DIREITA vs ESQUERDA: O que significa de fato? [ÁLVARO MACHADO DIAS] – Ciência Sem Fim #309
0Olá, [Música] [Aplausos] [Música] [Aplausos] [Música] pessoal. Que satisfação estar aqui mais uma vez para mais um episódio do Ciência sem fim com as ideias mais importantes do mundo. Hoje a gente vai falar de uma ideia que anda dando muita discussão e eu arrisco dizer discussão inútil, estúpida, em geral agressiva e sobretudo desnecessária, que é o entendimento do que é esquerda e direita. Eu vou trazer uma proposição de início. Independentemente do lugar, no espectro político em que você se situa, não há tanta divergência assim sobre o que significam essas coisas. É como com consciência que a gente discutiu aqui, intuição, criacionismo, darwinismo, o que você quiser. Essas coisas elas parecem inefáveis, parecem de parecem ser de impossível definição, mas é só ignorância. A gente é capaz de entender o que elas querem dizer e mais do que isso, entender seu histórico e as diferentes maneiras como elas se ranimificam. E para além disso, a gente entender a própria limitação da dos conceitos, até onde eles trazem alguma informação. E essas coisas todas são independentes do nosso posicionamento político. Definitivamente, eu não tenho nenhum interesse e nenhuma pretensão de mudar o posicionamento político de ninguém. Aliás, eu deveria começar mudando o meu, se fosse o caso, porque eu não sou um sujeito assim tão aguerrido politicamente com partidos, muito pelo contrário, eu sou uma pessoa que, acima de tudo, acredita que na importância da gente fazer um esforço genuíno para compreender o ponto de vista dos outros. A grande questão é que nesse assunto os pontos de vista costumam ser enviezados duplamente. Primeiro porque quem tem um já começa a não gostar do outro. Então, é, é como o time de futebol, por que raios do o de camisa verde é melhor do que o de camisa vermelha ou de camisa preta é melhor do que o de camisa amarela? Pensa bem, eh, são cores de camisa. Não, se a gente, o marciano olhando aquilo não ia entender nada, entende o ponto? E aqui é meio parecido. Então, começa por isso daí. E depois que como as fontes de informação em geral elas têm uma agenda oculta, quem tá falando de política no fundo tá expondo essa ideologia que está por trás, aquilo que a pessoa acredita. Aí a gente não consegue nunca eh dialogar sobre o tema de maneira tranquila, de maneira racional. Bom, eu não tô achando oculta nenhuma. Aliás, se tiver algum ato falho aqui, algum inconsciente se manifestando, você pode me avisar, porque definitivamente eu não estou consciente disso. Minha agenda é com a história desses conceitos, o que eles significam na atualidade e como a gente pode compreender melhor a sociedade e o ser humano através deles. E é por isso que esse conceito do que a esquerda e direita, esse par de conceitos está entre as ideias mais importantes do mundo. Só que pra gente começar, a gente tem que eh dar um passo atrás, tá bom? Ou melhor, alguns passos atrás. Isso já é entender o da ideia de esquerda e direita. Então a gente tem que começar numa numa coisa muito assim profunda e fundamental. esquerda e direita é um, a gente tá falando de algo que define espectro político. E essa definição se dá sobre um sobre um background, sobre um vamos dizer assim, um feche de conceitos que tem a ver com a ideia de ideologia, óbvio, né? Então, esquerda e direita, tá bom? é um eixo nacional, uma forma de representar partidos políticos, posicionamentos políticos, etc, tal, mas o background é ideologia. A gente tem que começar entendendo que raios é ideologia para poder conseguir entender que raios é esquerda e direita de fato, né? E a ideologia, de maneira mais fundamental, é o conjunto de crenças, de valores que moldam a maneira como as pessoas enxergam a realidade. Olha só o que eu tô falando. Ideologia é uma é é todo o anteparo conceitual que define a maneira como a gente vê o mundo. Mas se é assim, ideologia no fundo é como inconsciente. O Merl Pontinho, o grande fenomenólogo, o filósofo dos anos 60, dos anos 60, da da do meio do século XX, ele uma vez perguntaram para ele: “Mas Mereloponti, o que que é o inconsciente?” Ele falou: “O inconsciente é como um véu que se coloca entre o ser e o mundo, ou seja, é um anteparo à consciência. Tudo que a gente vê, a gente entende, a gente julga, a gente o faz através de um de um de uma percepção própria, de pontos de vistas que a gente privilegia, de entendimentos que a gente acha mais fáceis, mais intuitivos e o oposto em relação a outros, de coisas que a gente acha que são mais justas, outras que a gente acha que são menos justas e assim por diante. Pois tudo isso também pode ser chamado de ideologia. E não é por acaso que psicanálise e ideologia são dois temas, né, dois grandes eh universos conceituais que na no século XX deram muito às mãos. Eu não sou psicanalista nem nada para deixar bem claro. Não é que eu tô puxando a sardinha para uma área que e me interessa do ponto de vista de pesquisa, investigação ou qualquer coisa do gênero. Não. É simplesmente um fato que existe uma história de reflexões mútuas aqui, tá? os os estudiosos da da das ideologias e os psicanalistas entendendo como esses anteparos à realidade eles no fundo são imanentes. Quer dizer, a gente não consegue tirar eles dali, eles estão lá. E aí a partir dessa desse caráter imanente, essa coisa, a ideologia, portanto, tá sempre lá. A gente pode dizer que vamos ver, é natural que surjam visões pejorativas das ideologias. Porque pensa bem, se é se o negócio é como um óculos que você que faz com que você veja o mundo de uma determinada forma. Inclusive tem um tem um filme genial sobre isso. O sujeito põe um óculos no rosto e começa a ver as mensagens ocultas nas propagandas e outras coisas. Mas é muito bacana. Não vou fugir do tema e falar dele, mas voltando aqui, se ideologia é isso, consequentemente a gente pode dizer das outras pessoas que elas não estão raciocinando de maneira neutra e pura sobre a realidade. Elas não estão sendo, hã, de fato agentes do conhecimento porque elas estão dominadas por uma ideologia. E da mesma maneira a gente poderia fazer essa crítica, aquela minha fala de alguns minutos atrás, que é que eu estou vindo aqui para discutir conceitos através de um de um de um esforço de depuração de qualquer ponto de vista pessoal para entregar algo que não tem agenda oculta nenhuma. Alguém pode falar: “Não, isso é impossível porque a ideologia está sempre lá”. Pois bem, em relação a isso, a resposta é: existe uma visão não pejorativa da da ideologia, né? E aí essa visão vai dizer o seguinte: nós temos maneiras de de compreender o mundo, de interpretar as coisas, a sociedade a partir dos nossos valores, mas elas não estão grudadas no nosso cérebro como um decalque, uma tatuagem. Pelo contrário, através de um de um esforço de desprendimento e de entendimento do ponto de vista dos outros, a gente consegue analisar a própria as próprias ideologias e consegue olhá-las como se fossem terceira pessoa, tal como a gente consegue estudar, por exemplo, o inconsciente a despeito disso, não nos tornar pessoas sem inconsciente, entende? Então, não é verdade, pelo menos do ponto de vista desse argumento, que a ideologia seja sempre opaca, que o problema da ideologia seja um problema insuperável do ponto de vista da sua discussão. Ou seja, a gente não consegue nunca discutir ideologia sem trazer um discurso ideológico à tona, não. E é essa segunda versão, essa visão da ideologia como um objeto de investigação e também de crescimento pessoal, que é o que a gente quer aqui, né? aqui não, a gente não está no na no colégio de France lá nos anos 80 discute, não. A gente tá aqui tentando buscar entender o mundo melhor e também se divertir, tá bom? se divertir muitas vezes curtindo no celular, deitados na cama, fazendo o que quer que seja de graça no YouTube. Então, nessa linha mais despretenciosa do ponto de vista de formatos, eu acho que a gente tem que simplesmente entregar aqui uma carta de confiança, as reflexões sobre ideologia, inclusive de quem tá no chat debatendo isso. Onde surge o conceito, né? O conceito de de ideologia, ele foi usado pela primeira vez em 1796. Tá? Eh, por Anto de Trusi, eh, enfim, que era um sujeito que tinha uma visão, eh, liberal do do mundo, tá? Então, esse é um conceito que surge a partir do de de uma tentativa de descrever eh um ponto de vista que eh na visão do autor era justamente um ponto de vista positivo, ou seja, a primeira primeira acepção, primeiro uso do conceito não é um não é negativo de forma alguma. Agora, o grande teórico da das ideologias, né, no século XIX, né, no século seguinte, foi o Marx. Aí certamente vai ter muita gente fala: “Ih, o cara falou em Marx ainda ele só pode ser comunista”. Não, não, definitivamente só eu for um empresário comunista. Não que eu seja empresário em tempo integral, né? Mas quem me conhece sabe, né? que que assim eh eu eu eu gosto de boas empresas, boas ideias, acredito e enfim no no nos aspectos positivos do mercado do ponto de vista da comunicação entre oferta e demanda e outras coisas, mas enfim. Então, não não ofende ninguém dizer o óbvio que todos os especialistas de todo o espectro eh ideológico concordam, que é que o grande teórico das ideologias foi o Marx, sobretudo eh naquele livro A ideologia da sociedade alemã, eh que eu já não foi eh de 1854, creio eu. Mas o que importa é o seguinte, como é que o Marx definia isso, né? pro Marx, eh, a gente tem que tem duas estruturas, tá? A base, o que ele chama de base e o que ele chama de superestrutura. A base é econômica, ou seja, segundo Marx, na origem de todas essas visões de mundo que fazem com que a gente perceba as coisas e busque as coisas de determinada forma, está a nossa condição econômica. E essa condição econômica vai se manifestar na sociedade. A sociedade vai ser construída através de instituições, como, por exemplo, a a as estruturas legais, a burocracia do Estado, as empresas, né? No caso dele, evidentemente, a preocupação toda era a com a indústria. E no final das contas, na descrição da das ideologias, o Marx também foi o grande defensor de uma ideologia. Isso que justamente ficou conhecida como marxismo. Isso aí também é indiscutível. E a visão, né, que o Marx tinha eh da da de como o mundo funciona, ou seja, como é que é esse anteparo, qual que é qual é essa abordagem do mundo, é a seguinte, na visão dele, chamada de materialismo histórico, são as condições materiais que definem os posicionamentos das pessoas. E essas condições materiais precisam ser compreendidas historicamente, ou seja, e as coisas chegam a um estado das coisas, tá bom? uma configuração e a gente tem que olhar essa configuração para compreender o indivíduo e essa eh eh enfim e essa configuração faz com que as pessoas muitas vezes ou e quase sempre elas tenham falsas percepções, por assim dizer, elas tenham eh desvios de consciência, tá bom? Ou processos mentais obfuscados. Olha que bonita essa palavra, que é o que acontece quando o sujeito não compreende as forças, né? Aquilo que leva ele a pensar de uma forma, a agir de uma forma. O sujeito acha que quer uma coisa, mas no fundo quer outra. Isso você a gente pode ver que é, aliás, um traço de quem de quem acredita no marxismo. É muito comum, já vi isso. Muita gente me fala coisas assim eh em vários ambientes em que eu participei que assim, não, essa a pessoa, esse grupo e tal, não sabe o que quer, acha que quer uma coisa, mas no fundo não sabe. A já eu falei que eu não ia me colocar como eu, enfim, eu penso de uma maneira um pouco diferente, eu coloco ressalvas a essa ideia. Eu tendo a achar que as pessoas sabem o que elas querem ou se elas não sabem, tanto faz a responsabilidade delas. Eu já privilegio esse ponto de vista do indivíduo um pouco mais. Não importa o debate, eu não tô aqui me colocando como antimarxista, não é nada disso, mas assim eu entendo que assim uma visão marxista eh do mundo, do ponto de vista ideológico, traz essa essa tanto a leitura da ideologia como esse fenômeno que gera o comportamento sem que as pessoas percebam. Aliás, é por isso que que há também essa relação tão forte historicamente entre marxismo e psicanálise. Mais uma vez, a gente vê curiosamente a importância da psicanálise. Tem um livro que fala que a psicanálise é bobagem, só rindo, né? Eh, enfim, são essas coisas que a gente vê por aí. Enfim, é caçaclique, mas enfim, eh, não é bobagem a gente vê e ver como as duas coisas têm a ver, porque justamente o ponto de vista da marxista é que as pessoas não têm acesso às bases ideológicas do seu próprio raciocínio, que é como se elas não tivessem acesso ao seu inconsciente. Então, são duas coisas muito parecidas. Então, eh, a visão marxista coloca o tema da ideologia de maneira muito forte na metade do século XIX e isso vai sendo desenvolvido, né, cada vez mais. E a gente tem inúmeros exemplos de elaborações. Então, por exemplo, um dos sujeitos que é considerado os os principais filósofos pósmodernos, pós estruturalistas eh do dos anos 70, 60, 70, que é o Liotard, ele vai dizer que ideologias são metanarrativas. Que que ele quer dizer com isso? Ele quer dizer assim, a gente, a nossa história de vida, as nossas interações, elas são todas como narrativas, historinhas, mas essas historinhas t pontos em comum. E os pontos em comuns das narrativas são justamente esses esses hã é de onde saem os vetores para as flechinhas que apontam para uma espécie de uma abstração que seria a ideologia. Então, por exemplo, típica visão do Liotard, as pessoas querem constituir família, elas acreditam numa tese que é a de que existe um impulso biológico instintivo para gerar filhos, sendo que na visão dele não há indicativos empíricos de que esse impulso exista na espécie humana, ainda que ele exista em todas as outras espécies, mas o humano é diferente. por exemplo, a a a fêmea do humano, a chamada mulher, não entra no sio. Então, e não tem sio. Como é que você pode ter esse impulso? Então, ele argumenta. Então, as pessoas acreditam numa narrativa biologizante. Elas acreditam ao mesmo tempo que elas precisam alocar recursos porque elas precisam construir esta família. E aí elas acreditam que elas têm que seguir no mesmo emprego, porque elas não podem arriscar justamente esse processo constitucional. E aí na prática o que acontece é que elas saem do da escola de qualquer coisa aí que no tempo dele do curso normal para dar aula na nas escolas ou ou de um aprendizado técnico para trabalhar na indústria, etc. Tudo na com a crença de que elas têm que seguir isso daqui, porque isso tá escrito na sua base existencial através de argumentos biológicos ou argumento o que for. E ele vai dizer: “Olha só, a meta narrativa não é cada uma dessas partes. A ideologia não é isso. A ideologia é justamente essa abstração, é o que une essas partes e faz com que 90% das pessoas saiam da escola preocupada que elas precisam trabalhar, que aquelas precisam dinheiro, que aquela precisa ter um filho, aquelas pessoas jogar e aí no final das contas faz todo mundo o mesmo caminho e e aí evidentemente você tem uma oportunidade, por exemplo, de já que eu já sei que eu vou ter sempre mão de obra barata, de explorar mão de obra, aí entra no discurso que, enfim, e vai ter um aspecto muito mais hã já ele próprio, baseado numa ideologia prévia. em última análise, ou seja, em ecos marxistas. Não vamos entrar nesses ecos marxistas, mas é importante pensar o sentido de ideologia como metaarrativa em qualquer qualquer outra acepção, tá bom? também poderia ser o contrário. O sujeito acha que ele, enfim, a família dele é imprestável, que ele é um sujeito imprestável, ele sente que ele não é capaz de de acompanhar a escola, ele abandona a escola, ele sente que ele não é capaz de de ter um trabalho, aí ele vira traficantezinho de boca de fumo meia boca. Sim, justamente meia boca. Aí o sujeito nessas também acredita que a vida não tem nenhum sentido, não vale nada, as pessoas não prestam e no final das contas o que ele faz é caminhar rapidamente para uma morte precoce e violenta. Isso também é uma abordagem ideológica do mundo que caberia no mesmo sentido de meta narrativa. Qual que é a meta narrativa? Para onde apontam os vetores? apontam para um nilismo social, cultural e motivacional que estaria inspirando todos os comportamentos ou seria transversal a todos os comportamentos. É isso que o Leotard quer dizer acima de tudo, o que eu acho que é muito interessante, tá bom? Eu acho que tem muito valor. Então, eh, acho que tá bem claro que a ideologia é um dos grandes conceitos, eh, dos últimos 200 anos, dos mais e mais do que isso, né? 200 e tantos anos e um dos mais importantes. E aí a gente pode dar um passo a mais, falar: “Legal, mas direita e esquerda não é simplesmente ideologia, né?” Não, direita, esquerda é um é uma maneira, é um espectro, um eixo político. Portanto, é uma maneira, é é uma é um conceito que emerge no domínio das ideologias políticas. Olha só, interessante, né? Então, se direita e esquerda são pontos, né, numa numa trajetória no domínio da ideologia política, isso significa que nem toda ideologia é política. Quais outras ideologias existem? Existem muitas. Então, por exemplo, o fundamentalismo cristão é uma ideologia, o ambientalismo é uma ideologia, o feminismo é uma ideologia, o machismo é uma ideologia, o islamismo é uma ideologia e assim por diante. Todos esses ismos são formas de ver o mundo que tem e, vamos dizer assim, apontam para metanarrativas, né, para paradigmas que vão direcionando o olhar equivalem diferentes coisas, diferentes comportamentos, diferentes momentos de vida na na na visão do Liotard, de outros mais. Então, são ideologias. Eh, ideologia política é um recorte. Então, que recorte é esse da ideologia política? O recorte da ideologia política é um que vai dizer o seguinte: existem filtros, anteparos, abordagens da realidade que justamente vão se tornar críticos no domínio da política. Pô, interessante, né? Então, que raios é política? Política de alocar recursos e poder coletivamente. Em essência, isso. Ou seja, se a gente tá sozinho, a gente não faz política. Quer dizer, a gente até pode fazer porque a política existe, mas a gente não inventa política. A política é o o processo de tomada de decisão, de produção de direção para ação, envolvendo várias pessoas. Então, no final das contas, ideologias políticas são esses pontos de vista sobre a realidade que se aplicam quando a gente tá falando de decisões que impactam do ponto de vista de recursos e de poder várias pessoas ao mesmo tempo. É isso. Você vê, não é um negócio complicado. Ideologia política não é um conceito assim efêmero e e que muda conforme a nossa visão. Ela não não é nada disso. nem é mecânica quântica, tá bom? A parte matemática, não é a parte do lero, lero é fácil também, não é? Não é nada disso. Então, e quais são algumas das ideologias políticas clássicas? Bom, uma delas é o liberalismo. Liberalismo é é a ideologia política que dá ênfase. Ou seja, na hora de você ter esse olharinho sobre o mundo, esse óculos que faz você ver a realidade de um jeito, dá ênfase às liberdades individuais. Então elas ficam maiores, tudo que envolve liberdade individual ganha em força, ó. Fica assim, tem uma lente de aumento que aumenta isso. Eh, eh, dá dá ênfase à a à proteção dos direitos humanos. Faz, ó, dá ênfase nisso, dá ênfase a a um senso de igualdade sobre sob regras. Então, não é necessariamente igualdade de condições, não, não. Igualdade sobre regras. Então, rule of law. Existem padrões para ação que valem para todo mundo, ó, dá ênfase para isso, tá bom? E dá ênfase, por exemplo, aos direitos à vida, dá ênfase ao direito à propriedade, dá dá ênfase à liberdade de ação, inclusive de empreender. Essas são as visões do liberalismo. Outras, né, é assim, outras visões, né, outras ideologias. Conservadorismo. O que que é conservadorismo? É uma lente, né? O Edmund Burk é o grande, para minha opinião, é o é o grande nome eh da na gênese do conservadorismo. E o que que o o conservadorismo dá ênfase? Ao o que que o conservadorismo dá ênfase? Dá ênfase, além de ficar grande as mudanças graduais, ao valor das coisas que permanecem. Quando uma coisa ela parece que ela vem de trás e ela tem valor na atualidade, ela ganha ênfase à luz do do conservadorismo. Um exemplo óbvio é a família, ó, a família tem uma importância imensa e e outras coisas mais. Então, mudança gradual, o status qu, as coisas que não precisam do ponto de vista eh do, né, dessa visão serem mudadas, é esse tipo de coisa. E o socialismo, o socialismo dá ênfase, a lente faz crescer a visão das coisas que promovem a redução da desigualdade entre as pessoas. Então, eh, o socialismo ele, ele vê o as assimetrias de recursos como luzes que piscam nesse óculos assim, de maneira muito incômoda, faz e aí o óculos precisa, a pessoa precisa regular o óculos. Então, ela precisa criar recursos no mundo para reduzir a desigualdade entre as pessoas, sobretudo através de uma estrutura centralizada do Estado. Então, ou seja, há uma ação direta do ente político disso que emerge da organização, né, da da tomada de decisão coletiva, o representante da tomada de decisão coletiva para reduzir as desigualdades. Então, cada e assim a gente pode ir e eh por exemplo, fascismo, né? O que que o fascismo vê? O fascismo dá esse a lente, né, brilha assim quando vê a lei e a ordem, quando vê a a o a hierarquia. Hierarquias trazem grande valor pros fascistas. Claro, o fascismo hoje em dia ficou está associando a crimes, inclusive crimes de guerra durante a Segunda Guerra Mundial, porque Mussolini era um fascista e assim por diante. Mas a gente tem protofascistas ou ou fascistas amestrados, por assim dizer, né? Até hoje em dia a gente pode dizer: “Mo amestrado parece que eu peguei pesado, eu quis dizer assim, domadinhos, domadinhos”. E e esses e o que brilha aos olhos é sempre essa coisa assim, o poder da massa organizada, militarizada, da parada, né, tipo a parada militar, do do da força do da da do poder coercitivo através da da do possibilidade de da violência, do poder de imposição de uma ordem. Então são coisas assim, né? Então o que que o que que brilha à luz dessa visão de mundo? é é aquilo que se mantém absolutamente hierarquizado de uma maneira coercitiva. E assim, a gente tem muitas outras ideologias, tá bom? E agora, olha só que que interessante a gente pensar, então se a ideologia política é o domínio em que a gente tá falando dessas tomadas de decisão coletivas vistas através dessas lentes inexoráveis, a gente tem que pensar que tem bastante coisa para para alocar dessa maneira. Uma delas, evidentemente, é econômica. E aí a gente tem a política econômica. Políticas econômicas sempre serão de alguma maneira ideológicas. E o que elas fazem é alocar poder aquisitivo. Então, aloca o poder aquisitivo sempre tem uma visão sobre como isso tem que ser feito. Portanto, sempre existe algum tipo de penetração ideológica, por mais que a gente por mais que o os os agentes eh decisores achem que não. E essas são são maneiras de eh regular recursos escassos. Como é que eu distribuo recursos escassos, políticas sociais? Também é a mesma coisa. Como é que eu aloco o o poder, né, a a a o o a a possibilidade decisória dentro da sociedade. É isso que em essência é política social. E política habitacional, olha só que interessante. Política habitacional é alguma coisa que tá dentro em parte de política econômica ou em parte dentro de política social, ou seja, existem muitas subpolíticas. E uma política habitacional é vai fazer a locação de recursos e e poder decisório do ponto de vista de um asset específico que é a habitação. Ou seja, não é mais na no domínio da abstração que a coisa tá acontecendo, como no caso da economia que pode querer dizer e sua obra, mas sim de um de um tipo de de um ativo muito bem definido que é a moradia. E assim a gente vai tendo como se fosse uma matriusca, né, aquelas bonequinhas russas, uma política dentro da outra, tá bom? E aí, então, política parece, a partir desse ponto de vista, algo absolutamente sofisticado, complexo. Só o ser humano é capaz de um negócio desse, né? Óbvio, né? É isso que vocês acham? Hum. Como o energético é ruim, né? Deus do céu. Errado. Lobos, elefantes, golfinhos. Muitos animais têm estruturas políticas, ou seja, muitos animais decidem coletivamente como alocar recursos. Olha que coisa mais interessante. Quer dizer, a política como uma orientação do comportamento coletivo, ela precede o ser humano. Então isso é, vocês vão ver que isso é precioso, porque um pelo menos a minha testa, obviamente eu tô aponto, como sempre aqui nas ideias mais importantes do mundo, eu apresento um ponto de vista original ou se original, assim, não é aulinha, é ideia nova e que eu acho que é melhor do que o status qu do ponto de vista pelo menos da tradução dessas coisas complexas. É o que eu fico tentando fazer. E aí [Música] não segura aí, vai. Alguém mandou uma mensagem aí, eu vou ler com com toda a vontade. Mas, ó, aí, qual que é o ponto? H, essa essa essa visão que eu acho que em geral é mais opaca, começa no tempo presente. E é por isso que sempre termina em briga. E é besteira. A gente tem que começar no seguinte, a política precede a espécie e todos os outros movimentos que se derivam dela, inclusive os posicionamentos ideológicos em última análise, vão se manter conectados a essa base que nos precede. Então, por exemplo, é, olha que interessante, olha como ah, e mais do que isso e a traços, às vezes traços sofisticados, partes inteiras daquilo que eu acabei de definir como ideologia com tanto cuidado, através de pontos de vistas tão distintos, também se manifestam em outras espécies. É como se outras espécies tivessem eh ideologias políticas, por assim dizer. Não tem. Porque na verdade uma coisa que vai definir a ideologia política é o confronto entre as ideologias políticas. Se eu tenho só uma ideologia política, eu posso dizer que eu só tenho uma política e cortar a palavra ideologia, simplesmente dizer naquela espécie é assim. Certo? Vamos acompanhar o racínio. Pois bem. Então, por exemplo, ah, um uma espécie em que a ideologia política é a política. os gorilas, entre os gorilas, eh, aqueles silverbags, tá, com tem aquela costa, as costas cinzas, gorila grande, tudo, eh, lá das montanhas do Uganda e e outras regiões, mas sobretudo Uganda hoje em dia. Esses gorilas eles eles têm hierarquias de mando, tá? hierarquias para tomadas de decisão. Então, nessas hierarquias que a gente já poderia dizer que seria uma ideologia se se existissem grupos hierárquicos e não hierárquicos. Não existe. Eles são sempre iguais. Então, tem eh hierarquias. Nessas hierarquias grupais de gorilas, as decisões cabem sobretudo aos gorilas mais velhos e mais experientes. E a experiência dos gorilas é muitas vezes eh muitas vezes não, ela é determinada por por fatos reais. Então assim, tem tem casos, tem primatólogos que narram situações em que o grupo passou por uma um estresse qualquer e sobreviventes desse estresse qualquer têm um poder decisório, acabam tendo tácito maior do que os que não passaram por isso. Então tem uma coisa muito interessante nesse sentido. Então o os gorilas têm política e a política tem uma lógica própria entre os chimpanzés é diferente. É, e as primeiro que as hierarquias de chimpanzés são mais fortes, depois que de fato entre os chimpanzés e o a força física conta. Agora o Franz, que é um grande primatólogo, talvez o maior eh o segundo maior estudioso de de dessa espécie de panas e também Bonobos da história, só perde para Jenny, a Jane Gudal, que não sei se vocês já ouviram falar, enfim, e ele falou uma coisa que é muito interessante. Ele disse assim certa vez que as pessoas tendem a achar que a o as hierarquias chimpanzés são sempre determinadas pela força, na porrada. E ele falou assim: “Eu já vi isso acontecer mesmo algumas vezes, mas o mais comum é que o líder do bando não seja o mais forte, porque mesmo entre chimpanzés, a liderança emerge efetivamente do apoio dos outros, ou seja, da coalizão. Olha que loucura. Então quer dizer, a gente tem essa visão meio deturpada, sabe? Isso é típico de rede social, né? Tem aquela coisa até meio páho, sabe? Que volta pro passado. E esse p ainda é mais errado ainda, mas enfim, ponto de vista histórico, né? Eh, mas que volta lá e aí supostamente é o macaco agressivo e tal. Eh, não é bem assim. É verdade. Não é que é totalmente errado, mas a ideia de que tiranos, né, impiedosos vão ser os mais fortes, que os outros vão ser os líderes nessa espécie. Essa essa é uma ideia falsa. Pelo contrário, os líderes entre os chimpanzés também são mais razoáveis, porque a razoabilidade garante a manutenção da coalisão e, né, ou em outras palavras, reduz os incentivos ao fortalecimento de coalizões competitivas. Tá bom? Isso é muito interessante. Ã, e aí quando a gente vai pro eh, pensa assim: “Tá bom, legal, então vamos pensar no no nessas espécies assim, o que que elas estão querendo com a política? Será que elas estão buscando o bem comum?” Aí quando a gente vai para esses estudos mais profundos de alocação de recursos e tudo mais, a gente vê que não é bem verdade. Então, por exemplo, o chimpanzé muitas vezes ele caça coletivamente, mas quando ele vai comer, ele não tá se preocupando em dividir com os outros. Isso é muito pouco comum, não é um negócio que acontece. Os bonobos, que são esses primos muito mais pacíficos e que lembram mais o ser humano, menos agressivos e tal, são os os grandes, o são os verdadeiros primos da gente. Eles também são, eles são mais coletivos ainda, coletivistas ainda na na na busca de alimentos, mas eles tampouco são grandes eh distribuidores. Ou seja, apesar de existir uma estrutura política que do ponto de vista de tomada de decisão organizada em torno eh do coletivo, os processos de alocação de recursos efetivamente não são tão coletivos assim. O animal ainda tá pensando no seu próprio eh bem-estar, na sua sobrevivência, sobrevivência dos seus filhotes. A a lógica puramente eh genômica, por assim dizer, né? a eh modelos de seleção natural muito mais hard tem muito mais sentido de tem muito mais aplicação sem sem que a gente tenha que fazer qualquer forma de adaptação. É isso. Eh, claro, eles também têm adapção da nossa espécie, só que a gente tem que fazer umas adaptaçõezinhas para entender como a cultura emerge e ela afeta tudo isso. E a cultura, evidentemente, emerge também da nossa base biológica, né? Somos biologicamente culturais, então não é que há uma grande dicotomia, mas o ser humano é diferente. E essa diferença começa surgir há mais ou menos 7 milhões de anos, tá? um ancestral comum entre o ser humano e os outros primatas. Ele ele assim, ele tem os seus traços, seus seu seus fósseis encontrados datados em mais ou menos 7 milhões de anos, de 6 a 7 milhões. E há 2.8 milhões de anos, mais ou menos, a gente começa a ter, ou melhor, tem a datação de fósseis que lembram protohumanos, tá bom? Primeiros humano, quase quase humanos, né? assim, é onde a coisa começa com a gente. Olha só, então a gente tem, a gente pode dizer que existe um período pré-humano, mas quase humano, que começa 2.8 milhões de anos, alguma coisa assim, e vamos dizer que ele vai até o surgimento da agricultura. Eu vou falar de um enorme período, tá bom? Que é o período paleolítico, né? Esse porque tem uma parte que a gente chamaada de superior e inferior. O que que importa no paleolítico e por que que isso importa para ideologia política e pra gente entender esquerda e direita? Cuenta aí que vocês vão ver. E o negócio é surpreendente. Olha, no paleolítico, o que acontece? Nós humanos vivíamos em bandos. Os bandos tinham de 15 a 30 pessoas, mais ou menos. É o que se estima. E muitas vezes esses bandos se organizavam como se eles fossem eh redes, tá bom? Assim, formavam redes um pouquinho maiores, assim, até 300 pessoas, qualquer coisa do gênero. Beleza? Esses bandos viviam num ambiente de clima bastante complicado para dizer o mínimo, né? glaciações. Eh, quem assistiu o desenho da Era do Gelo sabe do que eu tô falando. Claro que o desenho tá passando muito antes, tá bom? Mas veja, eh, durante o pleoceno, né, que enfim, eh, você paralelo do ponto de vista da nossa existência ao paleolítico, o clima era uma porcaria, tá bom? E era uma porcaria fria. Então, eh, que que a gente tem? uma dificuldade de conseguir alimentos. A gente tem uma a eh existia quase uma existe uma necessidade efetivamente, ainda mais que a espécie ainda não tinha adquirido boa parte das informações necessárias para produzir alimentos de ficar se movendo de um lado pro outro. Como a espécie ela era de caçadores coletores, eh, ela tinha assim, esses grupos, apesar deles terem organização interna, eles muitas vezes eles eram diluídos ou semidilídos. Consequentemente, o reconhecimento da paternidade não era tão claro. Claro que ele existia, mas ele não era como é hoje em dia que você vai lá e faz o teste de DN. Bom, óbvio que não, né? Mas ele não era como foi depois do do da sedentarização pelo Não. E como todo mundo precisava fazer tudo, tá? Inclusive esse mito, tem uma ideia que já caiu, que é que só os homens caçavam, as mulheres ficavam fazendo f uma ideia muito idiota. Não, não. Tá todo mundo caçando, todo mundo assim realmente literalmente eh atrás das do matando o almoço, como é que é? eh, enfim, sei lá, do pegando o almoço para para comer, pagando o almoço para comer a janta, qualquer coisa assim, essa expressão. Enfim, então, nessa loucura toda, eh, é engraçado, né? Às vezes eu fico tão concentrado que coisas muito comuns me fogem a mim. eh, nesse nesse nesse clima tão hostil, o que a a solução ótima que que os bandos foram desenvolvendo ao longo de milhões de anos foi a da redução da agressividade intragrupal. Olha que interessante isso. A ausência quase total das hierarquias de mando, então, ou seja, a ideia de comando e controle das hierarquias chimpanzés, curiosamente, ela não era muito comum nos grupos humanos. Tem gente que questiona isso, mas o o entendimento eh prevalente hoje em dia segue sendo esse que que assim, se a gente olhar na história dos primatas, você tem uma mudança, não é? que o o ser humano primitivo ele era como o Robs achava isso, né? O ser humano do do paleolítico, ele era uma continuação do chimpanzé, não? Essa visão diz que ele era o quase o contrário, entendeu? que justamente essas hierarquias de mando, agressividade entre disputas agressivas e etc, tal, tudo isso declinou muito e e a comida, os recursos eram compartilhados, não totalmente compartilhados, lógico que não é assim, mas eles eram muito mais compartilhados do que com no domínio lá do dos chimpanzés, do nosso ancestral comund, do que quer que seja. É essa é uma ruptura da espécie. Eu tô falando isso antes do surgimento de uma cultura tipicamente humana ou qualquer coisa do gênero. E essas coisas aconteceram por uma questão de sobrevivência. E é engraçado que, por exemplo, há estudos com grupos caçadores coletores, né, durante o século XX. Um desses grupos é os são os kung. Quem quiser procurar na internet é muito interessante porque fala assim, klung e e assim você faz com uma exclamaçãozinha. Então tem uma exclamação, o se escreve assim, exclamação kung k u n g. E quem quiser dar uma olhada pode ver que os kung eles são pacifistas e eles compartilham a comida. Inclusive eles acham meio bizarro alguém comer sozinho. Sabe essa coisa moderna da gente que você vai lá, pega seu prato e come, eles acham é tipo uma falta de educação total assim no nível, sei lá, entendeu? É que nem você você sentar pelado em cima do prato de comida. Sabe uma coisa que causa geriza na gente? que a gente não sabe por, mas acha esquisito. É isso. Eles acham isso altamente esquisito. Enfim, então esses grupos, ainda que essa essa ideia não possa ser levada a ferro e fogo, porque há antropólogos questionando ela de algumas formas, mas no grosso, no geral, a gente pode dizer que esses grupos eram muito mais distributivos do que os ancestrais, eh, que a gente teve, né, h milhões de anos antes e dos do que os outros primatas antes do nosso surgimento ou mesmo e em paralelo a ele. OK? Aí, mais ou menos de 20.000 anos antes de Cristo a a 10.000 anos antes de Cristo, tem 10.000 anos de alterações eh eh geográficas, de temperatura que vão, enfim, melhorando o, né, o clima no planeta. E a gente tem há mais ou menos 12.000 1 anos antes de Cristo, a passagem pro oloceno, que é essa nova era climática com um clima muito mais estável. Essa marcação é quase que aleatória, tá? Então não é que teve uma passagem assim, mas mas enfim, o clima se estabiliza, melhora, ah, enfim. E ao mesmo tempo a cultura já tinha se desenvolvido bastante, o ser humano já tinha eh se sedentarizado em diferentes momentos. A sedentarização humana hoje a gente sabe que aconteceu antes da agricultura. Uma das teses principais, inclusive, é que ela aconteceu a partir de rituais religiosos, tem muita discussão nisso, mas o que importa é o ser humano, a partir desse dessa possibilidade que é dada pela, pela convergência do clima e do desenvolvimento de uma cultura, o ser humano desenvolve, começa a desenvolver técnicas para produzir sistematicamente alimento. E isso se dá, evidentemente, com com agricultura primeiro, grão, cevada, pá, pá, pá. E depois um pouco mais para frente se dá com a domesticação dos animais. Então a gente começa a ter comida e a gente se sedentariza. A sedentarização ela vai levar a um processo que, olha só que interessante, favorece imensamente, primeira coisa, a explosão populacional. Porque pensa, as calorias eram restritas, tinha pouca caloria e aí a gente começa a produzir muito mais calorias, consequentemente a gente consegue alimentar muito mais gente. Então a taxa de de eu eu tava em dúvida se a taxa de fecundidade ou de natalidade, eu diria que a taxa de fecundidade aumenta, mas a taxa de natalidade aumenta muito mais. Por quê? Porque muitas gravidezes do no do paleolítico não prosperavam por porque falta recursos energéticos, né? Você tem um monte de aborto espontâneo, um monte de enfim. Então a taxa de natalidade cresce muito. A taxa de fecundidade também deve deve ter crescido substancialmente, mas a primeira mais do que a segunda. E você começa a ter uma uma explosão populacional. Do outro lado, essa mudança na na cesta alimentar, né, com menos caça, frutos, menos esse tipo de coisa, com uma dieta eh menos eh variada e muito mais focada em grãos que geram caloria rápida, ela também leva à diminuição do tamanho da população. Olha que coisa interessante, uma diminuição que só vai ser eh equalizada eh no século XX. Então assim, a população muda o também muda de perfil a população humana, tá? Isso aí eh acontece em regiões como, por exemplo, o que seria hoje o Iraque moderno e outras coisas por ali, tá? Essa é esse canto do mundo onde essas coisas vão acontecer, beleza? O o crescente fértil e etc. E aí com isso a gente tem naturalmente a sedentarização. A sedentarização quer dizer as pessoas ficam no mesmo lugar, elas deixam de de um lugar pro outro. A sedentarização, como a gente pode ver, ela está associada a reserva de alimentos. A reserva de alimentos naturalmente estimula um comportamento dos chamados free riders, dos malacos, né, bandoleiros do passado, os primeiros bandidos da história humana. Olha que interessante pensar isso. Bandido sistemático, né? Onde surgiu o, né, o PCC, né, lá no, na idade quase da pé, no holoceno, no na no no junto ao surgimento da agricultura para justamente eh roubar sobretudo eh eh os o animais domesticados e depois grãos. Então, a necessidade de proteção dessa desse dos recursos se torna maior ou vamos dizer assim, tem mais incentivos para proteger isso. Consequentemente a a importância de você criar uma estrutura de proteção também aumenta. Portanto, a força se torna mais importante. Lembra que não existiam armas e, né? A gente tá falando de um momento que você não tinha, claro que existiam armas, tá? Caps e não sei o quê, tá? Mas mas você não tinha ferro, então você não é assim que você pega uma pessoa pequena com uma uma lança de aço e ela derruba uma gig três gigantes, não. Eh, então a gente tá falando de de da importância da porrada. A importância dessa da força vem junto com as hierarquias de mando. As hierarquias de mando tão estruturando, né? Ou seja, assim, quem manda porque quem cuida, quem cuida manda, porque no final das contas quem cuida é quem consegue fazer com que a defesa dos recursos, a defesa dos recursos vem do do do de uma preocupação nuclearizada com quê? com a família, com o grupo que tá diretamente relacionado. Por mais que você tem uma estrutura, você começa a ter estruturas sociais nessa sediment na nessa sedentarização, não é que você tem uma propriedade central de todo mundo, não. Você tem as pessoas buscando defender, né, os pequenos, os grupos, a sua, a sua estrutura, se os seus recursos numa situação que você não tiver esse recurso, você vai morrer. O que surge com tudo isso? surgem estruturas tradicionais, surge o patriarcado que surge hã, por exemplo, os os chamados deuses moralizantes, as regiões, as religiões abraâmicas, eh os elas têm como o assim as os primeiros traços de religiões eh com deuses moralizantes, deuses que vão dizer: “Fazer isso está certo, fazer isso está errado, que é a base pras religiões, pro judaísmo, eh, islam islamismo, cristianismo, a base disso tudo surge quando essas sociedades já estavam organizadas, aliás, tá? E mas surge nesse contexto, num contexto de sedentarização da da necessidade de regras moralizantes que estruturem uma uma ordem. E essa estrutura da ordem, essa estrutura de uma lógica interna também vai levar o quê? Há uma percepção eh muito mais forte do interno versus o externo. O mundo de dentro e o mundo de fora começam a se tornar muito diferentes, porque o mundo de dentro é o mundo que tem os recursos. surge aí as primeiras noções do que é um estrangeiro, do que é um intruso, do que é um forasteiro, do que somos nós, mesmo quando nós não estamos ligados diretamente eh pela genética, mas sim por participarmos de um grupo, que são os princípios fundamentais da sociedade, dos países e tudo mais. Tudo isso surge nessa época. E nesse momento, portanto, um outro processo que não é o do chimpanzé, não é dessas hierarquias da porrada por dentro de um único grupo, mas de uma organização que tem hierarquias, que tem eh preservação de valor, que que atribui grande importância a ao acúmulo surge na nossa história. No final das contas, olha o que que eu tô descrevendo aqui. É uma ferradura. A gente começa no modelo do chimpanzé, a gente passa por milhões de anos por um outro modelo que que tem uma essa outra abordagem que é menos hierárquica, que ela é mais distributiva, que e mas por outro lado ela também é muito mais pobre do ponto de vista de recursos, de tudo. A gente tá lá desesperado de um dia, tá um dia após o outro e a gente vai para uma nova organização que tem traços da primeira. Hora que você abre essa ferradura, você pode até cortar o primeiro para dar que que a gente tem aqui? Qual é a dicotomia inicial aqui? A dicotomia é de um lado, eu tenho a, vamos dizer assim, intolerância a desigualdade. Assim, eu não posso assim, o primeiro grupo, as pessoas, ela eu, ele é a estrutura societária, semocietária, é distributiva, empobrecida. E do outro lado, eu tenho um conjunto de regras, um conjunto de princípios que vai favorecer a a preservação da propriedade. Olha que interessante isso. Logo no surgimento da civilização, esse é o primeiro eixo ideológico. E eu vou definir esse eixo assim. De um lado, eu tenho eh modernamente eh eh uma intolerância maior à desigualdade. Do outro lado, eu tenho uma intolerância ao tolhimento do potencial paraa maximização do potencial individual ou de um grupo. É isso. Esse é o primeiro eixo. É o eixo da locação eficiente. É o eixo das ideologias políticas do ponto de vista econômico. A esquerda econômica tá mais para esse primeiro lado, mais para intolerância, desigualdade. A direita econômica do ponto de vista ideológico, tá mais para esse segundo lado. Tolimento do do potencial da gente atingir resultados bacanas, atingir pontos de máxima são inadmissíveis. Você vê e olhando desse ponto de vista, olha como é ridículo odiar uma pessoa porque ela é mais assim ou mais assada. Não, a gente tá falando das forças fundamentais que constituem as o que é o humano, entende? Por isso que eu não odeio ninguém por ser de direito, de esquerda, porque eu simplesmente entendo que esses princípios são princípios fundamentais na base da nossa história mesmo. E história civilizatória. Pois bem, aguenta firme pegar um pouquinho mais dessa inhaca que aja. Haja inspiração, né? Vamos lá. Vou usar um pouquinho de óculos aqui. Essa que eu não tô olhando para nada, mas pra câmera, mas faz bem, só para variar. Pois bem, então até engraçado, né? Eu ponho óculos, eu vejo um outro mundo, porque sem óculos eu não enxergo nada. Mas o curioso é que eu fico quase sempre sem óculos. Eu também quase nunca tô enxergando nada. Eu passo pela vida sem saber o que tá acontecendo lá fora. Tá bom? Acho que aqui dentro tá divertido. Um pequeno parênteses, pequeno papo aleatório, rapidinho, eu já volto. Hum. Obrigadeira. Então é o seguinte, esse é o primeiro eixo, tá? Agora vamos lá. Quando essas estruturas para preservação de recursos começam a ser organizadas, o que que acontece? a gente começa a ter um desenvolvimento das primeiras instituições que servem justamente para garantir, né, reduzir o custo energético, o custo friccional de manter essas estruturas. Então, por exemplo, que que de onde surge a lei? A lei surge de regras tácitas, né? regras que não precisavam ser eh eh manifestas de maneira explícita contra o o assédio do daquilo que, por exemplo, daquilo que o sujeito plantou, do animal que o sujeito tá cuidando para ele poder, enfim, que que é de estimação ou que vai ser o jantar do mês que vem e enfim o roubo de filhas ou esposas e assim por diante. Então é desse tipo de coisa que isso ou do assassinato da da dos grupos inteiros, famílias, o que é que seja para ficar com a propriedade, etc. Tal. Então essa é a estrutura muito fundamental. Claro que assim, a história do direito não é exatamente essa, mas o fundamento é esse. E e aí essa essa estrutura muito fundamental, o que que ela faz? Ela faz com que surja, venha à tona um um um princípio que é o da preservação do status quo. Então, a preservação do status qu é muito importante. Por quê? Porque a preservação do status qu significa você preservar aquilo que você tem lá guardado no seu protogalpão, entendeu? A sua comida, sua e assim vai. Então, é a base da fixação territorial. Então, é isso. E aí, eh, a gente tem esse, esse esse estado. Mas do outro lado, olha uma coisa interessante. Quando nós simplesmente ficamos fazendo uma mesma coisa, a gente não vai pra frente. Acho que isso aí é bastante óbvio. Então, como é que a gente chegou até aqui? Como é que desse estado das coisas a gente tá falando agora em inteligência artificial e carro voador? Apesar deles parecerem são uma porcaria, né? Os carros voador com aqueles aquas hélico, né? Vamos falar a verdade, carro voador hoje em dia é risível, né? Não sei que o povo gosta tanto, põe no YouTube, tem aquela moto voadora que eu não que eu acredito que é de verdade. Muita gente põe em discussão isso porque ninguém nunca viu essa tal moto, que ela parece uma moto voadora mesmo. Agora esses carros com essas hélice de drone de plástico em cima são uma merda, né? Fecha o parênteses. Então, nessas coisas, nesse momento de passagem que daqui a 50 anos as pessoas vão rir. Imagina daqui 50 anos as pessoas vendo aquele carro voador com hlicszinha de drone de plástico, sensação de que vai cair. Fala: “Meu Deus, como o passado era ruim”. como o começo desse século XX foi uma merda, então, mas enfim, fecho parênteses. Então, a gente tá nesse momento e tal, porque as coisas vieram mudando. Então, tá na base de um impulso motivacional humano a gente também buscar o diferente. E olha que interessante, na origem é desses dessas primeiras estruturações e societárias, né, no na gênese da civilização, e surge esse impulso à manutenção que ele tem uma leitura muito interessante dele, que é como uma espécie de um sistema imunológico comportamental, ou seja, o o de dentro começa a desenvolver quase que uma que uma imunidade, uma resposta de afastamento em relação ao diferente. Por quê? Porque a resposta de afastamento em relação ao diferente reforça a as chances de manutenção daquilo que que que existe, né? No caso dos recursos escassos. Só que, tal como um sistema imunológico, é a exposição ao diferente que garante a sua eficácia. Então, no final das contas, eh, se o ser humano, ele próprio, não se aventurasse a tentar ir conquistar uma outra terra, fazer isso, fazer aquilo, a gente não estaria aqui onde a gente tá. E é dessa dicotomia fundamental que surge o segundo eixo ideológico. Esse impulso a querer preservar o status qu é, em última análise, uma intolerância. é a intolerância à mudança. E do outro lado, essa vontade de sair, de ir e de conquistar, ela é uma intolerância. a intolerância, a continuidade. Este é o segundo eixo e a gente pode ver como ele é fundamental na determinação da nossa espécie e não só na determinação da essência de todas as ideologias políticas existentes hoje e sempre. Então, por exemplo, eh, no as ideias mais importantes do mundo sobre tomadas de decisão, num dos episódios, no episódio dois que eu falei sobre teoria dos jogos, eu descrevi uma dicotomia essencial que existe entre explorar como inglês exploit e explorar como inglês explore. E o que que quer dizer isso? É o seguinte, eu contei o seguinte. Imagina que você põe um ratinho num num assim numa espécie de um labirinto com umas saidinhas, tem sempre um queijinho na ponta e ele vai buscando. Pá, pá, pá, ele sai aleatoriamente. Aí depois de um tempo ele descobre que no buraco três, imagina que tem tem quatro buracos, no buraco três tem o queijinho, ele vai ali, comeijinho. Aí na próxima vez que ele sai, ele vai ali, comeijinho. Na terceira vez que ele vai, comeijinho. Na quarta vez que ele sai, comeijinho. Aí você para até de olhar o experimento, fala: “Ah, rato é igual máquina, né? Ele vai lá comer esse queijinho pro resto da vida”. Não, lá pelas tantas e não é tão infrequente assim, o rato entra no buraco número um, no buraco número dois, no buraco número quatro. E aí as pessoas perguntam: “Mas por que raios o o rato tá fazendo isso? Ele é irracional. Se você olhar do ponto de vista do recorte imediato, você pode dizer que ele é irracional. Mas na verdade não é que ele é irracional, é que existe a chance de de que uma recompensa maior ainda do que aquele pedacinho de queijo esteja num desses outros buracos que ela tenha sido colocado em algum momento. E se ele ficar só reiterando a mesma coisa, ele não vai conseguir essa recompensa. Por outro lado, se esse rato encontrou o queijo no buraco três e na próxima ele já vai pro buraco quatro, buraco dois, etc e tal, é capaz de alguém ir lá e comer o queijo que tá no lugar onde ele tem maior probabilidade de ser encontrado e ele morrer de fome. Então, a coisa mais racional do ponto de vista da espécie, como esse jogo evolucionário foi estruturado, é onde nós encontramos recompensas, nós voltamos, mas ao mesmo tempo, eh, não é perfeitamente adaptativo você escrever isso em pedra e ficar só batendo na mesma tecla da recompensa. Isso é feito quando a recompensa é craque, é fentanil, sabe? Essas coisas. E é por isso que que é é bets, essas coisas, porque senão não não é o negócio que que você em san consciência deveria fazer, entende? E aí, por que que esse experimento é tão bacana? Eu gosto muito, talvez seja o experimento mais importante do mundo, pelo na minha opinião, porque é justa, entre outras coisas, além dele revelar como as tomadas de decisão funcionam, como a gente aloca recurso, um monte de coisa, tá aí a verdadeira dicotomia entre conservadorismo e progressismo. Conservadorismo é o rato e lá toda vez no mesmo buraco. Progressismo é o rato buscar nos outros buracos. Um é exploração como exploitation, conservadorismo. O outro é exploração como exploration, progressismo. Entendem as coisas? Um tem maior intolerância a qualquer coisa que saia do status qu. Saiu do script, eu não gosto. Ah, isso aqui não é uma mulher tradicional. Ah, isso aqui essa pessoa fuma esse negócio que eu não fumo. Ah, não gosto de nada. O outro é assim: “Ah, todo mundo tá fazendo X. Ah, então eu só posso fazer Y. Não quero nem saber, vou fazer Y. Ah, eh, essas coisas que não podem, então são elas mesmo que eu quero fazer. Ah, e assim vai. Então são são visões extremas e estereotípicas, tá claro que não é verdade, mas vocês entenderam o ponto. Essas dicotomias também são dicotomias que na base elas e elas não não é aquelas só que elas, eu ia dizer que elas não vivem uma sem outra, é claro, porque senão não seriam dicotomias, mas elas são sempre de grau, exceto em pessoas muito extremistas, porque no final das contas, tal como intolerância a a a desigualdade, intolerância à limitação eh do potencial humano e e não sabe qualquer ponto absolutamente extremo nisso vai ser disfuncional. Aqui é a mesma coisa. E é óbvio que que que o acúmulo de de conhecimento, de informação e de recursos estocados produz virtude. Assim como é óbvio que existe muito mais para ser explorado. E em última análise, o que define o ser humano é a transformação e e e consequentemente é aceitar que a transformação do outro saiba, sei lá, o que o outro faz com a sua vida, é problema dele, porque afinal de contas a a e desse dessa emergência do diferente que a gente aprende e amplia nossos horizontes, entendeem? Eh, eh, eh, eu acho que esse é o ponto central. E aí eu acho que vale a pena a gente dar uma olhada numa estrutura. Então, eh, vamos nessa. Vamos botar lá o Ah, as imagens. É, você quer responder uma mensagem? Não, não, não, não. No final de tudo. Põe a última. Ponha oito. É oito. É dois. Oito. Oito. Oito. Opa, qual é? Não, não, não, não é essa não. Não pergunta não. Você me Não, não, não, não, não. É da apresentação. Ele tá bloqueado. Eu não abre. Putz, você me mandou. Pessoal, só um minutinho. Não, como não? Ele não abre. Ele ele tem que entrar pela uma conta. Eu acho que só você consegue enxergar ele. Não, eu preciso resolver isso. Pera aí. Tá. Pera aí. Vamos resolver isso aí porque isso é sério. Pessoal, só uma um pouquinho. Falha, falha de um segundo. Segura firme aí. Eh, vamos, a gente vai ter que resolver um probleminha técnico. Você pode tirar do ar um segundinho? Não, não precisa tirar do ar, né? Posso só deixar mud. Pode ser? Pode não, não, não, não precisa, não precisa nada disso. Vamos, vamos tentar resolver. Vamos resolver. É porque parece ser um projeto que você me mandou e aí não é bom. Pega no pega no seu WhatsApp então o o PDF agora. Veio e abre no oito. Não, aquilo é o que ele vai. Ai, ai. Então, pessoal, eu quero quero ilustrar para vocês eh uma ideia, só um segundinho que a gente tá fazendo uma operaçãozinha técnica. Já vai conseguir. Agora chegou aqui. Você quer explicar pro pessoal o que que é? Não, não precisa. Hora que você conseguir então abre aí, por favor. oito. A última eu acho que é a última. Eu tô aqui tudo de memória, mas é é a última página, né? É. Abre a última, por favor, e compartilha. Diminui um pouquinho para caber, né? Ou tira essa coisa do lado aí. Eu coloco ele pra apresentação. Você sabe aqui? Ué, isso aí na sua máquina, né? Quer ver? Vai lá no cabeçalho. Não, não, não, não, não, não, não, não é isso. Cabeçalho da imagem. Eu não sei que. Então diminui o tamanho, vai. Deixa para lá. Diminui esse 83 aí. É que ele tem o modo de apresentação. É, mas eu que posso fazer. Ele não consigo diminuir. Como não é? Tem que entrar no modo de apresentação. É, então daqui a pouco você descobre como faz. Deixa eu mostrar pras pessoas antes disso. Aí você vai descobrindo. Olha só, pessoal. Então, aumenta um pouquinho para para 33. Tá, tá difícil. Agora só isso aí. Pronto. Deixa esse aí. Depois você tenta fazer direitinho. Olha só, pessoal. Então aqui como um monte de intolerâncias, a gente tem uma definição de onde podem estar todas as ideologias políticas existentes. Se eu tenho mais intolerância à desigualdade, então eu sou mais eu estou mais à esquerda do ponto de vista. econômico. Se eu tenho mais intolerância às limitações do potencial humano, eu estou mais à direita do ponto de vista econômico. Se eu tenho mais intolerância à mudança, eu estou mais à direita do ponto de vista das tradições. Se eu tenho mais intolerância à tradição, eu estou mais à esquerda nesse mesmo eixo. Essa é a visão. Olha que interessante a gente imaginar que a gente consegue, enfim, projetar todas as pessoas que a gente conhece, o ponto de vista delas aqui. E o convite que eu faço para vocês é: tente agora se projetar onde que você está nesse eixo. Faz essa reflexão. Enquanto isso, tenta resolver o problema. Resolve aí e depois a gente põe a capa, tá? Com certeza dá. Eh, ou você baixa ali, imprime, faz o que for, entendeu? onde você tá nesse eixo aí. É isso que que eu acho que vale como reflexão, isso que é precioso. Agora, então vamos voltar para nosso nosso assunto. Olha que legal. Então vamos voltar pro nosso assunto agora. A agricultura, como eu falei, permitiu o surgimento de todas essas instituições, todas essas estruturas e a principal delas é o estado. O estado quer dizer essa organização que organiza tudo isso, essa metaorganização. E o eu gosto muito de um livro do Francis Fukoyama chamado The Origins of Political Order. no qual ele diz que o estado surgiu na China eh mais de 2000 anos atrás. E olha que interessante a a origem do Estado. E assim como e segundo ele, não só o Estado na China surge assim, mas o estado no Ocidente também. Ã, o Estado surge a partir da guerra. Então, tava falando, é justamente defesa de recursos, só que a guerra, não sei se ol, olha que coisa interessante, se a gente assiste um filme eh de desses medievais sobre período medieval, a gente sempre vê cavaleiros, né, em cima, né, enfim, do seu cavalo com uma lança, não é isso que a gente vê nas cruzadas? Mas para para pensar uma coisa, o cavaleiro em cima, né? O cavaleiro com a lança, ele parece muito mais bem equipado. Ele lembra muito mais o sujeito moderno em cima de uma moto ou de um carro do que o cara com o pé no chão, não é verdade? Parece uma inovação aquilo. E era de fato uma inovação, né? Não naquele momento, não. Foi inovação muito antes, tá? Com a domesticação dos cavalos. né? Mas enfim, aquilo parece uma inovação em relação ao sujeito a pé no chão, mas na verdade é o contrário. Já entre os chineses, eh, há mais de 2000 anos, foi percebido que grupos a pé eram muito mais capazes de detonar esses esses cavaleiros todos. Isso levou a ideia, o surgimento da infantaria. Acho essa sacada do Fucuyoama incrível. A infantaria é a inovação e não o cavaleiro. Ou seja, ainda que a lógica do ponto de vista, né, de de mecânicas e aparatos, ela pareça que aponte para um futuro em que o cavaleiro supera o sujeito a pé. Na verdade, do ponto de vista da eficiência bélica, foi o contrário. E o grande lance, olha que interessante, é que é muito mais difícil a infantaria porque ela exige volume de gente. Então, o lance do cavaleiro é que você não sabe de tantos cavaleiros assim. Agora é muito melhor você ter um exército, uma grande infantaria com um monte de gente. E essa esse exército gigantesco, essa esse essa montanha de gente, olha que coisa legal. E do ponto de vista de concepção de estado, exige que você pague as pessoas. E para você pagar as pessoas, você precisa coletar impostos. Para você coletar impostos, você precisa de uma sistemática do Estado. Essa sistemática se chama burocracia. Então, no final das contas, a burocracia estruturando o Estado com o modelo de de pagamento pelas pessoas, o surgimento do trabalho estruturado em grande escala, tudo isso surge por causa da guerra na substituição dos cavaleiros pelas infantarias. E é isso que a gente vê acontecer no final da Idade Média, quando também esse papo de cavaleiro vai desaparecendo, justamente surgem novamente aqueles exércitos com um monte de gente e que não estão em cima do cavalo coisa nenhuma, né? É, é gente mais pobre. Você você sai da ideia de que você tem nobres na guerra e justamente você põe o o povo na guerra. Essa é a ideia. E o Estado surge então como essa burocracia organizada, sobretudo para coletar recursos e pagar a guerra. E é através do Estado que as ideologias políticas elas se realizam na prática, sejam elas quais forem. E aí quando a gente vai olhar do ponto de vista dessas ideologias de estado, olha que interessante, troca esse daqui pelo primeiro, só pra gente, pro pessoal ver a capinha bonitinha que a gente fez e depois a gente vai pro dois. Pera aí, deixa eu ocultar pro povo não ver. Tá bom. Aí, beleza. Então vai, põe no, põe na capinha. Não contou nada, mas tá bom. Olha que bonitinha a capinha. O Felipe fez para mim. Eh, não sei porque tá cortando aqui. Ele ainda não tá efetivamente em tela cheia, mas você não consegue botar ali em cima. Quer ver onde? Deixa eu ver para você. Pera aí. Aqui. Pera aí. Ah, não é que você tá usando não. Ele tá no modo apresentação. Tá bom, então. Então que seja. Então, não, não. Volta para aquele negócio, ó. Modo apresentação, tá? Então vai pro aí agora. Foi. Não, agora foi. Tava tinha dado um pau. Então vai pro próximo. Olha que bonitinho. Vai pro dois. Ó. Então a gente viu aquele eixo que eu mostrei, aquele negócio que eu mostrei. Olha agora essa maneira de ver as coisas. A gente tá pensando naqueles mesmos eixos, tá? Esse aqui é o diagrama de Nolan. Então, de um lado, né, o eixo, né, a perpendicular inferior pra esquerda. personal, quer dizer, mais liberdade individual. Olha do outro lado, greater economic freedom. Então, quando eu acho, né, que e olha, olha lá em cima só, só parede, só uma coisa, greater personal freedom de novo e ali greater economic freedom. Olha que interessante. Então, se eu tô olhando, tá bom? E aí eu tenho o costume e economia. Se eu tô olhando do ponto de vista eh econômico, quando eu acho que a liberdade econômica é mais importante, eu tô mais à direita. Quando eu acho que é muito mais o papel da do sujeito do ponto de vista das das suas condições de partida e não de chegada, eu tô mais à esquerda. E aí eu defino a a as os pontos de vista. Vai pro próximo que eu vou mostrar como isso se mostra num outro tipo de de visão. Então aqui, ó, recapitulando, a mesma coisa. Vocês viram os quadrinhos? Olha só, se eu tô mais para liberdade econômica, ou seja, onde eu posso chegar, eu tô indo mais paraa direita. Se eu tô indo mais para onde a pessoa, o ponto de partida que essa liberdade individual no sentido de liberdade negativa, tá? Tem tem Isaia Berlin define a as liberdades como positiva ou negativa. Liberdade negativa quer dizer não tem nada me impedindo de fazer alguma coisa. Então, por exemplo, se eu tô passando fome, como é que eu posso querer eh eh estudar na escola? Porque não tem como, entendeu? Preciso de comida. Então isso reduz um tipo de liberdade. Do outro lado, eh, se eu tenho que pegar o que eu tenho e assim, enfim, tem um imposto gigante e eu não consigo empreender, não consigo fazer nada, porque eu preciso pagar para todo mundo que tá passando fome, deixar de passar fome, o meu ponto de chegada também tá limitado. Então é aí a redução da liberdade econômica. São essas dicotomias de base que tão separando as pessoas ideologicamente, elas estão quebrando o pau sem entender que, na verdade, eh, não tem exatamente um certo ou errado eh absoluto. É, é porque essas esses conceitos todos estão na definição da própria sociedade e e enfim de todas as mentes que evoluíram dentro dela. Passa mais um, por favor. Olha só que interessante. Então, com com isso, a gente pode ver esses esses círculozinos chamados círculos de vem. E a gente consegue olhar aqui os diferentes círculos de vem assim, tá? Então, tenho visões mais progressistas, visões mais libertárias. Que quer dizer progressistas ou libertárias? O progressista. Progressista é uma palavra que a gente usa para dizer eh falar das pessoas que têm maior propens menor intolerância à mudança. Elaseração anti tradição. Elas são, por exemplo, a favor da da legalização do aborto, descriminalização das drogas, etc. e tal, quando economicamente elas estão na no prisma mais de equalização das condições de partida. Agora, que que são os libertários? Os libertários pensam a mesma coisa do ponto de vista dos costumes, descriminalização das drogas, casamento gay, eh aborto, quando do ponto de vista econômico elas estão mais na no no na no privilégio na na no na priorização da da equalização dos e maximização dos pontos de chegada, tá, econômicos. Então, é é assim que a gente vê. E como é que a gente olha do outro lado uma visão mais ã que que como é que a gente separa ali embaixo o socialismo do conservadorismo? O socialismo, olha que interessante, se a gente parar para ver como ele tem um estado forte, né? Pensa, por exemplo, no comunismo, é uma estrutura rígida. É, e apesar de de assim do ponto de vista de valores não são antirreligiosos e etc e tal, é é óbvio que você não pode falar o que você quiser e fazer o que você quiser. Muito pelo contrário, e a regra é você não poder fazer o que você quer nunca. Bom, quase nunca. Então, eh, existe uma rigidez. Então, quando essa rigidez está do lado à esquerda, ela vai ser desse jeito. Quando ela tá do lado à direita, ela vai ser chamada de conservadorismo. Mas no final das contas, do ponto de de vista da tolerância à mudança, é muito parecido. É baixa tolerância à mudança. E é assim que a gente tem que realmente representar os eixos ideológicos. Acho que você pode voltar pra primeira, deixar aquela a capa que ela é bonitinha e a gente vai seguindo. Vamos ver que horas são pra gente não não ir infinitamente. Isso tem horas aí. Tô sem o celular aqui. 10:10. Tá bom. Então vamos que vamos. Pois bem, uma vez que a gente tem definidos hã os eixos ideológicos, né? como é que ele cabe então a finalmente fazer a aterriçagem sobre o conceito de esquerda e direita, que agora a gente entendeu o que que é esquerda e direita são formas de tratar o que tá na verdade o que existe sobre dois eixos, tá? um eixo econômico, um eixo dos costumes, sendo que tem gente que que acha uma coisa do ponto de vista dos costumes que é igual a de outro grupo e o que eles e onde eles divergem mesmo é do ponto de vista econômico. E tem gente que acha uma mesma coisa do ponto de vista econômico, mas diverge mesmo do ponto de vista dos costumes, tipo progressistas e libertários. Tá todo mundo concordando que descriminalizar as drogas é melhor. Uns acham que é melhor porque cada um faz o que quiser com a sua vida e também porque as drogas vão pagar imposto e isso aí é dinheiro pra gente poder eh desenvolver a sociedade e e consequentemente o bem comum. Outros acham que não é porque as pessoas têm direito de buscar aquilo que elas querem e e enfim, elas têm condições de satisfazer as suas potências, as suas intuitivas, suas orientações em sentido ao prazer, maneiras distintas de ver a coisa, mas elas têm do ponto de vista de bandeiras uma convergência. Olha que interessante. Portanto, esquerda e direita é uma tentativa de reduzir um plano a uma reta. É óbvio que há uma insuficiência na redução do plano à reta. E de onde surge isso? Isso surge, né, na assembleia o seguinte, 1789 a gente tem a Revolução Francesa, a queda da Bastilha, se todo mundo já sabe do que eu tô todo esse esse esse grande evento da modernidade, né, instaurador, em parte instaurador da modernidade. E ali a gente tem dois grupos que se formam eh na sequência, tá? os apoiadores do rei e os que são contra o rei. E eles estão hã situados à esquerda ou à direita dentro da assembleia. Então, esquerda e direita, no final das contas surge como como par de conceitos dessa dicotomia sobre onde as pessoas se sentavam lá no final do século XVI. Em 1791, eh, 791, a Assembleia Nacional Francesa foi substituída pela Assembleia Legislativa e houve uma reorganização, mas na reorganização uma coisa parecida emergiu. E aí tinha um grupo que era, como eles chamavam? Ai Jesus, os inovadores e outros que eram os eram os moderados. E os moderados estavam à direita, os inovadores à esquerda. Olha que interessante essa conceito de moderado e inovador, porque inovador parece que quer dizer que tem eh orientação à mudança, o outro menor orientação a mudança, ou seja, o eixo dos costumes entrava forte. Então são certo sentido, conservadores e progressistas. Agora, não é estrito isso, tá? porque eh ex evidentemente existiu também uma uma dicotomia do ponto de vista do da propriedade, né, do do dos recursos, da locação de recursos. justamente uma uma das grandes questões era a locação desproporcional e e injusta de recursos, tanto do da monarquia absolutista quanto do clero, que fazia parte, né? Era parte do desse mesmo grupo de poder que se aproveitava de tudo e hoje em dia seria chamado de máfia. Então, tá aí a oposição de base de onde surgem essa essas ideias. Mas eh muitos dos ideais da Revolução Francesa, ou se muito da da base, é uma base liberal, tanto que o, né, liberdade, igualdade e fraternidade. Mas essa liberdade é é obviamente um ideal, claro que é um ideal humano, existencial, mas no no linguajar das ciências políticas, quando as pessoas estão falando em liberdade, em geral elas estão falando de menos intervenção do Estado e consequentemente, claro que na visão ali da na discussão da época, o Estado era esse estado absolutista, mas é é um ideal assim muito poderoso entre os liberais clássicos. E o que é interessante é que nos Estados Unidos, né, a partir da da, enfim, a revolução americana, né, assim, a independência americana, ela é baseada, né, em princípios muito parecidos com os da Revolução Francesa. E esse conceito de liberdade, ele é muito forte. o o o e a figura do liberal clássico é uma figura que se torna muito preponderante, mas olha que interessante, durante o século XX, sobretudo eh a partir do do governo do do Roosevelt, eh o que era chamado de liberal clássico se torna conservador. Olha que coisa interessante. nos Estados Unidos. Então, o conceito de liberal é um conceito que ele próprio muda de acepção. Então, eh, os o o originalmente assim, a ideia, né, no New Deal era que o o Estado deveria intervir na economia americana e é e portanto o Estado se tornaria menos liberal e consequentemente esse liberalismo clássico foi se tornando mais uma pauta dos conservadores que supostamente deveriam ser antiliberais. Afinal de contas, liberalismo significa poder fazer a exercer minhas liberdades individuais entre elas para eu abortar para não. Se eu não quero usar cinto de segurança, eu vou assinar um papel e se eu morrer, problema é meu, mas se eu não morrer, não me enche o saco, não vem com multinha babaca e descriminalização das drogas, eu faço o que eu quiser. Então, olha como esses conceitos ao longo do tempo eles foram mudando de de acepção e as pessoas no meio do caminho foram perdendo contato com eles, né? Então isso é muito importante, é a gente entender como como os conceitos mudam. E aí mais um ponto para tornar isso tudo muito complexo. Então, mas e resolvendo no final, eh, então a gente tá falando de um conceito de liberal como economia liberal, conceito de liberal assim como permissividade pros comportamentos de interesse pessoal, sem ninguém querer meter o bedelho e assim vai. Em geral, no ocidente a gente vê uma associação entre ser liberal na economia e conservador nos costumes e acha que existe um ponto em comum. Existe uma discussão sobre esse ponto em comum. Então, a discussão é: eu eu sou conservador nos costumes porque eu privilegio a lei e a ordem. E a lei e a ordem são os elementos de base, são os fundamentos paraa liberdade econômica, porque senão não tem liberdade econômica. Se toda vez eu fico inventando uma regra, acabou a liberdade econômica. Esse é um argumento e ele parece inquestionável, mas ele não é. Olha só que interessante, quando a gente vê como as coisas, como são essas coisas, como essas coisas se organizam eh no nos países que são foram comunistas, né, nas nas ex-membros da União Soviética e outros países que estavam para pro lado oriental da cortina de ferro, a gente vê que as coisas são bem diferentes. Então, por exemplo, ã, na Croácia, a Croácia é como no Brasil, tá? Então, a direita é conservadora. Na Bulgária, os conservadores, quem tem mais, do ponto de vista de costumes, né, quem tem mais intolerância à mudança, tende a também ter uma tendência maior a achar que o estado tem que intervir, tem que taxar, tem que regular as atividades privadas, eh tem que limitar, né, a a venda de estatais e e tem que atuar de maneira forte para reduzir a desigualdade. Ou seja, tem pautas econômicas à esquerda. Olha que interessante isso. Na Bulgária, portanto, os conservadores estão a esquerda do ponto de vista econômico e não eh e não são liberais clássicos, como se suporia. Na Hungria, não tem correlação nenhuma e na Rússia isso varia. Então é, não é verdade que que ter uma uma abordagem mais liberal na economia naturalmente puxa um ponto de vista mais tradicional, mais conservador do ponto de vista dos costumes, ou o contrário que ser mais conservador nos costumes naturalmente traz uma visão mais liberal na economia, nem que fosse uma, né, se as coisas não tivessem reciprocidade, se fosse de uma via só, também não seria verdade. Isso varia ao longo do mundo e a gente consegue encontrar argumentos para endossar as duas coisas, tá? Tanto que assim, não, se eu sou mais liberal na economia, faz sentido eu ser mais liberal nos costumes. Afinal de contas, eu tô privilegiando a a a liberdade humana, a liberdade do fazer, a liberdade de não ser contido por regrinhas. E do outro lado eu falo: “Não, a liberdade econômica de não ser contido por regrinhas e não ter que me preocupar tanto com com a incapacidade alheia, ela depende da lei forte, de umas estruturas consistentes e sólidas. e, portanto, da tradição estabelecida. Ou seja, os dois pontos de vista são igualmente defensáveis. A grande verdade é que essas correlações não existem no mundo todo, tá? O que acontece que é muito muito assim revelador e pouca gente sabe é que nos Estados Unidos em particular, onde sobretudo a gente tem o assim grande formação ideológica contemporânea, sobretudo durante o governo Reagan, 1981 a 1989, n os dois governos Reagan, eh houve uma uma um movimento deliberado político que ficou conhecido como fusion ismo. O fusionismo foi a fusão, a o encontro dos conservadores, sobretudo conservadores, com alguma orientação religiosa com os liberais da economia. Ou seja, esse pessoal original que não necessariamente tinha uma pauta econômica forte, convergiu para para atuar politicamente junto com esse pessoal que tinha um ponto de vista eh do econômico, uma visão de de estado, enfim, competitivo e de e enfim de empreendimento, mas não tinha nenhuma predileção ideológica pré-estabelecida no sentido conservador. muito pelo contrário, eram, na verdade eram mais liberais nos costumes. Então, o fusionismo que gera esse fenômeno que que são o que virou chamado de neocon, né? São o neoconservadorismo, que depois ficou associado a uma ideia de direita e e do outro lado a mesma coisa. pelo mesmo movimento, eh, a esquerda também gerou seu fusionismo. Mas se a gente parar para ver, eh, pensa nas grandes liberdades que existiam na União Soviética, quais eram essas grandes liberdades? Liberdade nenhuma, né? Quer dizer, tem algumas, mas, mas é claro que não, né? Então, falar que que não, a a grande tradição é de imensa liberdade, não, que mentira. Então, dos dois lados, essa o que a gente tem são encontros de conveniência entre defensores de pontos de vista bem definidos no eixo econômico e no eixo dos costumes. E a partir disso que a gente consegue eh olhar para para uma realidade estabelecida, né, desses eixos, o que é a direita e esquerda, tá? que são essas essa esses encontros, né, em última análise, de oportunidade. Eles existem por oportunidade. Agora, dando um passo além, olha como as coisas vão ficando eh ainda mais complexas. Então, conforme o século XX vai passando, né? Então, assim, a queda no muro de Berlim, 1989, vai se distanciando do tempo presente, porque o tempo presente anda, eh, a gente vai vendo alterações nesses nesses paradigmas eh que são ideológicos, eh, esses paradigmas que pareciam bem definidos com os com os diferentes tipos de fusionismo que tornam as coisas mais complicadas. Então, por exemplo, vamos falar do do Putin, tá? Putin, eu diria que é uma das figuras que o Ocidente entende pior. Se tivesse que que colocar o Putin em algum lugar no eixo, o Putin é de esquerda ou o Putin é de direita? Eh, você pode pesquisar na internet, tá? Porque até eu fiz uma pesquisa levantando muitas bases para ver o que todo mundo acha. que eu já sabia, para mim é óbvio. E você pode ir lá e olhar você mesmo se você acha que que enfim, eu não sei o que eu tô falando. O Putin, do ponto de vista de dos pontos de vistas hegemônicos, o Putin é de direita. Olha que interessante. O Putin, em geral é considerado ultra direita. Putin está à direita. Por que que o Putin é é um sujeito considerado à direita? Porque o Putin privilegia a tradição. Agora, quando a gente vai ver a ação política do Putin, Putin não é um comunista, mas ele traz traços, forte estatização, forte forte atuação do Estado na economia, do Estado na política externa. as as empresas russas são meros joguetes na sua mão e assim por diante, na mão do Estado e assim por diante. Quer dizer, as políticas eh econômicas do Putin estão muito mais associadas a uma esquerda, inclusive super tradicional do que ao liberalismo clássico, que daria, enfim, origem a essa visão neocom e consequentemente a a há uma abordagem de direita clássica do ponto de vista dos anos 80. O que isso significa? Por que que as pessoas entendem o Putin como muito mais à direita do que a esquerda? A resposta porque cada vez menos a essa é a minha tese, tá? Cada vez menos a determinação ideológica de alguém se dá pelo que a pessoa acha no eixo econômico e cada vez mais se dá pelo que ela acha no eixo dos costumes. Que é outra prova? Donald Trump. Nem ninguém tem nem ninguém tem dúvida que Trump é um representante da direita. Eu diria que é o grande representante da direita hoje em dia. Mas que raios de representante da direita é esse que eh tá, enfim, tributando todo mundo, né, fazendo com que um monte de impostos incidam sobre os americanos que tá eh, enfim, fechando, pensa, fechando o país de uma maneira assim com totalmente hã arredia aos aos aos imigrantes, inclusive os aos imigrantes qualificados com vistos eh H1B, se eu não me engano, é, esse é o visto. Eu lembro porque eu não precisava de visto, né? Mas enfim, e para quem tem visto, acho que era esse o visto. Eh, então, ou seja, que são o sempre foram a força do intelectual e produtiva dos Estados Unidos, né? O Reagan falava isso. Estados Unidos é é o país que é porque ele é feito de imigrantes. Tem até essa uma frase famosa que assim você, eu não sei quem falou, mas o Reagan gostava de citar essa frase que é você muda pra França e você passa sua vida lá, mas você não vira francês. Você muda para não sei aonde, você passa sua vida lá, você não vira não sei o quê, mas você muda pros Estados Unidos, você passa sua vida lá e você é um americano. Não nem que você vira, tem essa, essa é a frase clássica. Enfim, e então o o Trump é contra isso. O Trump é é um eh pensa no só pensar o o o a grande oposição dele ao Elon Musk beautiful bill, né, assim, são leis, é uma grande lei econômica, né, com um monte de incentivos, isso, aquilo. Ou seja, as políticas econômicas do Trump são antiliberais em todos os sentidos, do ponto de vista do que a gente tá definindo como a a o os ideais da da direita econômica. Então, ele ele não é um representante da direita econômica de jeito nenhum, mas ele tá à direita. Então, como se dá essa classificação? A a tese é essa classificação se dá muito mais no eixo dos costumes hoje em dia. É isso que eu acho que a gente tem que entender. Eh, cada vez menos no mundo industrial pós-pósmoderno, o que eu chamo de metamodernidade, cada vez menos nessa era a gente tem eh eh enfim grupos políticos de grande relevância que negam a economia de mercado, assim, que negam o valor do capitalismo. Isso existe, eh, mas mas cada vez menos. Assim, o que a gente tem são grupos que e que tem visões do capitalismo mais ou menos eh intervencionistas, isso sim. Mas no final das contas, e essa dicotomia que era muito forte a enquanto existia a União Soviética, ela se tornou muito menos muito mais fraca ao longo do tempo. Então isso muda bastante. E o, por exemplo, entre os conservadores, eh, para esse episódio, eu li muitas, eh, tem uma revista específica, eh, que os conservadores leem bastante e eu li muito, eu li muitos artigos dessa revista e de outras, eh, e assim, há uma, um debate profundo entre os conservadores e o mal-estar profundo em relação ao Trump, esses conservadores com com uma orientação econômica mais liberal e o grupo que ele representa, que hoje em dia é chamado de nacional al conservadores, tá? Então é outra coisa que seria uma outright nessa o olha que interessante, é todo mundo, tem gente que fala assim: “Não existe mais direito hoje em dia só ultradiita”. Porque você muitas vezes vai ler na mídia, todo mundo só se refere à direita, como se direita não existisse. Mas que raios é ultradireita? é uma direita que do ponto de vista dos costumes, ela ela é mais tradicionalista, mas curiosamente é uma direita que do ponto de vista econômico é menos à direita do que a direita que não é tão à direita. Olha que coisa maluca. É, esse é o entendimento que a gente tem que ter da política para para enfim e sabe ter aquele bom senso de não sair trocando porrada com os outros, porque é só compreender um pouco para você ver que calma lá, tá? E, e é interessante, só para adicionar um um pontinho nisso, pensa na nas pensar no no tradicionalismo do do Trump. Eh, tá bom, ele é um tradicionalista, mas agora o grande o grande bafafá é, enfim, o o se ele está ou não envolvido nas nas nos arquivos, né, citado nos arquivos de Jeffrey Epstein. Entendem o ponto? Eh, não sa, a gente não sabe exatamente, mas vamos lá, que que essa não é uma discussão típica de quem é um legítimo representante da moral e dos costumes, né? O TR pessoas você olhar para ele, ele não é historicamente um legítimo representante disso. Sujeito que não, imagina, ele trata as pessoas com respeito, ele não fala palavrão, ele o negócio dele é se é a família, gente, vai prec ser completamente imbecil para achar isso. Nem nem sendo imbecil, porque justamente o que acontece que segue a a ordem, pensa pensa em invasão do Capitólio, né? Você acha que isso é coisa de quem segue a ordem? Desculpa, não importa o ponto de vista que você tenha, você pode ter qualquer um, é simplesmente que não é. Então, olha que engraçado, mesmo a visão sobre a tradição, ela também dá um um flip carpado duplo, né? o duplo flip carpado e termina num outro ponto de vista, porque definitivamente essas pessoas que estão à direita da da da representação do que seria a tradição, elas justamente estão lá para subverter a tradição do ponto de vista do comportamento, do que elas falam e assim por diante. Então, é o os modelos ideológicos mudaram muito e e eles vão gan e eles ao longo dos últimos anos foram ganhando conotações que, querem dizer na essência quase o contrário do seu sentido original. Então, alguém fala assim: “Não, porque eu sou de direita, por isso eu apoio o Trump”. Tá bom, não entendo. O Significa que você, do ponto de vista econômico, é bem menos à direita do que se você apoiasse o Biden a Hillary Clinton ou sei lá quem. Lógico, é óbvio. E entende que interessa, que coisa curiosa. E e assim vai. Muita gente, inclusive eh pensa, vamos pensar, por exemplo, nesse paralelo entre o Bolsonaro e o Trump. Sem dúvida, e do ponto de vista dos costumes, a mesma coisa se coloca, né? O Bolsonaro é o representante dos costumes à direita, né, da tradição, mas que justamente eh, tr, né, com seus filhos, com seu todo o seu grupo e tal. É, é, é, não, não é um tradicionalista ortodoxo, né? É tudo menos isso, né? Só se ver como ele fala, as coisas todas. Não é um tradicionalista ortodoxo. Não tô falando mal, não tô falando bem, tô falando que não é. Agora, eh, do ponto de vista do seu governo, economicamente falando, o Bolsonaro foi agiu de uma maneira mais à direita no sentido clássico do que o Trump, porque efetivamente o Paulo Guedes fez uma gestão da economia eh muito mais próxima do receituário tradicional da direita econômica, classe, liberalismo clássico, do que o Trump tá fazendo agora com essas tarifas, essa ideia de que não, eu vou, eu vou eu vou tarifar todo mundo. negociar um a um, pensa essa coisa menos liberal que que você pode imaginar, entendeu? E e a gente pensar, por exemplo, Milei, a mesma coisa. Então, apesar de do do próprio Bolsonaro achar que ele que que ele a cara do Trump e etc e tal, existe uma, do ponto de vista econômico, mais uma proximidade menor do que parece o Bolsonaro nesse sentido, do ponto de vista do, né, da da gestão da economia do Paulo Gets, em certo sentido, lembra mais o Milei. Claro que de maneira o o Milei foi muito mais ativo, né? O governo Milei é muito mais ativo nisso e do outro lado, o governo Milei bota menos importância no no aspecto da moral e dos costumes do conservadorismo clássico. Então, apesar desses dessas figuras que são tradicionalmente caracterizadas como ultradireitas serem assim do ponto de vista de quem não não olha com cuidado tudo igual na prática não. E assim vai. E do outro lado, do ponto de vista das esquerdas, a mesma coisa. Então, figuras que parecem idênticas, elas não são. Então, vamos pegar, por exemplo, às vezes elas são muito distintas. Então, por exemplo, vamos pegar, tá, o Lula e a Marina, tá? Marina Silva. Eh, existem diferenças fundamentais eh do do ponto de vista da das visões de mundo dos dois, quando a gente olha à luz de um conceito específico, de um de um recorte que é que é muito caro ao tipo de abordagem mais à centroesquerda eh do Lula, que é o o o desenvolvimentismo, tá? Então é a ideia, né, de de que, enfim, o Estado tem que ser desenvolvimentista. A Marina, que tem uma abordagem mais ambientalista, ela em em várias situações, como a gente já viu recentemente, ela tem uma uma orientação, uma tendência a priorizar a preservação do meio ambiente do que, por exemplo, no na Foz do Amazonas, tá? Esse é o caso clássico ao qual eu tô me referindo aqui, do que a média do governo Lula, tá? E como a gente faz uma leitura disso? Em última análise, a a preservação do meio ambiente, como eu tava falando, o ambientalismo é uma ideologia, não necessariamente é uma ideologia ruim, tá? Mas é uma visão de mundo, é tipo aquele óculos que aumenta alguma coisa. Então, o ambientalismo ele aumenta alguma coisa. Mas o que que o ambiental aumenta? Ele aumenta a importância da conservação do status quais fundamental, que é a natureza. Então, olha que interessante, a quando a Marina defende o ambiente, em estrito senso, ela está falando em pró conservação. E então, do ponto de vista da instrumentalização da sua ação, é conservadorismo. Só que não é o conservadorismo que usou, claro que não. Quem ouvi isso vai, alguém faz esse recorde, esse corte e e o mundo vai achar que eu sou um louco. Não, mas e existe algo de muito essencial aqui, muito verdadeiro, que é a conservação do mundo. Então, quando a gente pensa, quando a gente olha essas figuras, tipo a Greta e, enfim, o Green Peace, etc. e tal, a gente vê ali, né, o o ambientalismo, muita gente coloca, tá, isso aqui é a coisa mais woke que tem no mundo e tal, mas na verdade e pode até ser, eu entendo o ponto de vista, mas que que assim tem algo exagerado muitas vezes e tal, mas na essência o que se busca é conservar. Enquanto quando eu quero ir lá e fazer com que, enfim, a roda rode, o progresso aconteça, o PIB cresça, eu gere valor econômico através da exploração do do ambiente, né, que consequentemente mudando esse ecossistema natural ou pelo menos trazendo um risco de acidente, por mais baixo que seja, eu não vou entrar nesses pormenores, como eu não tô entrando de lado nenhum, que aqui o papo não é julgar nada. Mas quando a gente olha isso, no fundo, no fundo é uma dicotomia que também tá tá trazendo uma oposição entre eh exploit e explore. Olha bem. E aí não tá todo mundo colocando e falando: “Ah, isso aqui é é uma coisa só”. E tanto, não é, que em 2014, na na na disputa de 2014, em que de um lado a gente tinha Marina e do outro lado tem a Éo Marina e Dilma, né, no primeiro turno com fortes chances eh de serem eleitas e, enfim, acabou indo Aés e Dilma pro segundo turno. A plataforma da Marina econômica e política e social ambiental era diferente da plataforma da Dilma, diferente da plataforma do Aécio. A, por exemplo, a Marina naquela época ela era a favor do Banco Central Independente, a Dilma era contra o Banco Central Independente, o a favor do Banco Central Independente. Se dizia assim, o que corria era que a Marina estava mais à direita do PT do ponto de vista econômico. Agora, do ponto de vista de políticas eh sociais, o que se dizia é que o PT e a rede sustentabilidade, na época se falava assim, eh estavam muito mais próximos e o PSDB do Aécio mais distante. E na resultante, o fato é que cada um tava naquele naquele tabuleiro ocupando posições diferentes quando a gente tá falando das diferentes coisas. Quando a gente vai falar de costumes, né, de do conservadorismo dos costumes, a Marina tinha uma forte preocupação com a conservação do ambiente, mais forte do que os outros dois. Agora, do ponto de vista do tradicionalismo, assim, religião, vamos dizer assim, hã, de abrir espaço para pautas religiosas, nenhum dos três estava nessa linha, apesar da Marina ser evangélica, ela não, de forma alguma, ela tava, ou seja, eh, e e essas essas posições que parecem tão simples na prática, quando a gente olha com uma lupa, elas não são tão simples assim. Então, para resumir isso tudo, né? Então, como é que a gente olha finalmente, né, a luz desse achatamento de um plano num eixo que vai gerar o espectro eh partidário, como a gente olha o que é a esquerda e o que é direita e e isso aí, tá? E depois a gente como a gente olha os partidos. Então, a gente tem que olhar sempre e eh o das mensagens principais que eu tô trazendo hoje do ponto de vista tanto econômico quanto de costumes, separadamente, e entender que muitas vezes um político que todo mundo tá achando que ele é de direita, no fundo ele defende uma coisa que é de esquerda, o outro que todo mundo tá achando que é de esquerda, no fundo defende uma coisa que é de direita e assim por diante. Só os idiotas que que ficam faz botando essas essas essas essas etiquetas simples, enfim, idiotas, não, os ignorantes, né? Então, o que que é típico da esquerda do ponto de vista da da dessa da pauta econômica, trabalhismo, tá? Então, hoje a gente tem uma forte tradição trabalhista, CLT, eh, organização do trabalho e assim direitos dos trabalhadores, esse tipo de coisa, bem-estar social, apoio a sindicato, tá? O apoio ao sindicato tem muito a ver com o histórico trabalhista que começa ganha força no Brasil com o Getúlio Vargas e enfim é uma pauta tradicional da esquerda. Ser contra privatizações também é uma pauta tradicional. Olha que interessante, né? A gente é difícil hoje em dia a gente encontrar um governo, né? alguém eleito que que é contra privatizações. Então, a esquerda de hoje não é mais a esquerda do passado, que eu lembro quando o Fernando Henrique e enfim promoveu assim, foi a primeira onda de privatizações pós-democratização e assim aquilo escandalizava e tal e hoje em dia é o status qu, então as coisas mudam, tá? Então, e a direita, a direita, liberalismo econômico, a compreensão de que os sindicatos não contribuem substancialmente pra sociedade com exceções, tá? Então, por exemplo, eh alguns sindicatos são sim apoiados pela direita, inclusive sindicatos patronais, formas de organização, eh, de grupos, eh, que têm iniciativa privada e se juntam, né, sindicatos patronais é o bom exemplo de produtores, vários tipos, mas é isso, contra sindicatos no sentido tradicional, eh, getulista, a favor das privatizações e faz uma forte defesa do empreendedorismo. Essa é uma pauta em geral muito mais à direita do que à esquerda. Agora, quando a gente vai para aquela separação entre conservadorismo e progressismo, que que é uma pauta tipicamente do conservadorismo? privilégio da família tradicional, contra a legalização das drogas, contra o aborto, contra a pauta dei, né, diversidade e inclusão, eh, e a favor da liberdade das pessoas de poderem ter armas em, enfim, comprarem armas, terem armas na sua casa, eventualmente portar armas. Aí a todo um espectro também de gente que acha que uma acha uma coisa, acha outra. Mas enfim, esse é um tema mais aceito. E do ponto de vista dos progressistas, apoio a a causa LGBTQ a mais a favor da descriminalização das drogas e do aborto, né? O aborto não, por exemplo, o aborto não é não é todo mundo que é progressista é a favor da da descriminalização do aborto em qualquer situação, não é? Eh, tem aborto também é o é tal como o lance das armas à direita, tem um longo espectro aqui. Aborto quando isso, quando aquilo, mas enfim, o tema do aborto é mais eh, vamos dizer assim, confortável para para esse grupo a favor das cotas, cotas sobretudo cotas raciais nas escolas, no funcionalismo e a e contra e a favor do desarmamento, contra armas, por assim dizer. Então, como a gente vai ver, como a gente tá vendo aqui, essas são formas amplas de organizar a sociedade. E eu quero fazer um parênteses, daqui a pouco a gente vai se encaminhando para as perguntas para dar uma olhada na aquela dos, eu não lembro mais qual é, que tem os partidos. Eu acho que deve ser a quatro, não, cinco, desculpa. Hã, então aqui a gente tem aquele mesmo diagrama de Nolan. Olha que interessante no meio. Então a gente tem ã o lado esquerdo tá ali escrito socialismo e o lado direito capitalismo. Então olha onde tá libertarismo da esquerda. Ali ó embaixo. Ativismo, ó. Liberalismo, libertarismo de esquerda. Percebem? São duas maneiras de serem liberais. separadas, né, são com ações efetivas. É isso que que o ativismo quer dizer. Olha que interessante, visões anárquicas, né, que é assim, eh, em pró do da abolição quase completa do ou às vezes completa do Estado. De um lado a gente tem o anarcossocialismo, do outro anarquismo. É tudo muito parecido lá para cima, né, do ponto de vista de visões mais autoritárias, né, ordem, eh, retidão, né, comando e controle. De um lado você tem o estatismo, né, que é uma é uma o estado é forte, tal, do outro você tem o conservadorismo. Então são as instituições como igreja e tal são fortes, mas as coisas são muito parecidas. E passa pro pro próximo slide. E ali em cima, por exemplo, olha essas grandes oposições. De um lado você tem um comunismo, do outro lado você tem um fascismo. Eh, entende? essa essa as oposições eh são muito claras e e ao mesmo tempo elas elas trazem uma dialética, né? Elas trazem uma dentro da outra em muitos casos. Então agora quando a gente vai essa é uma tabela de posicionamento dos partidos, tá? Então o que que os partidos acreditam? Então, por exemplo, eh aqui, só para vocês saberem, não fui eu que organizei isso, eh, que é até bom, tá? Então, eh, iso, vamos lá. Então vamos pensar, por exemplo, na ã no no posicionamento ideológico. Então o PT é mais progressista, o MDB é seria neutro, o PSDB neutro e o PP conservador. Redução da maioridade penal. O PT não apoia, o MDB não apoia, o PSDB apoia e os progressistas apoiam. Eu diria que o PSDB hoje em dia ele é mais de direita, tá? do que centro. Então, tá ali o PT de esquerda, o MDB é centro, o PSDB é centro e o progressista é centro direita. Eu eu como não foi eu que fiz essa essa classificação, que também é muito bom, eu discordo dela, tá? Eu acho que o MDB é centro direireita, o PSDB é centro direita e Progressista é puramente direita. Mas enfim, não importa. Eh, o que interessa é assim, quais são os posicionamentos? Olha que interessante. Então, hã, o tanto o MDB, que é um partido de centro direita, como eu falei, quanto o PT, que é um partido mais centroesquerda, não apoiam a redução da maioridade penal. Agora, cotas na universidade, até o progressista, que é um partido de direita, apoia as cotas na na nas universidades. Então, olha, olha como como na prática tem essa briga toda, mas quando a gente vai olhar os partidos e o que tá acontecendo nas votações no legislativo, as coisas são muito mais complicadas. Então, descriminalização do aborto, tá? Então o PT apoia, não todas as condições, apoia o o MDB, segundo essa tabela, é mais provida, ou seja, não apoia o PSDB sem uma opinião estabelecida. E o PP, que é conservador, não parece ter, segundo essa tabela construída, também uma opinião bem definida. Hã, educação sexual nas escolas. O PT apoia, o PP não apoia, o MDB e o PSDB não tem posições definidas. Percebe que coisa curiosa? Como as opiniões na prática tem uma correlação com o espectro ideológico, sem a menor dúvida, tá? Ela tem, mas não é assim uma coisa escrita ferro e fogo. Essa é a mensagem que a gente tem que entender. Vai pra próxima, vê se tem uma próxima tabela dessa. Pronto. Ã, vamos pegar aqui, por exemplo, o novo, tá? O o o novo hoje em dia tá tá classificado como um partido com posicionamento ideológico conservador, mas a ideia toda do Novo é que o Novo seria um partido liberal clássico, então não deveria ser conservador, mas hoje em dia acaba sendo. Só que e e como um partido conservador, ele apoia a redução da maioridade penal, só que também apoia na média as cotas nas universidades. se a tabela está correta. Eh, isso diria que assim que não é tipicamente conservador. Olha que coisa mais interessante. E como um partido não conservador não é radicalmente contra a descriminalização do aborto, como a União Brasil é claramente contra. Então, é muito interessante a gente pensar como essas essas dicotomias na hora que a gente vai pros partidos, elas se tornam eh pouco menos definíveis do que parece. Eu acho que entender isso traz uma lição muito importante sobre a estupidez que é brigar com os outros por causa de política. Porque às vezes você tá brigando por uma coisa, você vai quebrar um pau com alguém que é a favor do aborto e você é contra ou o contrário e a pessoa é eleitor de não sei quê. no fundo o partido dela tá votando com você e não como ela tá achando. Entende esse tipo de coisa? Então menos. A mensagem é sempre menos. Entenda que que que não funciona desse jeito. Pode botar na capa, por favor? Posso. E agora pra gente fechar, eu queria falar de como as pessoas, a gente falou dos partidos e basicamente a mensagem é correlação com posicionamentos ideológicos apenas parcial e e mas como essas coisas funcionam pras pessoas, né? Então, a gente tem uma tem um teste clássico, psicológico, tão mais importante que existe, que é o big five. São cinco dimensões da personalidade. E existem n estudos, inclusive metaanálises, que correlacionam traços de personalidade a uma predileção dentro da do plano cartesiano das ideologias. E é legal saber, então, por exemplo, abertura à experiência. Pensa, abertura experiência, evidentemente não é um traço conservador, né? Então, os liberais no nos costumes, sejam eles progressistas ou libertários, pontuam mais alto, ou seja, eles têm mais desse traço, abertura experiência, consciosidade, que que é isso? É tipo preocupação com os outros. Os conservadores, eh, se eles ponto, né, que é não é só com os outros, é tipo preocupação com o status qu, com fazer as coisas direito, cheio de pontualidade e etc e tal, esse tipo de coisa. Eh, os conservadores pontuam mais alto nesse eixo. Neuroticismo. Neuroticismo o que que é? É estress. Os conservadores tendem a pontuar mais baixo, ou seja, os liberais tendem a apresentar níveis de neuroticismo levemente mais alto. Isso, a diferença é pequena, mas ela existe na no no neuroticismo. Por quê? Ué, porque a manutenção do status qu te te põe menos na fogueira, então o neuroticismo fica mais baixo. Inclusive tem dados que mostram que existe uma correlação maior, ainda que ela seja estatisticamente muito pequena, a diferença seja muito pequena e e assim tem estudos que dizem uma coisa, outros que dizem outra, mas no cômputo geral, eh conservadores tendem a ser levemente mais felizes na média do que liberais nos costumes. Extroversão, nenhuma diferença relevante. não tem diferença do ponto de vista da sua vontade de falar e etc, entre conservadores e liberais nos costumes. Aí existem duas escalas de autoritarismo, tá? Uma chamada RW, que ela mede o autoritarismo de direita. E outra chamada LWA, que mede o autoritarismo de esquerda. As escalas envolvem o quê? eh valorização da autoridade, valorização da moral absoluta, eh aceitação da agressividade e punição a a a opositores. Tanto a a à esquerda quanto à direita. Altas pontuações nessa escala estão associadas a um negócio chamada chamado a um conjunto de traços chamados tríade obscura, que é psicopatia, narcisismo e maquiavelismo, ou seja, eh ter pontuações extremas em qualquer um dos dois lados do ponto ponto de vista estatístico e correlacional, que não significa que para as pessoas individualmente consideradas isso valha, tá? Vale na média, está associado ao a ao a a a traços cuja combinação é conhecida como deletéria para a sociedade dos dois lados e igualmente, tá? Isso é uma metaanálise recente, mostrando que, enfim, a assim, é, é quase como dizer assim: “Olha, não tem juízo de valor do ponto de vista da das formações político-ideológicas, mas efetivamente os extremos estão associados a traços deletérios pra sociedade.” Não é quase, não é exatamente isso, tá? Isso é o que tá o que os dados dizem. Não, não, não, não ataque o mensageiro. Se você quiser, você vai ler e discute com os autores. Estilo cognitivo também. estilo cognitivo varia do ponto de vista das orientações ideológicas, tá? Então, hã, com, eh, liberais tendem a ter mais flexibilidade cognitiva, tá? Então, eh, em geral, maior eh maior atividade no córtex singulado e algumas áreas associadas. H, QI, o QI não tem correlação eh nem com uma orientação mais liberal, nem mais conservadora, mas o QI é consistentemente mostrado como mais baixo nos grupos que t essas orientações extremas, seja à esquerda ou à direita, e também que tem essa chamada tríade obscura como traços de personalidade característicos. Inclusive, tem uma tese que diz que eh a base é a mesma, porque com mais inteligência é fácil você é quase natural eh se perceber que orientações extremas sobre perspectivas que envolvem a locação comum de recursos, né, que é do que define a política, eh tendem a levar a desfechos negativos, inclusive pro próprio sujeito. Mas há essa discussão, ã, valorização da lealdade. Os dados são assim, eles dizem uma coisa aqui, dizem outra coisa ali, mas no cômputo geral, os conservadores tendem a valorizar mais a lealdade e serem do ponto de vista e desses estudos experimentais mais leais dentro do estudo. Então, por exemplo, o estudo de que Ultimatum Game, que é jogo de de de enfim aposta em que se eu eu discuti esse jogo no na no primeiro episódio de tomada de decisão. É é é um jogo em que eu faço uma eu faço uma oferta para você. Se você aceitar, a gente vai dividir o prêmio. Se você não aceitar, eh, eu vou, eh, eh, nós dois perdemos. Quando as pessoas têm uma orientação mais à esquerda economicamente, elas tendem a ofertar prêmios maiores, porque afinal de contas elas são mais intolerantes a desigualdade. Agora, quando as pessoas, então essa é uma discussão eixo econômico. Agora quando as pessoas se conhecem e sabem com quem elas estão jogando, as que são pontuam mais em escala de de conservadorismo, tendem a ser e assimetricamente mais generosas com os seus. Essa essa é esse é o verdadeiro resultado do estudo. Sensibilidade a ameaças. Em geral, os conservadores têm mais sensibilidade e ameaça. Diria que esse é um dos principais traços que a gente encontra, por exemplo, estudo de ressonância e tudo mais. Maior atividade da amígdala. Por quê? Porque justamente eh a se se isso tudo surge junto com a própria civilização é precisamente a percepção da existência de ameaças, ameaças no ambiente, né? eh eh eh vamos dizer assim, é a expansão do sistema imunológico comportamental que gera a orientação a preservação do status quo e, portanto, a a a busca de se conservar, inclusive conservar o meio ambiente assim, sem juízo de valor para cima de mim, mas é isso, tá? Então, em geral, há mais preocupação assim, a ideia de que não, o mundo é catastrófico, tá cada vez pior, doomers, né? Essa é uma visão tipicamente conservadora, porque se o mundo tá uma merda e não sei o quê, então tem que te proteger o que ainda existe antes que tudo desabe. É lógico que esse é o próprio discurso da conservação, enquanto o outro é não, eh, as coisas estão se abrindo a conta oportunidade, vamos lá, navegar é preciso, viver não é preciso. Essa típica posição liberal nos costumes, né? Ã, deixa eu ver o que mais. Acho que para fechar, o grande ponto é que, tal como eu falei que na hora do encontro dos eixos eu tenho uma espécie de formação em ferradura, eh na prática da sociedade contemporânea a gente vê também essa mesma coisa. Então, existem grandes diferenças na média, na na pessoa, existem diferenças significativas do ponto de vista de das ideologias, de do que que o óculos magnifica nas pessoas que são progressistas e conservadoras, que são mais eh liberais clássicas do ponto de vista econômica ou ou são mais orientadas a ao socialismo do ponto de vista econômico. Então são braços dessa ferradura, mas eles não estão tão distantes assim, porque quando a gente chega na ponta da ferradura, a ferradura não não atinge não não fica equidistante a a esses braços, não. A ferradora faz uma curva para dentro e o e a extrema esquerda e a extrema direita são muito mais parecidas entre si do que os seus representantes gostam de acreditar e talvez seja por isso que eles briguem tanto. Pessoal, espero que vocês tenham gostado. Eu me esforcei genuinamente para trazer uma visão que eu acho que nunca foi externalizada assim no Brasil, como em todos os outros episódios das ideias mais importantes do mundo. Mas eu quero que vocês saibam que esse daqui custou um esforço de pesquisa, de reflexão, de tratamento dessas ideias mental muito grande. Espero que que enfim vocês também compartilhem com as outras pessoas, pessoas que estão genuinamente afim de aprender e não entrar em guerrinha ideológica, tá bom? que não é o espírito aqui, como deve ter ficado muito claro. Então vamos aí para algumas perguntas e aí para encerramento logo mais, porque eu particularmente tô exausto, até porque eu tô trabalhando nesse episódio já há alguns dias e na verdade semanas. Vamos lá depois. Legal. Vamos lá então com a Ah, Gisele maravilhosa, que legal. grande amiga, pessoa muito, muito legal, que eu respeito muito, gosto muito. Muito obrigado. Hã, por que o cérebro vira torcedor de ideologias mesmo em pessoas inteligentes? O raciocínio motivado é só um bug neural? Ele atinge progressistas e conservadores com a mesma intensidade. Olha, primeiro, eu acho que ele atinge conservadores e progressistas com a mesma intensidade. Sim. E eu acho que o cérebro vir um torcedor de ideologias, porque essas suas perguntas são sempre boas e difíceis, porque em essência porque a despeito dos pontos de vistas originais, existe uma questão de pontos de vista originais, tá? as pessoas, por exemplo, pessoas que vêm, tem uma tendência maior a ver risco no mundo, tem uma tendência maior a serem mais conservadoras desde o início. Isso inclusive há correlações genéticas, tá? Então assim, numa família que que um, por exemplo, entre irmãos gêmeos, eu esqueci de mencionar isso, mas correlações genéticas, ideológicas são bastante conhecidas, tá? E mostrando que realmente tem aspectos constitucionais. Então, se um é mais liberar um irmão gêmeo idêntico, o outro também tenderá a ser mesmo quando eles são criados por pais diferentes em contextos completamente diferentes. E a correlação é menor quando os gêmeos não são idênticos e ela é menor ainda entre primos e ela é menor ainda quando não faz parte da mesma família. Olha que coisa interessante. Da mesma maneira as pessoas tendem a casar, namorar, etc. tal e ter amigos que têm orientações ideológicas convergentes. Aliás, a convergência ideológica é um agregador mais forte do ponto de vista estatístico do que raça, do que um monte deles aí, do que tudo que todo mundo fala por aí. Esse é o principal agregador do ponto de vista de visão de mundo, tá? Ideológico, político ideológico, para deixar bem claro. Então, essas correlações existem e elas vêm de base. Então, tá aí uma das razões pelas quais a diferenciação acontece. Mas eu acho que não é só isso, muito pelo contrário, eu acho que o que acontece é que as ideologias como como convites à participação de grupo, elas estão aí abertas no mundo e e as pessoas têm em todo mundo um uma sede de pertencimento. Então, por que que uma pessoa se torna X ou Y, né? Por que que ela veste aquele aquela carapuça? ela se torna aquele minion daquela daquele grupo ideológico, seja qual for, por uma vontade de pertencer, que muitas vezes, em geral, ela é inconsciente, a pessoa nem percebe que esse é o ponto, mas é essa vontade de pertencer que faz com que pontos de vista que seriam nuançados para uma coisa sim, para outra não e assim por diante, eles sejam eles convirjam numa realidade comum que é justamente o princípio de grupo, ou seja, a psicologia de grupo eh é o é o derradeiro agregador dos posicionamentos ideológicos e não as crenças, ainda que as crenças de base sejam predispositivas e que em geral haja uma convergência entre crenças de base e os agregadores ideológicos. Mas é só em geral, porque muita gente que, por exemplo, era super liberal e tal, no começo da vida adulta, depois se torna mega conservadora e menos comumente o contrário, mostrando que se fosse são as se que que as que a gente tem aí um uma grande ressalva ao argumento puramente eh constitucional barra biológico barra cerebral. Mas é isso. Deixa eu ver. Próximo. Vamos pro Giovani. Legal, Giovani. Para não perder amizades, eu digo que eu sou anarquista. B, daí você perde a amizade de todo mundo que entende do assunto, né? Tô brincando. Não é porque o anarquismo é ruim, mas é porque ele é odiado à esquerda, à direita, porque lá qualquer lado que você olhar. Muito bom. Não discussão entre extremistas de esquerda ou de direita. Dizer que sou anarquista e estou dizendo uma coisa sem sentido. Tá, você tá dizendo, ó, [ __ ] né? Eu acho que é uma coisa que tem muito sentido dizer [ __ ] entendeu? A extrema direita e a extrema esquerda estão quebrando o pau com a faca na mão. Cada um eu falar: “Ah, mata logo, vai mata”. Tô brincando, gente, pelo amor de Deus. Não vou achar que eu tô falando sério. Claro que não. Não, não, não. Claro que não. Mas tipo, não, você não tá falando uma coisa sem sentido. Você tá falando algo que e em estrito senso talvez não seja verdade, eu sei lá o que que você acredita do ponto de vista do Estado. Eu eu acho que que assim seria um tremendo desperdício eh a a abolição do Estado, uma vez que a gente tá alocando recursos com uma eficiência tão grande hoje em dia, entendeu? E e aí a gente não consegue alocar nem do ponto de vista eh ideológico à esquerda, nem do ponto de vista ideológico à direita. Então o estado não, o estado é importante paraa direita e pra esquerda. Cada um por pontos de vista comum e também por pontos de vistas divergentes. Então eu eu acho tanto que a gente não tem nenhum país anarquista no mundo, né? não tem nenhum lugar onde o anarquismo efetivamente eh prevaleça. Então eu acho um pouco impraticável e e acho que por essa razão, porque gera perda de alocação eficiente em vários níveis. Mas eu entendo perfeitamente a sua fala, eu acho que ela tá zero errada. Eu acho que ela é uma boa resposta, entendeu? Pras pessoas assim que estão lá quebrando o pau que no fundo e você vê extrema, olha o seu exemplo, extrema direita e a extrema esquerda estão quebrando ma pau. Por que que eles estão quebrando ma pau? Ué, entre outras coisas, porque eles são muito parecidos e isso incomoda. Tem mais uma. Vamos embora. E depois tem aquelas que eu te mandei. Vamos lá pro Rodrigo. Opa, tirei. Eu não entendi bem o que ele quer dizer, mas perspectiva, professor, fusão de tudo isso, como vamos sobreviver? Não, eu tô lendo, mas eu deixa eu tentar traduzir o que quer dizer. Como vamos sobreviver em meio a tanto ódio e disputas? Olha, a gente vem sobrevivendo, né? Então eu acho que a gente segue assim, acho que o grande ponto, só eu entendo sua pergunta, a pergunta no fundo traduz a o seguinte perplexismo: quanta disputa, quanta treta estúpida e como a gente poderia eh reduzir um pouco, né, esse a temperatura desse fogo? A minha leitura genuína é que a gente reduz a temperatura do fogo com processos como esse que a gente tá fazendo agora. Quem tá acompanhando até aqui, certamente tá entendendo coisas sobre esse assunto que antes não estavam claras, porque até porque eu nunca vi ninguém a, enfim, se dispor a a fazer esse exercício de de imparcialidade extrema e e com profundidade. E aí quando a gente entende e eh o nessas bases todas, a tolerância vem à tona de maneira espontânea, porque a gente se sente menos atacados, entende o ponto de vista do outro. Então, eu acho que um dos caminhos é o caminho da educação mesmo. Eh, no fundo, no fundo, como quase tudo e e que envolve estruturas complexas nas sociedades modernas e contemporâneas, eh a ignorância é o principal vetor de conflitos. Por que as pessoas enlouquecem com elas, né, com essas ideologias políticas? Eh, a resposta é que elas enlouquecem porque as ideologias políticas criam espaços para subjetivação extrema. E, e a subjetivação extrema dentro das ideologias políticas cria lugares especiais para as pessoas. Vou dar um exemplo. Vamos pensar, por exemplo, no caso da outright americana. antes, em torno de 2018, 17, 18, começou a surgir a ideia que existia uma rede de pedófilos eh democratas que se encontravam em pizzarias fechadas. Olha que loucura, né? Que que a ideia do Kanon, né? Uma das ideias que eles tinham, que anon, assim, ideias do tipo marcianos invadiram a terra e estão e dominaram a cabeça do presidente. É esse tipo de coisa, entende? De onde sai uma uma minhoca dessa? Imagina rede de pedófilos na pizzaria. Tipo, se o sujeito é pedófilo, ele não vai na pizzaria, ele ficar na casa dele, né? O risco. Não, não é assim que funciona, né? Tipo, crime organizado. O não, não, não. Eh, e de onde sai esse tipo de delírio, né? Sai do fato de que o num grupo como esses, a pessoa que levanta a bandeira de uma grande preocupação, ela recebe atenção dos outros. consequentemente, levantar bandeiras de preocupações acaba sendo uma forma de destaque. E aí o radicalismo ele ganha força à esquerda e à direita. Inclusive, eh, para mim essa é isso explica um fenômeno muito interessante que é que ao longo do tempo, podem perceber isso. Por que que os partidos não estão todos aglomerados numa espécie de área do bom senso? partidos não é só partido. Por que que as por que que não tá tudo aglomerado em torno de Eu sei que o bom senso varia de pessoa pessoa, alguém vai trazer um mega relativismo, mas mais ou menos varia, mas mas tem pontos que estão fora do domínio da variação, entendeu? Por que que os votos não não tá tudo concentrado numa num domínio, sei lá, entendeu que é a dinamarca do do, né, da da da ciência política, né? O Francis Fucuyama fala isso assim, eh, o o objetivo de todo mundo é ser a Dinamarca. E por que que por que não entre outras coisas? Porque pensa, se tá todo mundo aglomerado em torno de pontos de vista que de certa forma refletem algum bom senso eh do ponto de vista inclusive histórico sobre, né, eh estatisticamente o que funcionou e etc e tal, o que acontece é que a capacidade de diferenciação se torna muito baixa. E aí, como é que você é eleito? Então, para você ganhar diferenciação, você tem que falar uma coisa diferente. Qual é a melhor maneira de você falar uma coisa diferente? falar uma coisa um pouquinho mais radical, você chama atenção. E aí o radicalismo vai surgindo de dentro dos próprios grupos ideológicos, porque essa é uma forma de de você criar unidade, de se destacar não do outro grupo, olha que coisa, não do outro grupo, mas você se destacar internamente. Eu tenho um artigo sobre isso eh na na Folha de São Paulo, eu acho que é meu melhor artigo sobre ciência política e e que é um artigo que eu trabalhei bastante essa ideia. Eu acho essa ideia muito poderosa. A tese é que a que o principal fator de diferenciação político-ideológica é a diferenciação em relação ao concorrente dentro de um mesmo grupo. E é isso que faz com que eh os grupos em si eh convirjam a a pontas opostas, porque afinal de contas, esse aqui se diferenciou, ele tá se destacando, eu vou colar nele e daqui a pouco tá todo mundo assim. E aí quando a coisa tá muito radicalizada, o que acontece? é o espaço do meio que cria um vácuo. E aí ele que se torna eh o, enfim, o a zona de de acordo proximal, ou seja, a zona onde você se posiciona eh maxim eh é ótima do ponto de vista do do voto e do destaque. Você se torna a voz do bom senso e assim vai. você vai dar voz do bom senso ao dissenso, porque em última análise o grande ponto é que sem destaque você não ganha voto. Então tá aí da própria natureza do sistema da democracia o surgimento desses dessas posições em espectro e consequentemente também eh do do sujeito que enlouquece com a coisa, tá bom? Ã, sobre marcadores genéticos, quais e como funcionam? Olha ai, eu eu me considero sujeito de memória boa, mas a última vez que eu li um paper sobre isso, faz pelo menos 10 anos, tá? Então eu vou tentar desenterrar alguns polimorfismos aqui, eu posso errar. Ã, tá? Um dos polimorfismos é o 5HTTL, eh, braço curto. Quando você tem mais cópias do braço curto desse transportador, o que você vai ter é maior atividade na amígdala, consequentemente percepção de perigo, consequentemente uma orientação à preservação do status qu, defesa da resistência da da enfim do da das estruturas de proteção, ou seja, a visão de que o mundo lá fora é mais ameaçador, o que consequentemente é convergente a posturas mais eh conservadoras. Deixa eu pensar outro. Eu não lembro mais os fatores genéticos associados, mas tem vários, tá? Eu sei desse. Enfim, hã, com o avanço da IA, quais seriam as possíveis mudanças nas ideologias atuais? Muitas. Uma uma das ideologias atuais é o aceler, o é é da aceleração. Então não é mais política, tá? É uma ideologia que diz que a gente tem que acelerar maximamente o desenvolvimento da própria inteligência artificial. Esse é um movimento ideológico. Então todo mundo tá falando: “Não, tem que acelerar o máximo a inteligência artificial”. Tá bom. É tipo uma lente dessas que você tá vendo inteligência artificial maravilhosa. E tem do outro lado os os numers que vão dizer assim: “Não, eh, a inteligência artificial vai acabar com o mundo, acabar com a humanidade, a mesma coisa”. Então, tão aí duas grandes ideologias em torno da inteligência artificial. Ou se a gente parar para ver, é um eixo que nem esquerda e direita, entendeu? Ou conservadores e progressistas. Olha que interessante, né? É, ao mesmo tempo esquerda e direita, que parece que a esquerda não quer desenvolver a inteligência artificial, a direita quer. É, mas do outro lado a gente pode dizer também que os conservadores não querem porque querem conservar tudo como tá, enquanto os liberais nos costumes querem mudar os costumes, querem mais acelerar a inteligência artificial. Então, no final, acelerar a inteligência artificial tá de que lado do espectro político? A resposta é: isso é impossível de ser respondido num eixo só. É isso, porque a gente tá aqui algumas horas para tentar entender a profundidade da questão, mas tá aí uma ideologia ou um par de ideologias, como você preferir, que emerge da inteligência artificial e gira em torno dela no final das contas. Hã, ah, as ideologias vão mudar e o futuro vai ser tecnocracia americana ou tecnocracia chinesa. Eu vou terminar com essa. Essa é uma pergunta absolutamente eh sofisticada, complexa e de difícil resposta. Primeira coisa, eu não acredito que o mundo como um todo seguirá o modelo chinês, ou seja, o modelo não democrático. A democracia, apesar dela estar em baixa no mundo, tá? No momento atual, ela ela está em baixa em relação quando a gente pega uma média dos últimos eh desse século, tá? A gente não tá no momento de alta no número de países por considerados puramente democráticos e tal, não está. Mas a despeito disso, não há indicativos de que que a democracia como um todo ela vá sumir ou ela vai se tornar muito mais rara no mundo. Não. A democracia eu acho que ela seguirá e eu diria que no longo prazo, talvez ela se torne até um pouco mais prevalente. Então, nesse sentido, o modelo americano que, né, que falece o que quiser, é um, é, é assim, os Estados Unidos é um dos dos grandes baloartes, os portos seguros da democracia contemporânea, ainda que no momento esteja bastante relativizado, mas historicamente é isso, é, é um é um modelo que tende a seguir muito mais forte. Por outro lado, olha só, o Trump pratica uma democracia de estado forte. Papo de estado liberal, estado mínimo. Imagina estado, estado mínimo nos Estados Unidos. Mas cadê estado mínimo? Não tem estado mínimo nenhum. Eh, e muitos dessas eh desses países com governos mais autoritários dão são o oposto do estado mínimo. E a China, evidentemente, tá entre esses países autoritários, né, de governo autoritário com o que que não acreditam em estado mínimo. E de fato, ainda que a democracia e permaneça, a ideia de estado mínimo, eu acho que ela por bastante tempo tende a a estar um pouco mínima também, um pouco diminuída, assim importância. Por que isso? Porque de fato a gente tá vivendo a ascensão eh e na verdade um rearranjo com mais força proporcional de líderes autoritários. Isso não a ponto deles serem capazes de destruir a democracia de maneira permanente, de forma alguma. Eu acho isso, mas definitivamente a ponto de mudar algumas estruturas e tornar o autoritarismo de estado, o controle estatal, ah, enfim, políticas que saem da mente de um presidente, se tornam realidade coisa mais comum. E então, nesse sentido, se a gente for ver eh, figuras como Putin, Trump e outras, mas eu diria o Xinping, mas não, porque o Xinping, na verdade, ele não é essa figura, ele ele ele ele não sai 1 mm dentro do status qu chinês, nunca aconteceu isso, tá? É diferente assim, por exemplo, o o Trump querer, enfim, eh, intervir no judiciário e a a visão do do xingin ping da estrutura burocrática e estatal chinesa. Não, não, não há nenhum indício de qualquer atropelo nesse sentido. A gente tem que ser justo com com que com os fatos, tá? Isso é puramente fato. Então eu diria assim que essas figuras que questionam o status qu através da ação, elas tendem a se tornar ainda mais comuns nas próximas décadas. Sabe-se lá o que vai acontecer daqui a 40 anos, mas o que parece é que não é uma tendência tão passageira assim. É isso. Eu espero que você tenha gostado desse episódio de As ideias mais importantes do mundo, tenha saído convencido que esquerda e direita, dentro de um conceito mais amplo de ideologias políticas, dentro de um conceito mais amplo de ideologia e política, dentro de um conceito mais amplo de civilização, dentro de um conceito mais amplo de espécie humana, dentro de um conceito mais amplo de primata, dentro de um conceito mais amplo de mamífero, seja uma das ideias mais importantes do mundo mesmo. Compartilha com as pessoas que você acha que merece. E você pode me encontrar, se você quiser, na Folha de São Paulo no domingo, na ilustríssima, um domingo sim, um domingo não, no digital ou as terças-feiras no caderno impresso, na CBN, onde eu tenho Visões do futuro toda quarta-feira às 3:05. programa muito muito do meu coração, assim, que eu amo demais, assim, gosto de fazer. Eh, sempre chamo a audiência para participar com o Fernando e da Tati, que são duas estrelas maravilhosas, eh, do jornalismo radiofônico. Então, terças, quartas-feiras na CBN, as terças-feiras meiodia e 5 na CNBC Brasil. CNBC é o maior canal de notícias do mundo agora no Brasil, então na TV, TV aberta, tudo que é lugar aí TV, CNBC, já discutindo muito mais temas eh de negócios ou não é bem de negócios que se eu não discuto, mas ideias inovadoras, ideias aplicadas no mundo, eventualmente debates econômicos, eventualmente até contrates de negócio, não é isso? É, tipo, com uma pauta mais orientada ao mundo aplicado lá na CNBC. E quarta-feira também no Olhar Digital, o olhar Digital News, o maior programa de tecnologia da internet, todas quarta-feira, em torno das 7:35, 7:40. Então, para organizar, domingo você me encontra na Folha de São Paulo, terça-feira meioia e5 lá no CNBC Brasil na TV, quarta-feira 3:05 da tarde nas na CBN e quarta-feira à noite às 7:35, 7:40 na internet, no olhar digital, tá bom? Eu também tenho uma rede, eu tenho rede social, Álvaro Machado Dias no LinkedIn. Eu tenho uma uma newsletter muito especial, muito bacana lá no LinkedIn, muito bem cuidada e também no Instagram, onde eu publico vídeos com reflexões originais sempre nada copiado dos outros, nada nenhum meme, musiquinha que tá trending, qualquer idiotícia do tipo, não. É só ideia original que vale a pena acompanhar. Tá bom? Muito obrigado e a gente se vê em breve. Fica de olho aí para mais umas ideias mais importantes do mundo. Até lá.