Explosão em fábrica do Paraná deixa nove mortos
0Os detalhes de uma tragédia no Paraná. O Domingo Espetacular teve acesso a imagens exclusivas da detonação em uma linha de produção de explosivos que causou a morte instantânea de nove pessoas. A polícia trabalha em duas frentes para tentar identificar as vítimas por meio de DNA e ao mesmo tempo descobrir as causas da explosão. Estas imagens são exclusivas. Pela primeira vez, você vai ver o momento exato da explosão que aconteceu em uma fábrica no Paraná. Elas foram gravadas por uma câmera instalada do lado de fora de um galpão, há alguns metros do prédio que desapareceu, pulverizado pela força dos explosivos. Um acidente com um material tão destrutivo que abalou imóveis da vizinhança e até locais distantes. Alguns quilômetros dali. Está no nosso quarto, nós sentamos por o barulho, né? Meu Deus do céu, que que foi que aconteceu? Como se fosse uma bomba mesmo. A casa inteira balançou. Só imaginei assim, meu Deus, o mundo tá se acabando. A princípio a gente já tava meio desconfiado que fosse da empresa ali do lado, né? Porque é constante ter esse barulho. Eles fazem teste de bomba, então a gente já tá meio acostumado. [Música] Os vizinhos tinham razão. O barulho gerado por uma grande explosão vinha mesmo da fábrica da ENAEX Brasil em quatro barras, na região metropolitana de Curitiba. A empresa fabrica materiais explosivos para grandes construções e mineração. Com a explosão, uma enorme nuvem de fumaça se formou. É uma área em que esses é explosivos eles são preparados para serem transportados então para a venda, né? Então é onde acontece então eh a manipulação desse material e foi essa área aí onde aconteceu a explosão. Os abalos foram sentidos em toda quatro barras e também em cidades próximas como Piraquara, Pinhais, Bocaúva do Sul, Campina Grande do Sul, Colombo, São José dos Pinhais e até na capital Curitiba. Parentes dos funcionários correram para o portão da empresa atrás de informações. Liguei pra minha mãe e a minha cunhada que trabalha aqui também confirmou pra gente que ele que era do setor dele que ter tinha teve a explosão, né? E daí a gente já est esperando informação, né? E e é isso. Eu só vou ficar feliz quando eu eu ver ele. Ele tem contato pelo celular. foi ela falou com a minha nora, ela disse que aconteceu do lado da onde ele trabalha, caiu algumas coisas em cima dele, mas que ele tá bem, só que ele não pode vir aqui fora e a gente também não pode entrar. A explosão aconteceu por volta das 6 horas da manhã, quando muitos funcionários estavam começando o turno de trabalho. O prédio que explodiu ficava bem aqui atrás e abrigava pelo menos 500 kg de um dos explosivos mais potentes produzidos pela fábrica. tão potente que devastou completamente a área em torno do prédio. E no local exato, no epicentro da explosão, só restou uma enorme cratera. Havia nove pessoas no prédio, todas desapareceram. Coronel, eu queria que o senhor contasse qual foi o cenário que os bombeiros encontraram quando chegaram lá no local da explosão. As primeiras equipes que chegaram lá, a gente acabou chegando logo em seguida, nos próximos minutos, era uma área então isolada pela própria empresa, a 150 m assim do epicentro da explosão, e se enxergavam assim muitos fragmentos de árvores, algumas edificações um pouco distantes, 100, 200 m de onde ocorreu a explosão e edificações, então em escombros. A planta lá e são dividid em três prédios. É o prédio 44, que é o barracão onde onde era produzido esse exposter, que é o o explosivo. Tem a planta que é um tem um prédio que é um vestiário, que é onde os funcionários vão lá, colocam uniforme, os equipamentos de segurança e um terceiro prédio que é uma o local onde eles fazem a rastreabilidade de cada item e a embalagem desse material. O produto desenvolvido lá são os boosters, que são amplificadores, né, de de da explosão. Então, o tipo de explosivo utilizado lá era eh o pentolite, que é mistura de TNT com nitropenta. Nove vítimas fatais trabalhavam no prédio 44 da empresa no momento da explosão. Outras sete pessoas foram atendidas com ferimentos leves. A delegada que cuida do caso conta como foram os últimos momentos das vítimas durante o DDS, o Diálogo diário de segurança. Uma reunião que acontece para definir como será o trabalho naquele dia. Eles passam, o que é que eles vão precisar de material, qual que é a cota do dia, se tem se teve alguma intercorrência do turno anterior. Nas imagens eles estão reunidos em um círculo. Todo dia eles faziam essa oração e começam a trabalhar. Eles se dispersam. Um minuto depois do do fim da oração, é quando ocorrer a explosão. Algumas pessoas escaparam por segundos. Nós ouvimos três funcionários que foram os três sobreviventes da explosão. Os três são vistos nas câmeras de monitoramento ali naquele minuto antes da explosão, junto com o resto da equipe, os outros nove, as vítimas, antes delas conseguirem chegar nesse nesse local, elas são impactadas ainda pelos dejeitos da explosão. O outro rapaz que conseguiu sobreviver, assim que ele termina o a reunião, ele percebe que ele esqueceu uma luva. Então ele sai até o vestiário para pegar essa luva. Assim que ele chega no vestiário também a explosão. Uma explosão que pegou todo mundo de surpresa. As imagens exclusivas que abriram esta reportagem são agora uma das principais pistas da investigação. O relógio da gravação marca 5:56. Duas funcionárias surgem na tela caminhando tranquilamente. 7 segundos depois vem a explosão. As duas funcionárias foram atingidas, sobreviveram e já estão fora de perigo. Elas são testemunhas fundamentais para tentar entender o que aconteceu naquele começo de manhã. Conversamos com funcionários da empresa que pediram para não serem identificados. Os dois estavam no trabalho quando houve a explosão. Você tava que distância lá? De onde aconteceu? Dá uns 500 m mais 500 m. 500 m. E nisso veio um estrondo, depois vem o outro estrondo mais forte e tremeu tudo, tremeu a terra e e de repente deu, a gente chama de deslocamento de arma, mas eu nunca nunca tinha passado por aquilo, né? O meu instinto é só sair correndo, é porque a gente é muito treinado para usar os equipamentos, né, de segurança. Então a primeira coisa que eu fiz foi pegar o capacete e o crax. Quando a gente viu que o prédio rachou no meio, daí só sair correndo. Segundo o funcionário, não havia sinal de irregularidades nas linhas de produção da empresa. Gente, cada pré, vamos dizer, tem 1000 kg, 500 kg, a gente trabalha com pouca a cota, né? A gente sabe do risco, a gente sabe das cotas. Essa cota serve para não não ir para outros prédios, por isso que a gente trabalha com cota. Mas o produto em si, ele era muito potente, né? Mas nada diminui a dor de quem perdeu pessoas tão próximas. Depois do nosso encontro lá, onde tinha que tá o ponto de encontro de todos os setores, tudo e o cara falou: “Não, pode descer, trocar de roupa, vocês estão dispensados”. Na hora que a gente desceu pro vestiário, cadê? Cadê a Jéssica? Cadê? Cadê a Camila? Cadê? Cadê? Cadê? Indo embora. V parar o carro, chorar. A gente é forte até um num certo momento, mas um outro momento você você desapa porque você pensa que tem família, tem filho. Imagine você mandar mensagem, você não tem resposta. Apesar da tragédia que matou nove funcionários e feriu outros sete, ninguém da empresa quis gravar a entrevista. A diretoria preferiu se manifestar através de uma nota onde diz que lamenta as mortes, que está prestando apoio aos familiares das vítimas e aos funcionários e que está colaborando com as investigações. A Secretaria de Segurança Pública do Paraná anunciou ontem que as equipes da polícia científica já reuniram uma quantidade suficiente de vestígios e fragmentos. para a identificação das vítimas e suspendeu as buscas. Agora a corrida é para a análise desse material. É uma necessidade, né? as famílias, até para que elas possam ser amparadas nesse momento. Muitos dessas pessoas que ficaram tem são dependentes, né, das vítimas, então eles precisam da comprovação desse óbito para poder obter eventuais direitos aí eh garantidos, né? A empresa NA foi formalmente solicitado um relatório técnico e esse relatório eh deve abordar alguns quesitos mínimos, entre eles a quantidade de material que havia no barracão, a natureza desse desse material, eventuais manutenções ou equipamentos adquiridos recentemente, como que era feito esse a questão da segurança interna daquele ambiente. Esse relatório técnico foi determinado um prazo de 20 dias. O meu inquérito, ele tem um prazo de 30 dias para concluir.







