Dólar apresenta alta e fecha o dia cotado a R$ 5,56 | BandNews TV
0R$ 5,56. E sobre o fechamento do mercado e demais pontos também do cenário econômico, conversamos agora com Fabrício Voit, economista da Aware Investment. Seja muito bem-vindo, Fabrício. Boa noite. Boa noite a todos. Boa noite aos telespectadores também. Algum ponto de destaque para esse fechamento da terça-feira ou segue eh na normalidade ou no previsível dentro do mercado? É importante. De fato, nós tínhamos durante o dia, né, a bolsa estava subindo até próximo de 1%, rompendo as barreiras, mas ao final do dia, algumas situações, principalmente essa instabilidade e incerteza das retóricas tanto do governo brasileiro quanto do governo americano sobre a discussão dos pacotes de tarifas, o próprio Estados Unidos fechou muito bem, né, renovou máximas históricas, mas ao final do dia nós tivemos discussão sobre o desbloqueio ou descontenciamento das despesas do governo e aí isso também acabou mexendo pouco o mercado. Mas de certa forma tá todo mundo ainda em compasso de espera com as definições do que poderá se desenrolar com as questões tarifais do Brasil. Petrobras e Vale subiram bastante. Destaque negativo acabou ficando pro setor financeiro, exatamente por questões de política fiscal que poderia afetar a economia. A proximidade do primeiro de agosto vai causando incertezas, porque se fosse o contrário, olha, a gente tá certo que vai dar, que vai haver uma reversão, eu imagino que o mercado subiria e forte, né? Mas como tá todo mundo nesse compasso de espera, a gente não vê uma luz no fim do túnel, né, um acerto. O governo brasileiro com grandes dificuldades, né, de realizar a negociação com os Estados Unidos, o mercado vai nesse nesse compasso até 1eo de agosto? Muito provavelmente, como já foi discutido, né, o governo brasileiro foi pego de surpresa com essas tarifas, porque elas são tarifas não muito racionais do ponto de vista econômico. Seria como você disser assim: “Ó, eu não vou mais vender para você, mesmo que você esteja me dando o lucro”. Que é o caso brasileiro. Nós não temos um déficit com os Estados Unidos, muito pelo contrário, nós temos o super. E muito por isso também o governo brasileiro não talvez tenha se dedicado com tanta força a fazer negociações desde maio, quando o Trump começou a anunciar os pacotes de tarifas. porque também ninguém esperava os 50% de tarifa adicional, o que acabou pegando alguns setores de forma muito surpreendente e o prazo também para que isso ocorra é muito curto. E mesmo que o governo brasileiro esteja com algum esforço para tentar entrar nas negociações, o Trump vem fazendo esses bloqueios, ainda não entrou discussões mais fortes. É muito nesse momento esperado, qual vai ser de fato a resposta que o governo brasileiro vai dar, qual vai ser as medidas que nós podemos tomar. E aí, nesse momento, começa a surgir uma série de discussões o que o Brasil pode fazer, o que que os Estados Unidos podem fazer em retaliação caso o Brasil adote uma postura mais rígida. E neste ponto a gente acaba pegando as notícias brasileiras, ficando em segundo plano. A questão fiscal ficou discutida mais de forma simples, né, ou mais ingênua, considerando o tamanho dos problemas que nós temos fiscais aqui no Brasil. E a gente acaba vindo para uma visão mais global, né? E aí a gente vai ter essas oscilações e o dólar vai continuar, de certa forma mais pressionado. Se a notícia fosse positiva, Trump desistindo das tarifas ou fazendo um acordo, com certeza a gente teria meios para ter um crescimento mais robusto, principalmente dos ativos brasileiros que estão negociados em bolsa, que são mais suscetíveis a essas medidas geopolíticas. Uhum. Agora, Fabrício, além desse ponto do tarifa que chama mais atenção, ainda temos os nossos indicadores internos que ainda seguem, em termos desafiadores, né? Dívida pública, eh temos também a inflação, eh, enfim, o risco Brasil está alto. Como é que a gente olha para esses indicadores? Alguma atenção especial que você também eh ressalta aqui sobre eles? É, quando a gente para e olha só a economia brasileira, esses são indicadores mais importantes, né? Nós vemos um crescimento econômico adicional. Por outro lado, nós vemos um risco fiscal muito ainda incerto, mais elevado. Vamos imaginar que o governo brasileiro tem uma meta fiscal de déficit zero, né? Mas o déficit zero não necessariamente precisa ser zero. Isso é uma coisa interessante. Nós podemos ter um déficit de até 31 bilhões. Esses contingenciamentos e essas discussões de aumentos de receitas, principalmente agora com o desbloqueio do contingenciamento na cerca na ordem de 20 bilhões. Isso significa que nós devemos ter um fechamento para esse ano aí de cerca de 26 bilhões dentro das contas do governo federal de déficit, ainda dentro do limite, né, considerado como déficit zero. Mas aí a gente olha, por exemplo, taxa de juros. A taxa de juros acaba elevando a dívida pública de forma muito rápida, restringe muito o crédito. E a nós estamos falando de fechar esse ano ainda com taxas de juros na ordem de 15%. Quando a gente olha a meta de inflação pro Brasil, que deveria ser no máximo 4,5%, hoje as previsões estão na faixa de 5.2%. Isso não é um um número trivial. Desde da existência do do sistema de médico de fulação no Brasil, que começou lá em 99, nós só tivemos três quebras desse dessa meta, né? Talvez nós ten este tenamos nos encaminhando para quarta esse ano, quarta ou quinta. Então a gente precisa ter essa atenção especial. A inflação é um um ponto importante, apesar de a gente olhar inflações muito difusas, ah, o preço do café subiu, o preço do tomate subiu, a gente precisa concentrar nossos esforços de olhar qual é aquela inflação que não tem certos controles, porque uma safra de um produto ou um choque, por exemplo, de uma guerra externa que pode aumentar o preço do petróleo, isso é considerado na hora de você fazer o cálculo da inflação geral. Mas existem o núcleo da inflação, que são exatamente esses números que eles não acabam cedendo, o que dificulta por parte do Banco Central fazer uma política monetária ou conduzir dentro da inflação para que a gente tenha uma inflação mais acomodada. E uma inflação de 5% que seja, mas com uma taxa de juros de 15% não é algo despresível. Então, restrições a crédito poderão acontecer com mais força no futuro. Uma última pergunta da minha parte. fator Bolsonaro, prisão política, entrou hoje nessa questão toda do mercado. O que pode acontecer nas próximas horas vai ser precificado amanhã ou isso não é o principal assunto do mercado? Vocês estão olhando muito mais pra questão das tarifas? Como é que funciona isso? a gente olha muito mais para as questões das tarifas, se as tarifas fossem apenas do ponto de vista comercial, mas há um componente não desprezível dentro da carta que o Trump colocou, que são as questões vinculadas ao Bolsonaro. De fato, tudo isso precisa ser visto, principalmente porque o governo não vai ter uma margem de manobra para discussões em relação a dar algum tipo de benefício pro Bolsonaro. O Lula ele tem de certa forma alguma restrição para conseguir ter um contorno desse cenário, principalmente no Supremo Tribunal Federal. O que, de certa forma, na nossa visão, particularmente, isso pode acelerar um pouco esse processo da prisão do Bolsonaro, o que pode levar a discussões um pouco mais complicadas se o Trump se apegar muito nesse aspecto em relação ao Bolsonaro, né? Essa aceleração num momento tão delicado de discussão, ela pode ser muito difícil de prever, principalmente qual seria a retaliação do Trump caso a prisão ocorresse de fato já nas próximas horas ou até mesmo nos próximos dias, caso o Bolsonaro não consiga reverter isso, o que é muito improvável. Fabrício VO, muito obrigada por suas contribuições aqui com a gente na Band News.