DIABETES TIPO 2: A CULPA É DO AÇÚCAR? | Diabetes Explicada #3
0Será que a diabetes é realmente
causada pelo que você come? Será que a colherzinha de açúcar no café ou o docinho no almoço todos os
dias estão por trás do diabetes? No vídeo de hoje eu vou te contar como as suas
decisões podem disparar a diabetes tipo 2, um tipo de diabetes que pode ser evitado. Qual é a diferença entre o
diabetes tipo 2 e pré-diabetes? Quando esse pré-diabetes se torna de
fato uma diabetes que não tem cura? E qual é o melhor jeito de prevenir e tratar
a diabetes tipo 2 para ter uma vida saudável? Se acomoda aí para o terceiro
episódio da série Diabetes Explicada, a série mais completa sobre
diabetes que o YouTube já viu. E vamos ao que interessa, o que é
diabetes tipo 2 e como ela começa? A chave para a diabetes tipo 2 está em uma
falha do corpo em responder aos sinais do hormônio insulina.
Quando você come, os nutrientes dos alimentos são
absorvidos e vão parar no sangue. Isso dispara a liberação de insulina pelo
pâncreas, para lidar principalmente com a glicose. A insulina serve como um aviso para as
células de que a glicose está na área, pronta para virar energia. Esse aviso da insulina é um sinal obrigatório
que permite a entrada de glicose nas células. Seja para elas usarem naquele momento
e manter o organismo funcionando ou para guardarem no estoque e usar mais tarde. Só que nada disso é possível se as
células não percebem o sinal da insulina. Ou pior, percebem o sinal mas
a mensagem chega incompleta e as células continuam sem captar glicose, igual
aquela criança teimosa que toda família tem, sabe? Ter só uma célula ou outra ignorando a insulina
de vez em quando não tem muito problema. No máximo, essas poucas células
vão ficar sem energia e morrer, sendo rapidamente substituídas por outras. Nada grave. O problema é quando temos boa parte das células do
organismo meio surdas para os sinais da insulina. Aí sim a situação começa a ficar grave. Você tem glicose no sangue pronta para ser usada, você tem a insulina ali avisando
que está na hora de captar glicose, mas muitas células simplesmente não obedecem. É o que chamamos de resistência à insulina. O organismo percebe que tem algo de errado,
já que está sobrando glicose no sangue e, para tentar corrigir a situação,
libera ainda mais insulina. E o que começou com a resistência à
insulina e o acúmulo de glicose no sangue, agora culmina no aumento da própria insulina. Uma vez que esse ciclo vicioso de excesso de
glicose e de insulina se instala no corpo, ele vira uma verdadeira
bomba-relógio para a diabetes tipo 2. É bem diferente da diabetes tipo 1, em
que o problema está na falta de insulina , como eu contei já no episódio anterior. Na diabetes tipo 2, o corpo produz insulina, o
problema é que as células não respondem a ela. E surpreendentemente, cerca de 90%
dos casos de diabetes são do tipo 2. Se a diabetes tipo 2 não for bem tratada, pessoal,
a produção constante de insulina no pâncreas deixa ele tão sobrecarregado que chega num ponto
em que ele não aguenta. Para de produzir insulina. Mas afinal, por que o corpo de tantas
pessoas para de responder à insulina? A nossa amiga Lucrécia ouviu dizer
que o problema está no açúcar que ela coloca no cafezinho todo dia. Ou quem sabe no docinho depois do almoço. Mas
será que esse açúcar é o grande vilão da diabetes? É aqui que entra um dos maiores mitos
da diabetes que eu vou desvendar agora. Quando o assunto é diabetes, eu vejo muita gente
falando sobre o que você pode ou não pode comer. Você já ouviu que comer frutas causa diabetes? Que o problema é comer chocolate? Que a
culpa é do chiclete? Comenta aqui embaixo. Muitas vezes, quem é colocado como vilão
da história é o açúcar dos alimentos, afinal a diabetes é nada mais que um excesso
de glicose, um tipo de açúcar no sangue. E a glicose, olha só, é um tipo de açúcar. Mas a verdade é que a causa da diabetes tipo 2 tem menos a ver com açúcar
e mais a ver com a genética. Estudos indicam que se você tem
pais, avós ou irmãos com diabetes o seu risco de desenvolver a doença é
maior do que o da maioria das pessoas. Uma das explicações para isso é que a
forma como o seu organismo trabalha, incluindo se ele vai ouvir ou
não aos sinais da insulina, como ele vai metabolizar glicose, se ele
vai ter uma tendência a acumular gordura… Tudo isso depende muito das informações
genéticas que você herdou dos seus pais. Herdar esses genes não é uma
sentença de que você vai ter diabetes porque predisposição genética nenhuma
vai disparar diabetes por conta própria. Mas o que a ciência vem mostrando é que de 30 a 70% do risco de desenvolver
diabetes vem da genética, o resto vem das escolhas que
nós fazemos ao longo da vida. E para quem tem casos de diabetes na família, o
cuidado com estilo de vida tem que ser redobrado. Quando eu falo de estilo de vida, estou chamando a atenção para duas coisas
pessoal: alimentação e sedentarismo. Esses dois fatores moldam o funcionamento do
organismo e têm um peso gigantesco na diabetes. E perceba que em momento algum eu
coloquei o açúcar como culpado. A diabetes não é causada por um
único ingrediente do seu dia a dia, mas sim pela forma como você
coloca ele na sua rotina. Usar uma colherzinha de açúcar branco para
adoçar seu cafezinho uma vez por dia é uma coisa. Não tem nada de perigoso nisso, desde que você
mantenha uma alimentação saudável e o corpo ativo. Outra coisa bem diferente é você comprar
sonho de padaria coberto de açúcar todo dia para acompanhar esse café. Percebeu a diferença? Tudo depende do contexto
geral da sua alimentação e da sua vida. É por isso que quanto mais alimentos
industrializados cheios de açúcares e gorduras você come e quanto menos você
se movimenta ao longo do dia, menos as suas células respondem
aos sinais da insulina. São esses hábitos não saudáveis que aumentam o
risco de diabetes, não necessariamente o açúcar. E isso nos leva a um outro fator
de risco da diabetes, a obesidade, que também pode ser consequência da
má alimentação e do sedentarismo. O excesso de gordura, pessoal, principalmente
na região abdominal e entre os órgãos, chamado de gordura visceral, gera uma inflamação constante no organismo. Essa inflamação atrapalha a comunicação
entre as células e a insulina. Por isso, quanto mais gordura acumulada,
maior é o risco de resistência à insulina. A maioria dos casos de diabetes tipo
2 acontece a partir dos 40 anos, depois de décadas lidando com um
ou vários desses fatores de risco. E é daí que vem a importância
de manter hábitos saudáveis. Mas tem um detalhe que eu preciso
chamar a sua atenção aqui. Essa relação entre diabetes tipo 2 e os
nossos hábitos ela é meio incômoda pra mim porque dá uma ideia de que a
diabetes é culpa do diabético, sacou? E não é bem assim. Além da diabetes tipo
2 ter uma forte influência genética, o ato de comer mal e ser sedentário
nem sempre é uma escolha. Tem gente que não tem renda para comprar
alimentos saudáveis nem tempo para se exercitar. A única opção pra elas é comprar ultraprocessados
mais baratos e torcer para não ganhar peso. E no caso de pessoas que já são obesas, a própria
obesidade pode causar distúrbios na saciedade que dificultam a perda de peso. Quem cuida da saúde dos
brasileiros deveria saber disso né. Mas o que eu mais vejo é profissional de
saúde colocando a culpa do diabetes no doce, quando o buraco é bem mais embaixo.
Mas mesmo que em alguns casos não seja fácil eliminar fatores de risco,
tem uma luz no fim do túnel. Se a diabetes tipo 2 estiver no início, ela pode ser revertida antes
que se instale definitivamente. Essa fase inicial é conhecida como pré-diabetes. A pré-diabetes, pessoal, é um estágio em
que você não tem tanta glicose no sangue a ponto de chegar nos níveis da diabetes. Mas tem muito mais glicose do que o seu
organismo deveria lidar no dia a dia. Um valor de glicose entre 100 e 126 miligramas por decilitro depois de 8 horas de
jejum, quando o normal é até 100, já caracteriza “pré-diabetes”. É um sinal de que as coisas não vão bem. Todo mundo com diabetes tipo 2 passou algum
dia pela pré-diabetes, mesmo sem perceber. Mas só 25% dos pré-diabéticos evoluíram
para uma diabetes ao longo de 5 anos. Isso porque muitas vezes, a pré-diabetes
representa só uma glicose elevada, sem necessariamente ter uma
falha nos sinais da insulina. A diabetes ainda não se instalou
completamente e, justamente por isso, esse é o momento para agir e
evitar que ela se desenvolva. Caso nada seja feito, a resistência à insulina vai se agravar e a pré-diabetes vai
evoluir para o diabetes tipo 2. Uma doença que não tem cura.
Ela pode até ser controlada, mas exige acompanhamento para o resto da vida. Mas o que fazer para evitar que
essa pré-diabetes se torne diabetes? Eu já vou te contar mas fala a verdade, você já viu um conteúdo tão
completo como esse aqui no YouTube? Eu acho que eu mereço o seu like até aqui né? E agora que você já me deu a honra
de ter o seu gostei aqui embaixo, Bora desvendar o segredo para
se proteger da diabetes tipo 2. A diabetes tipo 2, assim como a pré-diabetes, é causada principalmente por
hábitos que destroem a saúde. Então, a melhor estratégia que você pode usar para se proteger é apostar em dois
pilares de uma vida saudável. O primeiro é o exercício físico. A Sociedade Brasileira de Diabetes
recomenda 150 minutos semanais de exercícios que te deixam com o coração acelerado, sabe? São apenas 30 minutos por dia
de exercícios como corrida, natação, ciclismo e até a boa e velha caminhada. E pra você que está parado há um bom tempo, saiba que mais importante do que
bater a meta já no primeiro dia é colocar o corpo em movimento. Já pensou em transformar a sua ida
para a padaria em uma caminhada diária? O segundo pilar da saúde, eu
acho até que você já sabe qual é. É a alimentação balanceada e
com variedade, sem exageros. Pra você que quer se alimentar melhor e montar
uma alimentação saudável baseada na sua realidade, eu sempre falo né que tem o nosso
curso Alimentação sem Segredo. Pra conhecer, é só clicar nesse QR
Code ou no primeiro link da descrição que você vai ter acesso aí a todas as
aulas e aos materiais de apoio, beleza? Mas pensando especificamente em
quem está preocupado com diabetes, o ideal é aumentar o consumo de fibras
e reduzir carboidratos e gorduras que é quem leva ao excesso de glicose no sangue. Um estudo mostrou que pessoas que ingerem mais fibras podem ter um risco
de diabetes cerca de 40% menor do que pessoas que comem poucas fibras. E agora outro dado legal: Se a partir de hoje você trocar diariamente um copo de bebidas cheias de
açúcar por bebidas sem açúcar você pode reduzir o seu risco de
diabetes em até 10% em alguns anos. Aqui vale trocar aquele suco industrializado
por chá, o refrigerante por água com gás, e o energético por café sem açúcar, por exemplo. Meu objetivo aqui não é
abolir nenhum alimento, sabe? É fazer você refletir se você
está consumindo uma quantidade adequada de açúcares e carboidratos em geral. Se você é daqueles que só toma
refrigerante quando tem festa e olhe lá, não vai ser isso que vai te causar diabetes. Por outro lado, talvez você não consiga abrir
mão de uma bebida docinha ao longo do dia. Nesse caso, preferir o refri zero açúcar e adoçar
seu café com adoçante pode ser uma boa ideia. O adoçante não vai te livrar
automaticamente do risco de diabetes, mas vai te ajudar a reduzir o consumo
de açúcares e balancear sua alimentação. A verdade é que não existe uma
fórmula universal para todo mundo, já que cada pessoa tem suas preferências, seu
contexto familiar e até o seu contexto financeiro. Mas para quem já está com diabetes tipo 2, o primeiro passo é sempre
controlar a glicose do sangue. Um dos remédios mais usados é a metformina. Ela reduz a glicose do sangue de duas formas: primeiro induzindo as células a captarem glicose, e segundo a umentando a
sensibilidade das células à insulina, o que faz elas voltarem a obedecer o comando
natural do corpo de captar glicose, lembra? Quando a metformina sozinha não é
suficiente para controlar a diabetes, entram em cena outros remédios. Todos esses remédios são uma parte importante
do tratamento, mas não fazem milagre. O que realmente melhora a qualidade de vida e previne as complicações graves da
diabetes é uma mudança de hábitos. Mas isso é assunto para o próximo episódio. Enquanto isso, aproveita para assistir esse vídeo
aqui, em que eu discuto como que algumas pessoas têm mais dificuldade para emagrecer e o que
elas podem fazer para perder peso, claro, baseadas no que a ciência descobriu. Um grande abraço, seja resistente ao sedentarismo ao invés da insulina e eu te
vejo no próximo vídeo. Tchau.