Falar sobre religião com adolescentes ajuda eles a obterem consciência?

0
Share
Copy the link

Olha, eu responderia para você sim se você entender que o que eu estou chamando conversar sobre religião significa, primeiro que você tem muitos livros religiosos que no seu meio, né, digo no meio dos livros, né, no conteúdo deles, você tem histórias muito interessantes, histórias que levam a você meditar sobre questões muito interessantes, né? E, por exemplo, vou dar um exemplo aqui que vem a minha memória fácil, é quase um clichê, mas nem por isso não é bom. A famosa passagem do Evangelho em que levam uma mulher adúltera até Cristo para que seja apedrejada segundo a lei da época. E ele pega uma pedra e mostra para as pessoas e fala: “Ó, se tiver alguém aqui puro de pecado, que atire a primeira pedra”. Essa história é muito conhecida. O cinema não tem um filme de Jesus Cristo que não passe essa cena, né? Inclusive, ah, o cinema ajudou muito a confundir essa personagem com a outra personagem da Maria Madalena, né? Discípla Cristo, que nunca foi prostituta, nunca foi apedrejada. né? Jesus Cristo conheceu ela supostamente ela tava possuída por demônios. Tem nada a ver com essa história de eh de falta de virtude sexual, alguma coisa assim. Mas essa passagem eh ela mostra muito bem o quê? Ela mostra que antes de você sair por aí apontando o dedo, você deve olhar, né, para o problema que você tem, né? Antes de você acusar um olho, olha o seu outro olho, né? Eh, isso é uma temática recorrente na fala de Jesus, porque é uma temática recorrente no judaísmo, né? E Jesus era um típico judeu da do período do segundo templo, eh, em Israel, na Israel antiga. Então, esse é um exemplo de como eh falar de religião, no caso desse texto, né? Eu eu tenho certeza que grandes religiões orientais também t esse conteúdo, mas o que eu conheço é o universo abraâmico, né, do monetismo abraâmico, judaísmo, cristianismo, islamismo. E e nesse universo, seguramente você tem vários exemplos de como refletir sobre a religião, sobre livros religiosos ou sobre comentários religiosos pode ajudar você a pensar nas coisas, ter consciência, como você fala, né? Olhar as coisas de múltiplas múltiplas faces. Por exemplo, você tem um conto racídico, racidismo é uma mística judaica do século XVI, 19 do leste europeu. Você tem um conto em que dois rabinos vão até Deus e pede a ele para que ele acabe com o mal no mundo. Deus fala: “Olha, você quer que acabe com o mal no mundo?” E acho que não é uma boa ideia Deus falando, né? Eles falam: “Não, não, o mal é muito ruim, acabe aí fazendo uma longa história curta, ele vira, Deus vira para eles, fala: “Fica aqui que eu já venho chamar vocês, eu vou acabar com mal no mundo”. Daí a pouco ele volta, eh, chama os dois rabinos, eles começam a andar pelo mundo e percebem que tem uma coisa estranha. Quer dizer, eles percebem que as pessoas não estão comendo mais nada, tão muito fracas, ele percebe que as pessoas não têm mais interesse uma pelas outras, as pessoas não fazem mais amor, né? as pessoas não buscam nenhum objetivo e aí eles entendem que o mal, na verdade, não é exatamente o mal, mas é a capacidade de assertividade, de uma certa agressividade, de buscar coisas que você quer. É, é, é quase como se tivesse falando da pão de morte do Freud. Mas assim, eh, então, e, e, e num conto como esse, que é um conto religioso, né, mística judaica do 18 19 do leste europeu, você vê claramente aí uma reflexão muito mais sólida sobre o mal do que você vê por aí, né, as pessoas falando por aí sobre gente que querendo ser completamente santa, completamente boa, né? Aliás, uma das coisas que a tradição monoteísta ocidental traz é justamente uma reflexão bastante sólida sobre eh e essa ideia de você não se achar a a melhor pessoa do mundo, porque normalmente quando você se acha a melhor pessoa do mundo, provavelmente você tá entre as piores, porque você no fundo é orgulhosa. A reflexão sobre orgulho é muito rica na tradição monoteísta ocidental, a começar pela ideia do pecado original, que é antes de tudo orgulho, né? Então acho que sim, conversar sobre religião pode ser uma conversa interessante. Agora, eu não tô pensando no sentido de catequese, né? né? Não tô entrando nesse mérito aqui na tentativa de conversão, mas a ideia de que livros religiosos não tem nada a ver só é coisa de gente que não tem repertório. M.

Comments

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *