Encontro agendado com Trump – Por que Putin vê isso como a sua maior vitória até agora na guerra?
0Caros amigos, bem-vindos a mais um episódio de Hoje no Mundo Militar. Neste vídeo, falaremos sobre o anúncio de um encontro entre Trump e Putin para discutirem o fim da invasão russa da Ucrânia e do por líder russo encara isso como a sua maior vitória até agora na guerra. Encare qualquer aventura com a guerra, muitos analistas referem que Putin não busca apenas conquistar território, mas acima de tudo, uma solução política que alinhe 100% a Ucrânia aos interesses da Rússia. Para Putin, a paz não passa apenas pelo campo de batalha, mas por negociações com o Ocidente, principalmente com os Estados Unidos. Por mais que as batalhas num campo de guerra sejam intensas, Putin sabe que mesmo que conquiste os territórios que deseja, o Ocidente não reconhecerá essas conquistas, havendo, por isso, o risco do clima de guerra se perpetuar por anos ou até mesmo décadas. E por isso ele sabe que o verdadeiro caminho para paz depende de um diálogo direto com Donald Trump. Apesar da administração Trump ter sido relutante em aceitar uma reunião sem avanços claros na linha de frente, Putin tem se mostrado determinado a conquistar a simpatia de Trump, um líder que até hoje mantém uma postura relativamente favorável à Rússia. De acordo com analistas próximos ao Kremelin, o desejo de Putin é simples. Manter Trump como um aliado estratégico para garantir que as suas condições sejam atendidas. E por isso, o encontro com Trump representa para Putin a possibilidade de avançar com as suas demandas, incluindo o reconhecimento de alguns dos territórios ocupados, a não adesão da Ucrânia a OTAN e a limitação da sua capacidade militar. Um ponto central nas negociações permanece sendo o futuro dos territórios ucranianos ocupados por Moscou. Desde o início da guerra, a Rússia tem insistido na anexação de quatro regiões da Ucrânia: Donetsky, Lugansk, Zaporitza e Kerson. Mas a realidade no campo de batalha diz outra história, com amplas partes dessas regiões ainda sob o controle ucraniano, gerando uma contradição importante na posição russa. Esse impasse territorial tem gerado tensões nas conversas diplomáticas com os representantes dos Estados Unidos interpretando a insistência de Moscou sobre a posse desses territórios como uma prova da falta de seriedade russa nas negociações de paz. Para Washington, a recusa russa em reconhecer o controle parcial da Ucrânia sobre essas regiões é um sinal claro de que a Rússia não está disposta a compromissos. Reforçando o receio entre os americanos de que Putin busca única e exclusivamente uma vitória política completa para compensar a sua incapacidade de ocupar a totalidade daqueles territórios por meios militares. Putin é obviamente muito astuto e sabe que as negociações sobre territórios podem ser vistas como uma barganha, com a sua verdadeira preocupação, mais do que o controle absoluto de áreas específicas, sendo a posição da Ucrânia no sistema geopolítico mundial depois da guerra. A estratégia russa parece ser a seguinte. Se não podem permitir que eu anexe tudo, pelo menos busquem uma forma de tornar a Ucrânia irreversívelmente ligada à esfera russa de influência, seja por meio de compromissos territoriais ou mais provavelmente por meio de uma transformação política do país através de um novo governo 100% pró-russo. Nesse contexto, a Rússia não busca apenas a ocupação de terras, mas a submissão política da Ucrânia a sua liderança estratégica. Durante meses, as delegações russas mantiveram conversas com os Estados Unidos sobre esses termos, insistindo que a Rússia deveria ser reconhecida pelos Estados Unidos como a legítima proprietária dos territórios invadidos e ocupados. Mas é uma visão impraticável para os diplomatas americanos que encaram isso como uma tentativa de Moscou de reverter a ordem territorial estabelecida internacionalmente. Algo visto por eles como um retrocesso do mundo aos anos 30 e 40, quando nações invadiam outras nações apenas para anexar territórios. A Rússia quer, antes de tudo, garantir que a Ucrânia, após a guerra não seja um projeto antiússia, como frequentemente declara Putin. Isso significa que qualquer solução política que envolva a Ucrânia precisa, em última instância garantir que ela não faça parte da OTÃ, que não abrigue tropas ocidentais em seu território e, acima de tudo, que adote uma política externa que seja mais alinhada aos interesses russos, o que implica necessariamente na queda do governo de Zelensk e no abandono de qualquer pretensão ucraniana de entrada na União Europeia. É nesse contexto que muitos analistas afirmam que, apesar de Putin parecer inflexível com relação ao controle territorial sobre áreas ucranianas, a sua verdadeira prioridade está em forjar uma Ucrânia que não desafie os interesses estratégicos de Moscou, ou seja, uma Ucrânia totalmente pró-russa. E para isso ele precisará de concessões políticas profundas de Kiev, algo que só obterá se conseguir atrair Trump para o seu lado. Isso pode indicar que Putin tem uma grande flexibilidade quando se trata da questão territorial. O que significa que, apesar da anexação dessas áreas ter sido uma demanda inicial, a questão da delimitação exata do território não é um obstáculo para o Kremlin. Ou seja, segundo alguns analistas, Putin poderia estar disposto a abrir mão de parte dos territórios ocupados na Ucrânia, ou pelo menos abrir mão da sua demanda de ocupar a totalidade das regiões apenas parcialmente ocupadas. Desde que Trump aceite transformar a Ucrânia em uma nação satélite da Rússia, liderada por um governo totalmente submisso ao Kremelin, essencialmente uma espécie de Belorrússia 2.0, só que maior, com muito mais recursos naturais e com uma posição estratégica no Mar Negro. Para esses analistas, Putin parece disposto a negociar territórios, desde que essas suas condições essenciais sejam atendidas. A anexação de territórios seria então uma peça de barganha, mais do que um objetivo final. E é por isso que Putin precisa tanto conversar com Trump, preferencialmente a portas fechadas sem a presença de jornalistas. Trump tem sido historicamente muito simpático à Rússia e pode ver nesse encontro uma chance de promover a sua agenda de realinhamento global americano, focando em questões como o papel dos Estados Unidos na OTAN e o futuro das relações entre os Estados Unidos, Europa e a Rússia. Ou seja, essa reunião pode não apenas redefinir o futuro da Ucrânia, mas também da arquitetura de segurança de toda a Europa. [Música]