FILOSOFIA X RELIGIÃO: RODRIGO SILVA E CLÓVIS DE BARROS – Inteligência Ltda. Podcast #1616
0Oh. Olá terráqueos, como é que vocês estão? Eu sou Rogério Vila, tá começando mais um Inteligência Limitado, programa onde a limitação da inteligência acontece somente por parte do apresentador que vos fala. Sempre trago pessoas mais inteligentes, mais interessantes e com a vida muito mais filosófica e religiosa do que a minha. Muito mais, né? Religiosa com certeza é mais do que a tua, né? Mas eu tô tentando. Mas você é um filósofo, cara. Gostaria que você colocasse um pensamento seu original sobre a vida. Agora o que é a vida sobre vida? Ah, a vida é um uma questão de sofrer e também de prazeres. Então, a gente tem que manter esse equilíbrio para poder seguir a vida em frente aí e ter cada vez melhor, né? Foi, foi bom, foi bom. Tá, o pensamento dele tá próximo de qual filósofo? Prazer e e dor. E dor. Bom, eu acho que ele ficou ali entre Schopenhauer e Epicuro, né? Olha só, é o que você realmente estuda, né? É o que ele mais estuda. Então eu não fui tão ruim. É que é que eu tentei simplificar um pouco mais para ficar mais. De quem? Qual foi os dois que ele falou? Qual foram os dois? O o rapaz lá que já faleceu. É. E o Lógico que já faleceu. Foi muito bom. Arriscou aí. Vai que o cara tava vivo, né? Não, mas é difícil. Só eu conheço só o professor Cloves e o que é que tá vivo, o Cortela, a Lucielana Galvão, que são os filósofos contemporâne Pondé. Exato. Como vai ser a participação dos filósofos que estão em casa agora assistindo a Olha, para quem quiser participar dessa live mega especial, pode mandar seu super chat que a gente vai estar escolhendo as melhores. Não adianta mandar um abraço nem pro professor, nem pro Rodrigo não dá pra gente ler abraço, né? Eu vou ler, mas eu não vou transmitir o abraço. Então eu vou ficar, vou guardar para mim e também deixar aquele like agora e se inscrever no canal, né, para poder Boa, boa. Então já dá o like agora e se for ruim a live, você tira o like no final. Eu tenho certeza que ninguém vai tirar o like. Eu duvido essa live muito esperada, né? Muito esperada. Issa junção nunca. Ófíil. Quantos já pediram pra gente? Muitos. Eu queria muito e eu quero falar com você também que tá em casa de uma coisa muito importante. Você já sabe que o Estratégia Concurso é nosso parceiro aqui. Você já tá sabendo disso, né? O Estratégia é o curso líder absoluto em aprovações em concursos públicos. Só para você ter uma ideia, sete ô ô Cratos, sete em cada 10 aprovados em concursos no Brasil estudaram com ele. Você sabia disso já, né? Então, os concursos públicos são uma oportunidade sensacional para você ganhar mais, ter estabilidade financeira para sempre e nunca mais correr o risco de ser demitido, como Cratos corre todo dia aqui, né? É uma tensão aqui todos os dias. E tem alguns concursos para sair, não é? Que vale a pena a gente falar, ó, tem alguns com salários que chegam a R$ 27.000 por mês. Você não ganha isso o quê? Num dia op não. Demora um pouco mais. Demora um pouco mais. Tem concurso para sair do Banco do Brasil, Polícia Rodoviária Federal, Tribunal da Justiça de São Paulo e também do Rio de Janeiro. Tem oportunidades para todas as áreas de formação, inclusive para quem não tem faculdade. Se você ficou interessado, vai gostar do que Estratégia preparou para você. Aproximando o seu celular no QR Code, já tá na tela, certo? Já tá na tela. Ou acessando o link na descrição do vídeo, você vai ter acesso ao material exclusivo sobre como ser aprovado em concursos públicos em três passos. Eu achei bacana demais a iniciativa deles de liberar esse material gratuito que ensina o caminho das pedras e os e bem seguro isso daí, né, de conquistar o quê? A tão sonhada vaga e estabilidade que só quem é servidor público sabe o que eu tô falando, não é? É só eles. Eu não. Então corre lá, acesse o QR code que tá na tela, link na descrição e descubra como ser aprovado em concurso em apenas três passos. Estratégia. Mais uma vez, obrigado pela parceria, nosso patrocinador fiel aqui do Inteligência Limitada. É isso. E o outro parceiraço nosso de sempre é sou sempre trajado aqui. E tem nosso desconto exclusivo de 15%. O gerente ficou louco. Cupom inteligência. Como que é acionado? Apontando o celular pro QRcode na tela ou clicando no link da descrição. Exatamente. Pode e repetir a sua lição de vida, então a sua filosofia de vida. A vida é uma mistura de dor, de sofrimento e de prazeres. Tá certo? Gostei. E depois de uma de um conhecimento tão tão nobre quanto esse, eh, Cloves, se apresenta pro povo, se é que alguém não te conhece. Dá um oi para todo mundo aí. Muito prazer de ter você aqui de novo. Sempre uma alegria. Nossa, eu tô muito feliz também, eh, porque todas as vezes que vim eh foi assim momentos únicos, né? isso. E e sair daqui eh potencializado, energizado, com a certeza de que eh o momento ele foi bem vivido e com a certeza de que quando novamente convidado voltaria, né? Eu costumo dizer que um instante de vida vale a pena quando você gostaria mesmo de repeti-lo indefinidas vezes. E eu acho que eh a presença aqui é um deles, porque claro, senão eu acabaria arrumando uma desculpa para faltar, né? É, mas então eu acho que realmente valeu e e e hoje não vai ser diferente, sobretudo porque hoje a gente tem a presença de uma pessoa eh que não só é profundo conhecedor daquilo que estuda, mas também é uma uma figura humana ímpar. Então, é um é um espetáculo poder estar aqui e e aprender com ele eh muito sobre aquilo que ele ensina com maestria a respeito de Jesus e e etc. Então eu tô super contente, super feliz e começo propondo que o nosso ouvinte ele ele retome o que você disse porque é muito assim gerador de perplexidade. Sete de cada 10 concursandos que foram aprovados, fizeram o curso. É estratégia concursos da estratégia. É, pô, mas isso é incrível. Isso no Brasil todo. É, pô, mas isso é um dado avaçalador, né? Sete de cada 10, mais da metade, sim, dos bem-sucedidos estudaram e p deve ter um caminho das pedras aí, né? Eu tô super feliz que você tenha esse apoio, porque o seu trabalho é um trabalho que não pode parar e pro teu trabalho não parar, ele precisa contar com o apoio das forças sociais que podem mantê-lo, né, te ajudar. Então, parabéns à Estratégia, parabéns à Insider, porque eh essa aposta é uma aposta que para todos que somos teus fãs e acompanhamos os teus programas e aprendemos com os teus programas, é graças a esse apoio que isso é possível. Isso é muito bacana. Poxa, obrigado, professor. Obrigado demais. Como eu disse, a gente tem momentos muitos, muito únicos aqui. Eu lembro do primeiro podcast que a gente teve. Você aqui que cantou trem das 11 em trem das 11 em francês, aquilo foi incrível. Eu já eu já estive aqui com pesos muito diferentes, inclusive. É, já teve rejonchudo, muito magro. É, pois é. Eh, eu tava mais magro da última vez do que agora. É, é. Ou da penúltima, não lembro. Acho que penúltima, talvez, né? É o essas oscilações t a ver aí com toda a medicação tomada, né? Eh, quando você toma corticoide com regularidade e sobretudo injeção, você incha. E eu tenho um vídeo aqui, um dos mais vistos, aonde eu mesmo tenho dificuldade de me reconhecer. Eu a minha cabeça tá completamente redonda, né? Mais redonda. E em outros momentos, eh, por conta também das fragilidades também cheguei a emagrecer mais do que tô agora. Eu acho que agora tô no peso. Quanto tá pesando? Eu tô pesando 79 kg. Altura 1,84. Tá bom. Nossa. É. Tô. Eu peso mesmo que você. Eu tenho 1,70. Então eu que tô. Não, mas é que você é um cara forte, né? Obrigado. O o Cratos não não concorda com Se você tiver que carregar um Fusca nas costas, você carrega. Eu não é o caso, mas eu acho que o meu caso é um caso. Assim, tem que ir pilotando o carro de Fórmula 1, entendeu? Tua alimentação é normal. ou tem reções porque é como eu tomo imunossupressor, né? Então você toma o imunossupressor, você fragiliza o corpo eh para poder o organismo não se atacar. E muito bem, mas não pode exagerar porque senão fica muito fraco. Então é uma dose, é um equilíbrio que vai sendo estudado assim um pouco experimentalmente assim, sabe? Como é que você tem que se medicar, etc. vai se conhecendo. Eu já tô com essa medicação há um certo tempo e eu tô eh vivendo aquela fase da vida que cada dia que a gente termina a gente celebra, comemora, o dia seguinte a gente torce para acordar bem e vamos em frente. Amém. E amém, porque eu vou agora chamar Rodrigo Silva também, que é um velho participante daqui também, veio logo no começo do podcast, tem um podcast do do Rodrigo Silva, não sei se você sabe, tá com 14 milhões de views, hein? É um dos mais vistos. Sabia tudo. É. E outro, tudo bem, Vilelo? Fico muito feliz de estar aqui com você mais uma vez. E aquele episódio histórico, hoje eu tenho um paradoxo, viu? Por quê? Eu tenho um paradoxo, porque por um lado eu estou feliz porque eu tô realizando um sonho sem nenhuma rasgação de seda, que era bater um papo com o professor Cloves de Barros, que nunca coincidiram as agendas. Mas por um lado feliz, por outro lado triste, porque eu não estou pessoalmente. Essa semana eu estou em gravação de aulas aqui no NASP e eu terminei de gravar aula 40 minutos atrás. Nem que eu pegasse um helicóptero e chegasse aí não não daria. Professor Cloves, eu estou feliz pela oportunidade, mas esse bate-papo talvez não vai valer 100%, porque a gente tem que se encontrar pessoalmente algum dia. Já, já tá marcado, já tá marcado, Marcado, Marcadíssimo. Olha, ele ele tem balas de goma oferecer, ó. Exatamente. Essas balas tem alguma coisa aí que viciam a gente, sabe? E e uma coisa que sempre me me chamou atenção do professor Cloves, é é até interessante, viu, professor, porque você se define como histórico, mas a maneira como você fala da vida de Cristo, da ética, é tão vibrante, tão apaixonante que ela contagia. Até parece assim, contrário ao histórico que era meio reservado nos sentimentos, não vou demonstrar muita euforia, né? você não demonstra e isso encanta a gente. Eh, é, é uma lição de vida, principalmente os assuntos sobre ética, sobre filosofia, a maneira eh prática de pegar assuntos complicados e falar na linguagem do povo. Porque às vezes o mundo acadêmico, Vilela, ele rouba isso da gente, ele quer que você só converse com os pares na linguagem da Torre de Marfim. E os podcasts que a gente vai hoje, eles são uma oportunidade que nós temos de atravessar o muro da universidade, da academia e conversar com a população de um modo geral, sabe? Uma conversa extramuros. Isso é o que a gente chama de divulgação científica. E às vezes alguns pares até questionam. Quando um acadêmico vai pro mundo da divulgação científica, os pares dizem: “Éle tá ficando popular demais, tá ficando muito simples”. Mas não é assim. Eu então eu fico muito feliz. Eu espero que todo mundo entenda esse assunto, que ele renda muito e nós temos muita coisa para conversar. Pois é, eu fico feliz porque são dois com, como o professor Cobes fala, dois explicadores, né? São aquelas pessoas que pegam assuntos complexos e fazem essa eh esse essa ligação de pontos, né, de coisas a a princípio desconexas e e traduzem isso e fazem essas conexões pra gente. A gente chegou em muitas em muitas eh respostas ou pelo menos novas perguntas aqui com os dois. Então, fico muito feliz. Teve um episódio que, não sei se você assistiu, Cloves, muito legal com que era um rabino, um padre e um pastor, né? Parecia uma piada, né? Eu um padre, o pastor rabino entrar no barco. Foi muito legal. Entraram no barco, todo mundo cantando em hebraico no final, não foi? Exatamente. Foi o padre Joãozinho, Rabissan. E eu porque você tinha falado assim, se a gente fizesse um programa com pessoas de outra religião e como o o Vilela, além de apresentador de de podcast tem uma carreira de humorista, eu sempre lembrei duas piadas que sempre falam, é a piada do papagaio e a piada entrou um padre, um rabino e um pastor num bar. Exato. Então a gente não entrou no bar, mas entramos num podcast e foi uma experiência muito, muito legal. Podemos fazer uma outra, viu? É, hoje é um filósofo e um arqueólogo, um filósofo e um teólogo, né? Então, então vamos lá. O o tema do podcast, que é razão e fé, eh, filosofia e religião, a princípio, a gente pensa muito como coisas contrárias, né? Fé ou razão, religião ou filosofia. Eu queria perguntar pros dois, começando com aqui com com Cloves, se elas são excludentes ou existe um pouco de de uma dentro da outra. E a gente já vê muito filme, muita série, onde tem esse esse combate, né, que a pessoa, eu lembro muito assim de uma série que eu era fã do do Lost, onde tinha um personagem que era era fé e outro personagem que era a ciência, né, que era a razão. Então, a gente vê esse embate muitas vezes em filmes, em literatura e tudo mais. São explodentes ou não? Veja, eh, eu penso que essa relação entre filosofia e religião é uma relação eh e não tô querendo fugir a pergunta, mas ela é de fato de grande complexidade. É, eu acho que eh depois, imediatamente após grandes momentos de religiosidade na história, surgiram grandes momentos de produção filosófica. E eu gostaria de citar três situações diferentes que eu acho muito interessantes, que é o surgimento da filosofia grega, né? eh com os chamados pré-socráticos e depois com Sócrates, Platão, Aristóteles, os históicos e e ospicuristas, a grosso modo. Então, o surgimento desta filosofia que se seguiu a uma grande efervescência de religiosidade que nos chega através da produção de Homero, da produção de Exildo, da, né, da teogonia de Exildo, eh, da Ilíade e da Odisseia, aonde você percebe que a presença dos deus luzes era eh marcante na cultura daquele momento. Então, veja aí, você tem um um primeiro eh momento a estudar, não é, que eh muitos chamam de milagre grego. Eu não gosto da expressão porque entendo que o surgimento da filosofia ele pode sim ser explicado eh por causas históricas e materiais muito muito precisas. Então não há por introduzir a palavra milagre aqui, não é? Eh, mas nós passamos de um uma produção poético mitológica para uma produção filosófica. E nesta passagem nós observamos muita ruptura, mas também muita continuidade. É, é, algumas ideias permeiavam esse começo. Eu diria que muitos dos grandes temas abordados pelos filósofos já estavam presentes, claro que apresentados de outro modo, claro que apresentados eh a partir de outro tipo de manifestação, nãoé? Eh, é evidente que uma Odisseia é muito diferente de um tratado de filosofia ou de um diálogo de Platão. É evidente, mas algumas das ideias já estavam presentes e isso é absolutamente maravilhoso. Então, eu vou citar um exemplo sem querer me estender muito, porque eh gosto de de ouvir o que o Rodrigo tem a dizer. Eh, Aristóteles sugere que eh não há eh são frases que você praticamente pode abrir aspas. Eh, não tem nada na natureza que seja completamente descabido ou inútil. E tudo na natureza tem uma razão de ser. E tudo na natureza tem uma aquilo que ele chamava de causa final. Causa final, uma finalidade. Ora, então Aristóteles a acreditava que o universo, assim era o paradigma grego, o universo cósmico, ordenado, organizado. E cada parte desse universo tem, digamos, um papel. eh como se fosse um, o universo seria como um motor, uma máquina ou um organismo vivo, aonde cada um cumpre a sua função. Assim era o jeito de pensar, né? Então, eh eh por que que o vento existe? Porque algo precisa refrescar, porque algo precisa polinizar. Então existe uma causa, mas essa causa é a finalidade daquilo, certo? Entende? Eh, assim, a maré mareia, a chuva chove, o sapo sapeia e cada um cumpre o seu papel nesse todo ordenado, né, cósmico. E claro está que nós não somos espectadores desta maravilha, nós somos partes dessa maravilha. nós estamos eh nós eh somos eh integrados nessa maravilha, de maneira que isso também vale para nós. Ou seja, cada um de nós tem, digamos, um papel a cumprir, uma responsabilidade cósmica, digamos assim, né? Podemos falar de uma ética cósmica. Por quê? Porque se o cosmos, o universo, para funcionar bem, ele precisa de tudo o que está dentro dele. Não tem nada de bobeira, não tem nada eh eh comendo eh eh mosca, tudo tem o a sua função. Nós também. E aí a pergunta é: pô, mas no caso do vento, da maré e do sapo, eh, a finalidade ela ela está absolutamente eh vinculada à própria existência. O vento ele não pode fazer outra coisa se não ventar. A maré não pode fazer outra coisa se não mareiar. E o sapo sapeia e o cachorro late, o o gato mia e assim por diante. Ao passo que no nosso caso, olha que interessante, Vilela, no nosso caso, nós podemos nos integrar harmonicamente ao todo cósmico ou não? É, olha que curioso. Eu dizer, mas pô, se o gato tem o papel de gatear e ele já nasce gateando porque ele não tem outro caminho, outra opção, como é que eu fico sabendo qual é o meu lugar nesse cosmos? E aí a a a lição que você encontra em Aristóteles, mas também encontra em Marco Aurélio, encontra nos histórica, observe a sua natureza. Em outras palavras, entenda que a sua natureza te dará uma resposta, hum, para esse papel. E há um elemento aí que é o que Aristóteles chamava de lugar natural. Eh, tal como você, se você vai no zoológico, você tem lá os animais e os animais tem e eh estão numa jaula e a jaula tem uma plaquinha habitar, né? É, só que veio da mandúria, não sei da. Então, aparentemente os animais eles têm um lugar natural, um lugar, digamos, aonde a sua natureza se dá bem, aonde a sua natureza é punjante. Ora, o que dirá Aristóteles? Para nós também, né? Para nós também. A nossa natureza pode se dar melhor em alguns lugares, não em outros. Cada um tem o seu lugar. Muito bem. Quando você estuda e ou melhor quando você lê a Odisseia, o que é que você observa? Ulisses está em Ítaka feliz da vida, feliz e contente, não é? Com Penélope, com o o filho para nascer, adorado pelos seus governados, adorado pelos seus governados. Tá tudo bem aí por conta de uma questão de de chifre, né, de traição, de coisa e tal, arma-se uma guerra, não é, entre as cidades gregas e Troia. E o Lices é convocado. Então, a guerra dura 10 anos e e são 10 anos vividos fora de lugar, 10 anos difíceis. E aí ele tenta voltar e ele quer voltar e ele faz de tudo para voltar e a Odisseia é a volta de Ulisses para casa. Pois muito bem. O que que, qual é a ideia que você enxerga por detrás dessa história? é Ulisses tentando se reharmonizar com o todo devido lugar, que é Itaca, e fazendo o quê? Governando, administrando, gerindo as coisas e e fazendo justiça em Ítaca também, etc. Então ele faz de tudo para isso. E veja, dos 10 anos do retorno, sete são passados na ilha de Calipso, que é uma é uma é uma deusa maravilhosa que dava tudo do bom e do melhor, que e aí aí vem uma questão espetacular. Pode ser a maravilha que for, não é o meu lugar. Não é o meu lugar, ainda que seja espetacular, não é o meu lugar. Quer dizer, pô, e Calipso? Calipso é incrível. E e as paquitas lá, as ninfas, elas são incríveis. E e o churrasquinho de de lagosta bem incrível. Era lagosta com abacaxi, alguma coisa era tudo melhor. E ele chorava, chorava. Pô, eu tô te dando tudo aqui, pô. Eu tô te dando tudo. Falava. Pois é, mas esse é o problema. E aqui eu observo que se você pega o lugar natural de Aristóteles e você pega o Homero com a Odisseia, eh eh nas aparências da forma, de fato, não tem nada a ver a maneira como um manifesta, mas o que a ideia que está por trás permanece a mesma. A vida para ser feliz, a vida para ser bem vivida, a vida para ser potente, ela precisa ser vivida em harmonia com o resto, com o todo, com o cosmos. Olha, olha que saborosa reflexão. Eh, você sabe que, Rodrigo, essa é, eu tô me aposentando e enfim, já da universidade já faz tempo, mas me aposentando um pouco em definitivo. Já há tempo para isso. E aí, então, eh, as perguntas vêm, o senhor vai para onde, né? O senhor vai para onde? E aí eu eu costumo até provocar para onde você sugere que eu vá, né? Aí você devolve essa pergunta. vai para Cancum, vai para Dubai, vai para, né, São Petersburgo, vai pro Havaí, vai para não sei quê e vai para É interessante. Veja só que curioso. Eu teria passado a vida toda aqui como professor e na hora que eu me aposento e não preciso mais ser professor, eu então vou fazer outra coisa. O que não passa na cabeça é que se eu vivi como eu vivi é porque o meu entendimento que essa é a melhor vida dentre as que eu cogitei e sendo a melhor vida de que hoje, eu pretendo continuar nela. Eu não vou para Cancum coisa nenhuma, pô. Mas o senhor não conhece Cancum? É maravilhoso, deve ser incrível. Eu não conheço. A água é quente, o a o mar é verde, os hotéis são incríveis, não sei que. Mas esa aí, a minha natureza me ensinou que a o grande barato da minha vida é explicar. Se tiver lá alguém interessado em explicação, eu até arrisco, senão prefiro ficar aqui. Veja que interessante. Ulisses e Calipso, não é? E é perfeitamente possível você não se deixar levar de roldão por aquilo que são as obviedades da vida feliz e você entender dentro desse dessa perspectiva grega, não é? Que que não é bem assim, que a minha natureza é eu sou habitar de sala de aula, né? O meu habitar é a sala, se o urso vive na Sibéria, eu vivo na sala de aula. E se me tirar dali, eu vou ficar subaproveitado. Entende qual é a perspectiva? Então veja aí o que que eu quis mostrar com este exemplo. Eu quis mostrar com este exemplo que existe uma ruptura óbvia de maneira de de pensar, de fundamentos, de, né, tirar os deuses de fora, né, eh, cuidar só de conceitos, eh não se servir das histórias, mas de trabalhar com a abstração das noções, dos conceitos, tudo isso. Curiosamente, o que estava, o que se pretendia ensinar é muito próximo, é muito correlato. Os outros dois pontos, eu aqui me calo, mas só para não deixar o nosso amigo que nos acompanha eh eh na mão, né, são eh eh a o apoguidade na idade média. seguido, imediatamente seguido, pelo primeiro eh renascimento pelo eh Iluminismo de primeira geração, que tem na filosofia como maior símbolo Decart, né? Então veja, eh, mitologia grega, Aristóteles, eh Idade Média, Descart. E o terceiro que me passou pela cabeça é a impressionante eh vinculação, né, do pensamento eh calvinista, luterano, etc., com Kant. terceiro momento, não é? Em que você encontra esse mesmo fenômeno logo depois de uma punjante evescente vida religiosa, uma produção filosófica eh notável e relevante, né? Então eu eu acho que nós temos que com calma, quando você vê aí um versus o outro, um desmente o outro, um dá paulada no outro, etc e tal, é um pouco mais complicado do que isso, não é? Por quê? Porque de fato, eh, em muitos momentos da história do pensamento houve importante imbricação. E essa imbricação, ela ela é sutil às vezes, mas ela é riquíssima e potente, né? Então, eh, eu vou me calar aqui para que, eh, eu, eu possa ouvir também, mas, eh, quando Paulo, né, eh ele ele sugere, digamos, que a razão seja trabalhada com o esmeiro, não é, ele ele dá duas razões. Para isso, né? A primeira delas é que só a razão permitiria a interpretação adequada dos textos sagrados. E, portanto, aí você já tem um papel da filosofia. Subalterno é verdade, como permanecerá subalterno durante muitos séculos, mas um papel relevante. Filosofia pode nos ajudar na hermenêutica, na interpretação dos textos sagrados. E finalmente, eh, Paulo dirá que, eh, ou seja, a razão acurada permite a apreciação do universo. E ao permitir a apreciação do universo, a justa apreciação do universo, permite a constatação da perfeição da criação divina. né? Ou seja, o que que tá sendo dito aí? que eh para você se maravilhar com a criação divina, é preciso preparo. Se você tá no jogo do turbilhão, se você tá regido apenas pela lógica da sobrevivência, se você que eu tô dizendo, se você tá jogando o jogo do cotidiano mais rasteiro, talvez você não tenha condições de parar e, por exemplo, olhar pras estrelas e genuinamente se maravilhar. Não é olhar pras estrelas, dizer: “Puxa, como é bonito”. que tem gente olhando e tal e, né, e 30 segundos depois você já tá, né, na caixa registradora. Não, não, não é de fato uma espécie de competência que a elevação da razão pode permitir, que é a competência do flagrante da criação como perfeita. E veja aqui, você tem um outro exemplo de que não é um batendo no outro. Paulo era um grande pensador e, portanto, nós temos aqui eh uma uma maravilhosa eh oportunidade de perceber o quanto também caminham de mãos dadas e correlatamente essas duas formas de produção da cultura humana. Pois é, Rodrigo, queria que você eh entrasse no papo eu colocando um pouco de eh de Bíblia na nessa conversa. Alguns personagens, né, grandes personagens da Bíblia, como Abraão, por exemplo, aquele momento que é pedido o sacrifício do do filho dele ou o momento que Jesus pergunta se é possível afastar o cálice, são outros momentos que você possa lembrar também. São momentos entre esse embate de fé e razão ou você acha que não? Não, na verdade, até para responder a sua pergunta de maneira muito clara, a Bíblia incentiva o elemento número um da filosofia, o questionamento. Pode olhar que na teologia cristã, de maneira geral, Abraão é chamado de o pai da fé. Mas se você olhar no livro do Gênesis, a primeira vez que Abraão, o pai da fé, abre a boca, é para expressar uma dúvida. Como será isso, senhor? Por muito tempo construiu-se a ideia de que a fé não admite questionamentos. Até já ouvi em muitas igrejas dizerem que eh o verdadeiro crente jamais pergunta porquê. Ele no máximo diz para quê. Isso não é verdade. Jesus na cruz do calvário falou: Deus meu, Deus meu, por lamá em hebraico. Eh, por um porquê de pergunta, por que me desampar? Então, a fé ela comporta também a dúvida. E a dúvida me leva ao ao avanço, ao crescimento. É justamente a busca que me faz sair de onde eu estou para onde eu devo ir. Agora, se eu não tenho dúvida, se eu não tenho busca, se eu não tenho nenhuma incerteza, eu vou permanecer onde eu estou. E o professor Cloves está completamente coberto de razão no que ele disse. Não estou apenas eh assim tricotando ou fazendo confete, mas é verdade. Eu acompanhei toda a parte histórica dele e se eu puder acrescentar alguma coisa no que ele falou para fazer juz essa junção entre fé e razão que nunca ficaram desassociadas, eu posso começar dizendo o seguinte: o é muito triste um filósofo que só fica preso na esfera do cotidiano, do material. Ele falou isso em determinado momento aí e me lembra muito o problema do Cami quando ele falava do ser humano lá no mito do Sífo, que ele fica preso e ele lê, ele descreve ali o sujeito no bonde só vivendo as a mesmice de todo dia, todo dia. E a vida fica só aquela existência e não uma vivência. Temos que perguntar como filósofos: nós vivemos ou apenas existimos? No que diz respeito à filosofia grega, o Bertz dizia que nós pensamos como pensamos porque os gregos pensaram como pensaram. Ou seja, a sociedade ocidental ela é baseada na filosofia grega. Mesmo as pessoas que estão nos assistindo, que nunca ouviram falar de Penélope, Ulisses ou qualquer dos nomes mencionados pelo professor Cloves de Barros, mesmo esses têm uma maneira grega de raciocinar. A nossa língua é baseada no grego. Quando eu estudo línguas semíticas, por exemplo, como hebraico, aramaico, acadiano, é interessante que essas línguas sempre começam as frases pelo verbo. Por exemplo, em hebraico, eh, se diz assim: “Vai err de varadonai”. E veio a palavra do Senhor. Em português, eu diria a palavra do Senhor veio. Em hebraico dizereit bará Elohim. No princípio criou Deus. Em português, eu diria, no princípio, Deus criou. Por quê? Por causa da nossa herança grega de colocar a ideia antes da ação. A nossa língua começa com o sujeito, depois o verbo. Como eles eram mais práticos, eles colocavam primeiro o verbo, depois o sujeito. Isso já mostra que eles tinham uma maneira de concepção do mundo que podia ser diferente da nossa, que é a herança do mundo grego, mas era uma maneira filosófica. Tanto é que, assim como o professor Cloves questionou e com razão a expressão milagre grego, eu também vou questioná-la e colocando um elemento a mais da minha parte, é claro, a ideia de milagre grego começou por causa de um fanismo europeu que queria ser o centro do pensamento mundial. Tanto é que a Europa era o velho mundo e a América o novo mundo. Então tudo de bom era da Europa. E numa época em que a Europa estava se firmando em seu nacionalismo, tinha que se achar uma origem, eh, como eu diria, quase de realeza para os europeus. E essa e eh essa origem estava onde? No mundo grego. Coincidentemente, é nessa época que você vai ter uma efercência muito grande da busca pelas raízes europeias na Grécia. Até a filosofia pega carona nisso. Quando a Hein Schilman descobre a cidade de Troia, quando Arthur Evans encontra eh Creta e começa a estudar, aí vem a ideia de milagre grego e o milagre grego que encontra o seu eh eh locus mais profundo na Europa. Então você tem que pensar tudo via Grécia. E a partir daí começa a se dizer algo que pode ser questionado do ponto de vista histórico, que a filosofia nasceu na Grécia. Eu prefiro dizer que a filosofia ocidental nasceu na Grécia, mas a filosofia anterior, porque você tem tratados filosóficos muito anteriores aos gregos. Por exemplo, o teorema de Pitágoras já era aplicado pelos pelos egípcios em 2600 anes de. Cristo, você tem Inhotep, que era um filósofo egípcio e matemático e tudo mais. Você tem tratados babilônicos, o homem dialogando com sua alma, tratados éticos que antecedem a ética nicôaco de de Aristóteles. Você tem outros tratados baseados séculos antes. Então, já havia uma filosofia anterior em moldes e categorias mentais distintas dos gregos, é claro, mas não significa que não era uma filosofia. Uma vez eu vi uma filósofa que eu prefiro não dizer o nome dela para não dar polêmica. Ela escreveu num livro assim que na verdade o que havia antes da Grécia era uma sabedoria, mas não pode ser chamado de filosofia. Primeiro já é estranho porque filosofia significa amante ou amigo da sabedoria. Mas qual a justificativa dessa filósofa a dizer que antes da Grécia havia apenas uma sabedoria que não podia ser classificada como filosofia? Porque antes eles pensavam eh o mundo de uma maneira religiosa, mas os gregos começaram a pensar o mundo de uma maneira não religiosa. Esta é uma maneira artificial e para mim até anacrônica de criar uma ruptura inexistente entre razão e fé. Porque embora Sócrates tenha sido acusado de ateísmo, além de ser um corruptor da da juventude, a palavra ateísmo aplicado pelos algozes de Sócrates não é o sentido da palavra ateísmo que eu vou ler na idade moderna. Eh, o próprio cristianismo também foi acusado de ateísmo por Roma. E, e então Paulo também era um ateu. Ateísmo naquela época significa a negação aos deuses do Olimpo ou na época de Roma eh, uma negação aos deuses de Roma. Então, se eu negocí medicina, não significa que eu estou rejeitando a medicina como um todo. Eu estou indo contra aquele tipo de medicina. Então, a filosofia ela se levantou contra uma hegemonia dos deuses e do mito que queria dar contas de explicar a realidade de uma maneira até, permita-me dizer, usando de má fé o elemento do sagrado. Então, por isso que você começa ali a partir de Thales de Mileto, que ele começa a mostrar pras pessoas que podia se encontrar uma uma explicação para a FCES, para a natureza, para a lógica de todas as coisas, que não fosse apenas aquela voltada nos mitos, nos deuses e na e na forma hegemônica, como os déspotes, né, que era justamente os reis ali, essa palavra até vem da época de despotismo, vem disso aí, como eles usavam aqueles princípios religiosos para subjugar o povo. Curiosamente, se eu pegar o exemplo de Abraão que você pediu, Vilela, o próprio Abraão também foi uma desruptura. Quando Abraão sai do Oriente Médio e questiona os deuses do ali da Suméria e vem para a terra que o o Deus de Israel lhe mostrou, a religião abraâmica, ela já é uma uma ruptura com aquela forma de religião sumeriana. Por exemplo, ele agora concebe um novo tipo de religião que não tinha imagens de escultura. Abraão concebe uma religião que, diferente da religião a divindade não é filha do universo, mas aquela que produz o universo. Porque nos mitos sumerianos os deuses são filhos do universo. O universo, ou ele existe por toda a eternidade, ou ele é autoexistente depois dele que surgem os deuses. Mesmo a mitologia grega, a teogonia de de Exildo, vai na mesma linha. Eh, eh, Zeus, Poseidon, os deuses do Olimpo, era eles são frutos do universo. O universo já existia antes deles. A religião abraâmica não. O criador antecede. Antecede. Isso é tremendamente revolucionário. A adorar um Deus sem usar imagens de como intermediários, isso é tremendamente filosófico. que ah, a partir de Tales de Mileto e chegando em Sócrates, depois Platão e Aristóteles, aconteceu na Grécia em reação ao establishmento religioso, aconteceu na Suméria com Abraão em relação ao establishmento religioso. O próprio Jesus, quando ele questiona os padrões religiosos do seu tempo, ele também está vendo contra o establishmento. e os demais que a gente podia citar aí, como já foi bem colocado pelo professor, entrando idade média, afora, depois a época da reforma protestante e até atualmente. Ou seja, a filosofia ela me coloca numa situação de descontentamento com aquilo que não pode ser questionado. E para terminar minha resposta, eu encontro na Bíblia diversas passagens que me incentivam a questionar. O próprio Deus fala através do profeta Isaías, eh, fazei prova de mim. Fala através de Malaquias, fazei prova de mim. Provai e vei de que o Senhor é bom. E essa palavra provar no hebraico que a palavra ta significa provar com os elementos sensoriais, com a sua cabeça. Eh, Jesus quando falou da sua vinda ao mundo, a primeira coisa que ele falou: “Olha, vejam que ninguém engane vocês.” Eh, o apóstolo João escreveu numa das suas cartas à igreja: “Coloquem à prova os espíritos para ver se eles procedem de Deus ou não.” Paulo elogiou os bereanos porque quando eles receberam o evangelho, eles foram conferir nos livros se a coisa era daquele jeito mesmo. Então, a religião, não vou falar verdadeira religião porque seria um pouco fanista, mas a religião que realmente é sadia, ela incentiva o questionamento. Mas que tipo de questionamento? o questionamento lúdico, lúcido e sincero, porque aqui não significa que todos os questionamentos são aplaudíveis. Há questionamentos que são apenas, o professor Cloves sabe disso, tem aluno em sala de aula que às vezes faz uma pergunta que ele não tem dúvida sobre aquilo. Ele quer aparecer ou às vezes ele quer encorralar o professor para ver se o professor falou uma coisa diferente do outro professor que deu aula no primeiro horário. Então, há dúvidas que são honestas, são sinceras, essas levam ao crescimento, mas há dúvidas que são apenas vontade de aparecer. Então, temos que separar que tipo de dúvida estamos falando. E a primeira, a dúvida sincera, ela é muito bem-vinda na na religião, ela é incentivada, pelo menos na religião de matriz judaico-cristã. Professor Cloves, a fé ela pode ser considerada um método de conhecimento tão legítimo quanto a razão. As minhas experiências sobrenaturais ou aquilo aquilo que eu chamo de fé, aquilo que eu creio, ele é tão válido quanto o que eu raciocinei, o que eu aprendi por minhas experiências materiais também ou não? Bem, eh, acho que para começar a tentar responder a tua pergunta, nem nem penso ter condições de dar a você uma resposta completamente satisfatória. Antes, eu queria apenas que quem nos acompanha registrasse uma fala do professor Rodrigo quando ele diz que o nosso modo de pensar, né, que é estruturante da vida do nosso espírito e que, portanto, para para nós parece assim, uma obviedade pensar do jeito que pensamos é só um entre muitos possíveis. Então, o exemplo que ele deu é absolutamente maravilhoso. Eu vou anotar e vou passar a me servir dele, porque é maravilhoso. Você diz: “Eu vou pegar um táxi”. E e é interessante porque você tem aí essa sequência, eu sujeito da frase, né? Vou pegar o verbo, depois o táxi e o complemento, lembra? Sujeito, verbo e complemento. Sujeito, verbo e complemento. Então o sujeito vem na frente. E é claro, depois que você repete zilhões de vezes essa sequência, essa sequência acaba se tornando, eh, ela ela adere, ela ela ela adere ao espírito como uma obviedade. E veja, é perfeitamente possível começar, como ele explicou a frase, pelo verbo. E se você organiza o seu modo de expressar de outro de outra forma, o que que acontece? Muda a tua realidade também. É, é é todo um alcance do pensamento que muda, não é? Ou seja, eh eh existe uma uma imbricação mais sólida do que se imagina entre o logos, linguagem discurso e o logos pensamento, né? Se você eh a palavra é a mesma em grego, né? Mas olha que interessante, você diz, vai, vai, eu eu fazia prova oral na faculdade e era muito comum eu ouvir coisas do tipo, professor, eu entendi tudo, mas agora que eu tenho que falar, eu não consigo. A impressão que dá é que existe um departamento que é o departamento do pensamento. Uma vez feito o pensamento, esse esse esse pensamento vai pro departamento do empacotamento, que é a linguagem, e aí depois vai pro departamento do enunciado, que é fonético, boca, etc. Eh, não funciona assim. Eh, o pensamento ele é inseparável da linguagem, ou seja, eh eh pensamos através das palavras e não só através das palavras, mas também através de uma certa organização das palavras que nos é, digamos, eh, apresentada desde o nascimento. Então, eh, não existe o pensar eh desprovido de umaidade semiótica, de de umaidade eh simbólica. Então, nesse sentido, eh, o que ele falou, eu fiquei absolutamente encantado, porque muitas vezes quando você lê a Bíblia, dependendo da tradução, de fato, eh, é, é, muitas vezes o verbo vem antes do sujeito, tal como ele explicou. E isso é maravilhoso. Por quê? Porque uma simples inversão dessa já muda completamente a ênfase das coisas, a maneira como aquilo é entendido. O próprio Deus se apresenta como eu sou, sou verbo, né? É um agir, não é? Não é? Eh, no princípio é é muito interessante porque eh não é por acaso, né, que essa palavra logos, né, é a mesma tanto para discurso, né, produção simbólica, quanto para pensamento, quanto até mesmo para razão, etc. Então, é evidente que eh existe aí uma imbricação que o senso comum muitas vezes eh eh não não dá a devida importância. Mas agora, voltando ao que você me perguntou, eu penso que eh o caso de Jesus poderá nos ajudar, tá? E por quê? O que que eu vejo? Eh, é evidente que não sou um especialista, mas eh acho que posso contribuir. Você tem um jeito grego de pensar aonde eh eu diria a filosofia hegemônica, né, a filosofia chapa branca, a filosofia que que triunfou, a filosofia vencedora, ela é dessa sequência, eu diria, constituída por Parmênides e Heráclitos, Sócrates, Platão e Aristóteles, depois Epicúrios Históricos. Muito bem. essa e e eu diria até que poderíamos tirar fora Epicuro e deixar só os históicos. Muito bem. O que que essa filosofia vai nos propor? Ora, que existe uma hierarquia natural entre os seres. E por quê? Porque as coisas no universo têm importância desigual. E, portanto, dependendo da sua, do seu papel nesse todo cósmico, você será mais ou menos relevante, certo? Então, quem é que vai governar? Leia lá, República de Platão. Quem vai governar? Quem vai governar é quem pensa bem. E quem pensa bem é o filósofo. Ponto. Simples assim. É claro que poderíamos entender isso como advogar em causa própria, porque quem tá escrevendo é um filósofo, talvez esteja reivindicando um pouco mais de poder para si. Deixando isso de lado, eh me parece, digamos, sustentável que quem pense melhor seja encarregado de tomar as decisões na polis, tá certo? Bom, quem é que vai cuidar da segurança da póli? Segurança, né? Ministério da Segurança, né? Secretaria da Segurança Interna e Externa, portanto, eh Forças Armadas para combate externo e polícia segurança interna. Quem vai cuidar é quem é talhado por natureza para isso. Digamos, alguém eh pouco afetado pelo medo de um enfrentamento, etc. Então é é é preciso colocar a pessoa no lugar certo, né? E e depois quem é que vai fazer a artesania, agricultura, etc, etc. Basicamente quem sobrou, ou seja, eh eh aqueles que têm a parte inferior da alma mais desenvolvida, são muito desejantes, são muito apegados às coisas materiais, então vão cuidar daquilo que mais sabem, entendeu? Então parte superior da alma eh cuida da governança, a parte intermediária da alma cuida da segurança e a parte inferior da alma cuida da produção, né? cuida da produção. Muito bem. Fica claro que dependendo da sua natureza inicial, dependendo das disposições de natureza que são as tuas, você deverá numa cidade justa ser alocado para um desses setores, mas que são hierarquicamente dispostos. Feito, o cara de cima é mesmo superior ao cara do meio, que é mesmo superior ao cara de baixo. Ou seja, as pessoas são distintamente apetrechadas por natureza para cumprir o seu papel. Poderia dar um outro exemplo. Eh, se o papel do olho é enxergar um olho que enxerga mal, é um olho inferior, é um olho que não cumpre o seu papel. Veja esse jeito de pensar. Se o papel de uma vaca é d leite, uma vaca leiteira é superior a uma vaca que dá pouco leite. Se o papel do cavalo é correr rápido, o cavalo que corre mais rápido é superior a entendeu? Existe uma hierarquia natural entre os seres. Muito bem. Onde que eu vejo assim a uma das das revoluções, né, com Jesus? Se você perguntasse para Jesus, escuta, você não tá de acordo, significa que a natureza dá igual para todo mundo? Não, né? Não, por não porque não, né? Veja, professor Rodrigo, concordará comigo? Se você botar o Kauan Raymond aqui e abriu uma enquete os milhares e milhões de seguidores, quem é o mais bonito, é possível que eu não receba nenhum voto. Existe mais certeza sobre essa diferença de beleza do que sobre uma resolução pelo teorema de Pitágoras. Pelo menos 10% erra a resolução de Pitágoras. Mas a quem é o mais bonito é de zero. De zero. Eu a natureza é assim. Agora a vantagem é que a beleza não é o único atributo que a natureza regala. Mas tudo bem. É, é assim. Agora, o que que Jesus Marcos, Marcos Aurélio falou: “Eu votarei em você, professor. Temos um voto”. Enfim, e como como em toda a regra, sempre haverá alguém para para nos desmentir. Eu te agradeço demais. Que viva Marcos Aurélio? entendeu tudo. Agora eu te pergunto, era históico essa? É hisóico. É, é. Qual é a a qual é a graça da história? é que o que Jesus vai nos propor é o seguinte: “Olha, as diferenças de natureza existem, mas deixa isso para lá, porque o valor não tá no que você recebeu nessa divisão original.” Ah, não, não, não, pô. Mas então o valor tá onde? E eu começaria dizendo, tá em outro lugar que não esse. Então, tá aonde é uma quebra, né? É porque agora e veja a influência de Jesus, né, no pensamento filosófico posterior, né? você abra eh eh a crítica da razão prática ou abra eh fundamentos da metafísica dos costumes de Kant, né? Só há uma coisa indiscutivelmente boa, a boa vontade. Então, eh, ora, veja qual é a ideia. Escuta, a partir de agora é que eu vou ver o quanto você vale. Se você ganhou cinco talentos da natureza ou três talentos da natureza ou um talento da natureza, e a palavra talento é maravilhosa porque ela é ao mesmo tempo o talento da natureza e o dinheiro para mostrar que é bem uma questão de valor. O o agora eu vou passar a régua e eu faço questão dessa alegoria. Eu vou passar a régua porque nós estamos na linha de partida e nós estamos todos alinhados no mesmo ponto. O de cinco tá ali, o de três tá ali, tá? Porque o que vai contar não é o 5, tr um. Mas o que eu vou fazer a partir de agora é o que vai contar. Veja, incrível isso, pô. Isso é é é absolutamente revolucionário. Você nasceu mais inteligente, você nasceu mais forte, você nasceu mais bonito, mas não importa. Importa é daqui para frente. Agora, mas Vilela, agora é fácil você dizer: “Não, claro, é claro que sim. Sim, claro que sim, mas foi preciso lá atrás alguém ter mudado completamente o que nós poderíamos tranquilamente chamar de um paradigma, né? É um verdadeiro conjunto de modos de pensar que é transformado. É uma ruptura brutal, brutal. A parábola dos talentos de Jesus marca uma ruptura brutal na maneira de entender o valor da vida, na maneira de entender eh o valor da conduta humana, a presença do humano no mundo e assim por diante. Por quê? Porque vai valer a partir de agora. Eu eu queria só fazer algumas eh ressalvas, né? Eh, se Aristóteles diz: “Entregue a melhor flauta para o melhor flautista”. O que que ele tá dizendo, malandro? Se você nasceu com talento para tocar flauta, a cidade tem que te dar tudo. E o outro que não é? Esse nada, esse que não toque flauta, esse que não aborreça aqui. Só vai encher o nosso saco, sabe? Criança com flauta e amarra. Falta duas, né? Não, não toque flauta. Ora, eh, nasceu com talento para pensar todos os livros do mundo. Não nasceu com talento para pensar. Chafurd na ignorância não é a sua praia. Nasceu com talento. Ora, perceba que tomemos o caso do esporte, né? É, nós teríamos então disputas olímpicas eh entre talentosos, entre galardonados, entre entre, não é? Então, Jesus é uma espécie de patrono das dos jogos paralímpicos, entenda. E Jesus, ele permitirá e ele defenderá que alguém que não tem tanto talento para tocar a flauta, receba sim uma flauta, porque o que vai valer é o que ele fizer com a flauta com o talento que ele tem. Eu posso te garantir, professor Rodrigo, concordará comigo? Para nós que não nascemos excepcionais em nada. Uhum. Que bom que Jesus existiu e disse o que disse. Porque eh quantas vezes eu me lembro do meu pai tentando que eu descobrisse qual era o meu pai tinha um viés grego de pensamento, embora não soubesse disso de jeito nenhum, nunca estudou nada disso, etc. Mas ele queria saber onde é que tava o meu talento. E ele dizia: “Você é ruim em tudo”. Ele falava isso. Sim. eh eh sem nenhuma preocupação de me traumatizar nada. Sabe o que que é? Você é ruim de cálculo, ruim de desenho, ruim de coisa, ruim de poesia. E ele tinha até uma lista bem nobre de É. É até equitação e cois. Você é ruim em tudo. A partir do momento que você é ruim em tudo, é o onde bater, bateu o que o que onde pegar, pegou. Isso aí é que nem toco em rio. Onde ficar fica não tem que fazer. Ora, eh, essa ideia, ela, na perspectiva grega me colocaria no fim da fila, no último vagão. E olhe lá, acho que nem vagão ia sobrar para mim. Agora, o que dirá Jesus? Epa, epa, epa, epa. É bem assim, sabe? Existe aqui uma matriz de pensamento que lá termina na Revolução Francesa. Ealitê, viu? Não é, não há uma desigualdade de princípio. Não, senhor. Há uma desigualdade de natureza, mas o que conta, esse é igual. é a igual possibilidade que temos de fazer com limões uma limonada, com laranjas uma laranjada e e etc. Ou seja, eh eh não há como, né, não se emocionar, porque eu sou do tipo que diante de uma ideia eh divina, né, eu me emociono e é e é preciso conseguir um pouco isso, não é? Eh, o estudo ele é inseparável das alegrias, das tristezas, dos afetos. É preciso vincular o aprender ao regozijo, né? Então isso é uma ideia fabulosa, né, malandro? Eh, o que a natureza te deu, foi isso que vai valer daqui paraa frente. Isso é a chance que, né, tava todo mundo esperando, né? É a é a, é a oportunidade que tá todo mundo pedindo. E quantos, quantos, quantos, quantos, quantas pessoas que viveram com enorme pungjança eh foram condenados eh logo de cara pela aparente desqualificação de talentos realizada de início. Então, eu diria que graças a essa maneira de pensar, nós temos uma revolução. Muito bem. Agora eu chego no que você me perguntou muito rapidamente. Eh, eu entendo a fé como uma certeza, né? Eu entendo a fé como uma uma certeza, uma convicção. Acreditar sem ver. Eu entendo. É isso. É como a minha a ex-mulher eh eh que fala perguntava se eu era homem de fé. Eu fala: “Você é uma mulher de fé?” Sim. É uma definição. Ela pediu para ver meu WhatsApp, eu falei assim: “Tenha fé, acredite sem ver”. Tomás de Aquino, né? Tranquilamente, sem comprovação possível, sem verificação possível, né? Então, acreditar. Ora, então agora aqui eu me reporto de novo a Kant, quando ele se insurge contra as provas racionais da existência de Deus. E por quê? Por sustentar uma ideia. E é ele que tá falando, hein? Porque depois disso aqui, professor Rodrigo, eles fazem cortes e aí fica como se a gente tivesse dito, imagina se eu tenho condição de elaborar esse pensamento. Eu não tenho condição de elaborar esse pensamento. É can’t quem fala. Se a existência de Deus for racionalmente comprovada, Deus deixa de ser uma questão de fé. É. Uhum. E aí eu não gostei. Eu prefiro que Deus continue sendo uma questão de fé. Esse é um primeiro ponto. E um segundo ponto que eu queria, eu diria até que fosse a minha última intervenção nessa conversa, porque para mim é a é o elo mais lindo da filosofia e da religião, que é a discussão sobre o mal que propõe Libnitz e que eu penso ser absolutamente encantadora, quando a pergunta É, se Deus existe, de onde vem o mal? E depois ele diz: “Se Deus não existe, de onde vem o bem?” Né? E claro, para nós, o problema do bem não é eh, já tá resolvido, mas o problema do mal é um angu. E Libit vai propor uma resolução que eu acho de uma genialidade. Existem pessoas que têm genialidade irritante. é uma competência intelectiva tão superior à aquela que você poderia alcançar que você esse cara tem que apanhar, não é possível, né? E Libes eh sai com essa solução. Mas eu aí eh gostaria de concluir a minha fala com essa essa tirada que eu acho sensacional. Eu eu abro mão da palavra aqui, Rodrigo. Completando que o o queria só falar uma coisinha aqui, Pel, antes da pergunta, eu só queria dissertar um pouquinho no que professor falou. O Lais realmente era um gênio. Eh, o Livnes com 8 anos de idade aprendeu sozinho latim e grego e com 12 anos ele já criou o cálculo diferencial que segundo alguns foi o que permitiu a calculadora e com 21 anos ele já fez o primeiro doutorado dele em direito. Seguindo mais ou menos seus passos aí, viu professor? Era era não, 21 anos. Olha, ele ele deve tá ele deve tá brincando. Professor Rodrigo é pândego. Seguindo ah seguindo os meus passos. É daquilo que eu disse. É não que eu fiz. Em direito, não é? É sim. Eu tenho doutorado em direito, mas enfim, em libes não poderia ter seguido meus passos por várias razões, uma delas é mas porque eh eh eu eu queria insistir nisso, professor. Eu sou um explicador de pensamentos alheios dentro de limites rasíssimos. Então, o que eu entendi, eu compartilho e eu explico. O que eu não entendi, eu não explico. Assim, de pensamento original meu, mal e mal eu consigo ligar um que um falou com o que o outro falou e dizer: “Ó, acho que tem a ver e ponto.” Assim, pensamento. Agora, uma tirada como essa de Libnits, eh, eu precisaria viver cinco vidas para chegar nesse nível. de competência intelectiva, né? Então, mas de fato, eu fiz um doutorado em direito muito cedo, mas eh mas enfim, eh mas permita, permita-me colocar um contraponto aqui, professor Cloves. Eu vou vou colocar o própria filosofia do professor Cloves contra o professor Cloves. Hum. Por quê? O que ele falou aqui é um exemplo. Eu sei que para uma questão de humildade, modéstia, ele fala: “Não, quem sou eu para estar?” Mas muitas pessoas que estão nos assistindo não sabem quem é Libit, mas o professor Cloves de Barros, eles sabem, entendeu? Então o que que acontece pegando a a ótica do exemplo que ele queria dar? Vamos supor que o Lives ganhou aí 10 talentos e o professor Cloves seguindo apenas o que ele está dizendo, ganhou apenas dois, mas os dois dele estão aí influenciando milhares de brasileiros pro bem. Então aqui me lembra uma palavrinha mágica. que é justamente o que ele tá falando. Eu acho que a vida só tem sentido ser vivida, primeiro lugar com o transcendente. Eu não abro mão da transcendência e abaixo da transcendência a minha vida tem que ter algo, Vilela, que chama-se legado. Eu tô trabalhando muito o tema do legado agora, Vilela, eu virei, tô virando palestrante também e tem muitas empresas que estão me chamando para falar sobre legado, palestra sobre legado. E por que que tô falando disso? O legado é aquele sucesso que ele não é sozinho. É 1 2 3 4000 talentos. Não importa. Ninguém nasceu destituído de talentos. Todos nós temos um talento. Nem que seja sorrir ou chorar com alguém você tem. E se você pega esse talento e só usa pro seu benefício, isso é egoísmo, egocentrismo, dê o nome que der. Mas quando outras pessoas são beneficiadas pelo pouco ou pelo muito talento que você recebe, aí a sua vida começa a ter sentido. Eh, eh, é, é mais ou menos como algumas pessoas que ficam ricas, mas elas são tão pobres que a única coisa que ela tem é dinheiro. Outros são ricos e eles beneficiam a tantas pessoas que a gente pode falar assim: “Que bom que fulano de tal ficou rico, que bom que fulano de tal fez doutorado e se tornou professor.” Desculpa, Rodrigo, e te interromper, me perdoe. Não, por favor. Mas mais uma vez a influência do pensamento de Jesus, não é? Por quê? Porque o nosso espectador poderia estar se perguntando, pera aí, para os gregos, o mais inteligente é superior, né? Eh, ele é virtuoso, ele faz bem o que ele faz, ele não trabalha, ele se exercita. Trabalho é coisa de quinta, entendi. São aristocráticos, né? Cratos, poder, aristos, os melhores, né? poder entregue aos melhores. Perfeito. Agora Jesus diz: “Não, não, não, o que vai valer a partir de agora é é você pondo a mão na massa, é você fazendo”. E e naturalmente poderia perguntar, mas escuta e e tudo bem, vale a partir de agora, mas eh eu diria quais são os critérios de uma vida boa a partir de agora? Quer dizer, ah, tudo bem, vai valer a partir de agora, mas o que que eu tenho que fazer para viver bem? segundo Jesus. E aí o o Rodrigo respondeu eh eh magistralmente, quer dizer, eh eh você tirará de alguém um sorriso que sem você não teria sorrido. Você proporcionará uma alegria que sem você não teria se alegrado. Você me deu um ombro ombro de você me deu. Ou seja, existe aqui um papel, não é, do outro, da alteridade, do tal do próximo, em que o o o grande valor da vida na ótica de Jesus está no modo como você considera o outro e ao se relacionar com ele, o catapulta, o o trampoliniza, o potencializa, o o põe para cima. E isso é maravilhoso, né? Isso é maravilhoso. Então, eh, ele disse muito bem, é claro, libit 10, eu meio. Mas de acordo com Jesus, Jesus vai olhar lá e dizer: “Bom, é e você fez o que com esse meio?” [ __ ] só no Vilela é a quinta vez que eu tô indo e tal e falo, são 40 livros, 40 anos de vida acadêmica, não sei que tal. Eu acho que alguma coisa eu devo ter contribuído, tá aí o legado. Aliás, você que tá nos ouvindo, hein, eh, se o professor está se apresentando para palestrar sobre legado, você que é do mundo corporativo, contrate-o para ontem, porque nós carecemos no mundo da das palestras de gente com esse nível de maturidade para refletir sobre valores, para refletir sobre o que importa, ao invés de simplesmente ficar vociferando eh eh estratagem para ganhar dinheiro, para ir eh para para acumular, para, né, para o excesso, para Então, e essa competência intelectiva eh eh ela é altamente bem-vinda. E, portanto, nos eventos corporativos, o professor Rodrigo seria um espetáculo, um espetáculo. Bom, já me calei. Agora vamos vamos a a Bom, muito obrigado. E o ponto que eu queria pegar de Obrigado mesmo de coração. E o que eu pego aqui, por exemplo, eh na época de Jesus havia duas escolas de pensamentos judaicos, a de Hilel e Shamaim, que eram contemporâneos a Jesus. Embora os 613 mandamentos do judaísmo vão ser sistematizados por Maimôedes muito tempo depois, já havia na época de Jesus uma série de leis e regras da tradição oral do que podia ou não podia fazer no Shabbato, que podia ou não podia fazer quando a mulher estava menstruada e tudo. E conta-se a história, isso está fora do do evangelho, que uma vez um jovem chegou a Rilel e depois chegou a chamar e Rilel era um camarada muito iraível, ele era bravo, muito legalista. E o rapaz falou assim: “Ó, rabino, enquanto eu fico aqui na posição incômoda, fazendo quatro, que a gente chama de quatro, né? Resuma minha lei, os profetas”. Ele deu uma bengalada no menino e falou: “Vai embora, não me faça perder tempo”. Não dá para resumir todo o tratado ético do judaísmo enquanto você fica aí nessa posição. Aí depois o menino foi fazer a mesma pergunta para Shamai e Sham falou assim: “Olha, é simples. O que você não quer que o outro não faça, não faça você a ele.” Curiosamente, no Novo Testamento, nós temos uma situação parecida onde alguém chegou para Jesus e perguntou: “Senhor, qual é o maior dos mandamentos? Que no hebraísmo significa, como é que eu resumo toda a lei numa coisa só?” É a pergunta do professor aí. Agora, como é que eu faço isso? Jesus respondeu simples: “Ame a Deus acima de todas as coisas”. Ou seja, falando em linguagem filosófica, viva pelo transcendente. Uhum. Uhum. E ame ao seu próximo como a si mesmo. Como a si mesmo. Do. Depende toda a lei e os profetas. O resto é comentário. Agora, olhem que interessante. Enquanto o outro colocou de uma forma passiva, o que você não quer que o outro não faça, não faça você a ele. E a gente encontra isso também em Confúcio. Confúcio tem uma uma frase muito parecida. O que você não quer que o outro faça contra você, não faça ele. Só que é uma ética cômoda. É assim, ah, se eu não quero que o professor Cloves me incomode, eu também não vou incomodá-lo. Uhum. Se eu não quero que ele eh eh me peça água, não vou pedir água para ele. Só que isso me deixa numa zona muito de conforto. A ética de Jesus, ela é ativa. É o que você quer que o outro faça, faça você a ele primeiro. E nesse sentido que vem o legado. O legado está em você falar assim: “Tá, eu ganhei, alguns tm talento para cantar, outros têm talento para ganhar dinheiro, tenho talento para estudar, tá? Eu acumulei tudo, tenho um doutorado, dois doutorados, duas faculdades. O que que eu beneficiei a outros com meu título? Aí eu me tornei um médico. Meu pai ficou orgulhoso porque eu formei em primeiro lugar na faculdade de medicina da USP, tá? O que que a minha medicina está beneficiando outras pessoas? E não vale a apenas assim o que pode pagar, o que é meu filho, não. Porque deixar pro filho até até os ditadores querem colocar o filho no poder, né? Eh, até o ditador, Jesus falou: “Até os maus amam os seus. do negócio é aquele que não pode me retribuir. E eu queria mostrar uma foto aqui que eu acho que ilustra isso. Eu pedi a Fabi para passar pro pessoal, não sei se chegou, é uma história de Samir e eh e e Mor Ahmed. Samir era cristão e Ahmed era muçulmano, só que um deles, eles viveram na Síria. A foto não tem data, mas presume-se que ela é do início do século XX, final do século XIX, ali, por volta de 1910 ou 1890, alguma coisa assim. Um era cristão, o outro muçulmano, só que o Samir era cego e o Armed ele era anão e tinha as pernas atrofiadas. E eles viviam ali nas ruas de Damasco, sofrendo tudo, até que um dia eles se encontraram. E o que que acontece? Um se tornou os olhos do outro e o outro se tornou as pernas de um. Maravilhoso. Então eles andavam assim pelas ruas. Eles andavam assim pelas ruas. Então aquele que era o o anãozinho conseguia enxergar muito bem e ele ajudava o outro a secomover. O outro tinha as pernas bem e assim eles vendiam panelas e ficaram numa amizade duradoura. Então o que que eu aprendo com essa fotografia? Eh, às vezes o meu problema é a cegueira. Às vezes o problema do outro são as pernas atrofiadas. Deixe a virtude do outro completar a sua deficiência e use a sua virtude para completar a deficiência do outro. Assim, nós temos uma ética que faz a humanidade funcionar como engrenagem. E nessa questão que nós vemos realmente em Aristóteles, das hierarquias também na na na República de Platão, das hierarquias ali dos extratos sociais, o mundo funciona como uma engrenagem, porque mesmo que a minha vida valha mais do que a vida da minhoca, tira todas as minhocas do mundo e você vai ter uma quebra de ecossistema que pode causar até o fim da humanidade. Ou seja, até o carrapato do cachorro tem um papel na natureza. Então, eh, é muito importante eu saber qual é o meu papel e de que maneira eu estou beneficiando o outro. E para terminar a minha o meu complemento aqui é o professor falou, a minha reação à fala dele, é interessante que isso é uma lição até para os religiosos, porque uma das descrições de Jesus em Mateus 25 sobre o dia do juízo final é de chegarem pessoas para ele e com uma arrogância inimaginável falarem: “Senhor, mas vem cá, em teu nome eu profetizei, em teu nome eu fiz curas. Ou seja, em teu nome eu era religioso. A Bíblia apresenta duas reações ao ao dia do juízo. Tem a reação descrita em Apocalipse 6, daqueles que estão perdidos e pedem as pedras que caiam sobre eles, porque eles não aguentam olhar para o trono do juízo de Deus. E tem a versão daqueles crentes ou religiosos de fachada que com arrogância fala: “Pera aí, eles não vão pedir as pedras para cair em cima deles. Eles vão com arrogância dizer: “Mas em teu nome eu fiz isso, eu fiz caridade, eu estudei teologia, eu preguei na igreja, eu realizei missa, eu fiz um cto na igreja evangélica”. E ele fala assim: “Afastem-se de mim, eu não conheço.” E qual o diferencial? O diferencial está justamente o que que você faz com os talentos que eu te dei. E o que você faz com os talentos que eu te dei? Não é apenas se autopromover, se auto eh desenvolver, mas é a partir do seu desenvolvimento, da seu crescimento, ajudar a outros. Lembrando que mesmo crescimento pequeno pode ser, aos olhos de Deus um motivo de aplauso. Por isso que Jesus reverteu a ótica do mundo. As bemaventuranças estão indo justamente na contramão, porque ele fala: “Bem-aventurados os os que choram, bem-aventurados os que têm fome, os que são perseguidos”. Per exemplo, parece que felizes são os infelizes. Eu termino com uma parábola que eu lembrei aqui agora, que ilustra bem uma das falas do professor aí, uma parábola rabínica. Os rabinos contavam que uma vez o dono de uma eh de uma ele tinha os vinhos ali, eu esqueci o nome, adega. Ele tinha uma grande adega de vinhos e os vinhos dele estavam sendo roubados. Então ele contratou dois homens desempregados para vigiarem a adega dele. Acontece que o primeiro que ele contratou era um sujeito absêmio que nunca tinha bebido na vida, nunca tinha experimentado bebida alcoólica. E o segundo era alguém que lutava com o vício do álcool. Ele tinha sido alcólatra, já tinha parado de beber há algum tempo, mas ainda lutava com a vontade de beber. E ele botou os dois para vigiarem. Um vigiou umaade dega, outro vigiou a outra. Os dois passaram a noite inteira vigiando a adega. Quando o senhor chegou na manhã seguinte, ele ficou feliz porque nem uma taça de vinho foi roubada. Só que na hora de fazer o pagamento para o absêmio, ele deu lá, vou criar uma uma uma um valor simbólico aqui, ele deu 10 shecks. Para o outro que lutava com alcoolismo, ele deu 50 shecks. Aí o o primeiro reclamou: “Pera aí, eu trabalhei o mesmo tanto que ele, eu fiquei o mesmo número de horas e não roubou nenhum vinho. Por que que eu tô ganhando bem menos do que o outro?” Ele falou: “Porque você teve que vigiar apenas os vinhos.” Ele teve que vigiar os vinhos e a si mesmo. Demonstrou que ele tem um alto poder de domínio sobre si, apesar de socialmente falando, ele parecer inferior a você, porque enquanto você é absênio, ele é uma pessoa que luta com um vício terrível. Então, muitas vezes na ética divina os papéis se invertem. Felizes os infelizes, porque eles redarão o reino de Deus. Infelizes, dependendo, é claro, de que ótica você está avaliando o conceito. Quer comentar alguma coisa? Porque eu ia falar sobre aquele assunto que a gente tava falando antes da live, sobre as parábolas, né? Uhum. Eh, eu gostei muito do dos livros do Joseph Gumpell, que ele ele ele tentava fazer um monomito, né? Uma ideia de que todos os mitos, todas as histórias antigas, elas falam mais ou menos das mesmas coisas. Uhum. Tem esse papel do herói, da da mãe, da da da natureza ligada à mãe, do do renascimento. E eu vejo algumas histórias da Bíblia e algumas, por exemplo, o tanto do Prometeu, que ele rouba o fogo dos deuses, do conhecimento, quanto da da caixa de Pandora, né, que ela abre a caixa que ela não deveria abrir, ou da a da Eva e Adão, que tem um fruto, tem uma árvore do conhecimento do bem, do mal, que eles não deveriam. E essa dicotomia eu não entendo de vez em quando, porque parece que Deus ou esses mitos colocam algumas coisas impossíveis, porque eles sabem que é da natureza do ser humano querer aprender mais, querer evoluir, buscar o conhecimento e ao mesmo tempo coloca um desafio meio impossível para eles. Não façam como isso. No caso da árvore do bem, do conhecimento, depois vem com o Rodrigo, que é se você comer dessa árvore, como a a a cobra fala, você será como Deus. Por que tem essa essa dicotomia de eh não faça isso? Mas a gente já na história sabe que vai ter a queda, que eles vão fazer aquilo que tá que os deuses ou que Deus tá proibindo. Bem, eh, você imagina que levando tudo isso e parábolas e mitologia, ela elas são similares, o significado, a a formulação, o que que que é uma parábola? Bem, se você então partindo daí, né, eh é muito importante que você entenda que deve ter havido por parte de muita gente uma preocupação didática, ensinar coisas. E é muito importante que essas pessoas que têm essa preocupação didática, elas tem uma noção do repertório do seu interlocutor. Sim. e sobretudo e sobretudo da diversidade de repertório do seu interlocutor. Então, é preciso encontrar mecanismos para se fazer entender por qualquer um. Por qualquer um. Então, a ideia da parábola, ela é uma iniciativa didática para passar uma mensagem a ser compreendida por qualquer um. Preocupação que um filósofo grego de Fina Cepa não teria, porque ele só fala, né? Tanto que inclusive eh eh Platão e Aristóteles teriam literatura para os iniciados, literatura para o segundo escalão, literatura para e os diálogos seriam assim a parte mais popular eh da sua produção. Jesus até em grande coerência com o que ele dizia, ele já se manifestava para ser entendido por qualquer um. E claro, eh eh não é através de abstrações, noções e conceitos que você é entendido. Por quê? Porque se porventura o indivíduo não teve na sua trajetória a oportunidade de entender o significado daquele conceito, ele tá excluído do entendimento. Esse é o poder da história, né? Entende o que eu tô falando? Eh, então, eh, e o que que eu eu acho engraçado, porque eh o Rodrigo falou da arrogância, né? E eu acho que tá aí um outro grande mérito da filosofia, que quando ela é bem levada a cabo, ela vai colocando você num bom lugar, no seu, né? Vai, sabe, viu? Baixa a sua bola. E como muitas vezes a sociedade cobra uma espécie de demonstração de autossuficiência, né? Eh, veja, por exemplo, os currículos, as entrevistas de emprego, o que dizer pro empregador para ser contratado e e tudo isso eh indica uma espécie de super capacitação, né, exageros de capacitação. E e a filosofia ela vai no sentido literalmente contrário, ou seja, a cada novo degrau abre-se um novo campo de ignorância. É por isso que quanto mais se estuda, mais gritante é a ignorância. Por quê? Porque é aquele conhecimento que permite iluminar o que você percebe que não sabe. Ao passo que se você não chegou ali, você sequer pode saber que não sabe. É, tá, tá perfeito isso. Então, eu acho que Sócrates é o é o grande exemplo, né, com aquela história, eh, por que que os deuses dizem que eu sou o mais sábio se eu não sei nada, né? Já entendi. Eu pelo menos sei que não sei nada. Os outros nem isso. Então, eh, eu tô na frente, de fato. É, e os deuses, como têm sempre razão. Então, agora, voltando aí à questão das grandes narrativas, né? Eh, é muito importante você entender o quanto muitas vezes o domínio de certas noções, né, tem diretamente a ver com o tipo de vida que você viveu, tem diretamente a ver com os lugares que você frequentou ou os lugares que você pôde frequentar. E muitas vezes a a dificuldade ou a incapacidade de aceder a pensamentos que requerem conceitos, noções e abstrações, acaba sendo confundido com algum tipo de burrice ou falta de inteligência, etc. o que é completamente absurdo e tem diretamente a ver com as oportunidades que um certo tipo de vida eh facilitou. Então, Jesus falava por intermédio de parábolas e essas histórias eram compreensíveis por qualquer um. Mas é claro, cada coisa tá no lugar de outra, né? Então, nesse sentido, a própria ideia da palavra símbolo, né, a sua origem tem a ver com isso, né? Porque tudo que tem tudo que tem sim que vem do grego remete a essa, a essa união de mais de uma coisa, sabe? Como síntese, por exemplo, né? Né? Então, eh, a palavra símbolo, né? Eh, ela até tem a ver com eh um palitinho que você quebra no meio, mas você pode juntar direitinho de maneira a reconstituir o palitinho original, né? Essa é a origem da palavra símbolo. É. Então, qual é a graça da história? é que você tem ali uma narrativa e eu diria que cada elemento dessa narrativa pode eh eh ou sugere a vinculação de outros elementos, que é no final da das contas o que você tá pretendendo ensinar. Mas veja que o próprio Platão no livro S da República propõe o mito da caverna, a mais conhecida alegoria da filosofia de todos os tempos. Ora, é evidente que Platão não tá querendo contar uma historinha de um cara que saiu da caverna e e teve fotofobia ao encontrar a luz do sol. É evidente que cada elemento daquela história está no lugar de outro. Fun, tem uma função, está no lugar de outro. E assim as parábolas têm essa mesma essa mesma eh característica. cada elemento remete a outros. E e como, claro, eh eh o céu é o limite, eh essa investigação de significado, ela não tem necessariamente uma resposta certa e fechada e acabou por ali, não. Ela pode permitir outras e outras interpretações e um refinamento de interpretações com vistas à busca de uma espécie de verdade tendencial, uma coisa que você vai rafinando, rafinando, rafinando para tentar descobrir em função de outros elementos o que que o narrador de fato queria contar com aquilo, entende? Então, nesse sentido, eh, é muito maravilhoso. Por quê? Porque tal como nós apresentamos aqui na parábola dos talentos, aonde você dá mais para um, tanto para outro, tanto para outro e depois você aplaude um e critica outro. O o que é que tá sendo explicado aqui? Tá sendo explicado aqui que o importante, o que tem valor é o que o cara fez depois da distribuição das moedas. E, e é claro, eh, isso isso permite uma compreensão em vários níveis, mas sobretudo isso dá a todos a chance de algum entendimento a respeito do que tá sendo ensinado. E é claro, você tem que considerar que essa essa parábola, ela é proposta num momento em que o pensamento grego ainda era extremamente eh forte, presente, importante, etc. Então, quer dizer, eh é claro que eh eh quando você propõe uma tese subversiva como essa, né? Porque é subversivo em relação a, né? Então, quando você propõe uma tese subversiva como essa, é evidente que você precisa eh você busca a adesão, não há eh fala que não busque alguma adesão e você busca uma adesão em cima de recursos que você supõe sejam os recursos cognitivos do seu interlocutor. Então, a parábola era o meio adequado para que isso acontecesse, né? Eu vou no meu podcast, professor Rodrigo, toda quinta-feira eu tenho um podcast eh aonde eu mesmo pergunto e eu mesmo respondo, porque assim a gente evita problemas de voo e de táxi, né? É. Eh, se o senhor não estiver nada acontece o perguntador não for ou quem responde também não vai, né? Não vai, não vai. E eu eu fiz a Ilí e a Odisseia, fiz a Divina Comédia, eh, ou seja, primeiro contando do meu jeito e depois eh mostrando dentro do meu orbital de conhecimento, o que que aquilo tem a ver com outras coisas e etc. né? Eh, então agora eu estou começando a trabalhar o o pensamento de Jesus. E é muito fascinante porque eu fiz um uma distribuição de conteúdos e eu me dou conta de que eu levarei exatamente um ano para começar a roçar a epiderme do problema. Isso com episódios semanais, né? E eh eu comecei tratando dessa relação da filosofia com a religião. Eu eh eh pretendo fazer uma cama bem feitinha para depois trazer as parábolas e que elas encontrem um terreno mais fértil de compreensão. Agora, eh, que fique claro para todos que me ouvem, porque essa é uma convicção íntima que eu tenho, né? Uma coisa é você saber o que Jesus disse, né? A outra coisa é o que Jesus disse de fato eh nortear a tua vida, né? Fazer parte da tua vida, te ajudar a viver. São coisas muito diferentes. Nada te impede de conhecer decore salteado a crítica da razão prática de Kante e ser um calhorda na hora de viver. Não é impossível. Nada te impede de conhecer perfeitamente, sei lá, eh eh a parte três da ética de Espinosa e ser um vivente pífio do ponto de vista emocional. Existe um domínio conceitual que fica num certo nível e que não permeia necessariamente a vida. Pois seria muito lamentável que isso acontecesse no caso de Jesus, nos outros casos também, mas no caso de Jesus em especial. É, quer dizer, independentemente eh do credo da instituição, do lugar onde você vai, independentemente disso, eh é preciso ter em mente que a multiplicação dos templos não assegura uma presença verdadeira do que Jesus quis nos ensinar nas nossas vidas. Uhum. Verdade. Sabe, professor, eu tava vindo para cá e tava pensando que eu moro na cidade de São Paulo, não é? E aí eu eu pensei em fazer uma provocação inicial e dizer: “Ah, por que que Paulo emprestou o nome a essa cidade, né? Talvez porque ela seja acolhedora. Talvez porque as pessoas estendam a mão ao diferente, ao fragilizado. Talvez porque os ensinamentos de Jesus estejam vividos em toda parte. Talvez porque em São Paulo os imigrantes não sejam perseguidos. Talvez porque em São Paulo os os haitianos não sofram o que sofrem, os bolivianos não sofram o que sofrem e eles são haitianos, são bolivianos, eles não são brasileiros, mas para Jesus, então esse recrudecimento de um olhar hostil ao estranho, ao estrangeiro, ao outro ou ao próximo, ele nada tem a ver, nada tem a ver com o que Jesus quis ensinar. Uhum. Professor, com certeza. E aqui eu estou dizendo coisa do coração. Se Jesus quis nos ensinar alguma coisa, é que esse próximo que se aproxima, ele tem que ser considerado por você de um certo jeito. E esse jeito não é rebaixador, não é humilhante, não é depreciativo, não é desvalorizante, porque o outro não é mero instrumento da tua glória, o outro não é mero degrau da tua trajetória, o outro não é mera escada da tua escalada, o outro é que nem você. E isso para o seu olhar, não pro olhar de um juiz que decide com equidade entre duas pretensões contraditórias. Não. Para o olhar de A, B é como A. As pretensões de B valem como as de A. A vida de B vale como a de A. Os desejos de B são tão valiosos como os de A. E não há nenhuma razão para se dizer discípulo de Jesus e acreditar numa espécie de superioridade, de princípio de si mesmo em relação a quem quer que seja. Professor Claus, eu posso fazer um adendo aqui? Só deixa eu fazer um adendo, Rodrigo, porque ele citou Rodrigo, só ele citou cantasear Matrix, tá? Que Matrix tem uma hora que fala: “É diferente você conhecer o caminho e trilhar o caminho, né? que é uma frase que fala: “Nossa, excelente, excelente isso, contigo um produto filósofo, é é um filme baseado em filosofia”. Nossa, claro. E e veja, veja que maravilha que é eh chegar nos lugares com o copo meio vazio, completamente vazio. Fica chato, porque afinal de contas você foi convidado para dizer alguma coisa, né? Mas pelo menos com o copo meio vazio. Já tô enchendo o teu copo aqui. Porque a soberba, a arrogância de quem sabe tudo acaba impedindo de aprender, acaba impedindo o enriquecimento. Quem tá com a com a com a xícara até o talo, não tem mais lugar para o aperfeiçoamento do próprio espírito. Então, viu, eh, ao invés de ficar escutando todo mundo dizer, não é precisar olhar pro lado cheio do copo, é preciso olhar pro lado cheio do copo, é preciso olhar pro lado cheio do copo, pois eu recomendo que você olhe também para o lado vazio do copo, porque é do lado vazio do copo que há a oportunidade do crescimento, da elevação, que não tem fim. Quer dizer, eu fiquei duas horas aqui tentando falar que uma coisa era uma coisa, outra coisa é outra coisa. Ele lembrou do Matrix e resolveu o meu problema. Obrigado, professor. Resolveu o meu problema. Então, o que que eu vou fazer? Eu vou anotar porque não uma próxima. Como nós não somos donos do nosso discurso, isso é uma polifonia eh maravilhosa, né, de de pessoas aqui que tão aqui eh eh eh eh buscando algum propósito e deixando algum legado que que possamos nos ajudar assim como o cego e o e o o o o o o alejão da da o coxo da da da foto mostrada pelo pelo professor. Nós estamos aqui nos ajudando, nos ajudando, porque essa postura professoral de quem chega sabendo tudo, não só é patética, ridícula e falsa, mentirosa, como ela também é impeditiva do crescimento. E nada melhor do que estar eh ouvindo e considerando o outro, porque é só a partir da riqueza, da pluralidade, de repertórios e trajetórias que você poderá aprender mais. Rodrigo, eh, eu só queria falar algumas coisas que o professor ponderou aí. É interessante que Jesus mandou amar o próximo. Por que essa ênfase? Jesus poderia falar assim: “Ame a todas as pessoas parecia fazer mais sentido, né? Ame a todas as pessoas. A a lei decide amar a Deus sobre todas as coisas e a todas as pessoas como a você mesmo. Ele não fez isso. Ele mandou amar o próximo. Sabe por quê? Amar o que está distante é fácil. Encher um contêiner de roupa usada e mandar para crianças pobres lá da Somália. Isso é fácil de fazer e o legalismo permite esse tipo de ação. Agora, amar o sujeito que está na sarjeta perto da minha casa, que está fedendo, que eu posso sentir o mau cheiro dele, amar o sujeito, que eu conheço os defeitos dele, isso é diferente. E e com relação ao evangelho prático de tornar realmente mais do que uma retórica, eh você pode até tentar seguir qualquer norma ética do mundo por legalismo e até a de Jesus, mas haverá uma diferença. Eh, imagine uma pessoa, não sei se o Vilela já viu essa situação, que alguém que não tem talento para ser o o humorista, ele vai contar a mesma piada que o humorista conta, a mesmíssima. Ele conta, tenta, pi, ele conta a piada, ninguém ripois ele explica a piada de tão ruim que ele contou. Você entendeu? O o papagaio, né? Não sei o quê. É meu pai. Examente. Aí o pessoal dá uma risadinha assim, sem graça, vai ficar. Agora pega alguém como o Tirulipa, por exemplo, que eu tive com Tirulipa uma vez. O Tirulipa até de boca fechada. É engraçado. O próprio Vilela que que durante algum tempo com humor é exatamente o que que eu quero fazer com essa comparação, essa parábola. O professor colocou muito bem parábola no grego parar ao lado de bolê é lançamento. Tanto é que você fala bala do revólver, balística, né? Então, parábola é aquilo que é lançado junto ali, ao lado D, para fazer sentido. Eh, eu tô usando uma parábola aqui do humor. Quando você diz que segue a Jesus, mas não tem dentro de você o elemento do amor que ele faz brotar em seu coração, você parece alguém sem talento para humor tentando contar uma piada. Você fala a mesma coisa do humorista, mas não consegue puxar risos de ninguém. Então você pode até tentar imitar a ética de Jesus, os ensinamentos de Jesus, repetir as palavras dele, mas não vai sair energia, não vai sair nada que funcione. E por isso que Jesus muitas vezes desafiou o establishmento da época dele. E tem uma coisa interessante que eu queria pontuar também das parábolas de Jesus. Além do que o professor Cloves falou para facilitar o entendimento, Jesus partiu do conhecido para o desconhecido, a parábola ainda tinha mais duas facetas, se me permite a eh contribuir aqui. A primeira delas, Jesus integrava todas as pessoas, por exemplo, de uma só atacada, ele contou uma parábola sobre uma ovelha perdida. Quem cuidava de ovelhas no campo eram majoritariamente homens. Mas em seguida ele contou uma parábola de uma moeda perdida dentro de casa que uma mulher possuía. Numa outra feita, ele contou uma parábola de um agricultor, homens. Depois ele cotou a parábola de um fermento. Quem fazia o pão diário eram as mulheres. Então eu noto nas parábolas de Jesus que ele tinha uma parábola adequada para o público feminino, para o público masculino, não sentido de segregação, mas no sentido de agregação. Ou seja, ele falava de elementos que faziam parte do cotidiano masculino e do cotidiano feminino. Noutras palavras, Jesus tinha no seu auditório homens e mulheres. Numa época predominantemente masculina, onde apenas homens podiam ser rabis, apenas homens podiam seguir aos estágios mais altos do rabinismo, Jesus tinha mulheres e uma mulher em específica, Maria Madalena, é descrita como aquela que estava aprendendo aos pés de Jesus de acordo com o Evangelho de João. Esse aprender aos pés de é uma expressão idiomática que nós encontramos no Talud relacionado a um aluno oficial de um rabi. Tanto é que Paulo é descrito como aquele que ah se reclva aos pés de Gamalião. Então Maria Madalena foi aluna oficial de Jesus. Hoje eu posso ter aqui no Nasp, o professor Cloves na USP, alunos e alunas. Na época de Jesus, alunas era uma coisa muito rara. Ele agregava todas as pessoas. E o segunda faceta da parábola, além desse papel agregador, a parábola tem um paradoxo, porque ao mesmo tempo que ela simplifica, ela complica para o de mente obtusa. E normalmente, eu não tenho um estudo profundo sobre isso, é só um insite. Normalmente pessoas muito narcisistas, ditadoras, eh, déspotas e que se acham demais, eles são tremendamente obtusos para aprender coisas do espírito e para entender ironias. Haja vista que na época da ditadura militar do Brasil havia muitas músicas que estavam falando mal do do do de do regime e ninguém percebia e ninguém percebia. O Michelângelo quando pintou lá na Capela Cistina a a criação e o juízo final, ele colocou um monte de mensagens subliminares lá que os teólogos não percebiam. Formato de um cérebro, né? Ficaram mais preocupé, mas ficavam mais preocupados com a nudez de Deus e dos demais. Então, geralmente a pessoa muito narcisista, obtusa, ditador, ele não entende a ironia. E nas parábolas a gente vê isso. Tem momento que Jesus fala o seguinte: “Olha, eu conto essa parábola para que os simples entendam e os aristocratas, ele não usou a expressão, mas usou o conceito, não compreendam.” Uhum. Era justamente o contrário. Os fariseus ficavam remoendo o que que ele quis dizer com aquilo. E os simples entendiam. Numa conversa com Nicodemos, ele usou uma parábola: “Você precisa nascer de novo.” Como é que pode um homem voltar pro ventre da mãe? Ou seja, as pessoas muito obtusas e narcisistas, elas têm dificuldade de aprender as coisas do espírito. Então, a parábola tem essa faceta. Ao mesmo tempo que ela facilita e agrega, ela dificulta pra pessoa que não está preparada para verdade que são supraterreais, para verdades que são verdades do espírito. Adorei. Adorei mesmo. Cloves, por que que normalmente algo relacionado à fé ou à religião ela é, não sei se a palavra é mal vista, mas ela é diminuída em relação à razão, né? Ah, mas isso é uma crença sua, isso é uma coisa que você não pode comprovar. a tem realmente esse peso do que é produzido na nossa da nossa experiência pelo cérebro e essa coisa que transcende eh eh as coisas que podem ser provadas ou coisas materiais. Você sente isso hoje de de uma pessoa que tem que é espiritualizada ela ser reduzida a um ao alguém mais eh científico assim ou não? Veja bem, eh, depende um pouco de onde você estiver, né, do universo que você tiver frequentando, mas eu tô absolutamente convencido de que eh vamos deixar o chamado senso comum de lado. Se você for conversar com os cientistas, hum, você perceberá com facilidade que aqueles que não foram, como o professor Rodrigo acabou de dizer, foram tomados pela soberba, pela arrogância absoluta, pela convicção de que são quase deuses, etc. Esses aí menos porque podem provar as coisas. É, é, mas eh aqueles que entenderam alguma coisa, aqueles que levam a sério a ideia de que a ciência não é a verdade sobre o mundo, mas é uma grande oportunidade de problematizar e falsear as verdades anteriores, como ensina Popper, que é um grande filósofo da ciência, né? Cientista é aquele que antes de mais nada mostra os erros da verdade vigente, né? Aqueles que levam isso a sério sabem que o que poderão vir a a descobrir é insignificante em relação ao que há a descobrir e que, portanto, nós continuaremos mais e mais envoltos em mistério. É, como eu disse agora a pouco, você sobe um degrau conhecimento e isso te permite vislumbrar um novo horizonte de ignorância. Eu acho que você não levou a sério o que eu falei. Você não guardou a carta para pensar em casa. E por isso eu vou repetir. Você sobe um degrauzinho de conhecimento e joga a luz sobre um oceano de ignorância. É, você já imaginou daqui depois de 10 degraus quantos oceanos de ignorância você iluminou? E que você consegue ver agora, né, que tá mais alto. Entende? É, eh, essa essa constatação é uma constatação que nos coloca eh no com os pés no chão, no sentido de perceber a importância da investigação sobre os limites. da razão. Preocupação que hoje eu tô com o cante na cabeça, mas é dizer eh aquela aquela aquela reflexão sobre até aqui parece que dá pra gente ir. Daqui para lá eu já não sei mais. Veja as antinomias, veja a reflexão dele sobre a a liberdade. Eu entre liberdade e determinismo, eu acho que há um uma espécie de de bloqueio. Não não é possível você cravar alguma coisa a respeito. Então eu vou ficar com a impressão que eu tenho que eu faço escolhas e bom e e vou me servir disso para continuar pensando. Agora, eh, né, eu não posso cvar um um um determinismo absoluto, porque eu esbarro em dificuldades sobre as causas primeiras. Eu não posso cravar em fissuras de liberdade porque as causalidades materiais compõem uma rede aparentemente imperativa. Eu não, eu fico um pouco amarrado. Então, existe aí um limite da razão. E o cientista lúcido, veja, por exemplo, na astrofísica. Se você pega um cara lúcido na astrofísica, ele vai virar para você e vai dizer: “Viu e o James Web, ele permite enxergar uma estrela que não existe mais há 100 anos. Ele tá vendo o passado primeiro. Aí ele continua, o James Web permite enxergar uma estrela que não existe mais há 1000 anos. Aí você já fica impressionado. Aí ele diz: “O James Web permite enxergar uma estrela que não existe mais há 1 milhão de anos. Sabe o que que é a luz viajando 1 milhão de anos na velocidade que é a mais rápida? Então tá longe para [ __ ] E a [ __ ] do resumido, tá longe, longe para [ __ ] Certo. Aí ele diz: “Então agora eu vou te surpreender. O James Web permite enxergar um bilhão de anos”. Uau! Aí você diz: “Opa”. Aí ele diz, “Mas permite enxergar 13 bilhões de anos.” Aí você pergunta: “E essa [ __ ] tem quanto?” 13.8. Aí você diz: “Un8 põe uma, põe meu óculos na frente e a gente enxerga o começo de tudo. Não, por que não?” Porque era muito denso e a densidade atraí a luz. Não tinha luz, não tem como ver. Não adianta botar lente. Não tem como ver. Mas e como vamos ficar sabendo? Não tem como. Aí ele olha para você e diz: “E quer mais? O universo tá em expansão. É o que a gente vê hoje, amanhã já não vai dar mais para ver. Correndo, né? Amanhã já tchau, tchau, já não consigo ver mais porque tá, né? Então o que que o cara Lúcido vai dizer? Malandro, a gente descobriu coisa para burro, muito, mas a gente descobriu também que o que a gente descobriu não é nada. Percebeu a ambiguidade do programa? Não é nada. Não é nada. Não sabemos nada. Nada. Não sabemos nada. Não sabemos nada. Ah, e antes do Big Bang, pô, mal e mal, mal e mal. assumindo que tenha havido o Big Bang e tal, porque, né, essa teoria diz que o universo todo tava o tamanho de um átomo, menos de um á, hein, professor, a minha combi do tamanho de um átomo, mas não é a minha combi. Todas as combes do mundo do tamanho de um ato. Mas não é todas as combis, é o planeta Terra do tamanho de um. É longe, o Japão é longe, é grande, é longe. O tamanho de um Mas não é o planeta Terra, é o sistema solar. Mas não é o sistema solar, é a Via Láctea. Mas não é a Via Láctea, é a todas, né, galáxias. Todas as galáxias do tamanho de um negócio assim, é bem denso. É bem denso a ponto de de causar mal-estar. E aí a o negócio explode e como a temperatura é muito alta e o resfriamento é muito abrupto, começam a se formar unidades sólidas de realidade, etc. Isso é o que eles dizem. Mais o modelo é o modelo aceito. Então, mas aí você levanta a mão e diz: “Ih, esse essa porrinha aí veio da onde?” Ah, não sei. Aí eu não sei. A menor ideia mal a menor ideia. O cientista lúcido, ele ele é de uma humildade irritante. É, né? Veja, afirmação filosófica clássica. Pouca ciência desdenha da religião e de Deus. Muita ciência busca a religião e Deus. Que legal isso. Não tinha, não tinha. Ah, ah, é mesmo? Opa, não há dúvida, né? Por quê? Porque o cientistazinho meetref costuma ser cheio de si, com a xícara cheia e se acha o máximo. Mas à medida que o cara vai melhorando, melhorando, melhorando, ele pega e fala: “Opa, é, rapaz, nós não sabemos [ __ ] nenhuma. Nós não sabemos nada.” E aí, Einstein, Sócrates, Jesus, etc., eles acabam, nossa, afunilando em algumas coincidências que são maravilhosas, maravilhosas, maravilhosas. Confúcio vira e diz: “A régua da felicidade é o quanto você proporciona a felicidade a alguém. Veja, é que coisa maravilhosa. Coisa maravilhosa. Por quê? Porque você abre aí a as revistas semanais agora. É o que é a o que é a felicidade? Então é coisa é alto, coisa é alto, é alto, é alto. Eu eu eu eu eu até até a náusea, entende? Até a náusea. E aí o chinês lá atrás, eu falei, viu? Eh, talvez esse estado maravilhoso de de vida que você tá buscando esteja no modo como você impacta as pessoas. ou vamos combinar que que tem aí elos interessantíssimos com outras sabedorias nada chinesas e que são igualmente maravilhosas. Então, qual é a graça da história? Como disse o professor, eu vim aqui com o meu meio talento, mas é possível que entre todos aqueles que estejam nos acompanhando haja alguém que diga: “Caramba, isso me tocou, isso faz sentido, isso e aí tudo terá valido a pena”. Mas valeu a pena no outro. Valeu a pena no outro. É o que o professor ensinou é algo que indo por outro caminho, eu um dia também disse, amar quem tá longe, qualquer pé de chinelo ama. Qualquer indivíduo espiritualmente pouco elevado ama, né? Porque agora, conforme ele disse, próximo, quando você sai de casa, entra no supermercado mais próximo da sua casa e tem uma família ali, diz: “Ô, compra comida pro meu filho”. Aí você olha e ele diz: “Eu sei o que você tá pensando. A gente vai vender as coisas que você nos der”. para comprar droga. Não é isso que você tá pensando? Eu eu ainda não tinha aberto a boca. Ele pegou e falou: “Faz assim, você compra, vem aqui e come a gente”. Pô, isso aconteceu na rua Bela Cintra, muito perto da minha casa, muito, muito perto. Então, peguei e falei, vamos experimentar essa essa coisa. Aí eu fui lá, eu comprei pão, presunto, queijo, leite, suco, tudo que me deu na telha, inclusive algumas gulosimas que seriam chassinadas pelo mundo da nutrição, né? Mas que p tem criança que, qual é a criança que não gosta de um xizito, de um dorito, de uma bala de goma? Fiz uma compra, eu peguei e falei: “Eu ainda tô convidado?” Opá. Então me sentei onde estavam, coloquei tudo no meio. Eu falei: “Então vamos comer”. E ele disse para mim, como o senhor pode ver, não vamos vender para comprar droga, nós estamos é com fome. E aí então fizemos lá sanduíche, presunto e queijo. O presunto e queijo acabou rápido. Entrei no supermercado, mas vai mais mais kg de cada um aí patiado para facilitar o sanduba. Mais um pão forma. uma coisa e e né? A aí você olha e diz: “O que que eu respondo para aquele colega do clube que me sugeriu ir para Dubai de primeira classe porque tem ducha na aeronave?” Professor, o que que eu respondo, professor? É, se for para Dubai, vá de primeira classe no Emirate, sei lá, porque tem ducha na aeronave, né? Você imagina, você sai de casa, como é primeira classe, os caras vem te buscar em casa, leva no aeroporto, passa na frente, todo mundo entra e tal. Quando tá no meio do Atlântico, você diz: “Hum, acho que estou sujo”. Ah, vem bem a calhar. Vem bem a calhar, porque nós temos ducha de Então aí você vai, recebe uma tualinha e tal e olha de lá de cima e você liga a ducha e toma. Uh, nada. Como? Ah, como é que eu vou voltar atrás agora e viajar sem ducha? É, como é que eu vou viajar sem ducha? Como assim, pô? Rapaz, não é possível você inibir a indignação, porque de fato, de fato não é acolhedor. Não somos acolhedores, não somos dadivosos, não somos amorosos, não somos tudo o que poderíamos ser se de fato amássemos como Jesus amou, vivêssemos como Jesus viveu, sentíssemos como Jesus sentia, sorríssemos como Jesus sorria. E aí, ao chegar ao fim do dia, talvez nós nos pudéssemos nos sentir um pouco mais felizes na falta de tudo isso. Quem sabe, quem sabe um, um comprimidinho para compensar tanta pobreza de vida. Pois é, Rodrigo. É, o que o professor Cloves falou, me lembrou até uma passagem do Fedon, onde Sócrates fala da alienação social e ele fala quando ele tá falando com Admanto, acho que era de Manto mesmo, me corrig se eu tiver errado, professor, um dos irmãos de Platão que ele falou o seguinte, ainda falta, ainda falta eh denunciar a poesia do seu pior mal. Quando ele fala poesia, é bom explicar. falando qualquer tipo de entretenimento, seja o teatro, seja oratória, que causa eh eh eh alienação. Aliás, até abro um parênteses aqui para dizer que nós devemos escolher entre recreação e divertimento. O divertimento é uma desgraça, porque a palavra divertir é tirar você realmente é divertir, tirar você daquilo ali, ou seja, aliena. E ele fala da poesia, fala: “Vocês já perceberam quando estamos assistindo Homero? E e num panegílico, quando o ator lá no teatro dá um grito, um brado de dor, nós nos comovemos e banhamos os nossos o nosso rosto em lágrimas e tudo mais e sentimos a dor do intérprete e do personagem. Eu estou parafraseando, mas quando saímos daquela cena e vemos a realidade presenciada na poesia, no teatro, ao vivo e a cores, aí nós mudamos de comportamento. A atitude emotiva que demonstramos antes, agora é a atitude das mulheres, não compete a um homem como eu chorar. Então, nós temos que tomar cuidado porque, por isso que eu falei, questão do próximo, eh é muito fácil se comover com a cena de um filme de Hollywood, eh, sabe? eh alguma coisa assim tal, por exemplo, agora que houve essa denúncia aí, que nós estamos sabendo na internet da adultização das crianças, agora é fácil levantar, pegar o hype aí e falar contra e tudo mais e tal, mas isso de repente tá tendo uma criança sendo vítima de alguma coisa e sabem do que eu não vou falar pro YouTube não cortar a nossa live aqui na na minha casa ou na casa ao lado ali ou da duas rosto para baixo. Não, não vou mexer com isso que não tem nada a ver com isso. Vai que depois o cara vem querer tirar satisfação comigo. Aí a atitude é de e sabe de de ficar parado. Agora é interessante covarde mesmo. Covardia. Covardia. E aí é interessante que a Bíblia fala que os covardes não entrarão no reino dos céus. É interessante que a Bíblia atribui à covardia uma questão até ética. O covarde tá no apocalipse, não entrará no reino de Deus. Agora eu apelo para Santo Agostinho de Ipona numa leitura que ele fez. Primeiro eu vou falar de Paulo, depois Agostinho. Paulo foi muito lúcido na sua antropologia ao dizer que em nós não existe bem nenhum. Ele fala: “Desgraçado homem que eu sou, que me livrará do corpo dessa morte? Porque o bem que eu quero eh fazer, eu não faço. O mal que eu não desejo, esse eu pratico. E aí eu lembro de Santo Agostinho fazendo uma releitura disso. O Santo Agostinho dizia que quando ele era criança, está nas confissões, ele dizia que ele amava roubar periras na casa do vizinho. E ele perguntava: “O que que me fazia querer as periras do vizinho? Fome?” Não tinha comida na minha casa. Vontade de comer peira? Não tinha peira na minha casa, mas as do vizinho eram proibidas. Então, Santo Agostinho percebeu que nele não havia bem nenhum. Aí eu aprendo uma coisa da ética de Jesus, que isso talvez falta na ética nicôaco, na ética de Espinosa ou qualquer outra que nós possamos ter. A ética de Jesus não é meramente treinável. Ela tem que nascer de um encontro com a graça. Por isso que Santo Agostinho fala demais da graça, a graça. A graça. Porque o ser humano em si mesmo, ele é naturalmente egoísta. Isso aqui vai por terra muito do evolucionismo darvinista, que nós estamos evoluindo, nós estamos involuindo, né? Nós somos egoístas. É mais fácil odiar do que do que perdoar. É mais fácil ir lá e dar uma surra no cara se eu puder fazer isso do que perdoar. A nossa tendência, como o Agostinho falou, é querer roubar a pera do vizinho, mesmo que eu tenha peras na minha casa. Então, o sujeito precisa de um encontro com a graça. É a graça que me capacita a fazer aquilo que em mim mesmo eu não faria. É a graça que opera esse milagre. Ou seja, a ética de Jesus, ela não quer me tornar apenas um melhor pai, um melhor marido, o melhor cidadão. Ela quer me transformar, como ele conversou com Nicodemos, numa nova criatura. É um renascimento. É o poder da transcendência agindo em mim. A ética de Jesus por mero treinamento é apenas um legalismo, uma tentativa de comprar o céu pelas boas obras. Isso não vai dar certo. Assim como o professor falou que a gente pode alcançar degrau após degrau, a única coisa que vamos fazer é iluminar um pouquinho mais o vasto oceano da ignorância. Podemos fazer toda a obra meritória do mundo. Seremos como uma formiga fazendo coscas na pata de um elefante. Não conseguiremos comprar a nossa salvação, nem a nossa união com ascendente. Por isso que Paulo fala: “Eh, estou crucificado com Cristo. Já não vivo eu, mas Cristo vive em mim”. Aí a música do padre Zézinho faz todo sentido, porque aí eu vou amar como Jesus amou. Hum. E fechando o meu comentário aqui, já que eu falei de amor, é exatamente o amor. Qual a diferença de fazer uma boa obra por fruto da graça e fazer uma boa obra apenas por mérito? Bom, não desconsiderando o trabalho das babás, porque é um trabalho muito bonito e as babás que estão nos assistindo, se houver algumas, recebam o meu o meu respeito profundo, mas permitam-me, babá, fazer uma comparação. Para eh cuidar de um recém-nascido, você não precisa ser mãe, porque uma babá pode cuidar de um recém-nascido, mesmo não tendo nenhum filho. Ela pode fazer aquilo profissionalmente. Ou seja, você não precisa ser mãe para cuidar bem de um recém-nascido, mas espera-se daquela que é mãe que cuide bem do seu recém-nascido. E aqui tem uma diferença, porque a babá faz aquilo, por mais que ela tenha devoção e até apego à criança, ela faz por uma questão de CLT. para de pagar a babá para ver se ela vai cumprir os horários dela. Ela limpa a fralda da criança porque no final do do mês você vai pagar um salário para ela fazer aquilo. Você vai assinar a carteira dela, vai dar o fundo de pensão dela, vai dar os direitos dela. Então ela faz, ela cuida da criança por uma profissão. A mesma coisa é enfermeira no hospital. A mãe cuida da criança por amor. Veja, ambas estão executando o mesmo papel, limpando o traseiro de uma criança que fez cocô na fralda, mas uma faz por amor, destituído de qualquer eh ganho, a outra faz por um CLT. Então, a ética de Jesus cumprida com fim mercantilista não leva a lugar nenhum. Ela tem que ser fruto de um amor. E termino dizendo, não é trocar fraldas que torna uma mulher mãe, porque a babá pode fazer isso, mas uma vez que ela é mãe, espera-se dela que troque fraldas. Então, não é fazer coisas boas que torna você um discípulo de Cristo, mas espera-se do discípulo de Cristo que faça coisas boas. Isso. Eu, ô, ô, Cratos, eu preciso ir ao banheiro porque eu tomei muita água. Então aproveita para fazer uma pergunta do chat. Com licença, viu, professores? Bom, vamos lá. O Romonea, ele fala assim: “Achamos o sentido da vida após descobrir descobrirmos nossos próprios propósitos ou chegamos ao propósito da vida após termos achado o sentido ou ter seguido sentidos que nunca nos agradam?” O senhor quer que repita ou não? Eu eu não precisa não. Eh, é interessante porque a palavra sentido, né, ela tem dois entendimentos, né? Ela pode querer dizer o significado ou ela pode querer dizer direção, sentidos santos, né? Quando ela quer dizer direção, você dificilmente encontrará em Santos uma placa que indica sentidos santos, porque você já está. Portanto, a direção é sempre para outro lugar que não aquele lugar em que você se encontra. Ora, por que eu tô dizendo isso? Porque no final das contas, perceba que essa relação entre propósito e sentido, ela é muito interessante, muito, muito lúcida da parte da, de quem perguntou, porque no final das contas esse propósito, né, eh ele tem uma componente de sentido, dado que ele aponta para um devir, para um vir a ser, para o que está por acontecer, para o que está por ser alcançado, para o que está por ser obtido. Mas ao mesmo tempo, tal como no caso da placa, esse propósito ele é definido aqui. Então, e do ponto de vista do tempo, todo propósito tem dois momentos. momento da sua definição, o momento em que ele é cogitado, pensado, elaborado, sentido, gestado e o momento em que ele possa vir a ser alcançado. E, portanto, nesse caso, eh, ele desaparecerá como mero propósito e se converterá em vida vivida, vida realizada, vida obtida, vida conquistada, né? Então, eh, eu acho isso muito legal porque, eh, depois que o universo ficou infinito, com a revolução científica dos nossos heróis, Copérnico, Galileu, Newton, etc., é verdade que outros já tinham dito, mas deixa eles para lá. O certo é que a cada passo temos 360º de caminhos possíveis e, portanto, também de destinos possíveis. Só que a vida é uma só. Hum. Para estar aqui, eu eu não posso estar em casa. Estar aqui dando essa entrevista me impede outras vidas, né, ao mesmo tempo. Pelo menos não nesse universo. Se você quiser os paralelos, cogite sobre eles. Eu não tenho inteligência para isso. Até porque a inteligência é limitada também da parte do entrevistado. Que isso, professor? Então, o que que acontece? A definição de um propósito, ela pressupõe uma escolha. E uma escolha pressupõe a identificação do que tem mais valor para você. Então, eu acho que existe aqui um enorme problema que nós enfrentamos e talvez sempre tenhamos enfrentado, mas como só vivo há 60 anos, conheço melhor essa parte aqui, que é esse despreparo que nós temos para lidar com valores. eh essa o fato dos valores não fazerem parte permanente da nossa reflexão, da nossa argumentação. Um indivíduo então que vive sem destino, ele ele tá a mercê das marolas, né? Ele tá a mercê das contingências, ele tá a mercê das oportunidades de ocasião. Ele, portanto, não tem âncora. Ele não é, digamos, senhor da sua trajetória. Ele está eh passivo diante de um uma avalanche de variáveis que ele não controla, ele não sabe para onde ele tá indo. Então, tá vivendo por viver. é completamente diferente de alguém que teve a a chance, a oportunidade de refletir sobre os valores da própria vida que podem ser coincidentes com a vida de muitos outros. E a partir desses valores tenha podido definir propósitos, porque esses propósitos serão a referência a partir da qual poderei tomar minhas decisões passo a passo. Então, se eu estou aqui hoje conversando com o professor Rodrigo, conversando com o Vilela e não estou em nenhum outro lugar, é porque há um grande valor na minha vida, que é o de estudar e compartilhar o que estudei. É importante para mim isso. Você poderá até perguntar da onde que eu tirei essa certeza? E eu aí marco outra conversa, mas o fato é que tem um valor enorme para mim. Então, estar aqui tem mais coerência com o meu propósito do que estar num bar, por exemplo, nesse momento. Estudar e compartilhar o que estudei, estudar e ensinar alguma coisa do que eu estudei, estudar e facilitar a compreensão de coisas que eu estudei. Isso é meu grande valor. Não precisa ser o de mais ninguém, é o meu. E isso me facilita na hora de deliberar sobre os segundos da vida que são escolhidos por mim. Ora, eu fico pensando como deve ser difícil e angustiante a vida de quem não conta com uma referência desse tipo, porque passam milhões de possibilidades de vida a cada instante pela cabeça. E como você não tem muita clareza de onde quer chegar, a cada hora você se deixa afetar. pelos estímulos do mundo, muitas vezes de maneira contraditória, de maneira incoerente, dando assim uma sensação de vazio existencial agudo. Eu eu insisto, não estou aqui ensinando ninguém a viver. Eu estou aqui apenas me referindo ao meu caso. O meu caso é um caso de uma vida dedicada a um grande valor superior a qualquer outro. E, portanto, todas as decisões tomadas, elas encontram coerência e pertinência em função desse valor e desse propósito e acabam definindo um sentido como direção. A minha cidade de Santos, o meu lugar de destino já está definido. E aí eu tenho mais facilidade e paz no coração para abrir mão de propostas que são diagonais, que são na contramão, que são lindas, talvez, mas incompatíveis com o que eu quero para mim. Então, eu acho que eu eu se eu não respondi a pergunta do nosso espectador, eu pelo menos filo pensar o diferente a partir do meu caso. E já tá bom. Acho que já tá bom. Rodrigo quer completar uma coisa interessante, eh, eu quando fala de sentido da vida, eu quero remeter a um autor aqui, o Victor Frankel, que escreveu inclusive em busca de significado. O Vctor Frankel, ele cita uma frase do Niet, mas como eu não sei de onde ele tirou a frase, ele não dá a fonte, eu vou citar o Niet através do Victor Frankiel. E o Niet, aud Victor Frank diz: “Aquele que tem um porquê suporta quase qualquer como”. Qual é o meu objetivo? Professor falou de direcionamento. O Victor Frankel é um sujeito que vale a pena você conhecer as dores pelas quais ele passou. O Victor Frank teve a tragédia de recém-casado, ele tava com poucos meses de casado, começou a a guerra, ele foi levado para o campo de concentração nazista, onde morreram de uma vez a mãe, a esposa recém-casado, o pai, o pai dele morreu de campo de concentração nazista e um irmão dele também que ele vai encontrar depois que ele pensou que tinha morrido. E ele passou por Daal e duas vezes por Auschwitz. Víctor Franco tinha a marca aqui da dos campos de concentração e ele estava fazendo uma tese que depois virou até a logoterapia que era em busca de significado. E o Vctor Frankiel que foi inclusive discípulo de Freud também ele, mas ele rompeu com Freud assim como Jung. Por quê? Porque falou: “O problema de Freud e Jung falou a mesma coisa é que eles ficaram presos a apenas encontraram significado da vida na própria vida”. Aí não faz sentido. Não faz sentido. Eh, Wkenstein sempre dizia que o sentido de um sistema fechado está sempre fora dele. Isso é fácil de entender. Por exemplo, se eu tivesse um cartão de crédito aqui na minha mão, se um ET olhar o cartão de crédito, como o cartão de crédito é fechado, o ET não vai entender o cartão de crédito. Ele não vai entender como é que com o cartão de crédito eu consigo fazer compras, porque o que dá sentido ao cartão de crédito é o sistema bancário, o sistema econômico que está fora do cartão de crédito. Isso vale para tudo, para tudo. A internet só tem sentido em que está fora dela. Tanto é que um aparelho celular na idade média não funcionaria. Então essa vida ela é limitada, ela está entre duas datas, a data de nascimento e a data de morte. Então o sentido dessa vida não pode estar só nela. Então esse foi o problema de Víctor Frankl. O Freud sinalizou tudo aqui. O Vctor Francoel apelou para a transcendência. Então ele fala na logoterapia num primeiro momento, de buscar o sentido da vida dentro dessas datas, mas ele não para aqui. Os três elementos que ele coloca é o seguinte: você pode buscar o sentido da vida, em primeiro lugar, na realização, projetos, planos que você tem. Em segundo lugar, você pode procurar o sentido da vida na inspiração que você tem numa obra de arte que você contempla, numa música que você ouve, nas relações que você desenvolve. E em terceiro lugar desenvolver um sentido da vida mesmo em meio ao sofrimento, que ele lidou com o sofrimento. E a vontade que ele tinha era de morrer. Tanto é que ele leu muito, eu aparece muito, professor Cloves, os filósofos eh eh pessimistas, Kafka, o o Schopenhauer, o próprio Niets, cada um a seu tempo, o próprio Cami, porque eles colocam como é a vida sem a transcendência. E eles são honestos em admitir que ela é uma porcaria. O próprio Cami dizia que o grande mistério, o grande centro da filosofia é: “Por que nós não nos matamos? Porque que a gente não acaba com a própria vida? Porque por mais feliz que você seja, você vai envelhecer, vai morrer e acabou”. É só isso. Então tem uma transcendência e essa transcendência é aquilo que me faz buscar o que está lá. O Dostoevski tem uma parte que ele fala que muitas pessoas são como pássaros numa gaiola e a gaiola é o castelo de todas as certezas. O pássaro está na gaiola. Ali ele tem o alpiste, ele tem o poleiro, ele tem tudo controlado, mas ele fica olhando lá para fora, os pássaros voando, mas ele se aprisiona na gaiola, mesmo com a porta aberta, porque alguém o convenceu que pássaros não devem voar, que os pássaros são feitos para viverem em gaiola. Então ele vive na gaiola, a rainha de todas as certezas. A gaiola, a gaiola é o castelo de todas as convicções. Tudo é muito controlado, tudo facilmente medível, verificável. O alpiche tá ali, ele consegue ver todo o oceano e ele fica cantando triste, imaginando um voo que na cabeça dele é uma utopia. Agora, se nós entendermos, ah, e de novo, como diz, dizia o CS Luz, que tem uma vontade, uma busca para uma transcendência dentro de mim, natural, inata, isso não depende de cultura, de nível social ou de inteligência. Todos nós nascemos como abertura para o transcendente, como a vontade da vida eterna. E se eu descubro que há em mim uma sede enorme por algo que não está em redor, isso significa que ainda que eu viva esta realidade, há algo em mim que me diz que eu tenho uma abertura para uma realidade supraterreal, para a transcendência, para o mundo da espiritualidade. E é esse mundo da espiritualidade que me permite ter uma vida com um propósito. Por quê? Porque eu vivo a vida com sabedoria, em ligação com transcendente e ainda sei que tudo que eu passar aqui é apenas provisório, seja bom ou seja ruim. Aí a comparação que eu faço é com uma pessoa muito faminta que está à porta de um restaurante e recebe alguns aperitivos ali, alguma amostra é grátis da comida, ele come e abre mais o apetite dele. E o garçom fala: “Gostou do nosso tempero? Gostou? Gostou? Eu quero mais. Calma que o almoço será servido. Mas se ele é uma pessoa que só limita o sentido da vida a essa vida material, ele vai ter que se contentar com aquela amostra grátis, mesmo que o estômago dele peça mais, porque a mente dele, a alma dele, o espírito dele pede uma transcendência maior. Nós choramos pela, tem uma música em italiano que diz assim: “O, a sede do baile que não acaba mais. Nós queremos viver para sempre. A gente e queremos que nós nós não queremos a morte nem do nosso ente querido. Há muitas pessoas resignadas que podem dizer assim: “Não, eu sei que vou morrer mesmo. Eu tô preparado paraa morte e tudo mais, tá? E o seu filho?” Tanto é que você não quer que ele morra antes de você. Então, por mais que nós filosofemos sobre como ter uma morte saudável, tranquila, ela ainda é algo que não faz parte do nosso ompus. senão nós não choraria choraríamos a perda de um ente querido e não teríamos tanta repulsa da morte. A repulsa da morte, por mais que Darwin diz que é um processo natural da vida, não é. É alguma coisa que está onde não deveria estar. Então, eu tenho uma abertura para algo maior e eu tenho que buscar e deixar o meu espírito buscar esse algo maior. Aí eu sei com essa filosofia de vida que as coisas ruins que eu enfrento são passageiras e as coisas boas são apenas amostra grátis de algo muito superior que a providência, que o transcendente, deê o nome que quiser, está reservando para aqueles que escolherem o caminho da luz, o caminho do bem. É aquela questão que uma vez até eu falei, o problema de muitos filósofos assim, eh, eh, materialistas ou falei do Cafka, do Schopenhauer e tudo mais, é que quando eles falam da existência, do propósito da vida, eles põem um ponto onde a teologia me obriga a colocar uma vírgula. A sepultura é o ponto. Na teologia, ela é uma vírgula. Essa essa vida é o ponto, ela é apena, tem uma vírgula. Essa é a questão que eu quero fazer. Uma pergunta que eu tenho certeza que os dois vão responder de maneira diferente. Então, primeiro para o Cloves, você aceitaria uma vida imortal? Você o que o que seria a imortalidade aqui na Terra para você? Você aceitaria esse trato? Cloves, vou te dar a imortalidade. Eh, não, eh, de jeito nenhum, né? Eh, nesse ponto eu entendo a vida marcada e definida pela sua, pelo seu principal atributo, que é a finitude. E é no interior da finitude que a vida deve ser bem vivida. Se por acaso houvesse eternidade numa vida como a nossa, nada do que tenhamos pensado até hoje existiria ou teria pertinência, porque não haveria pressa, não teria urgência. Todos os valores da vida pressupõe a sua escassez e a sua raridade. Portanto, eh, eu tenho até pavor de imaginar um cenário como esse e, portanto, tenho certeza de que, como o professor explicou, eh, estamos aqui dotados de razão que nos permite vislombrar aqui e acolo, sabedoria que nos dá condição de uma vida que pretendemos que seja a melhor possível, que seja boa, mas é claro que uma das virtudes que é comum a todos nós é a esperança. Todos nós queremos uma outra vida. Eh, os discursos de salvação. E a salvação é sempre diante de uma coisa ruim e uma coisa muito ruim é o medo da morte. Então, há uma uma espécie de competição eh para ver quem é que propõe o discurso de salvação mais apaziguador de uma alma que tem medo de morrer. E é muito interessante porque você tem esse medo da da morte? Não, eu é não não já já teve não é assim já já tive muito. Claro. Agora já à medida que você vê tudo se aproximar, você intensifica as reflexões e e se eleva um pouco. A esperança, assim como a fé, elas são virtudes provisórias. Porque se você espera pela vida eterna, uma vez chegada à vida eterna, a esperança não é mais esperança, é, né? Esperança, como todo deseja, é na falta, né? Também não tem mais sentido você ter fé. Você tem fé que estará do lado de Deus. Uma vez do lado de Deus não há mais por ter fé. Agora é uma certeza, uma constatação. É, a única virtude que permanece é o amor. O amor esse nos acompanha. Temos a possibilidade de viver amando antes, durante e depois, sempre. E é por isso que o amor vale mais do que qualquer outra coisa. Porque você poderia pensar que um grande valor da vida é a luta para continuar vivendo. Mas se você puder trocar e se colocar no lugar de alguém que você ama e que está ameaçado, você fará. Minha filha ficou muito doente quando tinha 4 anos. Uma síndrome terrível, Kawazak, um vírus que se desincubar mata a criança na hora. Mas se não desincubar por 2 anos, ele morre e a criança tá curada. Hoje minha filha tem 22 anos e está muito bem. Mas quando tudo isso aconteceu, eu me comunicava nessa esperança de ser ouvido pelo absoluto e eu dizia: “Troca aí, tira esse vírus, não pode, não é onipotente e tal, tira, põe em mim, se quiser eu faço outra proposta. pega 20 crianças com esse bicho, põe os 20 bichos em mim e libera as 20 crianças. Só não esquece de botar minha filha no meio. Nesse momento eu percebi que a a a o amor pela minha filha era maior do que a minha vontade de continuar vivendo que nunca foi pequena. Então eu entendo que esse amor acompanhará, esse amor transcenderá, esse amor é o que importa. Esse amor é o que há de Deus em nós. Esse amor é a nossa parcela de divino. Porque se Deus é amor e nós amamos, a centelha divina em nós, ela é assim, amor. Outro dia eu tava pensando, me veio a contraposição da palavra profissional. Quem não é profissional, isto é, troca uma atividade por uma contrapartida material qualquer, é amador, né? esporte amador, campeonato de box amador, não sei que amador, sei que ora, a palavra amador, se você imaginar que você tem o amado, né, A ama B, B é o amado de A e A, né, a palavra amante foi capturada por um cenário muito específico. Então, a palavra amador é aquele que faz por amor e o profissional é o que faz por outra razão qualquer, tal como o professor mencionou o caso das babás e da mãe sem, né, pelo dinheiro, né, sabe? Eu sempre fui um professor amador, até porque ser professor profissional e implica um um erro de estratégia, assim, é, não é uma profissão que o profissionalismo é auspicioso. Quando me diziam, “Você não é profissional”, eu hesitava em celebrar ou em me sentir injuriado. Lamentava porque a intenção era injuriar, mas me regozijava porque porque quem não é profissional é amador. Se é amador, ama. E se ama eh se ama está mais perto de Deus, né? Então, sou um professor amador por entender que o meu professorado se faz por amor e esse amor é uma centelha de divino em mim. E termino, e não direi mais nada hoje. Termino dizendo o seguinte: se Deus tivesse feito o mundo perfeito, porque toda todo o mal surge de alguma imperfeição, o mal moral, o mal físico surge de uma imperfeição. Se Deus tivesse feito o mundo perfeito, não teria criado nada além dele próprio. Isso é o Libits. É porque eu prometi que eu ia verdade, né? Isso é o liberit. Portanto, se sendo assim, para que Deus pudesse criar alguma coisa que não fosse mais do mesmo, além dele, teria que ser na imperfeição. E vou mais longe. Por que que Deus que é que pode tudo não resolve tudo numa canetada? Então vamos ver esse mal metafísico da imperfeição, da onipotência de Deus, né? Deus poderia sentar do meu lado dando aula e como ele é perfeito, ele vira para mim e diz: “Ô, tira isso, põe aquilo, faz isso, faz aquilo, faz.” E o que aconteceria nesse caso? Não haveria o professor Cloves. Para que o professor Cloves exista com todas as suas imperfeições, é preciso que Deus, sabendo o que é perfeito, permita que ele, que o professor Clov se manifeste imperfeitamente. Tem uma pensadora chamada Simon Vei, W E I L. Morreu em Londres, acho que em 42 ou 43. Simone Vi. Ela explica isso com uma doçura inigualável. Para que nós, cada um de nós, possa existir, é preciso que Deus, suma perfeição, conceda essa licença de imperfeição. Portanto, esse amor divino por nós, esse amor divino por nós, ele ele contém esse retiro, esse distanciamento. É preciso que Deus me deixe dar aula imperfeitamente para que eu possa ser quem eu sou. E porque ele me ama, assim ele faz. Se ele ficasse me corrigindo o tempo inteiro, a aula seria perfeita e divina. É, mas não seria a minha. A alegoria proposta é essa. O mundo são as pegadas de Deus na areia da praia. Deus passou por ali, Deus fez aquilo. Mas para que o mundo pudesse existir como uma criação outra em relação a ele próprio, é preciso esse recu. É um amor de recu. É um amor de distanciamento. É um amor de deixar fazer. É um amor que você pode encontrar, professor, entre pais e filhos. Agora vai. Eu ia citar isso. Agora vai. Segue teu caminho. E era essa a linda sacada de Libit que Simone V explica maravilhosamente e que você pode estar me ouvindo e dizendo: “Ah, mas isso é meio óbvio.” É, mas é, foi preciso dizer, porque na hora que você chega e você diz, escuta, se Deus é a sua bondade e o mundo é criação de Deus, como é que existe o mal no mundo? Veja, aparentemente é irrespondível. E é por isso que eu fico encantado, porque eu tenho um encantamento emotivo mesmo pela beleza das ideias, inclusive pela beleza de ideias com as quais eu não esteja completamente de acordo, mas eu consigo separar uma adesão de opinião e o tamanho, a grandeza daquela ideia ali apresentada. Então eu eh sabe como é, também tenho meus limites. Eu queria agradecer muito, aproveitar aqui já para Obrigado demais, professor. Queria agradecer muito a oportunidade de desse primeiro encontro com o professor que tanto me ensinou nessa noite e que ensinou a todos vocês que estão nos acompanhando a oportunidade de ter aprendido de um jeito super lindo, que é pelo diálogo, pela interação, por ser forçado a produzir um discurso a partir do que o outro disse e não a partir de alguma coisa pronta, mas a partir do que foi sugerido. O que é traço de respeito e generosidade, mas é profundamente enriquecedor. Porque se a gente só repete o que a gente já sabe, não saímos do lugar. É preciso que haja esse tipo de estímulo para dizermos o que nunca tínhamos dito antes ou revisitarmos, né, revisitarmos cenários que fazia tempo que não mexíamos nele, né? Então, obrigado ao professor que me permitiu dizer as coisas que eu disse. Espero ter sido contributivo a todos que nos acompanharam e aguardo um novo convite e que seja presencial, porque as coloridas balas de goma choram a ausência do professor e esperam pela sua presença o quanto antes. Era isso. Obrigado. Eu queria, ô Rodrigo, estender então que a gente tá encaminhando pro final a tua ideia sobre imortalidade, que com certeza vai abarcar também a a vida eterna, né? Mas você trocaria ou adiaria essa vida eterna por uma imortalidade aqui terrena ou não? Olha, Vilela, não é apenas por uma questão de ser politicamente correto ou passar bem a ideia, mas eu não discordo do professor Cloves. Você falou: “Olha, vocês vão dar ideias diferentes”. Mas até onde ele respondeu, eu concordo. Ele falou muito do Libe era matemático e ele até criou uma uma termo para elencar toda essa problemática que é o termo teodiceia, que é compreendendo a a a existência de Deus no mundo de imperfeições. E ele usava os elementos da matemática. Ele dizia que a perfeição do quadrado pressupõe a imperfeição da hipotenusa. E com relação a a ter a vida eterna nessa nesse nesse estado que nós estamos, o professor tá coberto de razão. Eh, existe uma parábola, já que falamos tanto de parábola, atribuída HG Wells, que seria a ideia de um cosmonauta preso no espaço sideral. Vamos supor que o cosmonauta sabe para que a parábola funciona e você tem que trabalhar com esse pressuposto. Um cosmonauta que sabe que o planeta Terra explodiu e que em todo o universo não há nenhuma outra criatura viva senão ele. Nem uma ameba, nenhum vírus, nenhuma bactéria, nenhum sapo, nenhum cachorro, nenhum mamífero, nenhum anfíbio, nenhum extraterrestre. Não há ninguém no universo, só ele que está vivo ali em cima de um asteroide. E ele tem duas ampolas no seu macacão. Uma ampola, um elixir da vida eterna, o outro, veneno. Qual das duas ampolas ele tomaria? E a parábola termina dizendo que, evidentemente, ele tomaria o veneno. Porque para que que você vai viver para sempre no universo preso num asteroide, só você ali? Só que ele acidentalmente bebeu o elixir da vida eterna e tinha que amargar. Agora, assim termina a parábola, uma vida eterna sem propósito e sem significado. Uma das perguntas que foram feitas pelo pessoal aí no super chat foi isso. Qual o sentido da vida? Então, viver é mais do que meramente existir. Viver é encontrar um propósito, uma razão, uma razão que transcenda a tudo que nós podemos imaginar. De fato, trazer a vida eterna para essa condição que nós vivemos é como antecipar algo para o qual nós não estamos preparados. E eu vou dar uma comparação de algo que aconteceu comigo uma vez que eu estava em Israel guiando um grupo e um senhor chegou para mim com muita vergonha e falou assim: “Você pode me ajudar?” Ele tapando a boca assim porque o dente dele havia quebrado e eu falei: “Calma, amanhã cedo nós vamos correr procurar um hospital, um dentista”. E a gente foi inclusive para aquele hospital de Bercheva que foi bombardeado. Lá tinha um dentista e o dentista falou: “Olha, o que eu posso fazer para você? Eu levei o senhor lá, ele tava com muita vergonha. Como você tem o resto da viagem, eu vou colocar o seu dente com uma massa provisória. Guarde essa palavra provisória. Mas quando você chegar no Brasil, você vai ter que procurar o seu dentista, porque essa massa é provisória. Se você ficar com ela, você vai quebrar o dente a qualquer momento. E funcionou o resto da viagem. Ele ficava sorrindo, comendo com dificuldade só do lado, porque aqui ele tinha uma massa provisória. Agora imagina, eu não sei o que aconteceu quando ele chegou no Brasil, mas supondo que ele talvez chegasse aqui e não procurasse o dentista para trocar o provisório pelo permanente. Imagine a tragédia que ia ser. mais cedo ou mais tarde ele ia sorrir e o dente ia cair de novo. Enquanto ele escovava os dentes, por aquela massa ser provisória, ela podia dar infiltração, podia dar um problema de bactéria na boca dele, talvez um tratamento de canal, algo muito mais sério. Ou seja, coisas provisórias, como o próprio nome diz, devem ser usadas apenas de maneira provisória. Essa vida que nós temos, ela tem muitos elementos de provisoriedade, como dizia o o eu cito sempre essa frase, ah, nós somos um cadáver adiado que procria. Então, todo o significado que nós damos a essa vida tem que ser um significado em ligação com a transcendência. É Fernando Pessoa que escreveu essa frase com a transcendência, com um propósito maior. E eu tenho que viver essa vida intensamente, mas numa preparação para a transcendência. E aí o elemento chave é exatamente o que o professor Cloves colocou, é o amor. Por isso que a Bíblia disse que Deus ama, mas ele não se limita a amar. Deus ama e é amor. Agora, o mais lindo é que mesmo nós vivendo essa situação de provisória, de imperfeição, onde onde leucemia e criança, infelizmente, estão vinculadas na mesma frase, nessa vida, o evangelho diz que o logos, professor citou Logos, ele não ficou apenas contemplando a nossa tragédia e nos dando lições de moral lá da transcendência. Ele se fez carne e habitou no meio de nós. E nós vimos a sua glória. Glória como do unigênito do Pai. Deus assumiu na encarnação de Jesus a imperfeição humana. Porque embora ele fosse o logos divino em forma humana, ele podia ter dor de barriga, dor de cabeça, ele podia ficar machucado. Ele tinha medo, ele chorava, ele chorou quando Lázaro morreu, ele temeu a crucifixção. Você compara a morte de Sócrates com a morte de Jesus? Sócrates fica brincando, fazendo piadinha. Jesus demonstra o terror daquilo. Ele, como diz o credo apostólico, ele desceu aos nossos infernos para que nós pudéssemos estar no céu que a ele pertencia. Esse é o legado do cristianismo. Então, a resposta simples é: essa vida não está preparada paraa vida eterna. Seria como ficar para sempre com um dente provisório, não é inteligente. Provisório é provisório. Eu senti que você, mesmo não sabendo, eh Rodrigo, está zombando de mim, porque eu fui cair na tentação de comprar um morango do amor domingo. Mal sabia eu que ia cair um dente meu com esse morango do ódio. Eu fui morder, ele é duro e caiu. Estou sem o dente. Então aqui estou com dente provisório e você sem saber citou um exemplo aqui. Então agradecer demais. Então meu amigo procure o dentista agora para não ficar com provisório que dor de cabeça. Foi então agradecer demais aos professores. Eu mudei muito minha vida. Eu acho que quando me perguntava o que era mais importante quando era mais novo, se era o destino ou é a jornada. E eu respondia que era o destino, porque eu tinha pressa de chegar nas nos lugares que eu queria. Depois mais velho, eu eu mudei minha resposta para para pr paraa jornada, porque a jornada era tão importante quanto o destino. E hoje eu tenho uma resposta diferente, que mais importante do que a jornada e o destino é a companhia e a companhia de vocês dois. Porque eu fiquei pensando qual é o fim de que que eu posso trazer para esse debate, para essa conversa. Eu já imaginando como seria gostoso essa conversa, mas tudo isso foi possível pela companhia de vocês dois e eu não queria estar em nenhum outro lugar que não aqui. Muito obrigado, professores, professor Cloves, professor Rodrigo. E agora é hora de vocês falarem de pode redes sociais, livros, ficam à vontade. Rede social, eu queria fazer um convite que eh eu criei uma introdução. Muita gente quer estudar com a gente, professor Cloves tem uns alunos e hoje a internet tem essa facilidade, você ter alunos virtuais. É. E nós estamos abrindo uma introdução à pós-graduação em arqueologia, história e interpretação da Bíblia. Então, muita gente fica assim, será que eu entro paraa pós-graduação? Não entro. Então, esse ano eu tive uma ideia com o pessoal do NASP de criar uma introdução à pós-graduação, onde o aluno pode entrar nessa introdução e assistir quatro aulas que eu preparei em Israel e ali ele vai ser motivado a entrar paraa pós-graduação ou não. Então, a FAB tem o link aí, ela pode colocar para quem quiser. É a introdução introdução à pós-graduação em arqueologia, história e interpretação da Bíblia. vai estar no link na tá na descrição, na descrição, Rodrigo. Já tá na descrição. E essas esses cursos todos eles ajudam em várias coisas. Primeiro que a pessoa que faz ela tem o conhecimento e o o saber não ocupa espaço. É um legado, é uma maneira de eu trazer para você aquilo que eu aprendi. Em segundo lugar, você adquirindo esse curso, você está ajudando também na manutenção do MAB, que é o Museu de Arqueologia Bíblica, que o professor Cloves está convidado a vir conhecer. Vai ser um prazer recebê-lo aqui. Vilela já veio. Tem mais de 3000 peças originais. Muito bom. E em terceiro lugar os braços sociais do MAB. Nós ajudamos a uma ONG en Engenheiro Coelho. Nós ajudamos alunos a estudar. Então, quer dizer, todo aluno da Introdução à pós-graduação ou qualquer outro curso que eu apresente, ele está além de se beneficiando com o conteúdo, sabendo que o que ele está pagando ali está ajudando nessas causas sociais e na manutenção da cultura no Brasil do MAB. Então, o link está aí na na descrição, é muito fácil. e convido todos a participarem e muito obrigado mesmo, professor Cloves, sem nenhuma demagogia, eu não posso deixar também de agradecer a você por ter aceito o convite de falar comigo. Lamento não estar pessoalmente e gostei da palavra primeiro que você falou, porque de público eu quero fazer um compromisso, se o Vilela, nos permitir e a sua agenda também de estar novamente aí experimentando a a bala jujuba aí, não apenas com os olhos, mas também com a degustação. Percebi que a jujuba é um motivo mais agregador do que eu aqui. Já já percebi dos dois que se não tiver jujuba não tem papo. Mas Cloves, professor, eh, falou dessa nova nova leva de de vídeos, onde o pessoal assiste o vídeo. Eu queria eh também especialmente, né, convidar o nosso esse que te acompanha, esses milhões aí que te acompanham, eh, para se inscrever numa aula que eu vou dar quarta-feira que vem. Me diga que dia é quarta-feira que vem, ô Vilela, você que tem o celular na mão, dia 20. Dia 20. Quarta-feira que vem, dia 20, por gentileza, você se inscreva. Tá na tá na descrição também ou tá no Coloquemos, colocaremos. tá na descrição. Já tá na descrição. Então para você se inscrever, a orientação tá aí na descrição. E essa é uma aula inaugural de um curso intitulado eh cultura corporativa e ética, que na verdade, muito embora tenha esse título por falta de um melhor, que na verdade foi uma iniciativa que eu fiz de reunir todos os temas que os meus clientes me pediram para desenvolver em palestras corporativas ao longo desses últimos anos. Foi uma sugestão que me deram, eu achei muito interessante, porque aqueles que não são colaboradores das empresas contratantes não tem a oportunidade de ter contato com esse conteúdo. Então, eu fiz o curso e a aula inaugural que é aberta a todos desse curso acontecerá na quarta-feira vindoura. Que horário que é? 8 horas. 20 horas. 20 horas. Mas as orientações estão todas aí. Quarta-feira que vem. E aí, eh, para você ter uma ideia do do desse conteúdo desenvolvido. Além disso, claro, eh eu faço reflexões matinais que eu distribuo por WhatsApp, são curtas todo dia. E se você quiser recebê-las, basta entrar no Insta @clovesdebarros e aí entrar no link da Bill, link da Bill. E lá tem o link do WhatsApp do Cloves. Aí você põe o seu telefone e você passa a receber diariamente uma mensagem além dos links para o inédita pamonha, o partiu pensar, as coisas que eu faço. Então, seria bacana se você se juntasse a esse grupo já e robusto de pessoas que diariamente eh se dispõe a me engolir logo ao raiar do sol, né? Às vezes fazendo ginástica, às vezes indo pro trabalho, etc. eh, ouvindo aquilo que me ocorre dizer sempre de manhãzinha, eh, como assim um uma primeira inspiração. Acho acho muito legal de fazer isso. É uma maneira de se comunicar com pessoas que realmente estão aim estar perto de você, né? Então eu fic essas duas sugestões e o chalá você eh se aproximando possa eh se juntar a mim em todas as minhas ignorâncias e fragilidades. Agradecer demais. Eh, contar para pro pessoal aqui uma coisa que eu ainda não falei, vou falar em primeira mão. Estamos fazendo um documentário aqui do do programa de 5 anos completaremos em novembro. E posso já adiantar com toda a certeza que esse papo foi um dos melhores papos desses 5 anos e vai estar nesse documentário. Acho que o Rodrigo concorda, né, Cloves concorda e todos aqui que a gente tem uma plateia hoje aqui foi incrível. Eu vou ler o que a Larissa escreveu aqui. A Larissa Venturou e falou: “Essa live salvou minha vida hoje. Obrigada por tudo, professor Cloves, professor Rodrigo. Obrigada, Vilela e equipe. E uma pessoa que salva uma vida, salva o mundo inteiro. Então obrigado demais. Obrigado. Poxa vida, nós nós que agradecemos com certeza. E obrigado você, eu tenho que te te agradecer também, Cris. Não tem jeito. Tem que agradecer. Você não falou da minha companhia, só falou da companhia do professor. Bom, então vou estender também. O pessoal falou equipe, equipe são vocês. Tá bom. Obrigado, Cratos. É hora de você brilhar. Vamos agradecer aos nossos patrocinadores, né? Vamos. É, agradecer a estratégia que tá com um material gratuito, né? Que são três próximos para quem quer passar no concurso público. E e tem link da descrição e quer record na tela e também a Insider que tá com Exato. 15% de desconto, mas tem que usar o cupom inteligência. Você lembra que no começo eu falei que o pessoal ia dar like e não ia ter como tirar no final? É impossível. Impossível. E você, safado, que tá assistindo essa live e não deu like ou tá assistindo depois na televisão dá para dar like. Dá like agora, tá? E agora é hora de você brilhar. O que o pessoal escreve nos comentários para provar que chegou até o final dessa conversa maravilhosa? Olha, o professor Cloves falou que se ele tivesse um concurso de beleza com Kauan Hay, ele não receberia nenhum voto. Então deixa aí. Voto no Cloves. Voto no Cloves. Pessoal vai ter que assistir a live para entender, porque vai vai achar que ele se candidou. Gostei. O Marcos Aurélio já tem votos. Já, já, já é um começo, né? Vamos ver aqui quantos que vão ter. Começ com esse fã clube eu não terei eh futuro, mas vamos ver nos comentários mais pessoas vão votar. Obrigado demais, professores. Fiquem aí com Deus, vocês em casa também. Beijo no cotovel e tchau. E que bom que vocês vieram. Valeu. As opiniões e declarações feitas pelos entrevistados do Inteligência Limitada são de exclusiva responsabilidade deles e não refletem necessariamente a posição do apresentador, da produção ou do canal. O conteúdo aqui exibido tem caráter informativo e opinativo, não sendo vinculado a qualquer compromisso com a veracidade ou exatidão das falas dos participantes. Caso você se sinta ofendido ou tenha qualquer questionamento sobre as declarações feitas neste vídeo, por favor, entre em contato conosco para esclarecimentos. Estamos abertos a avaliar, se necessário, editar o conteúdo para garantir a precisão e o respeito







