão crucial, como a massa do aglomerado tá distribuída. Isso pode ser um fenômeno singular como um buraco negro de massa intermediária ou é um grupo de objetos menores, mas massivos, como buracos negros estelares individuais. Apesar de M4 ser o aglomerado globular mais próximo, ainda é impossível destacar as estrelas individuais em seu núcleo densamente compacto. No entanto, há uma maneira inteligente de resolver esse problema. Mesmo que não possamos observar diretamente o que tá acontecendo no centro do aglomerado, estimar a distribuição da massa no centro dessas regiões é possível. Mas como? Estudando o movimento de estrelas de alta velocidade. Em termos mais simples, se uma estrela de alta velocidade estiver associada a um potencial buraco negro de massa intermediária, sua velocidade rápida pode ser atribuída ao impulso dinâmico após um encontro próximo com o objeto massivo. Além disso, certos modelos indicaram que se algum desses buracos negros existirem no coração de M4, há uma probabilidade de 33% de encontrar uma estrela de alta velocidade dentro da região central do aglomerado. E é óbvio que os pesquisadores conseguiram identificar uma estrela de alta velocidade em suas observações de M4. Na figura apresentada no artigo científico, a estrela verde representa essa estrela de alta velocidade. No entanto, a velocidade dessa estrela apenas sinaliza a presença de uma massa concentrada no núcleo do aglomerado, mas, infelizmente, não define conclusivamente sua natureza. Para tentar resolver esse enigma, os astrônomos retiraram a estrela de alta velocidade dos dados e reproduziram essa nova realidade em simulações por computador. Os resultados revelaram que o aglomerado apresentava o mesmo excesso de massa em seu núcleo, mesmo após remover a estrela de alta velocidade, embora com uma distribuição de massa ligeiramente estendida. Essa distribuição mais ampla poderia sugerir potencialmente que a massa central é composta por uma coleção de objetos individuais ao invés de um buraco negro solitário. No entanto, no caso de M4, a massa não tá distribuída por uma região grande o suficiente para ser um grupo de objetos densos. Além disso, mesmo que a massa detectada tem origem em objetos múltiplos, o sistema seria instável. Isso ocorre porque a massa encontrada no núcleo de M4 equivale a aproximadamente 40 buracos negros menores. Considerando o movimento observado das estrelas circundantes, a única explicação plausível é que todos esses buracos negros individuais estão comprimidos dentro de uma região com apenas 1 déo de ano luz de diâmetro. E como você deve imaginar, a coexistência pacífica de 40 buracos negros em um espaço tão pequeno é meio improvável, pois fusões e chutes gravitacionais provavelmente seriam inevitáveis. Além disso, um grupo de buracos negros tão próximos criaria essencialmente um caos, com interações gravitacionais lançando estrelas para fora do aglomerado, as espalhando caoticamente pelo céu. Algo que inclusive os astrônomos já observaram em um aglomerado de estrelas chamado Palomar 5. Dessa forma, os astrônomos concluíram que a massa no coração do aglomerado de estrelas não é composta por vários buracos negros menores, mas por o único buraco negro de massa intermediária, cerca de 800 vezes a massa do sol. Isso torna o possível buraco negro em M4 no buraco negro mais raro já detectado. Os astrônomos buscam reunir mais dados por meio de futuras observações de M4, utilizando o telescópio Hubble, Gaia e o James Web. Esses monstros gravitacionais são uma fonte sem fim de dúvidas e mistérios. Quando a gente pensa que tá chegando em uma resposta sobre sua dinâmica bizarra, outras 10 perguntas aparecem. E um desses mistérios é a relação entre os buracos negros supermassivos e a famosa energia escura. Bom, para entender essa conexão, primeiro precisamos de uma definição clara do que é a energia escura e por ela é tão misteriosa. Na astrofísica. moderna. A energia escura é um fenômeno hipotético que permeia todo o espaço e teoricamente faz com que o universo se expanda com uma aceleração maior do que o normal. A evidência de matéria escura não é uma coisa nova. Já em 1933, o astrônomo suíço Fritzuik foi um dos primeiros a detectar a presença de matéria escura. Zuik estudou a luz emitida pelas mais de 1000 galáxias que formam o aglomerado galático de coma. Ele determinou a massa desse aglomerado utilizando dois métodos. Um deles usa a velocidade das galáxias que Zuik determinou medindo as mudanças na luz que elas emitiam. Já o segundo método de cálculo determinou a massa usando o brilho total do aglomerado. Comparando ambas as estimativas de massa resultantes, Zuik descobriu que a medida de velocidade da galáxia indicou que há centenas de vezes mais massa no aglomerado de coma do que a estimativa feita pelo brilho. Logo depois, um resultado similar foi obtido pro aglomerado de Virgem. No entanto, as técnicas de medição da época não eram tão precisas quanto os métodos de hoje, e o caráter controverso do resultado de que o universo tá repleto de algum tipo de matéria escura desconhecida levou os cientistas a rejeitarem essa hipótese durante pelo menos 50 anos. E foi na década de 90, com métodos de observação e equipamentos mais modernos que essa ideia voltou com todo vapor. Astrônomos, estudando supernovas distantes, perceberam que elas estavam se afastando de nós muito mais rápido do que o esperado. Essa descoberta levou à compreensão de que a expansão do universo não tá desacelerando, como seria esperado, devido à atração gravitacional de toda a matéria no universo, mas na verdade tá acelerando. Isso sugere que há alguma força invisível afastando as galáxias a uma taxa cada vez maior. A energia escura é um dos mistérios mais fundamentais da astrofísica moderna e há várias razões para isso. Primeiro, não sabemos do que ela é feita ou como funciona. é diferente de qualquer forma de energia ou matéria que conhecemos e não parece interagir com mais nada no universo, exceto através da gravidade. Em segundo lugar, a energia escura representa uma impressionante parcela de 68% da densidade total da energia do universo. Mas não podemos observá-la diretamente. Apenas inferimos sua existência com base em seus efeitos na expansão do universo e na radiação cósmica de fundo. No entanto, existem várias teorias e hipóteses que tentam explicar a origem e a natureza da energia escura. Nenhuma delas foi conclusivamente comprovada. Alguns cientistas sugerem que a energia escura é simplesmente uma constante cosmológica, uma densidade fixa de energia inerente à estrutura do espaço-tempo. Outros sugerem que pode ser uma forma de matéria exótica ou uma estrutura que muda com o tempo. E alguns mais radicais sugerem até que pode ser uma evidência de universos paralelos. Nas últimas décadas, os cientistas trabalharam bastante para tentar desvendar os mistérios da energia escura. E o campo ainda tá engateando, não sabemos muito, mas uma coisa é clara, os efeitos causados pela energia escura é um dos fenômenos mais intrigantes e importantes do universo. Mas onde os buracos negros entram nessa história? Apesar de sua natureza estranha, eles desempenham um papel crucial na formação da estrutura em larga escala do universo. Acredita-se que tenham grande influência na formação de galáxias, pois sua enorme gravidade pode atrair e agrupar grandes quantidades de matéria. Quando a matéria colapsa em um buraco negro, ele libera enormes quantidades de energia capazes de criar radiações e jatos de plasma que repelem a matéria circundante, semelhante a um tornado cósmico. E no meio desse furacão massivo de energia, potencialmente os buracos negros supermassivos poderiam ser a fonte da energia escura. Essa poderosa emissão, segundo o artigo publicado por astrônomos da Universidade do Havaí, tem o potencial de acelerar a expansão do universo, tornando os buracos negros ainda mais importantes no cenário cósmico. É claro que o estudo ainda passará por diversas revisões, o que pode nos próximos anos confirmar ou invalidar essa hipótese. Os buracos negros, além de possivelmente serem a fonte da energia escura, também podem sofrer mudanças em seu comportamento devido a esse fenômeno misterioso. Bom, pelo menos é isso que outro estudo recente, também publicado no Astrophysical Journal afirma. Ele fornece evidências observacionais de que os buracos negros estão relacionados à potência da energia escura. Para chegar nessa conclusão, uma equipe de pesquisadores da Universidade de Hong Kong usou duas estrelas orbitando buracos negros. Eles observaram como as órbitas delas diminuíam cerca de 1 milisundo por ano, enquanto orbitavam seus companheiros, os A06200 e XT J1118 + 480. A equipe de pesquisadores concluiu que a perda de aceleração era devido à fricção significativa e um arrasto nas estrelas causado possivelmente pela matéria escura ao redor do buraco negro. Para chegar a esse resultado, os pesquisadores usaram uma simulação chamada modelo de atrito dinâmico da matéria escura, que consegue prever a perda de momento de objetos que interagem com ela. A simulação indicou que as taxas de decaimento orbital observadas correspondiam com o modelo. Mas quanto isso impacta na velocidade das estrelas? Você deve estar se perguntando, bom, a desaceleração era 50 vezes maior do que o esperado para sistemas sem matéria escura? Embora essa ideia ainda esteja sendo investigada, ela oferece mais uma conexão intrigante entre buracos negros e a misteriosa força que impulsiona a expansão do universo. Conforme os astrônomos continuam a investigar as propriedades dos buracos negros e a natureza da energia escura, podemos compreender melhor o papel que os buracos negros desempenham na formação e evolução do universo. [Aplausos] Apesar de ser fascinante considerar a ideia dos buracos negros como fonte de energia escura, é importante considerar explicações alternativas e críticas à teoria. De qualquer forma, vamos continuar explorando essa emocionante fronteira da ciência e quem sabe o que podemos descobrir nos próximos anos. Pois nosso universo sempre foi e sempre será cheio de mistérios e desafios. [Música] Recentemente, astrônomos fizeram uma descoberta impressionante que pode mudar para sempre nossa compreensão sobre a evolução estelar. PSRJ09520607. Essa é a estrela de nêutrons mais pesada já registrada na nossa galáxia e tá mostrando sinais claros de que tá à beira de um colapso catastrófico. Com impressionantes 2,35 vezes a massa do sol, esse colosso cósmico tá perigosamente perto de seu ponto de ruptura. Essa descoberta abalou a comunidade científica quando os pesquisadores confirmaram que essa estrela de nêutrons tá se aproximando rapidamente do chamado limite tove. Esse é o limite teórico que uma estrela de nêutrons pode atingir de massa antes que a gravidade supere a pressão de degenerescência dos nêutrons, que basicamente é o que impede que esses objetos absurdamente densos entre em colapso. Quando esse limite é ultrapassado, nada universo conhecido pode impedir a transformação da estrela em um buraco negro. J09520607 é simplesmente fascinante. Além de possuir uma massa absurda, ele também tem uma rotação extremamente rápida, girando 707 vezes por segundo. Isso mesmo, por segundo, o que faz dele o segundo pulsar mais rápido já descoberto. São mais de 61 milhões de voltas por dia. Uma dança cósmica em um ritmo alucinante. Essa rotação gera forças centrífugas imensas que provavelmente ajudaram a estrela de nêutrons a resistir ao colapso até agora. Mas segundo as observações recentes, essa resistência tá chegando ao fim, especialmente porque a estrela continua ganhando mais massa. A evidência do estado crítico de J0952 veio de múltiplas técnicas de observação. Astrônomos que monitoram suas emissões de rádio detectaram mudanças sutis nos pulsos, indicando um aumento do estresse gravitacional em sua estrutura. Já as observações em raio X revelaram uma intensificação na atividade de acreção à medida que a estrela absorve material de sua companheira. Mas o sinal mais revelador veio dos detectores de ondas gravitacionais que captaram sinais fracos, mas consistentes com as previsões teóricas para uma estrela de nêutrons próxima de um colapso. Mas como será que os astrônomos descobriram essa verdadeira bomba relógio cósmica? A virada aconteceu quando equipes, utilizando dois telescópios em locais diferentes, uniram forças para medir com precisão a massa da estrela. Ao analisar a dinâmica orbital do sistema binário com uma precisão inédita, eles descobriram que J0952 tá a apenas 0,05 a 0,1 massas solares de atingir o limite crítico. E o mais alarmante, eles observaram uma aceleração no ritmo de transferência de massa da estrela companheira, indicando que o colapso pode acontecer muito antes do que se esperava. Se fizermos uma comparação com outras estrelas de nêutrons massivas, a nossa estrela de nêutrons J0952 tá em uma categoria própria. Enquanto essas outras estrelas permanecem relativamente estáveis, a J0952 reúne os piores fatores possíveis. Massa extrema, a criação contínua e mudanças estruturais visíveis. Tudo isso aponta para um colapso iminente. As implicações desse achado vão muito além de um único objeto estelar. Como a estrela de nêutrons mais pesada já confirmada J0952 se torna um laboratório natural para testar os limites da física nuclear sob condições extremas. Ao monitorar seu comportamento, os cientistas esperam responder perguntas antigas sobre a equação do estado da matéria ultradensa e o valor exato do limite TOV, que separa estrelas de nêutrons de buracos negros. O que torna tudo ainda mais dramático é o mecanismo por trás desse possível colapso. J0952 faz parte de uma classe rara e fascinante de sistemas binários conhecido como viúva negra. Claro, o nome é inspirado nas aranhas que devoram seus parceiros. Nesses sistemas, uma estrela de nêutrons densa vai literalmente despedaçando e consumindo sua estrela companheira com o passar do tempo, ficando mais pesada a cada ano. Ou seja, o nome combina muito bem com esse tipo de sistema. A companheira da nossa estrela de nêutrons é uma vítima trágica desse processo. Com apenas 0,02 massas solares estantes, cerca de 20 vezes a massa de Júpiter, ela já perdeu mais de 95% de sua massa original. pra estrela predadora. Presa em uma órbita de apenas 6,42 horas, ela tá condenada a uma espiral de destruição, sem chance de escapar. estando tão próxima, ela sofre forças de maré tão intensas que tá sendo despedaçada átomo por átomo. Esse processo de transferência de matéria é violento e eficiente. O hidrogênio e o hélio arrancados da companheira não caem diretamente sobre a estrela de nêutrons, mas formam um disco de acreção, um turbilhão de plasma super aquecido que gira em espiral até finalmente colidir com a superfície da estrela, aumentando sua massa e acelerando sua rotação. E agora vem a parte mais interessante. Observações recentes detectaram uma aceleração assustadora nesse processo de alimentação. Enquanto modelos anteriores estimavam que a companheira poderia durar mais 20 ou 30 milhões de anos, novos dados indicam que a taxa de transferência de massa praticamente dobrou na última década. Isso significa que J0952 pode atingir a massa crítica em apenas alguns séculos. Um piscar de olhos na escala do universo. A medida que J0952 acumula a massa, os nêutrons em seu núcleo são comprimidos ainda mais, aumentando a pressão interna. A pressão de degenerescência dos nêutrons, uma força quântica que impede essas partículas de ocuparem o mesmo espaço, só consegue suportar certa quantidade de compressão gravitacional antes de ceder de forma catastrófica. O que torna esse sistema viúva negra particularmente único é a massa já extrema de J0952. Isso porque a maioria das estrelas de nêutrons em sistemas binários semelhantes pesa entre 1,4 e 1,8 massas solares, o que lhes dá uma boa margem antes de atingir o limite teórico de colapso. Mas com 2,35 massas solares, J0952 já tá no limite e cada fração de massa que ela arranca de sua companheira a empurra perigosamente mais perto da ruptura final. Cientistas calcularam que se a atual aceleração na transferência de massa continuar, nossa estrela de nêutrons ultrapassará o limite de TOV entre 200 e 500 anos. Quando isso acontecer, a pressão de degenerescência dos nêutrons falhará de forma instantânea e toda a estrela colapsará para um ponto singular em menos de 1 milsegundo. A rotação ultra rápida, que hoje ajuda a manter a estrela estável, se tornará irrelevante diante da força esmagadora da gravidade quando o limite for ultrapassado. O destino trágico da estrela companheira, portanto, tá diretamente ligado ao futuro de J0952. A cada rotação do pulsar, mais material é arrancado. A cada órbita, mais massa é transferida pra estrela de nêutrons. E a cada ano que passa, nos aproximamos mais da possibilidade de testemunhar algo jamais observado diretamente na história da astronomia humana. o nascimento de um buraco negro a partir do colapso de uma estrela de nêutrons. Quando J0952 finalmente cruzar o limite de T, o colapso será um dos eventos mais energéticos de todo o universo observável. Diferente das supernovas que se desenrolam ao longo de segundos ou colapso de uma estrela de nêutrons acontece quase instantaneamente. Em uma fração de milissegundo, toda a sua estrutura, com mais de duas vezes a massa do Sol, comprimida em uma esfera de apenas 20 km, será esmagada até se tornar uma singularidade menor que a largura de um próton. Esse colapso representa uma das transições mais extremas da física, o ponto em que as forças quânticas finalmente se rendem a gravidade. No núcleo de J0952, os nêutrons já estão comprimidos ao limite permitido pelas leis da física. Quando a massa crítica for ultrapassada, a pressão de degenerescência que os mantém afastados falhará de forma súbita. A gravidade se tornará imparável, esmagando a estrela inteira em um buraco negro com um horizonte de eventos de aproximadamente 14 km de diâmetro. O momento do colapso gerará uma explosão extraordinária de ondas gravitacionais, uma verdadeira ondulação no tecido do espaço-tempo, que se propagará a velocidade da luz. Os detectores avançados, como Ligo, Virgo e o futuro telescópio Istenin estão sendo calibrados especificamente para captar esse tipo único de sinal gravitacional. Além das ondas gravitacionais, o colapso produzirá uma breve, mas intensa rajada de neutrinos e radiação de alta energia. À medida que a matéria cruza o recém formado horizonte de eventos, em seu último suspiro será gerada uma curta explosão de raios gama. Com duração entre 0,1 e 2 segundos. Essa explosão seria detectável em grande parte do universo observável, fornecendo uma confirmação perceptível do evento. Como vimos, o que tornaria essa observação verdadeiramente histórica é o fato de que nunca testemunhamos diretamente o nascimento de um buraco negro. Embora saibamos que eles existem aos montes no universo, normalmente os descobrimos muito tempo após sua formação. A chance de acompanhar uma estrela de nêutrons conhecida se transformando em um buraco negro em tempo real traria uma avalanche de informações inéditas sobre os mecanismos da gravidade extrema. O colapso de J0952 também poderá encerrar um dos debates mais acalorados da física teórica. Seria possível que formas exóticas de matéria de quarks estabilizassem estrelas de nêutrons acima do limite de to. Bom, alguns teóricos sugerem que sob pressões extremas os nêutrons poderiam se decompor em seus quarks consistentes, formando um estado hipotético chamado matéria estranha, capaz de suportar massas superiores a 2,5 massas solares. Se J0952 colapsar em sua massa atual, isso praticamente descartaria muitas dessas teorias exóticas. Mas se ele continuar ganhando massa além dos limites previstos antes de colapsar, será necessário rever profundamente os fundamentos da física nuclear em ambientes extremos. Além dos aspectos fundamentais da física, o colapso também teria implicações importantes pra nossa compreensão da evolução cósmica. Isso porque o buraco negro recém formado acabaria consumindo o restante da estrela companheira. possivelmente formando um disco de acreção que o tornaria visível como uma potente fonte de raio X. Esse sistema então se juntaria à população de buracos negros de massa estelar que desempenham papéis cruciais na evolução das galáxias. Pros astrônomos e físicos, J09520607 representa uma chance única em toda uma civilização de testemunhar uma das transformações mais extremas da natureza. Monitorando continuamente esse sistema com nossos instrumentos mais avançados, poderemos ser os primeiros humanos da história a observar em tempo real o exato momento em que uma estrela de nêutrons deixa de existir e dá lugar a uma singularidade gravitacional pura, onde a matéria, como conhecemos, simplesmente desaparece. Apesar de tudo que já aprendemos, a Via Láctea ainda aguarda muitos segredos. O mais fascinante é perceber que, enquanto avançamos com telescópios mais poderosos e sondas espaciais, vamos ampliando a nossa janela pro cosmos e descobrindo que a Via Láctea é muito mais do que um conjunto de estrelas. Na verdade, é um vasto laboratório natural, onde estrelas nascem e morrem, planetas se formam, buracos negros devoram matéria e, quem sabe outras formas de vida também olham curiosas pro céu, tentando entender seu lugar na imensidão. Enquanto exploramos esses lugares incríveis espalhados pela nossa galáxia, percebemos o quanto ainda somos pequenos diante de tanta imensidão. Cada planeta distante, cada estrela de nêutrons e cada buraco negro silencioso nos lembram que o universo tá sempre mudando e que a história cósmica é muito maior do que qualquer coisa que já conhecemos. Mas é justamente essa curiosidade que nos faz avançar, porque ao estudar mundos gelados, aglomerados de estrelas e objetos extremos, também descobrimos mais sobre quem somos e de onde viemos. E talvez algum dia essas viagens não aconteçam apenas com telescópios e sondas, mas com a nossa presença entre as estrelas. Por enquanto, seguimos observando, aprendendo e nos encantando com o espetáculo silencioso que acontece acima de nossas cabeças. Um lembrete de que mesmo no vasto escuro do universo, sempre há algo novo esperando para ser descoberto. Obrigado. [Música]