EXTERMÍNIO: A EVOLUÇÃO não quer agradar — e talvez por isso funcione tão bem | Futurices
0lá em 2002 Esttermínio chegou chutando a porta do terror e basicamente reinventou zumbis pro cinema moderno foi ali que nasceu a ideia de zumbis que não andam mais em câmera lenta por aí igual nos filmes dos anos 80 mas corre igual uns doido velozes e furiosos atrás de uma carninha humana para almoçar num terror muito mais urgente e caótico e com um frescor muito bem-vindo pro gênero também agora mais de 20 anos depois o diretor Danny Boyle resolveu criar o terceiro filme da franquia que na verdade é o primeiro de uma nova trilogia sim extermínio a evolução estreu agorinha para contar o que aconteceu 28 anos depois do primeiro filme mas essa não é só uma continuação qualquer e talvez nem seja exatamente um filme sobre zumbis porque por trás das cenas nojentas gritos tensão e zumbis gigantes peladões o que esse filme entrega mesmo é uma história sobre amadurecer no fim do mundo sobre legado luto e o que significa viver sabendo que a morte é inevitável o filme mal lançou nos cinemas e já tem dividido um bocado de opinião né então nesse vídeo eu te conto o que que eu achei de extermínio a evolução sem spoilers um dos filmes que eu mais queria ver esse ano [Música] e aí meu povo tudo bem com vocês meu nome é Bela Eler esse é o Futuristes e se você é novo por aqui quer ficar por dentro das principais novidades da ficção científica se inscreve aí tá bom que você tá no lugar certo deixa o like também que ajuda muito a levar esse vídeo para mais pessoas e hoje o comentário é sobre extermínio a evolução um filme dirigido pelo Danny Boyle do premiado Quem Quer ser o milionário e com o roteiro do Alex Garland que é a mente por trás de filmes como Ex Máquina Aniquilação e até A minisérie Devs obras de sci-fi que eu gosto demais inclusive o Kilan Murphy que vive o protagonista do primeiro filme tá de volta como produtor executivo aqui também então vocês imaginam aí porque que eu tava bem ansiosa para essa estreia para quem não lembra ou nunca viu os anteriores exterminio de 2002 como eu falei foi um divisor de águas no terror moderno o longa foi filmado com câmeras digitais super simples trazendo um visual sujo realista e quase documental e apostou no caos estético como linguagem com orçamento baixo esse filme chocou o público da época ao mostrar uma Londres deserta infectados super rápidos extremamente violentos e completamente fora do padrão do zumbi clássico mas mais do que isso o filme virou referência por tratar o apocalipse como algo político existencial tudo isso ainda sem precisar de uma super produção em 2007 rolou ainda um extermínio 2 com uma outra equipe por trás tentando expandir esse universo e trazendo uma obra mais convencional vamos falar assim com cara de blockbuster que até tem momentos interessantes mas para mim perde um pouco daquela urgência crua e daquela estética de caos real que o primeiro trouxe apesar disso o novo filme parece que quis retomar justamente o espírito do original com a mesma pegada visual e narrativa intensa de 2002 aliás se você nunca viu nada dessa franquia dá para embarcar de boa nessa história tá porque aqui é como se a gente voltasse para esse mundo só que agora o vírus já assombra a humanidade há décadas e o que restou dela tenta sobreviver se agarrando a qualquer estrutura que ainda não desmoronou mas o pior é que na vida real um contágio já acontece também né com a diferença que ultimamente o vírus que azucre na nossa vida tem sido o vírus digital tipo quando você abre um e-mail estranho baixa um aplicativo ou arquivo esquisito ou tenta usar um cupom suspeito fora aqueles momentos que você tá num aeroporto restaurante ou café da vida e usa o Wi-Fi do lugar só para não gastar a sua preciosa 4G não é pois é rapaz isso daí é um perigo tá porque é exatamente nessas redes abertas que um povo mal intencionado pode interceptar os seus dados e te lascar todo roubar suas senhas redes sociais contatos dinheiro e tudo mais e é por isso que se a história de A evolução gira em torno do Spike um adolescente que já nasceu em um mundo pós-apocalíptico todo ferrado por um surto incontrolável de um vírus da raiva modificado que transformou as pessoas nums bichos violento comedor de gente ele vive com seu pai numa comunidade isolada em uma ilha nas Highlands da Escócia numa espécie de refúgio onde a civilização tenta se manter em pé depois que a infecção dizimou o restante do planeta a mãe do Spike tá bastante doente o que já deixa as coisas tensas desde o início e para piorar existe nessa vila um ritual bizarro em que um certo momento da adolescência cada jovem precisa cruzar o mar e ir até o continente para enfrentar o seu primeiro infectado eu acho que a ideia desse ritual é simbolizar a entrada da pessoa na vida adulta como se só matando um zumbi de verdade ela pudesse de fato se tornar sei lá um ser humano completo e é bizarro e é cruel mas é o que sobrou da humanidade tentando dar algum sentido à própria existência daí quando chega a vez do Spike fazer esse ritual a jornada que deveria ser sobre virar adulto se transforma numa descida angustiante por um mundo devastado onde não existe mais espaço paraa inocência e ele vai descobrir que não dá para sair leso de um lugar onde a morte virou a paisagem e bom gente como eu falei esse filme parece que tá indo de 8 a 80 né tem gente que adorou tem gente que odiou o filme e eu queria começar comentando com vocês sobre um dos pontos que para mim foi mais marcante que é sobre a coragem estética de A evolução porque é como se o Danny Boy voltasse a brincar com um caos visual e sonoro que já era a assinatura lá no primeiro filme mas aqui tudo parece ainda mais cru mais melancólico e mais velho também e eu falo velho no melhor sentido possível tá porque existe aqui uma sensação de desgaste em cada enquadramento como se o tempo tivesse corroído não só as cidades mas também a esperança de quem ainda tá ali a fotografia assinada pelo Anthony Mentel um parceiro antigo do Boy aposta numa luz natural que beira o apocalíptico os verdes da Escócia são lindos mas também são frios quase indiferentes as paisagens são amplas frias desoladas os personagens parecem sempre pequenos solitários e desprotegidos a câmera também se move com uma urgência desengonçada de quem tá tentando acompanhar algo que tá sempre à beira de sair do controle o que casa demais com o estado mental dos personagens e o mais legal é que esse visual sujo e desordenado já aparece desde o começo do filme a câmera já começa instável com cortes rápidos e secos closes e pãs naturalistas no estilo de office e uma sensação constante de desconforto como se a lente estivesse vivendo nesse mundo junto com os personagens e quando o caos realmente estoura né aí sim a coisa desanda de vez vitos e manchas invadem a tela os ataques são filmados de um jeito bruto quase sem respiro lembrando bastante o visual do primeiro extermínio mas aqui como eu falei tudo parece mais pesado mais carregado como se o mundo não tivesse só sido destruído ele tivesse apodrecido mesmo só que o mais curioso é que no meio dessa sujeirada toda o filme também encontra beleza em momentos mais cinemáticos em que a câmera se abre para mostrar paisagens devastadas de um jeito poético em um contraste e um respiro no meio do caos que eu acho que funciona muito bem na verdade me surpreendeu muito como o Boy domina as variações de tom do filme na maioria das vezes tá exceto pelo final mas já já eu chego lá extermínio três tem altos e baixos muito bem dosados momentos de tensão de deixar a gente na ponta da cadeira ruim das unhas tudo intercalados com momentos calmos onde geralmente a gente pode conhecer um pouco mais a vivência e o drama dos personagens e quando eu falo em variação de tom é variação real mesmo tá porque a narrativa mistura momentos de drama melancolia ação desenfreada e até alívios cômicos no meio dessa loucura toda então o que mais é impressionante para mim é perceber como Danny Boy parece ter tido uma grande liberdade criativa aqui coisa bastante rara hoje em dia nos grandes estúdios né apesar de existir uma jornada do herói bastante arroz com feijão esteticamente dá para sentir que ele fez o filme que ele queria fazer sem se prender a fórmulas e sem tentar agradar o grande estúdio a direção tem um pé no experimental no improvisado e isso se reflete até nas escolhas mais técnicas aliás várias cenas foram gravadas com iPhone acredite se quiser o que não é só uma curiosidade estética mas também uma declaração o Boy já tinha flertado com tecnologias mais acessíveis em outros trabalhos mas aqui ele radicaliza o uso do celular traz uma textura granulada íntima e até claustrofóbica pro filme e mais do que isso ele mostra como o cinema ainda pode continuar sendo inventivo acessível né e como ainda dá para experimentar mesmo no mercado tão engessado e tem ainda outra escolha estilística que me chamou muito a atenção que são alguns ataques dos infectados que são filmados com uma câmera girando em volta da vítima em planos quase congelados o que me lembrou muito uma cut scene de jogo então é um recurso que parece que mistura a linguagem dos cinemas e a dos games criando um efeito de suspensão no tempo como se o pânico esticasse o momento na tela até se tornar praticamente insuportável ou seja o Boy sempre foi um diretor inquieto né mas aqui ele parece ainda mais livre e eu acho que apesar do Longa trazer cenas muito bonitas ele quer ser verdadeiro dentro da própria brutalidade isso é o que torna para mim a evolução tão potente ele não trata o apocalipse como espetáculo mas como um estado emocional contínuo silencioso impossível de ignorar aliás esse filme no geral é bastante gráfico tá é melhor você terminar sua pipoquinha logo na introdução mesmo vai por mim outro destaque aqui para mim é o Som né que é quase um personagem à parte a trilha do John Murphy volta com aquele estilo atmosférico que já deixava tudo desconfortável lá em extermínio mas aqui ele eleva isso para outro nível o filme inteiro parece construído sobre camadas sonoras que não seguem uma lógica confortável às vezes tudo fica num silêncio ensurdecedor e é esse vazio que grita outras vezes entra um piano todo torto desafinado como se estivesse sendo tocado por alguém exausto de olhos fechados só para tentar lembrar o que o mundo já teve de beleza um dia e aí do nada vem um barulho seco de caixa de bateria que soa como um coração pulsante como se o spike ou a gente mesmo estivesse prestes a colapsar de medo e tem também aqueles sons que você acha que são diegéticos no começo tipo um barulho mecânico uma batida no fundo um ruído de algo acontecendo fora do quadro mas que aos poucos vão crescendo e se transformando em uma trilha sonora perturbadora quase alucinatória mas por trás de toda essa brutalidade a evolução também é um filme sobre memória sobre a lembrança do que a humanidade foi um dia e a dúvida de se ainda vale a pena tentar preservar isso parte do apocalipse para levantar uma questão que é bem mais íntima sobre o que a gente deixa para trás e mais do que isso por a gente insiste em deixar alguma coisa porque no fim das contas esse não é um filme sobre zumbis né um filme sobre luto sobre o tempo que não volta mais e sobre como aceitar o fim que chega para todo mundo e mesmo assim tentar encontrar um sentido em viver e a trajetória do Spike é toda atravessada por essa angústia ele já nasceu no meio dos escombros sem nunca ter conhecido o mundo como ele era antes e mesmo assim ele carrega nas costas uma herança pesada como se fosse responsável por encontrar algum futuro no meio dessa terra arrasada a jornada dele parece ser sobre amadurecer em meio aos destroços não só físicos mas emocionais históricos em uma metáfora crua sobre crescer em um planeta em ruínas tentando entender o que significa viver quando o mundo todo só fala em sobreviver e falando nele esse é o primeiro papel de destaque do ator Charlie Hiscock que vive o Spike e eu sinceramente achei ele uma das melhores coisas do filme tem uma coisa muito verdadeira na atuação dele uma vulnerabilidade constante que me convenceu de cara porque é aquele tipo de performance que não precisa de muito diálogo para te atingir sabe só o olhar dele já carrega o pânico a dúvida a solidão então é um gurizinho muito promissor mesmo eu fiquei curiosa para ver o que que ele vai fazer em seguida outra surpresa boa foi o Ralf Farnes no elenco né assim o próprio voo de morte só que agora com nariz num papel pequeno mas com bastante impacto e que traz uma outra temperatura pro filme digamos assim ele entra em uma cena com aquela autoridade calma e enigmática típica e traz um certo peso filosófico pro filme como se a própria ideia de legado ganhasse voz eu não vou entrar em detalhes aqui claro mas o personagem dele representa muito dessa tentativa de encontrar sentido mesmo quando tudo já parece perdido mas como nem tudo são flores pós-apocalípticas eu tenho uma única grande ressalva sobre esse termínio a evolução que é o final desse filme gente sem dar spoiler claro mas é como se o longa tivesse acabado e do nada começado o outro para ser prática aqui a narrativa vinha super coesa num desfecho bastante emocionante até e aí nos últimos sei lá 15 minutos parece que entra um tom completamente nada a ver completamente diferente com personagens caricatos situações exageradas e até um ar de besterol que destoa totalmente do resto parece que alguém lá em cima gritou: “Ô lembra de deixar um gancho pra continuação hein não esquece” e aí eles esqueceram de combinar com o resto da equipe como é que ia ser esse desfe para mim se o filme tivesse acabado antes dessa última virada ele teria sido muito mais impactante teria brilhado de um jeito melancólico e poderoso no lugar disso ele termina tentando ser algo que não combina tanto com o que vinha sendo construído até ali então não entendi o que que aconteceu aqui porém mesmo com esse final torto eu acho que o saldo de extermínio à evolução é muito positivo tá é raro ver um terror com coragem estética peso emocional e liberdade criativa tudo no mesmo pacote ainda mais dentro de um filme de franquia o filme não tenta agradar todo mundo tá ele é diferente ele não entrega respostas fáceis ele não se acomoda em repetir o que já funcionou antes pelo contrário ele provoca experimenta e entrega um peso emocional que fica com a gente depois que a tela escurece e no meio de tanta sequência genérica reboot sem alma jumps que é preguiçoso né ver um filme como esse eu acho que é quase um alívio e a evolução pode até não ser perfeito mas é usado é inventivo e acima de tudo difícil de esquecer mas aí você já viu esse termínio a Evolution que que você achou dessa estreia gostou não gostou pode chorar suas pitangas aí no comentário tá bom se você curtiu esse vídeo se foi útil para você não esquece do like da inscrição que ajuda um montão beijo e a gente se vê no futuro เฮ [Música] [Aplausos] [Música]









