“É para abater!” Como a Rússia ordenou derrubar o Embraer E190 da Azerbaijan Airlines
0Caros amigos, bem-vindos a mais um episódio de hoje no mundo militar. Neste vídeo falaremos sobre os detalhes recém divulgados envolvendo a ordem dada pela Rússia para disparar e derrubar um avião civil de passageiros em Braer E190 da Azerbaijan Airlines, quando se preparava para pousar em Grosny. Conheça a bota Na manhã, de 25 de dezembro de 2024, o voo 8243 da Azerbaijan Airlines decolou de Bacu com destino a Grosny, na região da Xenia. A bordo seguiam 67 pessoas, passageiros e tripulantes, que jamais imaginavam o desfecho daquela viagem. Durante a fase final de aproximação a Grosne, com os pilotos em contato direto com a torre de controle, fortes explosões foram ouvidas e sentidas pelos passageiros e tripulantes, ficando imediatamente claro que a aeronave estava sob ataque. Apesar dos danos graves e dos pedidos desesperados para um pouso de emergência, as autoridades russas locais proibiram, obrigando a tripulação a rumar para o Cazaquistão, a quase 400 km de distância, sobrevoando Mar CASpio com a aeronave, um Embraer E190, caindo muito perto do aeroporto da cidade de Actu, matando 38 pessoas, entre elas os dois pilotos e uma comissária de bordo. uma conjugação de fatores, como a resistência e a confiabilidade mecânica da aeronave brasileira e a perícia da tripulação, garantiu que 29 pessoas saíssem com vida desse terrível acidente aéreo causado pela Rússia, o que inicialmente foi tratado como um incidente trágico com fontes russas e o próprio Kremlin afirmando inicialmente ter se tratado de um choque com aves, começou rapidamente a ganhar contornos mais graves. com imagens e relatos de sobreviventes indicando logo no dia do acidente que a causa da tragédia tinha sido efetivamente um ataque russo com míssil. E agora, no início de julho, uma carta vazada e publicada pela mídia Azeri Minvalu revela que o capitão Dimitri Sergevic Palaruk, das forças de defesa aérea russas, foi o responsável por autorizar o disparo que atingiu o avião. Segundo a carta, Paladichuk estava em serviço nos arredores de Grosny no momento do incidente. Às 5:40 da manhã, a sua unidade recebeu ordens para entrar em prontidão total de combate no contexto de um ataque com drones ucranianos contra a região. Às 8:11, um alvo foi detectado por radar, mas as más condições de visibilidade causadas por um denso nevoeiro impediram a confirmação visual. Mesmo sem saber do que se tratava, Paladichuk recebeu por telefone do Comando Regional Aéreo da Rússia a ordem para abater o alvo, autorizando o disparo de dois mísseis. O primeiro falhou, com o segundo explodindo próximo o suficiente para que estilhaços atingissem e danificassem a aeronave em Brayer E190. Além da carta, a Minal afirma ter recebido três mensagens de voz que reforçam o testemunho de Paladituk. Nelas é possível ouvir a sequência de ordens de lançamento, o som do disparo, uma confirmação de erro no primeiro tiro e em seguida a autorização para um segundo lançamento, que tudo indica foi aquele que danificou a aeronave civil da fabricante brasileira. O Insider, um dos pouquíssimos jornais de investigação independente que ainda operam na Rússia, também divulgou uma gravação telefônica em que Paladichuk confirma ter escrito a carta após atirar no avião, pois segundo ele assim exigiram. Três dias após o desastre, Vladimir Putin classificou o episódio como um incidente trágico causado por aquilo que chamou de uma interferência externa no espaço aéreo russo, mas não reconheceu que o avião tenha sido abatido por forças russas. No dia seguinte, o presidente do Azerbaijão, Ilian Aliev, acusou publicamente Moscou de ser responsável pela tragédia com o presidente Aliev, fazendo três exigências: que a Rússia se desculpasse formalmente, reconhecesse a culpa e punisse os responsáveis, incluindo o pagamento de compensações às vítimas e a companhia aérea. A primeira exigência foi atendida com Putin pedindo desculpas, mas não reconheceu a culpa. não puniu os responsáveis e não autorizou o pagamento de compensações. Após o acidente, circularam relatos de que o míssil teria sido disparado por um sistema russo, Pantir S1, uma sofisticada plataforma de defesa aérea, capaz de atingir alvos aéreos com altíssima precisão. Aquilo que se sabe desse sistema, o radar do Pantsir é capaz de dar muitas informações sobre os alvos aéreos, como velocidade, rota e, principalmente, dimensão. O que significa que os russos que estavam operando o sistema sabiam ou tinham ao menos uma boa noção de que aquele alvo específico que aparecia no radar tinha uma velocidade, rota e dimensão totalmente incompatível com a dos drones ucranianos. Só para que tenha uma noção, um Embraer E190 tem uma envergadura das asas de mais de 28 m, um comprimento de 36 m e uma velocidade de aproximação de centenas de quilômetros/h. Em comparação, os drones de longo alcance lançados pela Ucrânia t uma envergadura de asa de menos de 10 m e não voam a mais de 150 km/h. Toda essa brutal diferença em termos de dimensão e velocidade estavam disponíveis aos operadores russos, que mesmo assim deram a ordem para o abate. Com essas evidências indicando que o uso desse sistema contra uma aeronave civil apenas reforça o grau de desorganização e imprudência das forças russas. E para piorar ainda mais, relatórios adicionais apontam que após o ataque, mesmo com a aeronave avariada, o avião não teve autorização para pousar em solo russo, com os pilotos desesperados cruzando o mar Cáspio, tentando chegar ao Cazaquistão, onde acabaram caindo ao tentar um pouso de emergência. Pelos dados de telemetria, podemos ver o tremendo esforço da tripulação para levar uma aeronave gravemente danificada por quase 400 km, confirmando, como eu disse, a fenomenal e heróica habilidade e capacidade da tripulação, que, infelizmente, morreram na queda, e a excelente construção e incrível robustez da aeronave brasileira. A carta de Paladituk relata falhas gravíssimas nos sistemas de comunicação. Com o sistema por cabo inutilizado e o sinal de celular fraco, a coordenação das operações de defesa se deu por meios instáveis, aumentando o risco de erro. Desde então, as relações entre Moscou e Bacu vem se deteriorando rapidamente, culminando no final de junho com a morte de dois cidadãos Aeris durante uma operação policial na cidade russa de Icateremburgo, sob circunstâncias que indicam tortura. A retaliação foi imediata com autoridades do Azerbaijão realizando batidas policiais contra o escritório local da Sputnik, a Agência estatal russa de notícias, e prendendo sete funcionários por suspeita de fraudes e lavagem de dinheiro. No dia seguinte, mais oito russos foram presos sob acusação de envolvimento com crimes cibernéticos e tráfico de drogas. Em resposta, Moscou mandou prender o empresário Yusif Kalilov, importante nome da diáspora Azeri na Rússia, além de deter mais de 300 pessoas durante uma blitz migratória em Voronés. O caso do voo 8243 expõe uma ferida profunda nas relações diplomáticas e militares do espaço pós-soviético. Muito mais do que um erro trágico, o abate dessa aeronave civil revela o quanto a descoordenação, falta de preparo e a opacidade das estruturas militares russas podem gerar consequências fatais, com uma tragédia semelhante tendo ocorrido em julho de 2014, quando a Rússia derrubou também com o Mísel o voo 17 da Malia Airlines com quase 300 pessoas a bordo. Essas tragédias revelam, além do despreparo da Rússia, que a guerra já extrapolou e muito as fronteiras da Ucrânia. Kita mã [Música]