É assim que o Saara se tornará uma FLORESTA!
0O deserto do Saara é o maior deserto quente do
planeta Terra. Em extensão territorial, o Saara perde apenas para o deserto frio da Antártica.
Com uma área de mais de 9 milhões de quilômetros quadrados, ele está localizado inteiramente
dentro do continente africano e inclusive, divide a África em duas partes: a África Subsaariana,
que fica localizada ao norte sul, e a África Mediterrânea, ao sul norte. Egito, Marrocos,
Argélia, Chade, Mali, Mauritânia, Líbia, Sudão, Tunísia e Níger, todos esses países têm partes
de seu território ocupadas pelo deserto do Saara. Mas nem sempre foi assim. Ao contrário do que
muitos acreditam, nem sempre o Saara foi dominado pelo clima árido e pelas areias escaldantes. Ao
longo do tempo, em razão de uma série de mudanças climáticas ocorridas devido às movimentações
no eixo central da Terra e também por causa da atividade humana na região, suas paisagens se
modificaram. Sim, no passado havia florestas e também muita gente morando no Saara. Um enorme
contingente humano ocupava sua área há milhares de anos, e esses povos eram, em sua maioria, nômades.
Através de profundas investigações científicas, historiadores e arqueólogos descobriram que por
volta de oito mil anos atrás, houve um grande período de chuvas que assolou o norte da África,
fazendo com que populações africanas inteiras fossem obrigadas a se dispersar por quase todo
o Saara. Essas populações se estabeleceram em acampamentos ou pequenas aldeias, e permaneceram
próximas às margens dos muitos rios e lagos que se formaram a partir das chuvas intensas.
Nesse período, a região ficou conhecida como Saara verde, pois, devido à ação das águas, vegetações
do tipo savana, pradaria e até mesmo alguns bosques passaram a fazer parte da paisagem local.
Há cerca de cinco mil anos atrás, no entanto, houve outra grande mudança climática na região,
que provocou um período seco, sem chuvas, e que durou aproximadamente mil anos. Os efeitos
desta prolongada estiagem se intensificaram por séculos e isso fez com que muitas dessas
populações abandonassem a região do Saara. Mas o que foi que provocou esse período de
seca que transformou o Saara no deserto que ele é hoje? E será que existe a possibilidade
de algum dia o Saara voltar a ser verde como preveem alguns geólogos? Tudo isso é
o que iremos investigar neste vídeo. Pra entender melhor se o Saara pode voltar a ser
verde, precisamos entender o que é um deserto. O deserto é um lugar extremamente árido, com
temperaturas elevadas, baixa umidade relativa do ar e baixíssimos índices pluviométricos, ou
seja, quase nunca chove. O Deserto do Saara, por exemplo, é o lugar mais quente do mundo por
causa de seu clima, que é considerado hiperárido. A temperatura extremamente elevada do deserto
ocasiona locais muito secos. Mas é importante dizer que também existe nos desertos uma enorme
variação térmica. Durante o dia as temperaturas podem atingir facilmente os 50 graus Celsius,
mas à noite, normalmente, os termômetros chegam a registrar até 10 graus Celsius negativos.
Outra característica marcante do deserto são as recorrentes tempestades de areia. Na
realidade, por se tratar de uma região aberta, sem vegetação ou construções que sirvam para
quebrar os ventos, estes costumam soprar livremente no deserto. Então, como a maior parte
do solo é formado por areia, que voa facilmente, as dunas e também as tempestades de areia
são muito comuns nas regiões desérticas. As chuvas numa região de deserto também
acontecem apenas muito raramente, mas quando caem costumam ser torrenciais, e
despencam logo após prolongados períodos de seca. Para você ter uma ideia, a média
de chuva no deserto é de 250 milímetros anuais ou menos. Somente para efeitos
de comparação, na Amazônia, por exemplo, chove uma quantidade próxima dos 2500 milímetros
todos os anos. Por causa disso, a vegetação numa região de deserto está presente apenas nas
áreas de oásis, que não são muito comuns. Em algumas partes do deserto
do Saara a precipitação, que é o fenômeno relacionado à queda de água
do céu, a média é de apenas 1 milímetro ao ano. Porém, o mais interessante é que, mesmo passando
até séculos muito tempo sem uma gota de água caída do céu, o deserto do Saara é responsável pela
maior parte das chuvas torrenciais que ocorrem na região da Amazônia. Isso ocorre porque a parte
da nuvem em que o vapor de água se condensa é formado principalmente pela poeira do Saara, que
é muito abundante e sobe para além da atmosfera. Embora seja difícil de imaginar tal realidade
nos dias de hoje, estudos comprovam que há cerca de 2,5 milhões de anos atrás, o deserto do
Saara já foi uma gigantesca floresta tropical, abrigando um dos maiores lagos de água doce
do mundo, o Lago Chade. Com o passar do tempo, no entanto, e devido a uma série de alterações
climáticas, ele foi se transformando no maior deserto quente de nosso planeta.
Voltando ainda mais no tempo, alguns estudiosos afirmam que o Saara já foi uma região
de mar profundo. Em 2019, um estudo revelou que, há mais de 50 milhões de anos existiam peixes-gato
de 1,6 metros e cobras marítimas que ultrapassavam os 12 metros de comprimento vivendo na
região onde hoje está o deserto do Saara. Maureen O’Leary, autora da investigação,
afirma que nos períodos Cretáceo e Paleolítico, os animais experienciaram o gigantismo. Segundo
O’Leary, naquela época, o areal do Saara era coberto por um mar de cerca de 3 mil quilômetros
quadrados, e suas águas chegavam a atingir mais de 50 metros de profundidade. Era nesse mar de
águas quentes que viviam as cobras marítimas e os peixes-gato gigantes cujos fósseis foram
encontrados posteriormente, já em nossa era. As conclusões de Maureen O’Leary vão de
encontro com a tese do professor David McGee. Segundo a cientista, o leito marítimo
do Saara era preenchido por moluscos, plantas e árvores. As reconstruções paleontológicas
da investigadora mostram que depois disso, havia no mesmo local uma floresta muito
verde e rica em variedades de fauna e flora. David McGee, professor do departamento de
Ciências Atmosféricas, Planetárias e da Terra, do Massachusetts Institute of Technology, nos Estados
Unidos, acredita que a vegetação da floresta que havia no local onde hoje está o deserto do Saara
era densa, com muitas árvores e lagos. Segundo McGee, cujo estudo já foi citado pela BBC,
não há dúvidas quanto à densidade da vegetação que havia no local. Ele afirma ainda que “a
evidência fóssil e de pólen encontrados na região não deixam a menor dúvida quanto
à existência e à densidade da floresta que havia na região há milhões de anos atrás”.
Para o professor David McGee, o lugar que mais se assemelha hoje ao que foi o Saara de outros
tempos é a região do Serengueti, no norte da Tanzânia e sudoeste do Quênia, que abriga a maior
migração de mamíferos do mundo. McGee defende essa teoria com base nos fósseis de grandes animais que
foram encontrados no Saara e que hoje não vemos na região, mas são encontrados no Serengueti,
como elefantes, crocodilos e hipopótamos. Outra evidência seriam as pistas deixadas pelos
assentamentos humanos que indicam que existiu ali uma grande e rica fauna. O investigador recorda a
arte rupestre que ilustra girafas no meio do Saara e também os antigos anzóis que os arqueólogos
encontraram por ali. Com esses achados, é possível constatar que o estilo de vida de quem vivia
na região do Saara há milhões de anos passados, era completamente diferente daquele que é possível
existir na região desértica de nossos dias. Francesco Pausata, climatologista da Universidade
de Estocolmo que, em conjunto com as universidades de Columbia e do Arizona, analisou a sedimentação
marinha no norte da África à procura de um padrão de chuvas, afirma que a vegetação do Saara
no passado distante pode ter sido semelhante com a da atual região sul do Senegal.
O Senegal, que fica na costa oeste da África e faz parte do Sahel, possui uma faixa
de 500 a 700 quilômetros de largura, e 5,4 mil quilômetros de extensão, protegida por um cinturão
verde de flora altamente diversificada. Trata-se de uma zona de transição entre o Deserto do
Saara, ao norte, e a Savana Sudanesa, ao sul, que se estende do Oceano Atlântico até o Mar
Vermelho, e que ajuda a proteger o país dos ventos que sopram do Saara. Segundo o pesquisador,
a vegetação presente nessa região hoje é um resquício da floresta que era encontrada
sobre o Saara há milhões de anos passados. Com tantas evidências, a Ciência quase não tem
mais dúvidas de que o Saara já foi uma grande área verde. Para entender melhor a mudança que
transformou uma floresta tropical num deserto, cientistas do Centro de Pesquisa
Climática Bjerknes, da Noruega, realizaram simulações da mudança climática no
Norte da África nos últimos 30 milhões de anos. No estudo eles levaram em consideração
as mudanças na posição orbital da Terra, a química atmosférica e a proporção entre a terra
e o oceano, impulsionada por forças tectônicas. Com isso, verificou-se que a precipitação no
norte da África diminuiu em mais da metade há cerca de 7 milhões de anos, e que foi
isso o que causou o ressecamento da região. Segundo os pesquisadores, isso não pode
ser explicado por mudanças na vegetação, inclinação da Terra ou concentração de
gases do efeito estufa. Assim, concluíram que a causa tem a ver com a ação tectônica.
Eles dizem que “cerca de 250 milhões de anos atrás, uma grande massa de água denominada Mar de
Tethys separou os supercontinentes da Laurásia ao norte e Gondwana ao sul. Quando eles se separaram
e se embaralharam, a placa africana colidiu com a placa eurasiana, gerando os Alpes e o Himalaia,
mas fechando a maior parte do mar de Tethys. Conforme as placas continuavam se movendo,
o mar continuou a encolher, eventualmente diminuindo para o Mediterrâneo. A substituição do
braço ocidental do Mar de Tethys pela Península Arábica há cerca de 7 a 11 milhões de anos foi
o que desencadeou a acidificação na África. A substituição da água pela terra,
que reflete menos luz solar, alterou os padrões de precipitação
da região e isso criou o deserto do Saara e aumentou sua sensibilidade
às mudanças na inclinação da Terra.” A paisagem do deserto do Saara hoje é
composta por dunas e alguns poucos oásis, possuindo na sua quase totalidade uma vegetação
muito escassa, embora isso varie muito de uma região para outra. Próximo aos oásis,
encontra-se grande parte dessa vegetação, que sobrevive porque é irrigada pelos aquíferos
e lençóis freáticos presentes na região, os quais são essenciais para a sobrevivência
de diversos povos que lá vivem lá. Sim, porque apesar da aridez e da escassez
de recursos naturais, o Saara é habitado por aproximadamente 2,5 milhões de pessoas,
concentradas, principalmente, nos oásis, locais originados pelo afloramento de águas
subterrâneas, que proporcionam o surgimento de alguma vegetação. Entretanto, as condições de
sobrevivência dessas pessoas são extremamente precárias, como já se pode imaginar.
O Rio Nilo é o mais importante da região. No leito dos rios podem-se encontrar
alguns arbustos isolados como tamaris, acácias e a palmeira tamareira. A fauna do
deserto do Saara é formada por poucos animais, uma vez que eles dependem de adaptação ao clima
hostil da região, e é composta principalmente por camelos, dromedários, antílopes, cabras, além
de outros mamíferos, roedores, aves migratórias, insetos, aracnídeos, lagartos e cobras.
Apesar disso, os cientistas são unânimes em afirmar que, no futuro, o Deserto do
Saara poderá voltar a ser verde outra vez. Segundo os estudiosos, o planeta Terra
tem mais de 4,5 bilhões de anos, já passou e ainda passará por muitos ciclos. Por isso, a
Ciência acredita que com ou sem seres humanos, inevitavelmente o Saara se transformaria no
grande deserto quente no qual de fato ele se transformou, mas que, justamente pelos mesmos
motivos, pode voltar a florescer no futuro. Graças à alteração cíclica do eixo da Terra,
de tempos em tempos algumas configurações na superfície do planeta se repetem. Um exemplo
disso são as várias eras glaciais que nosso globo já atravessou. Dessa forma, regiões de grande e
abundante vegetação durante um ciclo, passam a ser regiões desérticas no ciclo seguinte, e podem
voltar a ser regiões verdes e novamente habitadas, no próximo ciclo que vier a suceder o anterior.
O professor David McGee reconhece que os humanos possam ter tido alguma influência na
desertificação, mas não era só isso o que estava acontecendo. Ele diz que o período do Saara verde
não ocorreu apenas entre 5 mil e 10 mil anos, mas também há 125 mil anos e outras tantas vezes
mais. Naqueles períodos, não houve interferência humana, mas a transição de úmido para árido,
devido à ação das placas tectônicas. E, se o fenômeno é cíclico, seria possível supor
que o Saara voltará a ser verde outra vez, embora a atividade humana do mundo moderno
tenha que ser levada em conta, é claro. Por outro lado, o climatologista Francesco
Pausata diz ainda que daqui a milhares de anos o ciclo se repetirá, e que a questão agora
serão as forças antropogênicas. A influência humana será mais um efeito que, somado aos da
variação natural da Terra, poderá mudar todo o equilíbrio no futuro do planeta, não apenas no
deserto do Saara, mas também com relação a ele. E ai, você tinha ideia de que o Saara
um dia já foi uma floresta e que, no futuro, ele pode voltar a ser novamente?
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